Hora de trocar o V do turismo

11 janeiro de 2022

Há muito insistimos no fato de que não podemos medir os resultados de um destino turístico pelo número de turistas que ele recebe, pelo Volume. Não adianta, mesmo sabendo (antes da pandemia) que alguns lugares do mundo estão impossíveis de serem visitados, lideranças e formadores de opinião, e também a imprensa, fazem comparações absurdas sobre quantos turistas tal lugar recebe a mais do que o Brasil (e claro que podemos receber mais turistas, mas como?)

Com todos os temas relacionados ao distanciamento social, depois de 2020 fala-se muito dos lugares isolados, do ecoturismo e das tendências de busca de lugares mais calmos e com menos multidão. Como evitar o overtourism? Mas não é sobre isso que quero falar.

A reflexão hoje tem a ver não somente com as tendências do turismo no período pós pandemia, e sim com a definitiva troca do “V” na atividade turística. O cenário de viagens em massa vai sendo substituído por experiências personalizadas e por um cuidado especial com as comunidades locais, o respeito à cultura e a autenticidade e ao meio ambiente. 

O VOLUME já foi SUBSTITUÍDO PELO VALOR

Isso significa que desde o ponto de vista do visitante até o protagonismo do destino os objetivos mudam. Viajantes querem experiências únicas, personalizadas, não querem uma “vida de turista”, e sim viver como um local aonde o autêntico é mais importante e o respeito à cultura local e ao meio ambiente são premissas para decidir sua viagem, e depois, recomendar ou não aquele destino. Já os lugares, cada vez mais usam a economia criativa, a originalidade e os interesses dos moradores como motivo para apoiar e incentivar o turismo. Não vale mais usar os ativos naturais sem preservá-los de forma a garantir que existam no futuro; não interessa o visitante que não respeita os locais e não interage de forma harmoniosa e colaborativa.

Quais são os valores do turismo para seus hóspedes? Como combinar interesses de forma a tornar o turismo cada vez mais relevante para os lugares e tornar a experiência dos visitantes em memórias sensacionais ? Esse é o grande desafio do turismo no mundo e no Brasil.

Turismo de eventos: o que um hotel deve fazer AGORA para obter melhores resultados?

Os impactos da pandemia do coronavírus atingiram toda a cadeia do turismo, em especial o setor de eventos. Agora, passados mais de seis meses desde a aplicação de medidas restritivas para evitar aglomerações, chega o momento do seu hotel planejar a volta gradual das atividades e também do turismo de eventos.

Pensando em curto e médio prazo, enquanto houver restrições no turismo de eventos, uma das opções do hotel é avaliar a possibilidade de estruturar seu espaço para eventos híbridos, com menos pessoas envolvidas e uso de ferramentas de transmissão pela internet, por exemplo. Ao mesmo tempo, o hotel deve acompanhar e analisar o cenário e conforme houver a flexibilização para eventos, adotar as medidas para atrair clientes.

Neste contexto, a expectativa é que as perdas financeiras decorrentes da pandemia de 2020 deverão ser recuperadas somente em 2022/2023, quando o faturamento deverá chegar aos níveis alcançados em 2019.

Apoio especializado

Na expectativa da volta gradual dos eventos, o hotel não deve ficar de braços cruzados. O momento é de monitorar o segmento e as decisões das autoridades sanitárias, como destacado acima, mas também de trabalhar na captação de eventos regionais e estaduais, priorizando o deslocamento por via terrestre.

Neste trabalho, o hotel pode contar com o apoio especializado de uma representação comercial, como o que é realizado pela Pires Destinos Eventos. São muitas as vantagens que o hotel obtém ao contratar este serviço, especialmente a possibilidade de usufruir de um sistema eficiente de busca completo e atualizado constantemente o que abre novas perspectivas em um momento de tantas incertezas.

Com a representação comercial, inclusive, o hotel pode fazer um estudo dos eventos já confirmados para 2021 e definir um plano “B” caso a pandemia ainda exija distanciamento social, o que irá refletir no modo como as salas serão usadas e também nos tarifários. Essa reestruturação comercial é necessária, não será rígida e precisa ser flexível conforme os avanços contra a pandemia são alcançados.

Indicadores relevantes

O uso de dados tem sido cada vez mais destacado com um dos ingredientes essenciais para a elaboração de estratégias inteligentes. No segmento de eventos não é diferente e o hotel não deve abrir mão da análise de seus indicadores medir sua performance e traçar as ações que ajudem a atrair novos clientes.

Entre os indicadores mais relevantes estão o RevPAR (quanto o hotel ganha por acomodação), valor médio da diária, taxa de ocupação, receita (média e total), resultado (anual e operacional), comparativo entre venda lazer e venda evento, tipo de evento (corporativo ou adesão), comparativo meta de faturamento e meta de venda, além de dados sobre desempenho de vendas.

Prevenção à Covid-19

Pensar na retomada dos eventos não significa deixar de lado as medidas estabelecidas por autoridades estaduais e municipais de prevenção à Covid-19. Mesmo que a curva de casos e óbitos apresente uma desaceleração, enquanto não houver uma vacina e o controle da pandemia, essa deverá ser a rotina no hotel, com a prática de todas as ações de segurança e sanitização.

O hotel precisa estar adequado às exigências sanitárias para segurança de hóspedes e colaboradores e também como forma de transmitir credibilidade para clientes (hóspedes, promotores e participantes de eventos). Por isso, neste cenário ainda em recuperação é importante que o empreendimento adote as medidas e dê publicidade a elas em todos o seu material de comunicação.

PRIMEIRO PASSO: RESTAURAR A CONFIANÇA

Photo by Joshua Hoehne on Unsplash

Diariamente tenho lido muito conteúdo sobre o que está ocorrendo no mundo do turismo durante a pandemia, desde ações e exemplos interessantes de iniciativas imediatas, até planos para a retomada depois do fim da pandemia. Tenho percebido que talvez não exista uma data em que todos ficaremos aliviados e possamos dizer: bom, de hoje em diante a vida chegou ao novo normal. Isso pode gerar certa ansiedade, mas sinto que, se a retomada for gradativa como já imaginamos, com fases distintas e de forma específica em cada destino, região e país, devemos nos preparar uma longa fase de adaptação e período incertezas. Imagino que a cada etapa novas informações, insights e ações farão parte de um cotidiano bastante impreciso.

Certamente isso não é motivo para achar que não podemos ser otimistas, pelo contrário, há que enfrentar a realidade tal qual ela se apresenta e enfrentar os desafios de forma destemida e agradecendo pelo novo que se impõe. São muitas variáveis que não estão em nosso poder de ação direta, e mesmo assim somos os mestres de nosso destino, seguramos a cada dia o que for possível e no dia seguinte insistimos em segurar novamente as mudanças e enfrentar cada adversidade. Para nosso negócio, o turismo, entendo que a restauração da CONFIANÇA será o ingrediente mais importante, e ela ocorrerá de diferentes formas. Estudos já mostram que as pessoas vão optar por viajar por perto, dentro de seu país, e secundariamente dentro de seu continente. Conta aqui a confiança em nossa marca, em como estamos agindo agora e como seguiremos na percepção do cliente depois que ele decidir voltar a usar nossos serviços.

Nenhum exercício de adivinhação ou futurologia adianta agora. Minha perspectiva é ler muito, ouvir muito, aprender com a experiência de outras empresas e outras países, e entender nossa realidade para poder me ADAPTAR ao que vem pela frente. Usar toda a capacidade de análise baseada em alguma experiência já existente para somar aos conhecimentos e experiências de outros colegas no pensar e agir de forma conjunta.

Minha sugestão? Que o setor de turismo trabalhe a restauração da confiança mas viagens diante nos novos cenários, primeiro vem a confiança em viajar, que diz respeito a todos da indústria de viagens e turismo. Estamos todos dependendo disso para que cada um cuide de seu negócio e busque seus clientes. A volta da confiança ainda depende da evolução da pandemia em cada lugar e, num segundo momento, de como nossa indústria irá enfrentar novas demandas por medidas de segurança sanitária que deixarão as pessoas tranquilas e prontas para aproveitar suas viagens. Acredito muito numa ação conjunta de empresários e governos para preparar uma comunicação eficiente no sentido de esclarecer as pessoas sobre a confiança em visitar nossos destinos. Destacando: primeiro virá a necessidade de passar tranquilidade às pessoas de que elas podem viajar, e aí cada empresa e serviço entrará em ação para mostrar seus diferenciais e as vantagens de suas marcas. No momento correto, a marca de nossa indústria deverá trazer o valor de CONFIANÇA de volta, todos juntos vamos precisar garantir o direito e o desejo de viajar.

3 PISTAS do que pode mudar nos destinos pós pandemia

Photo by Eric Tompkins on Unsplash

Ainda na linha do nosso último post sobre 5 temas que podem mudar no turismo, pensei em compartilhar algo mais amplo sobre os destinos turísticos. O que pode ajudar agora a mantê-los na mente do consumidor e quais podem ser as novidades no comportamento do futuro turista que irão exigir um pensar e fazer diferente nos lugares que serão visitados depois da pandemia.

1. Leva vantagem o destino que já possui conteúdo e ferramentas prontas e à disposição do cliente: no momento atual, vemos muitos destinos mostrando seu potencial, seus atrativos, suas experiências e enviando a seguinte mensagem aos potenciais clientes: fique em casa agora, e quando você puder viajar veja o que está lhe esperando aqui. Como as pessoas estão passando mais tempo na internet, não só trabalhando mas usando-a como ferramenta de entretenimento, além de buscar receitas de comidas, aulas de exercícios em casa, visitar museus e fazer treinamentos on-line, também existem pessoas sonhando com sua próxima viagem (mesmo que isso ainda esteja longe de uma data ou um destino mais concreto). Pesquisas mostram que está distante o momento de definir sobre viagens domésticas e muito menos as internacionais. Entendo que levam vantagem agora aqueles destinos que já possuem uma boa estrutura de conteúdo on-line, com sites, redes sociais e ferramentas que disponibilizam tours virtuais (vide os museus). Agora é manter-se na mente do cliente, produzir conteúdo, fortalecer a marca e se preparar para o futuro. Se o seu destino ainda precisa melhorar a comunicação on-line, dá para aproveitar esse momento para se organizar e preparar um super projeto para quando as pessoas buscarem lugares para visitar.

2. Possivelmente, quando as pessoas voltarem a viajar, suas exigências com questões sanitárias, de saúde e segurança serão maximizadas. Aqui trata-se de uma exigência mais ampla do que medidas de higienização em aeroportos, restaurantes, hotéis ou meios de transporte. Vejo o aumento da imposição de um turista em relação à sustentabilidade geral do destino, de seus recursos naturais, do respeito à cultura local, da valorização da experiência autêntica e, sobretudo, de um engajamento cada vez maior entre o visitante e o morador local. O turista poderá desejar cada vez mais ser um local temporário, como sempre falo, um morador temporário. E isso irá demandar novos tipos de relacionamento entre a comunidade local e os visitantes; não serão somente os profissionais de turismo diretamente ligados ao setor os protagonistas das experiências, mas sobretudo os que vivem nos destinos turísticos. Cuidado! É preciso preparar as comunidades para evitar preconceitos, medos e atitudes que possam mostrar receio em relação à permanência de “estranhos” vindos de fora….

3. O turismo será cada vez mais uma relação humanizada em todas as etapas da viagem. Todas as mudanças por que estamos passando, e ainda nem temos como avaliar quais impactos terão no comportamento das pessoas, têm um potencial de uni-las mais, fazê-las protagonistas de sua vida e aumentar a solidariedade e o sentido coletivo da vida em comunidade. Ora, se o turista quer ser um morador temporário, se ele está preocupado com a comunidade que visita, se quer interagir com ela, então sua relação será ainda de mais proximidade. Desde a preparação da viagem, em todas as fases da jornada do viajante sua participação tende a ser mais independente, exigente, comprometida e humanizada. Imagino que as tecnologias terão um papel primordial nesse cenário futuro; se hoje o mundo vive uma aceleração do uso e conhecimento de tecnologias para se adaptar ao isolamento, depois desse período muitas experiências sairão de dentro de casa para encontrar com possibilidades de experiências fora de casa.

Ainda poderíamos falar de como o marketing de destinos será no pós pandemia, ou ainda sobre o papel dos intermediários nos futuros processos de compra das viagens. Muito há que acompanhar, esperar, entender e pensar de forma diferente, de outros ângulos. A mudança ainda é nossa única certeza, então, vamos ver como ela vem, vamos nos adaptar e usar nossos talentos para revolucionar esse setor que tanto pode ajudar o mundo a se recuperar após essa pandemia.

3 pitacos para bombar seu marketing internacional

Photo by Paul Skorupskas on Unsplash

Todos sabem e se atualizam sobre as grandes e rápidas mudanças pelas quais o turismo global vem passando. Pois a forma de promover destinos e as estratégias de marketing também estão à todo vapor para se adaptar ao que o viajante quer. Não se trata somente de falar daquilo que o destino tem, mas de entender o que o turista quer e saber chegar a ele sua mensagem e seus diferenciais. Compartilho aqui alguns insights que tenho percebido e que podem ser mais adequados ao que conheço sobre o Brasil.

  1. FAÇA PARCERIAS: Ser visto, notado e considerado na hora de se promover no competitivo cenário internacional é um grande desafio. Não adianta sair por aí falando de minha cidade ou de meu estado sem estar vinculado ao Brasil. Em muitos lugares as pessoas nem dizem que vão ou foram ao Brasil, dizem que foram para a América do Sul. Esse desafio só é possível por meio de parcerias estratégicas que dêem força e corpo a uma abordagem multi-canais, aonde os investimentos serão menores para cada parte e os resultados serão mais eficientes com uma abordagem mais forte e unificada (destaco aqui a iniciativa que os estados do nordeste estão desenvolvendo para sua promoção conjunta no internacional).
  2. AVALIE QUEM E COMO SE PODE CHEGAR AO SEU DESTINO: Não adianta querer se promover na China só porque é o maior emissor de turistas do mundo. Ter uma estratégia de promoção de longo prazo, aonde o que direciona as ações é a inteligência comercial, possibilita a eleição de mercados prioritários e o uso de ferramentas eficazes para aquele determinado tipo de país. Hábitos, preferências por atividades, experiências mais desejadas mudam de pais para país, e ainda de pessoa para pessoa. O uso de tecnologias para conhecer melhor o comportamento dos turistas é crucial para esse trabalho, assim como uma constante política de atração e manutenção de voos internacionais (exemplo do Ceará, que aumentou e ampliou sua oferta de voos levando o estado a outro patamar de competitividade).
  3. OSTENTE EXPERIÊNCIAS ÚNICAS: Sua cidade é linda mesmo! O turismo é um sucesso aí, mas…. a competição é muito maior do que você imagina; o que existe em seu destino que é único? Quais são as experiências inesquecíveis? Que emoções e sensações seus atrativos proporcionam? Para isso é preciso ter muito conteúdo, textos e imagens atrativos, contar histórias locais (o storytelling é uma ótima técnica). Mostre o que só existe no seu lugar e como a pessoa pode se inserir nesse contexto local de forma participativa. Lembre-se, sua estratégia só pode estar ficada na experiência do turista, ele é seu foco.

Tem mais algum tema que você gostaria de compartilhar conosco sobre seu marketing internacional?

Não podemos ter mais estrangeiros? (Parte 2)

Photo by Sharon McCutcheon on Unsplash

Começamos a pensar sobre o turismo internacional do Brasil para entender aonde estamos, com a observação dos dados de chegadas de turistas internacionais nesse primeiro post, quando abordamos somente o volume de visitantes e fizemos um histórico das chegadass no Brasil. Como mencionei, entendo que o número de pessoas que um destino recebe não é prova de sucesso com a atividade, o número precisa estar somado a mais dois elementos: gasto e permanência. Nessa segunda parte vamos falar do histórico de entrada de divisas no Brasil por meio dos gastos dos estrangeiros que passaram por aqui. Nesse caso, a análise é ainda mais complexa, preciso que você me ajude a pensar depois de ver os números.

Começamos a olhar a entrada de divisas com os gastos dos turistas estrangeiros no Brasil à partir de 1990; o fato é que o crescimento nesses quase 30 ano foi lento e pouco significativo de um ano ou até de uma década até a outra (Fonte: MTur, 2019). Em 1990, os gastos foram de US$ 1.489 milhões; em 2000 de US$ 1810 milhões; em 2010 de US$ 5.261 milhões e em 2018 de US$ 5.921 milhões. Note que os anos que apresentaram um aumento mais significativo foram os de 1997 e 1998 e depois de 2002 a 2008. Em 30 anos, o período que apresentou um pequeno salto foi o final dos anos 2000, mas já à partir de 2011 o número passa a oscilar pouco e a se manter em níveis muito próximos. Podemos concluir que nos últimos 8 anos tivemos praticamente uma estagnação e até uma queda progressiva na série histórica conforme abaixo:

ANOUS$ MILHÕES
1990    1.489 
1991    1.076 
1992    1.064 
1993    1.096 
1994    1.048 
1995       972 
1996       840 
1997    1.069 
1998    1.586 
1999    1.628 
2000    1.810 
2001    1.731 
2002    1.998 
2003    2.479 
2004    3.222 
2005    3.861 
2006    4.316 
2007    4.953 
2008    5.785 
2009    5.305 
2010    5.261 
2011    6.095 
2012    6.378 
2013    6.474 
2014    6.843 
2015    5.844 
2016    6.024 
2017    5.809 
2018    5.921 

É a primeira vez que faço essa análise da série histórica da entrada de divisas do Brasil, confesso que me surpreendi com o aumento pouco significativo, ano após ano, da entrada de divisas por meio dos gastos dos estrangeiros. Lembrando sempre que esses números não possuem ajustes de inflação ou oscilação de cambio, são dados nominais. Se achamos e nos preocupamos porque o volume de visitantes não aumenta, deveríamos nos preocupar ainda mais porque os gastos até diminuíram nos últimos anos. Mesmo assim, segundo o World Travel & Tourism Council (WTTC), o impacto total dos gastos dos visitantes estrangeiros no Brasil em 2018 foi de R$ 22,5 bilhões, o que representa 2,2% das exportações do país. A importância do turismo está justamente em seu impacto econômico e precisamos analisar os motivos pelo quais não avançamos mais nesse tema.

Quais seriam as causas de termos um gasto baixo, ou uma evolução baixa dos gastos nos últimos 30 anos com todas as mudanças por que passou o turismo? Pensei em várias hipóteses, nada fruto de um estudo mais aprofundado, e adoraria ouvir a experiência de vocês e a opinião daqueles que conhecem melhor o mercado internacional para refletirmos juntos e buscar ideias:

  • A Argentina é responsável por quase 30% dos estrangeiros que aqui chegam, pode ser que seus gastos sejam mais baixos nas entradas terrestres ao sul do continente (SC e PR onde quase 80% do acesso é terrestre); além disso seu gasto é a metade do gasto de um europeu, por exemplo;
  • A oferta de produtos e de experiências no Brasil não evoluiu num ritmo que chegasse a dar aos visitantes mais opções de gastos em atrativos novos ou qualquer produto. Ou seja, nossa oferta turística atual pode ser, ainda, muito pequena e pobre; não sabemos fazer o turista gastar em nossos destinos;
  • Há uma sazonalidade muito alta nas chegadas de estrangeiros, com períodos de baixa entre os meses de abril e novembro; um período muito longo com diminuição de chegadas, são 8 meses do ano;
  • A motivação principal é o sol e praia, e esse visitante tem gasto pequeno pelo tipo de atividades que realiza: além do hotel, um transfer, uma parada em algum lugar com apoio de alimentação e só a praia para desfrutar, poucas atividades marítimas ou lagunares, por exemplo; pouca oferta cultural ou de outros atrativos naturais além da praia? Que outras experiências inovadoras e empolgantes?
  • a motivação principal para a viagem ao Brasil é de lazer, representa quase de 60%, o que leva o turista a gastar bem menos do que um viajante a negócios e eventos, que significa cerca de 20% das motivações mas gasta quase o dobro;
  • as visitas a amigos e parentes (25% dos turistas ficam em casas de amigos e parentes ), que são cerca de 20% das motivações principais, fazem com que a pessoa não tenha gastos com hospedagem, menor gasto com alimentação e realize poucas atividades durante a estadia;
  • os turistas a negócios e eventos, em sua maioria, ficam em hotéis, gastam mais, no entanto sua permanência é bem menor do que a do viajante a lazer;
  • o gasto e a permanência dos europeus, norte americanos e outros é bem superior à dos latino-americanos, conforme tabela abaixo (Fonte: MTur, 2019):

Ao final, tentando cruzar a origem, o gasto e a permanência do estrangeiro no Brasil vemos que a América do Sul representa 61% do volume, tem um gasto total de US$ 595,24 e uma permanência de 10,7 noites; a Europa, que representa 22% das chegadas tem um gasto total de US$ 1.135,70 e uma permanência de 23,6 dias e a América do Norte representa 19% das chegadas, tem um gasto total de US$ 1.121,72 e uma permanência de 18,9 dias. Veja que, por sub-continente, temos volume maior e gasto e permanência menores; contra volume menor com gasto e permanência maiores.

De posse desses dados, cruzando também com a oferta de voos internacionais*, é possível traçar uma estratégia de promoção internacional para cada continente ou país, direcionando ao aumento da permanência, do gasto e do volume; e trabalhar arduamente os destinos brasileiros para ampliar, inovar e melhorar muito sua oferta turística. Também fundamental, olhar o Brasil como um todo, enxergar o conjunto e construir com os estados uma política conjunta de promoção e de atração de mais voos.

*Oferta de voos internacionais no Brasil em outubro de 2019: América do Sul tem 43%, Europa tem 30%, América do Norte 19% e Ásia 4% (Fonte: EMBRATUR, outubro 2019).

Veja a primeira parte dessa série aqui

Buscas pelo “similar” ou “Mais Barato”

Photo by Jason Wong on Unsplash

Fiquei com vontade de comentar com vocês sobre um estudo do Google que fala sobre o aumento das buscas por produtos e serviços por similaridade (cresceu 60% nos últimos 2 anos). Seria assim, tenho um grande desejo, aspiração de consumo X, mas sei que posso achar algo similar com preço mais acessível; então na minha busca coloco “produto X similar à marca tal ou parecido com algo”. Essa marca tal, ou tipo de produto, seria o objeto de desejo, a referência que tenho; minha busca é por algo parecido com ele.

Também tem a busca por menores preços: “pacote de turismo até R$ 2 mil”; “hotéis perto de mim até US$ 100”, dá pra ver que pode ser uma oportunidade para entendermos ainda mais nosso negócio, nossos concorrentes e entender o comportamento dos consumidores nesse cenário. Ajuda muito no trabalho de SEO. As sugestões do Google são 3:

  1. Avalie as aspirações, desejos que o público tem sobre seu produto e mostre seus diferenciais;
  2. Permita comparação de preços entre produtos de forma a beneficiar o seu produto;
  3. Otimize seu conteúdo e apareça quando as pessoas buscam por “similar”, “parecido”.

No turismo essa tendência faz muito sentido, primeiro porque temos sempre que entender os desejos do consumidor e mostrar que podemos atendê-los; segundo porque é preciso conhecer e acompanhar competidores para avaliar sempre o posicionamento e lugar que o destino está adotando; e por último, conteúdo em turismo é tudo, e não é tão difícil se posicionar para atender às pessoas que buscam por produtos similares ou chegar mais perto do concorrente nas buscas.

Já existem ferramentas de publicidade em turismo que funcionam assim, como na Amadeus, você define seus concorrentes, e quando eles são pesquisados na mesma hora aparece seu destino como opção. Outras ferramentas são bastante eficazes, como no site Para Onde Viajar, você coloca o orçamento disponível, tempo de viagem e origem e são apresentadas diversas opções dentro de seu orçamento.

Fiz 2 pesquisas rápidas, “destino similar/ parecido a Porto de Galinhas”, e aparecem opções como Fortaleza, Maragogi e Jericoacoara; ” destinos até 2 mil reais”, e aparecem diversas opções com todo tipo de preço, muitas dicas e opções. Adorei a dica, e você? Com quem se parece? Quem é seu concorrente? Já fez esse teste? Manda aqui para gente.

Como fazer mais por seu cliente

Segundo uma pesquisa realizada pelo Booking.com, os brasileiros passam mais tempo arrumando a mala das férias do que pesquisando o destino da viagem. Na pesquisa que reuniu 21.500 entrevistados de 29 países, o brasileiro ficou em terceiro lugar como a nacionalidade que mais passa tempo realizando essa tarefa, ficando atrás apenas dos indianos e dos colombianos.

De acordo com os entrevistados, o viajante brasileiro gasta, em média, seis horas e meia separando os itens para viagem. Duas horas e meia a mais do que ele leva para pesquisar acomodações (4h) e uma hora e meia a mais do que ele leva para pesquisar o destino (5h).

Toda essa preparação, no entanto, não impede que os brasileiros cometam alguns deslizes na hora da arrumação, como esquecer um item essencial (45%) ou colocar na mala mais roupas do que o necessário para o destino (48%). Sendo esse último dado algo que poderia ser melhor evitado com mais tempo de pesquisa sobre o local da viagem e as atividades que serão feitas por lá.

Para esse auxílio organizacional torna-se evidente o papel fundamental das empresas de turismo e, principalmente, dos agentes de viagens. O viajante pode ser melhor orientado recebendo dicas sobre o que fazer no destino e investindo mais tempo pesquisando sobre a cultura do destino e as opções de lazer disponíveis. Valendo também, a venda antecipada de experiências.

Por isso, a nossa dica é para que as empresas busquem se manter atualizadas sobre o comportamento de seus clientes (diversos sites de viagens mostram, com uma certa regularidade, pesquisas que revelam dados necessários para essa orientação) e encontrem a melhor maneira de ajudá-los.

 

Veja também nossa matéria sobre o papel do agente de viagens: https://bit.ly/2xLLuCS

Agente ou consultor de viagens?

Estamos sempre nos perguntando sobre as mudanças rápidas e profundas no turismo. Que tipo de empresas vão surgir? Quais vão acabar? O digital vai substituir o presencial em que proporções? Me recordo quando surgiram as teleconferências, diziam que os eventos estavam com os dias contados. Bem, não temos a resposta para essa questões, mas devemos acompanhar e nos localizar nesse cenário.

Segundo uma pesquisa recente encomendada pela agência de viagens AAA Travel, norte-americanos com idades entre 23 e 39 anos estão tão propensos a usar um agente de viagens quanto aqueles com idades entre 54 e 72 anos. Muitos são os dados de mudança de comportamento nas diversas faixas etárias.

De acordo com 46% dos entrevistados, trabalhar com um agente de viagens ajuda a garantir uma viagem mais tranquila, trazendo benefícios como: economia de tempo, redução de estresse com preparativos, recomendações de quem já possui experiência no ramo e auxílio caso ocorra algum problema durante a viagem.

De uma certa maneira, essa pesquisa faz um contraponto a uma matéria publicada recentemente pela Work + Money, que colocava o agente de viagens dentro da lista das 25 profissões para se evitar, por estar em declínio.

Na matéria se afirmava que os sites de reservas de viagens on-line fizeram com que cada pessoa se tornasse o seu próprio agente de viagens. Mas o que parece não ter sido considerado nesta afirmação é de que embora a internet facilite essa autonomia os viajantes ainda prezam por poupar o seu tempo, usufruir de comodidade e aproveitar as ofertas proporcionadas pelo setor. Também não há nada que substitua a experiência já vivenciada nos destinos, de outros viajantes, ou de especialistas.

Hoje o agente de viagens funciona como um consultor. Alguém que ajuda com seu conhecimento específico, colabora na prevenção de crises, a evitar gastos desnecessários, a economizar tempo, entre outras coisas; esses benefícios já citados anteriormente. Esse tipo de papel não pode ser desenvolvido, desta maneira, pelos sites. E o viajante preza por isso. Não é à toa que a ASTA passou a se chamar American Society of Travel Advisors (não Travel Agents, como antes).

Um bom agente de viagens, ou CONSULTOR, CONSELHEIRO, ORIENTADOR,  garante a relevância da sua função porque pode compartilhar um olhar especializado e um conhecimento único sobre determinado destino, prestando uma consultoria que a impessoalidade dos sites não é capaz de proporcionar.