Por que o brasil (e o turismo) precisa de mais mulheres no poder?

No próximo domingo, dia 6 de outubro, o Brasil realizará as eleições municipais, um momento crucial para renovar os representantes das prefeituras e Câmaras Municipais. Hoje, às vésperas de exercer meu voto me perguntei sobre o turismo e sobre as mulheres. Logo percebi que a representatividade feminina ainda é uma questão crítica tanto na política quanto no turismo. Somos a maioria da população brasileira e estamos cada vez mais presentes em vários segmentos econômicos, mas nossa participação nos espaços de poder e decisão ainda está muito longe da igualdade.

 Mulheres na Política: Um Caminho de Desafios

Nas eleições de 2020 e 2026 apenas 12% dos prefeitos eleitos eram mulheres. Vereadoras, somente16% dos eleitos foram mulheres, ainda muito distante da equidade de gênero desejada. Isso demonstra que, apesar da cota de gênero, a realidade política brasileira continua marcada por barreiras estruturais e culturais que dificultam a presença feminina.

Esse cenário de desigualdade reflete a posição internacional do Brasil em termos de representatividade feminina. Hoje, em 2024, nós estamos na 132ª posição no ranking global de mulheres no legislativo, atrás de países conhecidos por regimes autoritários, como a Coreia do Norte e a Arábia Saudita. Embora a legislação tenha sido ampliada ao longo dos anos para incluir medidas de incentivo, como a destinação de 30% dos recursos do Fundo Eleitoral para candidaturas femininas, isso ainda não resultou em uma mudança significativa no equilíbrio de poder.

 Turismo: Protagonismo Feminino, mas com Desafios

O setor de turismo é uma das áreas em que as mulheres têm uma presença considerável. Nós representamos 49% da força de trabalho na área aqui no Brasil, ocupamos diversos tipos de funções ligadas ao esteriótipo feminino de “cuidar”, “arrumar”, “servir”. Mas muito longe do “chefiar”, “liderar”.

Um estudo do World Travel & Tourism Council – WTTC, revelou que 57% das agências de viagens e operadoras de turismo são lideradas por mulheres, uma realidade que foge aos estereótipos tradicionais de gênero e merece mais investigação. Ainda assim, essas mesmas mulheres enfrentam dificuldades para ascender a cargos de liderança e obter remunerações equivalentes às de nossos colegas homens. A desigualdade salarial e a segregação de gênero no turismo são reflexos de um problema maior que também se verifica na política.

Além disso, embora nós, mulheres, tenhamos níveis de escolaridade superiores aos dos homens no setor de turismo, somos sub-representadas em cargos estratégicos e de poder, tanto nas empresas privadas quanto no governo; o que foi detalhado em estudo publicado na Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. Esse cenário ilustra como, mesmo em um setor em que as mulheres são a maioria, as estruturas atrasadas ainda limitam nosso protagonismo.

 O Desafio da Igualdade

Para mitigar essas desigualdades, é fundamental que se promovam políticas públicas que incentivem não só a participação, mas também a permanência e ascensão das mulheres em todos os setores. No caso da política, é crucial garantir que as candidaturas femininas não sejam apenas formais, mas recebam apoio real para se tornarem competitivas. No turismo, é necessário criar condições mais favoráveis para que as mulheres possam equilibrar carreira e família, e que as empresas e governos estejam comprometidos com a promoção de igualdade de gênero. Além disso, temos que apostar na liderança feminina em cargos de empresas, entidades e associações. 

 Perspectivas Futuras

A participação das mulheres na política e no turismo no Brasil revela um panorama de avanços e desafios. Nós já conquistamos espaços, seja por meio de leis ou de nossas próprias iniciativas, mas o caminho para a equidade de gênero ainda é longo. No próximo domingo, as eleições municipais mais uma vez evidenciarão o quanto ainda é necessário fazer para garantir uma representatividade justa e inclusiva.

Para que as mulheres tenham mais protagonismo na política e no turismo, é essencial que os esforços para eliminar as desigualdades de gênero sejam constantes e eficazes. O Brasil precisa reconhecer que a inclusão feminina é vital para uma sociedade mais justa e democrática. A eleição de 2024 representa mais uma oportunidade para repensar a participação das mulheres nos espaços de poder. Somente com políticas inclusivas e o enfrentamento de preconceitos e estereótipos é que será possível garantir que as mulheres ocupem o lugar de líderes e não de coadjuvantes.

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Você não é um alienado eleitoral? Então esse post é pra você

Me chamou bastante a atenção uma matéria recente da CNN Brasil sobre o crescimento das abstenções nas últimas eleições no Brasil. Somadas aos votos brancos e nulos nos pleitos presidenciais, os números passaram de 25,1% em 2006 para 29% em 2014 e 2018.

A alienação eleitoral tem crescido no Brasil de forma lenta e consistente desde 2006. O baixo comparecimento às urnas é ainda mais acentuado na região Sudeste e entre os jovens. Esses dados são do estudo “A alienação eleitoral no Brasil Democrático”, do Instituto Votorantim, com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Por que estou falando sobre isso? Todos sabemos que temos eleições em breve, e é saudável exercitar como nosso voto pode colaborar com nossa atuação na indústria de viagens e turismo. Tenho acompanhado a história das políticas públicas relacionadas ao turismo no Brasil há quase 30 anos. Já testemunhei diversos momentos de organização dos empresários e profissionais para sensibilizar autoridades do executivo e do legislativo em relação à importância do setor. Acredito que vale a pena aprofundarmos o assunto e aproveitarmos para levarmos aos candidatos a cargos do executivo e legislativo em nível nacional e estadual.

Fiz um bate-papo em meu podcast HUB TURISMO com Alexandre Sampaio da CNC e Cássio Garkalns da GKs. Você pode conferir os principais temas resultantes de um rico processo de construção de políticas públicas de turismo.

Me diz, o que você acha desse tema? Escuta lá nosso podcast e comenta por aqui.

As últimas do hub turismo podcast

Deixo aqui os últimos podcasts do HUB TURISMO que sugiro você ouvir. Se tiver temas e sugestões envia aqui nos nossos comentários.

1 – Eduardo Fleury do KAYAK traz as últimas notícias e análises sobre as buscas por viagens e ainda fala de tecnologia, sustentabilidade e tendências de viagens.

2 – Falamos sobre a fortaleza do mercado doméstico brasileiro à partir de estudos da Tourism Economics e os fatores que podem ajudar ou atrapalhar as oportunidades desse gigante.

3 – MUST: Mulheres do Setor de Turismo por Adriana Cavalcanti e Renata Pestana. O que é o movimento, liderança feminina, barreiras e avanços do feminismo. Sim feminismo, entenda.

4 – A voz do turismo nas urnas, são 2 podcasts com lideranças municipais sobre o papel do setor e as possibilidades de avanço, ou retrocesso. Confira o bate-papo com Ana Paula Villaça do Recife e Jair Galvão de Maceió.

O que o turismo tem a ver com as urnas?

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Não gosta ou não está disposto a conversar sobre politica? Entendo que está difícil ter uma conversa serena e tranquila né? O fato é que em novembro teremos eleições, e sempre me pergunto qual o papel das lideranças, empresários e cidadãos do turismo diante de escolhas que vão influenciar nosso emprego, nosso negócio, nossa cidade e nossa vida.

Por isso decidimos colaborar com esse debate saudável por meio de nosso podcast HUB TURISMO. Vamos trocar ideias sobre a gestão municipal de turismo e falar de projetos, práticas de sucesso, continuidade de ações que deram certo. Ah! A continuidade que tanto falamos quando os gestores são trocados e tudo começa do zero! São temas de interesse para a atuação no executivo e no legislativo. Tão importante quanto termos secretários municipais adequados e preparados é termos vereadores que pautem o setor em suas prioridades.

É nosso papel falar, conversar, sugerir, influenciar. Sempre penso que se nós não falarmos e explicarmos o que somos, o que representamos e o que precisamos, as lideranças e gestores públicos não irão adivinhar ou dar a devida importância. O que você acha ? Ouça os dois primeiros episódios desse debate, compartilhe e comente aqui para nos fortalecermos e unirmos em torno de inovação e do fazer melhor do turismo brasileiro.

Jair Galvão de Maceió

Ana Paula Villaça do Recife

Fornatur: carta aos presidenciáveis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em sua carta aos candidatos à presidência de 2018, o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, o Fornatur, busca deixar claro a importância do turismo para o desenvolvimento do país. Para isso, o texto começa explicitando os efeitos negativos que um mau desempenho no segmento turístico pode gerar na balança comercial, e traça um comparativo entre o impacto econômico do turismo no Brasil e em outros países da América Latina.

Gráficos ajudam a mostrar a desproporcionalidade entre o potencial turístico do país e os investimentos feitos no setor. O Brasil que, segundo o Fórum Econômico Mundial, ocupa o primeiro lugar em atrativos naturais, se encontra na 126º posição no quesito priorização do turismo pelo governo. E para atrair a atenção dos presidenciáveis para essa questão, o Fornatur apresenta dados sobre a influência positiva desta área no país, principalmente como segmento fundamental na geração de empregos.

Distribuída em quatro eixos estratégicos (governança, infraestrutura, produtos e promoção), a proposta é apresentada. Sendo cada um desses pontos exibidos através de uma série de demandas, ações e objetivos que possuem a finalidade de traçar um caminho para uma melhora substancial do setor. Entre os pontos apresentados estão: aumentar o orçamento do Ministério do Turismo, efetivar a implantação do Plano Nacional de Turismo (2018-2022), melhorar a estrutura dos portos e aeroportos nacionais, ampliar o visto eletrônico e a dispensa do visto para mercados estratégicos e fortalecer a rede de inteligência de mercado turístico (RIMT).

(Veja aqui o post com as propostas da CNC: https://bit.ly/2wIFJFJ)

Propostas dos empresários para os candidatos à presidência

 

 

 

 

 

 

 

 

Mostrando o valor do Turismo como fator importante para o crescimento econômico, o Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur)/ CNC produziu um documento que objetiva lançar propostas para impulsionar a indústria do turismo no Brasil. Em sua introdução, o texto, encaminhando aos presidenciáveis de 2018, exibe dados financeiros que evidenciam o reflexo do turismo na economia brasileira e mostram o cenário atual do setor.

Ainda no início é abordada a relação entre a iniciativa privada e as políticas públicas, e como o desequilíbrio entre esses dois polos pode interferir consideravelmente no desenvolvimento da área. São apontadas, também, as deficiências causadas por diversos problemas enfrentados dentro do segmento, como a falta de infraestrura e outros desafios que demandam a cooperação entre os setores públicos e privados. E são elencadas iniciativas para impactar positivamente o mercado turístico no Brasil, com a finalidade de promover uma harmonia e conectividade maior entre esses dois setores.

As propostas para desenvolver o turismo foram divididas em cinco pilares de ação: infraestrutura; promoção; segurança jurídica; competitividade; gestão e monitoramento. Cada um desses pilares agrupa um conjunto de projetos de crescimento. E entre eles estão: criar uma política nacional e permanente de sinalização turística, ampliar e garantir maior eficiência do setor de transportes, fortalecer a Marca Brasil e desenvolver estratégias para captação de turistas estrangeiros, regulamentar o uso de plataformas digitais na comercialização de serviços e produtos de turismo, garantir uma estrutura adequada de governança e incentivar os projetos de cooperação regional.

(Veja o documento completo aqui: https://bit.ly/2LmqabM)

Turismo: as propostas dos candidatos à presidência

 

 

 

 

 

 

Com a aproximação do período eleitoral, decidimos trazer os projetos para o turismo dos principais candidatos à presidência do Brasil. Para essa finalidade, fomos atrás dos planos de governo dos cinco candidatos com mais intenções de voto, segundo a pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 13  e 15 deste mês. Veja abaixo (os nomes estão em ordem alfabética):

CIRO GOMES (PDT)
Planeja o desenvolvimento do turismo sustentável e informa que o turismo será estimulado para contribuir com o crescimento da economia brasileira e da geração de empregos.

GERALDO ALCKMIN (PSDB)
Propõe o favorecimento do empreendedorismo no setor turístico através do crescimento da indústria 4.0, da economia criativa e da indústria do conhecimento. Também comunica que pretende priorizar políticas que permitam às regiões Norte e Nordeste se desenvolverem plenamente neste segmento.

JAIR BOLSONARO  (PSL)
Em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto, o candidato não apresenta proposta específica para o setor turístico em seu plano de governo.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA  (PT)
Ressalta a importância do setor turístico, apresentando informações variadas sobre o impacto positivo do turismo no Brasil. Aponta as deficiências, enxergadas por ele, no segmento e lança suas propostas de melhoria. As principais são: aumentar recursos para a promoção do Brasil no exterior e usar o marketing digital como ferramenta; fomentar a concorrência e melhorar a infraestrutura das estradas, aeroportos e portos; qualificar trabalhadores para este segmento; buscar parcerias para a obtenção de financiamentos externos; estimular a participação das lideranças empresariais do setor.

MARINA SILVA (Rede)
Em seu plano de governo, a candidata traz alguns dados sobre a área do turismo no Brasil e no mundo e destaca a importância da área na geração de empregos e, consequentemente, na economia. Também apresenta os pontos fracos e fortes do turismo no Brasil e expõe seus planos para o setor. Entre os pontos a serem destacados estão: estimulação da capacitação permanente de mão de obra, articulação da cadeia do turismo com outras cadeias produtivas, fomentação de programas de divulgação interna e externa de destinos turísticos, criação de parcerias com municipalidades para conservação e melhorias de equipamentos turísticos, investimento em projetos de infraestruturas e promoção de um programa integrado de turismo sustentável.