Números do turismo no Brasil e no mundo

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(Foto: Reprodução)

Do início do ano de 2016 até o mês de setembro, tivemos,  no mundo todo, quase 1 bilhão de turistas internacionais (956 milhões, para ser mais exata). É o que divulgou a Organização Mundial de Turismo (OMT) na versão de novembro do Barômetro Mundial de Turismo. De acordo com o levantamento, o número equivale a 34 milhões de turistas a mais se comparado com o mesmo período do ano passado, conferindo um aumento de 4% de viajantes estrangeiros.

Ainda, segundo o estudo, durante esses nove meses a demanda pelo turismo internacional se manteve bem, apesar de crescer em um ritmo não tão acelerado, e teve os meses de abril, maio e junho com crescimento mais lento do que os demais trimestres.

Nos resultados regionais, a América do Sul obteve o melhor resultado das Américas, com aumento de 7% na chegada de turistas internacionais, seguida pela América Central, que obteve aumento de 6% e, por último, Caribe e América do Norte, ambos com crescimento de 4%.

O Brasil, juntamente com alguns países como Irlanda, México e Portugal, destacou-se pelo crescimento entre 8% e 9% nas receitas com chegadas de turistas durantes os nove primeiros meses de 2016. Para a OMT, a projeção é otimista para as Américas neste último trimestre  do ano e ainda mais positiva para o ano que vem.

A expectativa é, durante todo o ano de 2016, tenha-se um aumento de 5% de visitantes internacionais mundo afora, em comparação ao ano de 2015. Ainda assim, a OMT traz a assertiva de que, apesar de resistente, o setor de turismo é muito sensível, podendo sofrer alterações diante de riscos reais ou de percepção ampliada. “Nenhum destino é imune”, eis uma grande verdade. Continuamos acompanhando.

50 anos Embratur (vídeo)

Como sabemos, esta é a semana de comemoração dos 50 anos de criação da Embratur e, durante a última quarta-feira e hoje foram realizados alguns eventos pela data. Nesta quinta-feira, pela manhã ocorreu a sessão solene em homenagem à Instituição na Câmara dos Deputados.  Fiz parte do corpo profissional da Embratur durante quase 8 anos e permaneço, mesmo caminhando em outros territórios, em busca do desenvolvimento do turismo no País.

O setor do turismo além de benéfico economicamente é também bastante resistente à crise e surge, cada vez mais, como o segmento que merece atenção de lideranças políticas e comerciais do país. Nós, profissionais do turismo, temos a oportunidade e o desafio de estimular boas práticas e idealizar estratégias que desenvolvam o setor e consolidem ainda mais o papel do Turismo no Brasil.

Embratur faz 50 anos

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(Foto: Divulgação)

Nesta semana a Embratur, Instituto Brasileiro de Turismo, completa 50 anos de existência. Serão realizados, nesta semana, eventos em comemoração à data e às atividades lideradas pelo Instituto ao longo dos 50 anos.

Enquanto diretora e presidente da Instituição, entre 2003 a 2010, tive a oportunidade (e por que não chamar de privilégio) de colocar em prática ideias, fazer uso de ferramentas fundamentais e participar ativamente do desenvolvimento do turismo no Brasil.

Ver o resultado de muito do que foi construído ainda no tempo em que estive à frente do instituto é um impulso para permanecer no empenho do desenvolvimento do setor. Em grandes marcos para o turismo brasileiro que posso citar: a criação da marca Brasil, o lançamento do Plano Aquarela 2020, e a mudança de percepção da imagem do Brasil no mercado internacional e a participação da captação da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos  e  diante dos seus resultados, seria um contrassenso não continuar pleiteando o fomento do turismo no País.

Enquanto estive na Embratur, o Instituto completou 40 anos. Nos últimos dez anos, muita coisa mudou no turismo do Brasil e do mundo, e mudou radicalmente. Com grandes transformações, principalmente tecnológicas, temos um setor que permite benefícios econômicos, ambientais, sociais e culturais; uma indústria que se destaca cada vez mais em colocar pessoas de diferentes lugares, ideologias e das mais variadas formas de viver umas mais perto das outras, trazendo um novo semblante à globalização mundial.

Ser uma liderança no turismo nos dias de hoje é um grande desafio e uma grande responsabilidade, pois é preciso estar atento a mudanças, enxergar paisagens ainda turvas  e tomar decisões que interferem em decisões coletivas. Aos que estão à frente e a todos os que depositam tempo e profissionalismo setor, é necessária a permanência do empenho e compromisso para desenvolver a indústria e a habilidade e vontade de lutar pelo turismo no Brasil.

O turismo não é apenas uma atividade econômica que valoriza o meio ambiente e a cultura local como fontes de serviço e bens de consumo; o turismo é o respeito de diferenças, é a convergência de culturas, é o encontro de identidades distintas. O turismo é a indústria da paz: ele aproxima, cria laços e proporciona experiências que nenhum outro segmento é capaz de promover.

Turismo e turistas do futuro

turistasmillennialsNo Turismo, acompanhar as preferências de consumo é determinante para a evolução de práticas e disposição de serviços. Algumas tendências comportamentais motivam diversas novas tendências do Turismo no mundo e há muito o que se observar nos novos hábitos não só de consumo, mas também de costumes dos viajantes.

Ainda falando sobre algumas transformações para o setor apontadas em pesquisas na WTM London, a revelação apresentada pelo WTM Global Trends Report 2016 de que esta geração de viajantes prefere alugar roupas e sapatos a ter que carregar malas durante a viagem, sugere ainda mais o quanto os conceitos de conforto, praticidade e funcionalidade serão fundamentais para o desenvolvimento das atividades do setor e disponibilidade de serviços.

Assim como a disponibilidade de aluguel de roupas (já implantada em diversos hotéis e abraçada por start-ups de hospedagem), outras tendências do turismo caminham na direção da personalização dos serviços, onde o turista, com preferências cada vez mais específicas, paga por aquilo que quer consumir têm a praticidade como uma das prioridades.

Pode-se agregar também a um atendimento mais personalizado preferências como aluguéis de eletrodomésticos, velocidade da internet e itens de conforto como tipo de ornamentação e movelaria da hospedagem. A ideia é especificar cada vez mais os serviços, oferecendo ao consumidor aquilo que ele considera mais importante.

Assim como o turismo tem se desenvolvido, o jeito de viajar também mudou. É necessária a criação de boas práticas do setor e a concepção de ideias intuitivas, estratégias e condutas que se ajustem às necessidades dos viajantes do turismo do futuro – diga-se de passagem, de um futuro nada distante.

Novos hábitos no exterior

comprasexteriorSeja pelo momento econômico, ou por conta de uma conscientização socio-economico-ambiental, ou mesmo por uma transição involuntária de interesses, temos percebido na prática e comprovado através de pesquisas que os hábitos de consumo do brasileiro estão mudando. Acompanhando a mudança, o perfil de compras do brasileiro no exterior também se modificou.

Foi o que mostrou a pesquisa realizada pela Visa Performance Solutions, consultora da Visa, através da análise de transações da rede pagamentos, durante os anos de 2013 a 2015. De acordo com o estudo, além do número de turistas brasileiros ter crescido na Europa e na América Latina, os hábitos de compras dos visitantes brasileiros movimentaram a lista de prioridades de investimentos em viagens internacionais.

A realização de compras de peças de vestuário, por exemplo, era o primeiro item da lista e agora ocupa a terceira posição, estando à frente agora o investimento em hospedagem e acomodações (com 14%) e conversão da moeda em espécie (com 9%). Alguns itens da lista de prioridades como entretenimento e aluguel de carros não sofreram muitas alterações durante o período do levantamento.

As mudanças também alcançam as compras e-commerce, já que, no quarto trimestre de 2015, ainda de acordo com estudo, mais de 40% do volumes de gastos internacionais foi realizado em aplicativos, lojas online ou sites estrangeiros.

Já sabemos que o brasileiro está mais cauteloso em relação aos gastos e, provavelmente, as mudanças de perfil de consumo sejam um reflexo desse cuidado. A boa notícia é que, apesar de mudar o foco para alguns itens de consumo, o brasileiro continua viajando e comprando, só que agora com mais cautela. A tendência, de acordo com a Visa é que o brasileiro viaje com mais frequência para o exterior à medida que o dólar se aproxima dos R$3. É esperar pra ver!

Tendências do Turismo na WTM London

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Segundo dia da WTM London. (Foto: Divulgação/Twitter)

Entre palestras, encontros e seminários dos mais variados temas que compõem o setor; o segundo dia da WTM London, o maior evento das versões WTM, foi de expansão dos horizontes do turismo.

Com apresentação do Global Trends Report, o relatório de novas tendências do turismo mundial divulgado pela WTM em parceria com editora de inteligência comercial Euromonitor Internacional traz estatísticas e probabilidades para cada continente com conceitos inovadores e inserção da tecnologia na experiência do turismo.

Uma das novidades, que já está em uso, é a implantação de lojas-conceito com realidade virtual, proporcionando ao turista vivenciar um destino ou um hotel através da recriação da realidade originada pela interface de alta qualidade. Funciona como uma experiência prévia do destino, uma forma de encorajamento a testar antes de comprar o pacote de viagem que, subjetivamente, cativa os turistas e, de forma prática, auxilia na escolha do destino.

Ainda com participação expressiva de tecnologias avançadas, o uso da inteligência artificial no auxílio e interação com clientes na busca de viagens em chats online foi também um dos destaques. Com programação específica para tirar dúvidas, apto a realizar pesquisas e auxiliar na prestação de serviços do turismo, algumas empresas já estão administrando viagens com operações facilitadoras deste tipo.

Estas são apenas algumas das tendências para o futuro do Turismo debatidas por aqui, probabilidades que oferecem um serviço único de aproximação e maior compreensão das necessidades de clientes/turistas. Ainda há muito o que comentar; falarei ainda nas próximas postagens sobre estas novas tendências, inovações tecnológicas para o turismo e novidades da WTM London. O futuro do turismo já chegou! Vamos acompanhando, ansiosos para fazer o turismo do futuro se desenvolver ainda mais.

Direto da WTM London

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WTM London começou nesta segunda-feira (Foto: Divulgação/Twitter)

Começou hoje a maior versão global de Turismo, a World Travel Market London, que reúne profissionais do setor do mundo todo em um só lugar. Tendo a chance de acompanhar de perto o sucesso da feira, que tem mais de 50 mil participantes, pode-se afirmar que a WTM London uma ocasião excepcional de oportunidades para quem investe, promove e atua na indústria de viagens e turismo.

De acordo com os dados oficiais da  organização da WTM London, estão previstos para estes três dias de encontro mais de 865 mil reuniões comerciais com movimentação de €2,5 bilhões em negócios. A feira também conta com 5 mil expositores das mais variadas partes do planeta e mais de 9 mil compradores.

Diante da amplitude alcançada pelo evento em relação aos participantes e seus diversos interesses, a programação conta com uma agenda intensa de meetings e também de palestras, seminários e conferências. Tem muita coisa pra acontecer por aqui!

A WTM London vai até a quarta-feira (9). Até lá, segundo os organizadores do encontro, 2 em cada três participantes esperam que seus negócios cresçam 21%, de forma significativa a partir das operações, transações, acordos e oportunidades proporcionados pelo maior encontro de profissionais do Turismo do mundo.

Airbnb dentro de casa

airbnbSe você é também um viajante costumeiro, provavelmente já usufruiu (ou pelo menos cogitou a possibilidade) dos serviços de locação de plataformas especializadas em intermediar acomodações cuja máxima é “there’s no place like home”. Se você trabalha com turismo também já se questionou os impactos da atividade no setor de hospedagens. O ramo tem crescido a cada ano e possui o Airbnb como pioneiro e principal site nas buscas de quem procura acomodação fora do circuito tradicional.

A verdade é que não está tão “fora” assim. Apesar de estar à margem das regulações do mercado hoteleiro em alguns países como o Brasil, ele possui efeito sobre este mercado e, mais, sobre a indústria de turismo. Para se ter uma ideia, a start up foi responsável pela hospedagem de 85 mil pessoas no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos, faturando aproximadamente R$ 100 milhões.

O sucesso do compartilhamento de acomodações para turistas se deve à precedente  modificação nos hábitos do consumidor, isso acontece em diversas áreas de nossa indústria. Com a ideia de alugar espaços disponíveis em propriedades privadas para que o turista tenha uma experiência mais próxima da vida cotidiana na cidade em que está, a procura por este tipo de serviço é resultado de uma mudança de interesses dos turistas, que priorizam experiências, acomodações personalizadas e ambientes exclusivos.

Apesar de alguns defenderem que o serviço oferece uma ameaça, é mais sensato sinalizá-lo como um meio complementar de hospedagem e como um condutor de mudanças no setor, ao chamar atenção para os novos hábitos de viajantes, que já dava indícios através da busca pela originalidade. É imprescindível lembrar que o Airbnb e outros sites atendem a um grupo que busca atendimento em itens específicos da viagem. Há diversos elementos que se diferenciam dos serviços de hotéis e pousadas, como o nível de comodidade e a facilidade de informações, por exemplo. A velha casa de amigos e parentes ganha uma nova roupagem e um novo jeito de experimentar os lugares como um local.

A plataforma e os serviços oferecidos atendem a milhares de consumidores que não só existem, mas sabem exatamente o que querem. Devemos aprender com eles, entendendo que, nem de longe, o setor de turismo é um mercado estático. Ainda bem.

No visa? Less tourists

brinBrasil, Rússia, Índia e Nigéria: o que os quatro países têm em comum? Acredito que se realmente quisermos pontuar semelhanças de cultura, geografia, identidade social etc., encontraríamos várias. Mas o que me refiro aqui, já respondendo à pergunta, é ao título de serial underperformers, atribuído ao quarteto recentemente.

O termo pode ser explicado como uma definição daquilo que tem ou teve uma performance aquém do esperado, apresentando mau desempenho de forma sequencial, ou seja, nas diversas atividades e/ou análises a que foi submetido.

Durante esta semana, Brasil, Rússia, Índia e Nigéria foram pauta de economistas mundo afora por serem países emergentes que estão falhando na capitalizar seu potencial de turismo, de acordo com pesquisa feita pelo banco de investimento Renaissance Capital.

De acordo com dados do FMI, os números das receitas turísticas de 2015 são: o equivalente a 0,3% do PIB para o Brasil; 0,6% para Rússia; 1% para a Índia e apenas 0,1% para a Nigéria. O WTTC – World Travel & Tourism Council por meio de estudo da Oxford Economics diz que o PIB direto do turismo no Brasil é 3,1%.

É indiscutível que o turismo é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil e independente do seu tamanho atual existe consenso de que pode ser muito maior do que é. Parece brincadeira, mas, sobre o Brasil, para o economista-chefe do Renaissance, Charles Robertson, o fraco desempenho do Brasil é “difícil de explicar”. Enquanto nós, por aqui, dizemos que é “difícil de entender”. E o assunto é sério: basta ter acesso às projeções do setor no país e fazer uma breve análise do tipo de estratégias de mudança que estão sendo aplicadas para desenvolver o turismo.

De uma forma geral e quase unânime, a questão da burocracia e custo dos vistos é um dos principais fatores para a fraca contribuição do turismo no PIB desses países; seja pelo orgulho por conta da não reciprocidade até pela falta de atualização das políticas e termos que regem a administração de vistos.

Segundo projeções da WTTC, a receita do Brasil para o turismo ainda vai declinar 1,6% em 2016 e retrair mais 0,5% em 2017. A boa notícia é que a projeção para 2020 é de crescimento de 2,4% na contribuição do PIB nacional.

Brasil, Rússia, Índia e Nigéria. Poderíamos intitular este post (e não é por falta de vontade) de “Quarteto Fantástico”, porém, o que temos de extraordinário mesmo, por enquanto, é o quase inexplicável baixo desempenho de quatro países onde sobram o potencial de turismo, riqueza de cultura e belezas naturais.

Por ora, ainda não dá pra levantar um brinde à receita do turismo no PIB desses países e o quadro só vai se transformar quando concordarmos que a maneira com a qual conduzimos o turismo no Brasil precisa mesmo ser revista. Sim! E quando aprimorarmos nosso sistema de estudos e pesquisas para medir exatamente quantos turistas temos.

Receita e despesa cambiais turísticas em setembro

aaaaaadolarO Banco Central divulgou nesta terça-feira (25) o relatório mensal da receita e despesa cambial turística. De acordo com os dados oficiais apresentados, o gasto dos brasileiros no exterior foram de U$$ 1,294 bilhão, um acréscimo de 2,7% se comparado aos números do mesmo mês em 2015 (U$$ 1,260 bilhão). É o segundo mês seguido que esse valor tem crescimento, já que o mês de agosto, ainda segundo o comparativo anual, também apresentou 2,3% de acréscimo, sendo o primeiro registro de expansão desde janeiro de 2015.

Já os estrangeiros gastaram aqui U$$ 443 milhões, configurando um déficit de U$$ 851 milhões na na balança do turismo do país. A receita do período de janeiro a setembro deste ano é de US$ 4,667 bilhões, tendo um déficit, neste período de US$ 5,814 bilhões.

De acordo com Tulio Maciel,  chefe do Departamento Econômico do BC, a despesas estão em patamar historicamente baixo e a tendência é que elas cresçam de fato e aumentem ainda mais em outubro, já que, até o dia 21 deste mês, estavam calculados U$$ 1,045 bilhão nos gastos dos brasileiros.

Dados que nos fazem compreender um pouco mais o período que atravessa o nosso turismo. Seguimos acompanhando.