A Parada que movimenta

Parada LGBT em São paulo movimenta turismo e economia (Foto: Miguel Schincariol)

3 milhões de pessoas em um único evento, 19 trios elétricos, taxa de ocupação de 90% na rede hoteleira localizada no centro da cidade e estimativa de movimentação econômica de R$45 milhões, segundo a prefeitura. Estes são os números que resultam da 21ª Parada do Orgulho LGBT, promovida pela prefeitura de São Paulo e realizada no último domingo, na Avenida Paulista.

Ainda de acordo com a Prefeitura de São paulo, aproximadamente 600 mil participantes do evento vieram de cidades vizinhas, outros estados e outros países.

É constatada a contribuição de grandes eventos para o turismo e para as diversas áreas econômicas envolvidas. O planejamento e a divulgação também exercem um papel indispensável, fazendo com que o evento cresça a cada edição: em 2016, a Parada do Orgulho LGBT em São Paulo reuniu pouco mais de 2 milhões de pessoas. De acordo com o ministério de Turismo, os turistas LGBT representam 10% dos viajantes no mundo.

É substancial para o nosso setor que eventos voltados a públicos específicos constem no calendário de planejamento de qualquer destino. Entretanto, o marketing de eventos não se limita apenas à idealização e realização: entender o público a que se destina e aprimorar as atividades do evento para que ele atraia o maior número de pessoas também são estratégias de ouro.

A Parada é um forte exemplo da relevância das datas do calendário sazonal, eventos e festas populares para nossa economia e para o desenvolvimento do setor. É assunto que merece atenção. Seguimos acompanhando.

Com vocês: o TURISTA!

Nós, que trabalhamos com o turismo sabemos da múltipla relevância do conhecimento teórico e prático na busca pelo crescimento do setor. Em algumas décadas, a atividade ganhou não só mais visibilidade; também cresceu em pesquisa, em aperfeiçoamento de métodos, capacitação de profissionais e expansão do setor.

Dentre os tantos segmentos de desenvolvimento, um tem sido fundamental para o estabelecimento de diretrizes do Turismo: a busca por conhecer quem são os turistas.

Pesquisas de intenção de viagem, tipos de viajantes, relação turista-destino, novos hábitos de consumo; toda preocupação em conhecer a parte essencial a que se destina de fato o setor está aí para promover orientações elementares para nós, profissionais.

Hoje é Dia do Turista e reconhecer a importância de cada tipo de viajante é essencial! Ainda há muito o que investir e bastante a se fazer em estudos, tecnologias e práticas.

A relação é permanente: enquanto durar o setor, deve-se perpetuar a busca pelo conhecimento daqueles que são o alvo de toda a indústria de turismo e viagens. Não há Turismo sem turistas. E turistas somos todos nós!

Aproveitando o calendário

Temos no Brasil, além da diversidade natural, um adendo que agrega ao Turismo épocas preciosas de viagens domésticas: o calendário sazonal. Entramos no mês de junho e, inevitavelmente, os turistas e nós que trabalhamos no setor, logo o associamos às tradicionais festas juninas. E com efeito: o legado cultural conduzido nesse mês é responsável por considerável movimentação no Turismo em diversas regiões do país.

E muitos eventos cooperam e atuam como estímulo para viagens domésticas nesse período: além de estar na metade exata do ano (para muitos, época de planejamento e de pausa para descanso – já que está entre as férias de verão), coincide também com as férias escolares e feriados religiosos.

O mês de junho é o carro-chefe da movimentação turística em algumas cidades e tem razão de ser, mesmo sendo uma festa homogênea por ter a mesma raiz, cada região de tradição junina apresenta uma experiência única para os turistas visitantes.

Seja em Caruaru, Campina Grande, Salvador, São Luís (para citar apenas alguns!) ou em cidades pequenas do interior, há nos festejos juninos o encanto e um encontro cultural enriquecedor e abrangente em experiência: na culinária, músicas, danças e ornamentos. E nós, como brasileiríssimos que somos, temos que valorizar nosso legado cultural. E como profissionais do Turismo que somos, temos que promover e desenvolver o Turismo em nosso calendário nacional.

Veja roteiros de festejos juninos aqui, ou busque informações em seu estado. O mês de Junho é celebrado em todo território nacional.  

PROCURAM-SE LÍDERES!

Ao ler as reflexões pertinentes a respeito das associações dos colegas Artur Luis Andrade e Luis Vabbo nos textos De quem é uma associação? e Associação não pode ter dono… e a ponte criada no assunto com o setor e o período que o Turismo atravessa, trago em contribuição à discussão outro aspecto da perspectiva: a importância da liderança. Cito alguns pontos principais da minha reflexão:

Proatividade. É preciso uma atuação constante da liderança de uma entidade de classe na indústria. Antecipar-se nas ações e prever necessidades é uma qualidade valiosa e essencial para uma liderança, principalmente se um dos seus objetivos mais proeminentes for defender os interesses comuns. Uma atuação cautelosa, minuciosa e ininterrupta de líderes é que fazem da entidade uma ferramenta útil. Caso contrário, como coloca Artur Andrade, a associação só servirá de enfeite. Não há defesa de interesses sem trabalho diligente!

O que nos traz a outro ponto essencial do debate: a atenção aos acontecimentos do setor de dentro ou fora da zona de atuação e posicionamento. Decisões ou eventualidades que influenciam em maior ou menor grau o campo compreendido pela entidade devem estar sempre em pauta de dirigentes associativos. E mais: é necessário o desenvolvimento de uma postura em relação ao acontecimento. Temos como exemplo a saída dos EUA do acordo de Paris, evento que impacta diretamente o nosso setor. Qual o posicionamento do Turismo nessa questão? Gerar uma colocação, nesse caso, demonstra comprometimento e norteia ações futuras do setor.

A liderança de uma associação está intimamente relacionada à questão da representatividade. Entre diversos interesses, diversas áreas de atuação e segmentação de propósitos, a liderança de uma entidade de classe precisa encontrar  equilíbrio da representatividade (que pode ser descrito -e sentido- de forma prática como unidade). À vista disso, a influência estabelecida pela liderança é essencial. Uma associação existe para que  necessidades sejam atendidas, haja aperfeiçoamento de práticas e técnicas, enfrentar corrupção, viabilizar soluções, entre tantas outras atribuições. E para que em todos esses tópicos a atuação seja efetiva e obtenha êxito, tornar a classe parte dos processos para que a mesma se perceba representada é condição vital.

Se pararmos para pensar nos pontos supracitados, será que encontramos, em número razoável, lideranças que preencham os aspectos essenciais? Certamente, encontremos alguns, mas poucos comprometidos. O desenvolvimento de líderes na indústria de turismo do Brasil é um dos aspectos fundamentais para estarmos sempre perto do que acontece e cobrar o que não acontece. Precisamos, com urgência, do surgimento de mais líderes que contribuam com o fortalecimento do turismo, sem que este dependa exclusivamente do setor público. Procuram-se por mais líderes!

Make our planet great again

Num período em que, em tempo, as práticas do setor estão voltadas ao desenvolvimento ecológico associado ao social e econômico, em que a indústria de viagens e turismo se associa à ciência em busca de aperfeiçoamento de métodos e no ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu como o ano do Turismo Sustentável, o presidente norte-americano Donald Trump traz o polêmico anúncio da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.

E a resposta direta do recém eleito presidente da França Emmanuel Macron se posiciona entre o pedido e a provocação: “make our planet great again”. A frase faz alusão ao slogan de campanha de Trump, “make America great again”.

Sendo um setor altamente suscetível a transformações econômicas, sociais e políticas, o Turismo também sofre influência causadas por alterações climáticas. O acordo, assinado em dezembro de 2015, prevê que os países devem trabalhar para que o aquecimento fique abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Os EUA são o segundo maior produtor mundial de gás de efeito estufa e sua saída do acordo internacional representa a defesa de mudanças que interferem diretamente no Turismo (sem citar todas as implicações políticas, ambientais, sociais etc. decorrentes da decisão). Dessa forma, é prudente (e sensato) que, tanto autoridades brasileiras quanto as dos demais países do Acordo, manifestem-se ante à decisão do presidente Trump.

O Acordo de Paris foi o primeiro da história em que os 195 países da ONU se comprometeram em reduzir suas emissões, na luta contra o aquecimento global. É importante estar atento. A gente segue acompanhando e fazendo nossa parte.

Turismo dos EUA em defesa de Cuba


Mais um capítulo da trama do Turismo estadunidense no governo Trump se iniciou após o então presidente norte-americano afirmar que está se dedicando a uma “revisão integral” da política com Cuba e que as novas diretrizes terão “importantes diferenças” em relação às medidas adotadas por Obama.

Após o anúncio e temendo um retrocesso na reaproximação, um grupo de mais de 40 empresas e associações de turismo dos Estados Unidos pediram, nesta quarta-feira (24), em carta a Donald Trump, que ele não voltasse atrás no processo de normalização das relações bilaterais entre os EUA e Cuba, iniciado em 2014 por Obama.

Além de tentar impedir um possível retrocesso no relacionamento com Cuba, a carta pede ainda que Trump reduza as exigências burocráticas a fim de facilitar as viagens para o país e contribuir para a expansão do Turismo na ilha.

O processo iniciado por Obama traz reflexos de desenvolvimento no setor na relação entre os dois países: segundo dados oficiais do governo de Havana, 284.937 turistas americanos passaram por Cuba, o que consiste em 74% a mais do que no ano anterior.

Também como parte do processo de reaproximação entre os dois países, em maio do ano passado, partiu dos EUA o primeiro cruzeiro em direção a Cuba em mais de 50 anos. Pouco depois, em agosto de 2016, o primeiro vôo comercial ligando Washington e Havana começou a operar, o que também não ocorria há mais de meio século.
O Turismo é, antes de tudo, um produto de
integração. As conquistas adquiridas através do projeto facilitador da relação entre Estados Unidos e Cuba (relacionamento historicamente conturbado) não são apenas dos países mencionados: são vitórias para o setor como um todo, pois conferem desenvolvimento à indústria, integralmente. O que será feito deste processo no governo Trump e quais as consequências para o Turismo entre os dois países, ainda não podemos prever ao certo. Seguimos acompanhando o setor por aqui e no mundo.

Dólar e vontade de viajar caminhando juntos

De acordo com dados do Banco Central, os brasileiros gastaram no exterior, nesse último mês de abril US$1,32 bilhão. O valor é 23% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.

O aumento dos gastos dos turistas brasileiros no exterior em abril se deve ao valor do dólar durante este período, que estava em torno de R$ 3,17. No mesmo mês do ano passado, por sua vez, o dólar oscilava ao redor de R$ 3,60.

Caminhando junto ao câmbio do dólar está a intenção de viagem dos brasileiros ao exterior (veja post aqui) que, nos mês de abril, teve o índice mais alto de perspectiva de viagens internacionais do ano, com 29% das intenções.

No acumulado do ano, as despesas dos brasileiros no exterior avançaram 43%, chegando a US$ 5,79 bilhões.

Gastos dos estrangeiros no Brasil

Já os gastos dos estrangeiros no Brasil não tiveram muita variação. Ainda de acordo com os dados do BC, em abril deste ano, as receitas ficaram em US$ 417 milhões, contra US$ 475 milhões registrados no mesmo mês em 2016.

22% dos brasileiros querem viajar nos próximos 6 meses

O Mtur divulgou a pesquisa de sondagem do consumidor que mostra a intenção de viagem dos brasileiros no mês de abril. A pesquisa se refere à perspectiva de viagem dos brasileiros nos próximos 6 meses e revela que 22,1% dos entrevistados têm planos de viajar nesse período. A porcentagem é maior do que a do mesmo período em 2016, que foi de 17,3%.

A região Nordeste segue sendo o destino preferido, tendo 48% das intenções de viagem e o transporte mais procurado é o avião, com 64% da procura nos planos de viagens. Sobre a forma de se hospedar, ainda no comparativo, os hotéis e pousadas estão mais procurados: 52%, seis dígitos a mais do que no mesmo período do ano passado.

Dólar disparado

Como um reflexo de um início de recuperação econômica apresentado em 2017, os planos de viajar para o exterior, de acordo com a pesquisa de abril, subiram de 20% no ano passado para 29% nesse ano. Porém a alta repentina do dólar, provocada pelos acontecimentos políticos dos últimos dias foi um fator com o qual nenhum turista contava. A moeda chegou a ser cotada a R$ 3,70.

Sendo o Turismo uma indústria de diversas variáveis, é difícil prever até quando e o quanto será sentido de impacto no desenrolar de cada capítulo político. Mas, como todos já sabemos, o Turismo é resiliente, possui solidez em tempos turbulentos e por aqui, temos o otimismo dos turistas brasileiros. Seguimos fazendo o Turismo e acompanhando de perto a indústria.

Estudo identifica os 4 tipos de viajantes de negócios

A Descyfra, empresa espanhola especializada em desenvolvimento de estratégias e consultoria de negócios, realizou um estudo interessante em que estão identificados os diferentes tipos de viajantes corporativos. O estudo foi feito através de Neurosegmentação e é um dos primeiros dessa categoria.

Recentemente, comentei em alguns dos meus posts (aqui e aqui), a respeito do Neuromarketing (a ciência que avalia, através da Neurotecnologia, o comportamento dos consumidores) e a sua atuação que pode (e deve!) ser aproveitada pela indústria de viagens e turismo.
Confira abaixo os quatro tipos de comportamento de viajantes corporativos identificados no estudo feito pela Descyfra:

Viajante Marco Polo
Em uma viagem, é um verdadeiro explorador, sempre à procura de novas experiências e emoções. É apaixonado e curioso, e se cansa facilmente da rotina e de repetições. De um modo geral, é otimista, extrovertido, inovador e confiante e possui certa facilidade ao lidar com imprevistos durante a viagem.

Viajante Phileas Fogg
O melhor exemplo de aventura planejada: um tipo de viajante amante de novidades, mas que não deixa muito tudo à imprevisibilidade. É curioso e requer novos estímulos, mas precisa sentir que as coisas estão sob controle. Normalmente, o segundo (depois do viajante Marco Polo) que adota novas tecnologias e tendências, uma vez que precisa de segurança mínima. É sociável com um ponto de desconfiança, e apesar de ser cuidadoso, pode mostrar impulsividade.

Viajante Darwin
Metódico, trabalhador e planejado. É um profissional ordenado e atencioso no local de trabalho e tende a ser meticuloso e perfeccionista em uma viagem. Objetivos e metas de longo prazo estão definidos e ele é persistente nos esforços para alcançá-los. É extrovertido quando tem confiança.

Viajante Sancho
Não gosta muito de novidade, busca de estabilidade e se sente bem com o que já conhece . É sistemático, se sente inseguro em ambientes novos ou desordenados e precisa ter tudo sob controle antes de tomar decisões. Sente-se confortável ao desempenhar tarefas repetitivas no trabalho; tem objetivos claros e são perfeccionistas em uma viagem de negócios.

No estudo, as avaliações principais foram: Alguns dos aspectos considerados: necessidade de explorar ou buscar novidades; a necessidade de segurança; ter todos os aspectos da sua viagem sob controle; relações com os outros e perseverança para resolver imprevistos durante toda a viagem.

As viagens corporativas são de extrema importância tanto para o Turismo, quanto para os negócios em questão. Conhecer os perfis de comportamentos dos viajantes corporativos e pode ajudar a desenvolver ações que otimizem as viagens de negócios, como seleção de destinos para o viajante e objetivos da viagem. Observar estudos e métodos de avaliação para o Turismo contiua sendo essencial. E a gente segue acompanhando de perto as novidades.

Por mais eventos internacionais

Não estamos nada bem no ranking da ICCA, nem em relação aos demais concorrentes nem em relação à nossa evolução.

A ICCA diz que a cada 10 anos o numero de eventos no mundo duplica, o que não foi o caso do Brasil. em 2007 tinhamos 223 eventos, hoje 244! Pasmem que já chegamos a realizar 360 eventos no Brasil em 2012 quando ocupamos o sétimo lugar no ranking global.

Se a política de captação de eventos da EMBRATUR iniciada em 2004 tivesse continuidade, hoje deveríamos ainda estar entre os 10 países que mais realizam eventos no mundo, com cerca de 400 eventos. Se existe um programa de trabalho que pode ser realizado a muito baixo custo e que apresenta resultados, definitivamente é o de captação de eventos internacionais.

Não dá para acreditar que depois de realizar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos nosso país ficou sem uma nova estratégia e um posicionamento global que pudesse nos colocar em outro patamar no ranking de eventos. E ainda teríamos os eventos esportivos mundiais para captar.

Só temos hoje os Convention Bureaux que fazem um trabalho de captação, e as cidades que se esforçam para trazer esse turista que gasta mais e fica com uma outra imagem de nosso país.

Para retomar o trabalho no mínimo 3 a 5 anos para dar resultados.