COMO O TURISMO BRASILEIRO TRABALHA A COMUNICAÇÃO

No começo desse ano fui indicado por um familiar a conhecer uma pousada no litoral norte de São Paulo. A praia que ela ficava era pequena, não tinha muita estrutura, porém, a pessoa havia me falado muito bem sobre o período que tinha passado lá, então, pedi que me passasse o contato do local, algo para que eu pudesse saber mais sobre a estrutura, segurança, até porque minha esposa estava grávida e eu precisava me preocupar com diversas outras questões. Enfim, a única coisa que veio foi um nome e um link de um site totalmente amador, desatualizado, feito em plataforma de criação de sites grátis. Procurei mais informações no Google, não achei, busquei nas redes sociais, e nada, eu só consegui mais imagens e informações, após um contato telefônico. Resultado, não me passou confiança, não fui, procurei outro local para passar um final de semana.

É com esse caso que eu começo minha coluna, onde tenho a intenção de falar um pouco sobre a comunicação no mercado de turismo no Brasil. Porém, para deixar minha avaliação mais organizada, resolvi separar minha opinião pelo tamanho dos empreendimentos, afinal, encontrei um abismo entre as empresas médias e grandes e as pequenas e micros.

Empresas Grandes e Médias

Com um alto poder de investimento, as marcas que compõem essa categoria têm um grande poder de promoção e publicização de sua comunicação. É fácil ver uma campanha de massa sendo veiculada na grande mídia, ou essas empresas fechando contratos com agências de publicidade renomadas no mercado. Porém, isso não é garantia de uma comunicação eficaz, muitas vezes falta uma convergência do conteúdo postado na plataforma de comunicação, com pontos que não se conversam. A falta dessa convergência faz com que determinados públicos não recebam a mensagem ou a recebam sem a abordagem correta.

Fugindo um pouco do tema convergência, no mês passado fui até a unidade de uma renomada agência de viagem, presente em todo o Brasil, afinal, fui impactado positivamente por uma informação nas redes sociais, chegando lá, fui muito bem atendido, porém, me chamou a atenção a falta de cuidado com alguns materiais impressos que estavam distribuídos pelo local, pois estavam gastos, desbotados, alguns rasgados e aparentando desatualização. Isso fez com que eu tivesse a impressão de desleixo e fez com que eu me limitasse a aguardar meu atendimento, restando somente para a atendente a responsabilidade de converter o meu atendimento em negócio, já que os materiais de comunicação, que seriam um suporte, pois me gerariam interesse, não cumpriram o seu papel.

Pequenas e micro-empresas

Existem poucas empresas que estão fazendo comunicação da forma correta, em sua maioria a realidade é: site amador, ou sem site, presença mínima nas redes sociais, panfletagem aleatória, disparos de e-mail sem estratégia. Está certo, não, não está certo. Infelizmente é a realidade de uma parcela do nosso mercado e isso é extremamente prejudicial para a empresa, que passa a perder grandes oportunidades, e para o cliente, que deseja adquirir produtos ou serviços de qualidade, mas não é impactado pela comunicação das marcas.

Mesmo sem grande poder de investimento, nada justifica o abismo existente entre algumas empresas e a forma que (NÃO) fazem sua comunicação. Ter uma presença eficaz nas redes sociais, um site que lhe apresente ao público ou uma padronização de como você aparece no Google meu Negócio não requer um investimento alto, apenas vontade e determinação. Isso é o básico! Enfim, para tentar ajudar um pouco, no vídeo abaixo eu coloco algumas dicas de como começar a trabalhar a sua comunicação.

WTTC: 11 MOMENTOS DISRUPTIVOS NA HISTÓRIA DA VIAGEM E TURISMO

A história do turismo é realmente fascinante, particularmente, eu me perco muitas vezes analisando como essa cadeia se formou e se transformou ao longo do tempo. Para essa metamorfose existir, várias influências vindas de outras áreas acabaram afetando o mercado em si. Diversas pessoas ou ideias foram aplicadas de forma errada, já outras deram tão certo que hoje nem lembramos que um dia elas não existiam.

Acho que foi essa minha inquietação que fez com que eu me empolgasse tanto com um infográfico que vi no blog do World Travel & Tourism Council. Intitulado “11 Disruptive Moments in Travel and Tourism History”, ele traz diversos acontecimentos que realmente foram determinantes para o nosso mercado. São fatos que vão desde a criação das turbinas de avião, que fizeram com que as distâncias ficassem cada vez mais curtas, até a primeira vez que um pacote turístico foi vendido. Enfim, é muito importante que você leia o infográfico, apesar de ele estar somente em inglês, tenho certeza que não vai se arrepender.

Para não fugir muito da proposta da coluna Mindset, eu separei alguns casos apontados no infográfico que são ligados ao universo do Marketing e Branding. Vou colocá-los abaixo e discorrer sobre essas ideias:

1926 – O Guia Michelin começa a premiar os estabelecimentos com estrelas

Lançado em meados dos anos 1900 e existente até hoje, o guia, que começou mostrando os melhores hotéis e restaurantes de determinadas regiões é considerado um dos primeiros materiais de Branded Content. O material foi uma estratégia da empresa Michelin, que queria incentivar seus clientes a usarem mais o transporte via automóvel e, consequentemente, gastarem seus pneus. Atualmente, a publicação é referência para quem procura estabelecimentos com qualidade reconhecida, e tudo isso começou a ser evidenciado a partir de 1926, quando o guia passou a premiar os estabelecimentos com estrelas, que vão de uma até cinco.

1950 – Horizon Hollidays vende o primeiro pacote de férias

Atualmente os pacotes em agências são uma estratégia de venda que não nos imaginamos sem. Essa modalidade, hoje tão necessária, está inserida a tanto tempo em nossas negociações que, creio eu, quase ninguém se pergunta como tudo isso começou. Mas, pode não parecer, um dia ela não existia.

A primeira empresa a fazer isso foi a Horizon Hollidays, do Reino Unido. O primeiro pacote vendido começava com um voo fretado de Londres para a Córsega – e alojamento em tendas em uma praia – a Horizon criou o pacote de férias com tudo incluído. Inicialmente voltado para a classe média inglesa, os pacotes causaram um boom nos anos seguintes, especialmente no sul da Espanha.

Enfim, quis tirar esse dois pontos, pois creio que eles se encaixam bem nas estratégias de Marketing e Branding que sempre falamos aqui na coluna Mindset. No vídeo abaixo eu discorro um pouco mais sobre o tema e faço um desafio para o trade. É só dar o play.

Stakeholder: já ouvi falar, mas nunca vi

Pensei em várias formas de começar o texto dessa semana, porém, nada representa melhor o que vamos ver aqui, como, organização do seu público-alvo. Em uma pesquisa rápida pelo Google, você pode encontrar um infinidade de textos e vídeos explicando o que significa o termo stakeholder, porém, por mais que o tema seja amplamente discutido, ainda é extremamente necessário reforçá-lo, pois as empresas continuam falhando muito em sua definição, ou pior, nem sequer buscam essa verificação.

Sem querer ser redundante em relação aos outros conteúdos existente, stakeholder é o público de interesse, ou estratégico de uma organização. Sendo mais direto, é com quem a marca tem que conversar para alcançar seus objetivos ou passar determinada mensagem. Uma instituição pode ter diversos stakeholders, desde público-interno, passando por fornecedores, até clientes, porém, esse levantamento precisa ser coerente e elencado por prioridades de seus objetivos.

Stakeholder é tudo igual?

Não, uma empresa pode ter vários stakeholder, porém, para cada desafio que exista, é necessário ter a relação de stakeholders-chave, que são todos aqueles que serão diretamente impactados pelo objetivo estratégico da instituição, campanha ou ação que será colocada em prática.

Vamos supor que você é uma agência de viagens e, dentro do seu planejamento estratégico, definiu três objetivos para o primeiro semestre. O primeiro deles é aumentar o market share. O sucesso do seu planejamento depende da realização de ações diretas para um público específico e correto. Ou seja:

Para aumentar o market share, falando de forma bem superficial, você precisar ter os melhores produtos para oferecer, então deve ter uma relação direta com operadoras que lhe ofereçam as melhores oportunidades. Paralelamente, precisa ter pontos de comunicação e uma estratégia de mídia que façam os clientes saberem que você está ativo no mercado. Para vender mais, também é necessário que seus colaboradores estejam motivados para tal. Entendeu? Sem um estudo tão aprofundado, definimos três stakeholders-chave: 1 – Operadoras 2 – Clientes 3 – Colaboradores. E para cada um devemos ter ações específicas.

Como definir seus stakeholders-chave?

“Enfim, falar é fácil, quero ver é me ajudar a definir quem são meus stakeholder” – tenho certeza que você está pensando isso. Mas, vamos lá, é claro que não vou te deixar na mão. Mas, já vou avisando, não existe receita milagrosa, mas, sim, estudo e se debruçar em dados e informações. No vídeo abaixo eu dou algumas dicas sobre como definir seus stakeholders. É só dar o play.