O gasto do brasileiro nas férias

Os brasileiros gastaram 1.878,90 bilhão de dólares em viagens e turismo no exterior em Julho, um dos meses mais fortes de férias por aqui, informa o Banco Central do Brasil. Com o montante, o mês de julho atingiu um novo máximo desde Janeiro de 2015.

Relativamente ao mesmo mês em 2016, os gastos aumentaram 38%, ou seja,  mais de 500 milhões de dólares, elevando assim média deste ano. Os números de julho também fazem a despesa cambial de 2017 ultrapassar os dez bilhões de dólares, atingindo os U$$ 10.684,24 bi.

Um dos grandes influenciadores do aumento da despesa cambial tem sido a desvalorização do dólar, que chegou a valer R$ 3,11 no mês passado, tornando os gastos exterior mais atrativos e estimulando as viagens para fora do país.

Intenção de viagem

Segundo a pesquisa do MTur de Sondagem do Consumidor e Intenção de Viagem, no mês de junho deste ano, quase 20% dos entrevistados que afirmaram planejar viajar nos próximos 6 meses pretendiam realizar uma viagem internacional. Em relação à junho do ano passado, o número de turistas brasileiros que pretendiam viajar para o exterior no horizonte de 6 meses correspondia a 16% do total.

Receita cambial

Já os gastos dos estrangeiros no Brasil tiveram queda em julho deste ano, em relação ao mesmo mês de 2016. Como se mostrou previsível, a receita cambial obteve o percentual negativo de 5,54%, correspondendo ao valor de U$$ 440 milhões.

A queda não foi surpresa, visto que os dados do mês de julho no ano de 2016 foram fortemente impulsionados pela realização dos Jogos Olímpicos no País. Seguimos acompanhando.

Entre o terrorismo e a renovação do turismo

Envolvidos com o turismo ou não, todos temos acompanhado a onda de terrorismo que vem se interpondo entre disputas políticas, econômicas e socio-culturais na Europa.

O último atentado, cujo alvo foi a cidade de Barcelona (um dos destinos mais visitados do mundo inteiro), foi o 7 deste ano no continente europeu e o mais recente de uma série ataques à Europa ao longo dos últimos dois anos.

O turismo é a indústria da paz. É sobre receber o que vem de longe, abraçar o desconhecido, aceitar o incomum e se surpreender com o novo.

Nesta segunda-feira (21), cerca de 1300 membros da comunidade muçulmana manifestaram-se nas ruas de Barcelona para condenar “a barbárie e a insanidade” alavancadas por ataques terroristas. A mensagem é clara: é importante que haja separação do islamismo como religião do terrorismo religioso. A questão social que se apresenta é também um dos pontos a serem considerados.

Barcelona, que já atravessava um momento delicado no turismo, terá de lidar com as consequências do imprevisível, assim como fizeram outras cidades atingidas por ataques, como Paris, por exemplo. O desempenho do setor, tão importante para a economia da cidade (representando 12% do PIB), terá que ser acompanhado ainda mais de perto.

Já comentei aqui no blog o quanto é espantoso que, diante da evolução das relações pessoais, tecnológicas e diplomáticas, ainda precisemos discutir terrorismo e soframos com as consequências dos ataques. Em contrapartida, o Turismo é uma das formas mais consistentes de se combater a intolerância, os preconceitos e de respeitar as diferenças.

Tourists, go home!

Já abordei aqui no blog, no artigo intitulado “A visita indesejada”, a questão da “superexpansão” do Turismo na Espanha: a insatisfação dos moradores de Barcelona com o crescimento do número de visitantes na cidade. No país, e principalmente em Barcelona, o sentimento anti-turismo eclodiu quando manifestações dos moradores locais em ruas de cidades espanholas atraíram a atenção da mídia.

Nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, a reputação da cidade como destino cresceu. O governo nacional, regional e local investiu fortemente na infraestrutura turística; conexões de voo de baixo custo proliferaram; o terminal de cruzeiros cresceu. Barcelona é uma das cidades que mais recebe visitantes no mundo e uma das primeiras se levarmos em conta a relação número de habitantes/número de turistas. Na cidade em que moram 1,6 milhão de pessoas, 32 milhões de turistas fizeram visita, em 2016.

Com motes como “Turistas, vão para casa!”, essa oposição ao crescimento da indústria tem se mostrado um sentimento coletivo e advém de algumas consequências da recepção desgovernada de turistas: aumento acelerado do custo de aluguéis, imóveis, comida, serviços e bens de consumo. Viagens corriqueiras de moradores locais (ao mercado do bairro ou ao cinema, por exemplo) que anteriormente duravam 20 minutos, são feitas em uma hora, devido número de visitantes que é 20x maior do que o da população.

Na Espanha, emergem outras preocupações quanto a qualidade de empregos do setor, taxa de crescimento da hospedagem e número de visitantes por dia. Em vista disso, o governo vem tentando ajustar o crescimento do turismo, sem degenerar o setor na cidade, já que 12% do PIB de Barcelona vem do turismo.

Mas como e quando deve-se agir a fim de controlar a entrada de visitantes? Entre tantos benefícios do crescimento do setor em um destino, deve haver um limite de expansão para o turismo? Quando a comunidade assume o setor como uma ameaça, de que maneira os gestores e políticos devem responder?

Barcelona se depara com o desafio de gerenciar uma cidade turística, o que é bem diferente da gestão do turismo em uma cidade. Este não é um desafio que será resolvido com medidas de curto prazo. A solução exigirá um pensamento estratégico de longo prazo e, por ter se tornado um problema comum dos habitantes locais, deverá basear-se em uma ampla consulta comunitária.

A demanda demasiada pode parecer, à primeira vista uma maravilha, mas torna-se um problema quando não há controle ou planos de ação que monitorem seus resultados. Sua solução exigirá imaginação e determinação por parte de formuladores de políticas e indústria que já se organizam para liderar o assunto, já que setor é indispensável ao desenvolvimento do país.

Aonde seu passaporte pode te levar?

Na hora de realizar uma viagem internacional, muitos turistas sabem mais ou menos os procedimentos dos vistos de entrada e o obtém como primeira providência, principalmente se a viagem é para os EUA, ou para o Canadá, por exemplo. Mas e se a viagem for para as Ilhas Maldivas, ou para os Emirados Árabes? A falta de informação a respeito da política de entrada no país pode se tornar uma dor de cabeça, se deixada para última hora.

Essa semana falei aqui sobre a minha experiência com a autorização eletrônica (eTA) para viajar ao Canadá e, ainda ponderando a respeito da falta de informações sobre vistos e passaportes, encontrei o Passport Index.

O site possui na sua página de início os passaportes de todos os países e, ao clicar no seu país de origem, ele lista em quais países você precisa obter visto de entrada. Simples assim! É possível ver em quais nações possuímos “entrada livre” e em quais é necessária a solicitação de autorização prévia ou na hora do desembarque.

Além de listar um ranking de passaportes com maior possibilidade de entrada (que possui a Alemanha como primeiro lugar, com acesso livre a 158 países), é possível ainda comparar a “força” de um passaporte para outro, listando-os lado a lado.

De acordo com o site, o Brasil está na 13ª posição, com passe livre para 144 países. Em último lugar, com o maior número de barreiras, está o Afeganistão, com entrada livre em 22 países. Mesmo que seja só por curiosidade, vale a pena dar uma olhada. Acesse o site aqui.  

Mais tendências do turismo na América Latina

 

Falei aqui, anteriormente, a respeito do relatório sobre perspectivas da indústria para a América Latina, elaborado pela Euromonitor e WTM Latin America. Nele, constam algumas das principais tendências para o setor latino-americano, das quais uma (a 3ª idade viajante) foi o tema do post anterior.

Dando continuidade à lista de mudanças que irão direcionar o Turismo nos próximos anos, trago mais duas fortes tendências para ficarmos de olho:

Turistas “sem chefe”: a busca pela qualidade de vida também no emprego ou cargo ocupado tem remodelado a forma de trabalho. O número de profissionais que deixam seus empregos para trabalhar no que gostam e acabam tornando-se chefes de si mesmos é crescente a cada ano e traz inúmeras transformações importantes nos hábitos de consumo e nas relações pessoais.

Esse segmento de turista tem horário de trabalho flexível, possui inclinação para serviços personalizados, tende a ser mais autônoma na tomada de decisões. Para este grupo de viajantes, a linha entre trabalho e lazer é bastante tênue e, por isso, exercem influência na tendência “bleisure” (business+leisure). Os turistas sem chefe, segundo o estudo, possuem estilo de vida mais “livre”, buscando também na vivência de uma viagem fazer aquilo que gosta.

Vendas via smartphones: outra forte tendência, que já pode ser percebida e tende a tornar-se mais expressiva, é o uso de smartphones na hora de adquirir pacotes de turismo, ou compra de produtos e serviços. Sendo integrante diário da vida do turista, estes dispositivos serão também uma via de compras habitual para os serviços de turismo a medida em que este tipo de transação for se tornando confiável para os latino-americanos.

Esta tendência também é reforçada pela convergência de redes sociais com sites de de compras, com ofertas direcionadas através de tecnologias e ferramentas de busca.

Além de elaborar publicidade compatível com esses dispositivos é importante também que empresas de turismo estejam preparadas para atender a este tipo de demanda, com hotsites bem estruturados, acesso a termos de compra e venda digitais e tecnologia para que sejam realizadas as transações via smartphones.

Analisar as tendências para o setor traz a perspectiva de transformações nos serviços de turismo oferecidos e também das expectativas dos turistas. No próximo post trarei mais duas tendências para o setor na América Latina. Acompanhe!

As 5 principais tendências para a América Latina

Turistas com +50 são tendência para a indústria latino-americana (Foto: WTM Latin America)

A WTM Latin America em associação à Euromonitor apresentou o “WTM Latin America Trends Report 2017”, um relatório das principais tendências na indústria de turismo e viagens que vão tomar forma nos próximos anos na América Latina.

Cada vez a mais, a orientação regente tem sido a procura de ofertas e serviços personalizados alinhado à busca pelo fazer, ver e sentir (experiência), em detrimento do ter e comprar.

O relatório analisa mudanças comportamentais e demográficas, como o envelhecimento da população e o novos hábitos femininos, por exemplo, e o impacto destes na indústria do turismo. Das tendências listadas abaixo, as 5 mais expressivas que moldam e irão influenciar ainda mais o futuro da indústria na América Latina, de acordo com o relatório, irei realizar postagens futuras para explanar as tendências, com base nas considerações do estudo. As tendências observadas serão:

Envelhecimento da população e influência no turismo
Profissionais sem chefe e sua forma de viajar
Empoderamento das mulheres
O mundo digital: compartilhamento de experiências
Vendas por dispositivos móveis

3ª idade viajante

O aumento da população idosa já é uma tendência global para os próximos anos graças ao aumento da expectativa de vida promovida pelo avanço da medicina, tratamentos e prevenção de doenças. Segundo o relatório, a geração que está envelhecendo (os baby boomers) traz a perspectiva de que essa classe será uma parcela fundamental para o turismo na América Latina.

Isso porque os baby boomers irão transformar os hábitos de consumo desta faixa de idade. A estimativa é de que, em 2020, mais de 88 milhões de turistas da América Latina tenham mais de 50 anos (um crescimento de 40% em relação ao número de turistas desta faixa etária em 2010), correspondendo a 28% da parcela total de turistas latino-americanos.

O que essa tendência traz para a indústria? Políticas públicas que atenderão às necessidades de melhorias e adaptações nos destinos para receber turistas idosos, linguagem promocional direcionada à faixa etária, agências de turismo especializadas no consumo dessa classe de turistas. É também um impulso para a economia do turismo, jé que, por serem, em maioria, turistas aposentados ou com trabalho flexível (de carga horária reduzida), estes turistas dão um forte incentivo para viagens de baixa temporada, segundo o relatório.

Aeroporto de Miami é o 1º do mundo a ter processo de entrada via app

Com objetivo de simplificar ainda mais o processo e otimizar o tempo, o Aeroporto Internacional de Miami (MIA) é o primeiro aeroporto do mundo a utilizar o Controle de Passaporte Móvel (Mobile Passport Control), com uso no próprio aplicativo do aeroporto.

É simples: cidadãos americanos e visitantes canadenses, ao chegar em Miami, agora podem usar o app, chamado MIA Airport Official, para enviar detalhes da viagem e dados pessoais para a Proteção das Alfândegas e Fronteiras dos EUA (Customs and Border Protection – CBP) e, simplesmente, receber um código de barras no telefone para apresentar e ser autorizado.

O serviço foi desenvolvido pela SITA, multinacional de tecnologias de informação, para acelerar o processo de entrada nos EUA e é parte integrante oficial do aplicativo do aeroporto.

No meu último post, falei sobre como a tecnologia torna-se fundamental na otimização de alguns processos que, por serem mais burocráticos ou complicados, acabam demandando um tempo que pode ser ganho com a digitalização dos métodos. O aeroporto de Miami reforça ainda mais a importância do investimento em tecnologias para o Turismo; é um ganho para os profissionais atuantes e para os turistas.

O app do aeroporto de Mimai está disponível para os sistemas Android ou iOS.

Voos domésticos em foco

O mês de junho, que aqui no país marca o calendário de feriados, eventos culturais e, em algumas regiões, início das férias escolares foi também o quarto mês consecutivo a obter alta na demanda de transporte aéreo após 19 meses em queda.  A informação é da ABEAR e é obtida através de dados de companhias associadas (Gol, LATAM, Avianca e Azul, que juntas respondem por mais de 99% do mercado doméstico).

Segundo a associação, junho registrou alta de 1,96% na demanda quando comparada ao mesmo mês do ano passado. Porém, mesmo sendo a quarta alta consecutiva, cada mês apresenta percentual de crescimento inferior se comparado ao mês imediatamente anterior, configurando uma instabilidade para o setor.

O setor obteve, no entanto, uma melhora de 2 pontos percentuais no aproveitamento, que possibilitou um crescimento de 3,70% no número de viagens realizadas (mais de 6,9 milhões em junho).

Na última pesquisa de Sondagem do consumidor para intenção de viagem do MTur, dos entrevistados que pretendiam realizar uma viagem num horizonte de 6 meses, 58,9% afirmaram que optariam pelo transporte aéreo.

Para julho

Na estimativa para o próximo mês de julho, há uma possibilidade positiva de mudança dos números de oferta e demanda, por ser um mês de alta temporada. Apesar das demonstrações de recuperação que vão sendo apresentadas paulatinamente no Turismo, ainda atravessamos um momento de instabilidade econômica e é incerto fazer previsões.  A gente segue acompanhando de perto todas as nuances do setor.

Dólar em queda, gastos em alta

Como vimos nos dados do Banco Central de receita e despesas cambiais,  o primeiro semestre de 2017 apresentou um aumento de 34,8% nos gastos dos brasileiros no exterior em relação ao mesmo período do ano passado. Para ser mais exata, no acumulado do ano, a despesa cambial foi de US$ 8,81 bilhões (enquanto no seis primeiros meses do ano passado o gastos no exterior foram de  US$ 6,53 bilhões).

A retomada dos gastos com viagens internacionais ocorre após uma queda de 16% em 2016. Qual seria o principal fator? Seguramente, a queda do dólar nos últimos 12 meses é um dos principais motivadores desse aumento e torna as viagens ao exterior mais atrativas para os brasileiros, estimulando os gastos fora do país.

Só no mês de junho, mês em que a moeda norte-americana estava cotada em R$ 3,24, o aumento na despesa cambial foi de US$ 1,51 bilhão, o que corresponde a um percentual de 10,09% superior a junho de 2016 (quando o dólar girava em torno de R$ 3,58).

É provável que os números deste mês de julho também apresentem um aumento significativo de gastos dos brasileiros em terras internacionais, com o dólar caminhando em R$ 3,15 e ainda operando em queda.

Receita

Já o volume deixado por aqui pelos estrangeiros no primeiro semestre deste ano registrou queda. De janeiro a junho de 2017, a receita cambial foi de US$ 3,06 bilhões, o que corresponde a um percentual de 3% inferior ao mesmo período 2016. Para o mês de junho, a receita cambial referente aos gastos dos turistas estrangeiros no Brasil foi de US$ 377 milhões, 6,23% inferior a junho de 2016.

Próximos meses

Para o mês de julho (e também no mês seguinte) é provável que a receita venha também acompanhada de queda, visto que os dados do ano de 2016 foram fortemente impulsionados pela realização dos Jogos Olímpicos no país. Seguimos acompanhando.

Marketing por moradores locais: Ilha da Madeira

Que o Turismo não é só composto pela relação destino (localidade) + turista, todo profissional do setor que se preze deve saber. Dentre a universalidade fatores e elementos que compõem o turismo, os moradores locais são parte essencial da experiência da viagem, principalmente com a nova configuração atual do ”vivenciar a viagem”, onde as experiências do viajante são quase que primordiais.

É através dos olhos dos moradores de um destino que o conceito de ‘experiência” torna-se atraente e possível aos viajantes!  Seguindo a ideia da perspectiva de quem vive no destino, a Ilha da Madeira foi filmada por um atleta natal e o resultado foi um vídeo que apresenta a Ilha de uma forma incomum e ainda assim, com efeito em marketing!

Natural da ilha da Madeira, Emanuel Pombo é atleta, ciclista medalhista e compartilhou um vídeo na sua página de Facebook, onde mostra o contraste de terreno da ilha e algumas das suas belas paisagens. O vídeo chama atenção pela maneira como a geografia local é apresentada através do atleta de mountain bike e é a ferramenta que prova como a perspectiva local pode contribuir com a publicidade do destino e levar turistas que se identificam com o estilo a visitar a localidade, em busca da experiência.

A filmagem foi compartilhada pela página Visit Madeira.

Assista o vídeo clicando aqui.