Alguns frutos de São João até agora

No início do mês de junho, comentei aqui no blog (como faço frequentemente) a respeito da oportunidade do calendário junino, com festas tradicionais e únicas em diversos destinos do País, para o nosso Turismo. Principalmente, pelo mês de junho ser marcado por um período de chuva em que o Turismo tende a dar uma desacelerada.

Alguns estados do Nordeste já divulgaram os resultados trazidos pelo período junino. Pernambuco, por exemplo, alcançou bons resultados com a programação do mês: foram 591.679 visitantes no total (2,5% a mais do que no ano passado), com 92% de ocupação hoteleira. Em dados de receita turística, a movimentação foi de R$ 260 milhões (R$ 15 milhões a mais se comparada à de 2016).

Em Sergipe, estado cuja capital é uma das 30 cidades menos violentas do Brasil ainda não divulgou números do balanço de São João, mas apresentou o resultado da pesquisa de satisfação. As atrações da festa junina de Sergipe, chamada Arraiá do Povo, obtiveram 89,6% de satisfação do público total, que era constituído em 26% de visitantes nacionais e internacionais. Com relação à segurança, ponto forte do estado, mais de 90% das pessoas que responderam a pesquisa a consideraram ótima ou boa.

Festas até julho no Brasil

A maioria dos estados ainda não divulgou dados do balanço turístico dos festejos juninos, e em uma parte isso ocorre pois as festas tradicionais se estendem até esse mês de julho, como no Distrito Federal, Goiás, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Paraíba. Assim, os resultados do mês só serão divulgados posteriormente. Continuamos acompanhando.

Sobre turismo continental

Em meio ao desenvolvimento global do turismo internacional, estudos da Organização Mundial do Turismo – OMT, apontam que o grande fluxo de turistas internacionais, em sua maioria, viaja para países do seu próprio continente.

No Brasil, esta estatística se confirma. A Argentina é, historicamente, o principal emissor de turistas internacionais para as terras brasileiras: de acordo com relatório estatístico de 2016 do Ministério do Turismo – MTur, o país foi responsável por 2,07 milhões de visitantes ao Brasil, representando 33% do total dos turistas estrangeiros que desembarcaram por aqui.

No ranking dos 5 países que mais nos visitam, apenas os Estados Unidos, segundo colocado da lista, não são da América do Sul. Seguido do país norte-americano estão o Chile, o Paraguai e o Uruguai.

Juntos, a Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai por quase 50% do fluxo de turistas estrangeiros por aqui.

A recíproca também é verdadeira. A presença de brasileiros nos países do continente também é expressiva: somos os principais viajantes internacionais na Argentina. Em 2016, a presença de brasileiros no país vizinho recuou 44% no primeiro trimestre de 2016, devido à situação econômica do Brasil, o que fez o turismo argentino avaliar a “dependência” do setor em relação aos viajantes brasileiros. Ainda assim, as relações de turismo entre os dois países, permanecem firmes e a expectativa da Argentina é que o número de turistas brasileiros aumente ainda mais: a meta é alcançar o número de 1,6 milhão até 2019.

Estamos entre os principais turistas em alguns países da América do Sul. É importante estreitar essa relação e estendê-la a outros países do continente que possuem atuação expressiva no turismo, trabalhando em investimento em ações conjuntas de publicidade, estudo de redução de impostos e ampliação de malha aérea.Temos um continente com efetivo e potencial de turismo ricos, que podem ser trabalhados a fim de gerar fortalecimento do mercado, retorno econômico e desenvolvimento mais unificado do turismo no continente. Seguimos acompanhando.

A terra de Game of Thrones

Irlanda promove turismo através de série da HBO, Game of Thrones.

Em um case de sucesso em marketing de destino (um dos mais comentados recentemente), através do aproveitamento da visibilidade, o Turismo da Irlanda e da Irlanda do Norte transformou a visibilidade alcançada em oportunidade de visita, quando teve seus cenários de construções medievais, litorais rochosos e montanhas acidentadas filmados para a série de TV Game of Thrones.

Considerada um dos maiores exemplos de inovação pelo Google Digital Tourism Think Thank (DTTT) , a série, da HBO, abriu uma oportunidade global para o Turismo da Irlanda. Apesar de não ser o único país a receber os sets do programa (até agora, são nove, no total), após as paisagens da Irlanda tornarem-se inspiração para os cenários do seriado e através do sucesso obtido em audiência, a Tourism Ireland evoluiu a parceria com a rede de televisão e enxergou o potencial de expansão do ‘’screen tourism’’ (turismo de tela), que atinge um público global de potenciais visitantes.

Com recordes de audiência e tida como uma das mais vistas da história, a série pulveriza paisagens dos país aos espectadores, levando fãs e despertando turistas a realizar visitas à Irlanda do Norte. Com a hashtag #GOTterritory (território de Game of Thrones), é feita à associação das paisagens e a comercialização do destino, que possui cada vez mais associações visuais e culturais no programa, atraindo visitantes de todo o mundo.

Doors of Thrones

Além do aproveitamento em ter suas paisagens em evidência por meio da HBO, a Irlanda investiu recursos importantes em projetos que entrelaçam à série ao país, como o Doors of Thrones. Quando parte das árvores da região de Dark Hedges (mais conhecida pelos fãs de GOT como Kingsroad, uma das rotas famosas na série) foram destruídas por uma tempestade no ano passado, a madeira derrubada foi esculpida em e transformada em 10 portas, cada uma contando a história de um episódio da 6ª temporada. As portas estão espalhadas por diversos locais da Irlanda do Norte.

Além de agregar ainda mais valor à temática da série e entrelaçá-la ainda mais à cultura do país, as esculturas fazem um registro histórico significativo ao utilizar a matéria prima da paisagem centenária de Dark Hedges, popularizada graças ao programa. Além disso, a escolha por portas não foi em vão: fazem alusão à icônica frase da 6ª temporada ‘hold the door’ (segure a porta).

Estratégia de marketing, estabelecimento de objetivos, investimento e ideias criativas foram pilares para as diversas atividades de desenvolvimento do turismo associado na Irlanda do Norte. São ações que devem caminhar conjuntamente na prática do marketing de destinos e todas se iniciam no reconhecimento de oportunidade.

As parcerias começaram nas primeiras temporadas e já estamos curiosos para ver o que virá com a sétima temporada que já está batendo corações. Pontos para a Irlanda!

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Gastos no exterior sobem 34% em maio

De acordo com dados do Banco Central, os brasileiros gastaram em viagens no exterior US$ 1,50 bilhão no mês de maio, 34,5% a mais do que no mesmo período em 2016. Esse é também o maior valor para o mês de maio desde o ano de 2014. Para o acumulado do ano, os gastos de brasileiros lá fora somaram US$ 7,30 bilhões, o que corresponde a um percentual de 41% superior ao mesmo período em 2016 (quando a soma da despesa cambial foi de US$ 5,16 bi).

A tendência para os próximos seis meses é de que esses gastos continuem em alta. Segundo mais recente pesquisa de Sondagem do Consumidor e Intenção de Viagem do MTur, realizada em maio deste ano, entre os brasileiros que desejam viajar nos próximos 6 meses, 23% desejam visitar destinos internacionais, o que equivale a quatro pontos percentuais a mais do que o observado em pesquisa de maio de 2016.   

Já os turistas estrangeiros seguem na contramão com queda de 3,4% no mês de maio, menor que a receita cambial do mesmo período no ano passado. A queda também aparece para o acumulado do ano, de janeiro a maio de 2017, a receita cambial foi de US$ 2,68 bilhões, 2,6% menor do que o mesmo período em 2016 (quando a receita foi de US$ 2,75 bilhões).

Dólar

O aumento dos gastos dos turistas brasileiros no exterior em maio se deve ao valor do dólar durante este período, que estava em torno de R$ 3,25. A variação cambial também traz efeitos no comparativo do ano, já que no mesmo mês do ano passado, por sua vez, o dólar oscilava ao redor de R$ 3,70. 

Viagens domésticas

Também no mês de maio, a demanda por voos domésticos cresceu pelo terceiro mês consecutivo, ao registrar aumento de 2,55% em relação ao mesmo período em 2016, dados da ABEAR. Do mesmo modo, a oferta de assentos nos aviões registrou crescimento, ficando 3,24% superior quando comparada a maio do ano passado. Caminhando juntamente com a demanda, está a intenção dos viajantes: dos 21,5% que planejam viajar nos próximos 6 meses, 58% pretende ir de avião, de acordo com o MTur. No total do mês de maio, foram transportados 7,1 milhões de passageiros, aumento de 4,12% em relação a maio do  ano passado.

A Parada que movimenta

Parada LGBT em São paulo movimenta turismo e economia (Foto: Miguel Schincariol)

3 milhões de pessoas em um único evento, 19 trios elétricos, taxa de ocupação de 90% na rede hoteleira localizada no centro da cidade e estimativa de movimentação econômica de R$45 milhões, segundo a prefeitura. Estes são os números que resultam da 21ª Parada do Orgulho LGBT, promovida pela prefeitura de São Paulo e realizada no último domingo, na Avenida Paulista.

Ainda de acordo com a Prefeitura de São paulo, aproximadamente 600 mil participantes do evento vieram de cidades vizinhas, outros estados e outros países.

É constatada a contribuição de grandes eventos para o turismo e para as diversas áreas econômicas envolvidas. O planejamento e a divulgação também exercem um papel indispensável, fazendo com que o evento cresça a cada edição: em 2016, a Parada do Orgulho LGBT em São Paulo reuniu pouco mais de 2 milhões de pessoas. De acordo com o ministério de Turismo, os turistas LGBT representam 10% dos viajantes no mundo.

É substancial para o nosso setor que eventos voltados a públicos específicos constem no calendário de planejamento de qualquer destino. Entretanto, o marketing de eventos não se limita apenas à idealização e realização: entender o público a que se destina e aprimorar as atividades do evento para que ele atraia o maior número de pessoas também são estratégias de ouro.

A Parada é um forte exemplo da relevância das datas do calendário sazonal, eventos e festas populares para nossa economia e para o desenvolvimento do setor. É assunto que merece atenção. Seguimos acompanhando.

Com vocês: o TURISTA!

Nós, que trabalhamos com o turismo sabemos da múltipla relevância do conhecimento teórico e prático na busca pelo crescimento do setor. Em algumas décadas, a atividade ganhou não só mais visibilidade; também cresceu em pesquisa, em aperfeiçoamento de métodos, capacitação de profissionais e expansão do setor.

Dentre os tantos segmentos de desenvolvimento, um tem sido fundamental para o estabelecimento de diretrizes do Turismo: a busca por conhecer quem são os turistas.

Pesquisas de intenção de viagem, tipos de viajantes, relação turista-destino, novos hábitos de consumo; toda preocupação em conhecer a parte essencial a que se destina de fato o setor está aí para promover orientações elementares para nós, profissionais.

Hoje é Dia do Turista e reconhecer a importância de cada tipo de viajante é essencial! Ainda há muito o que investir e bastante a se fazer em estudos, tecnologias e práticas.

A relação é permanente: enquanto durar o setor, deve-se perpetuar a busca pelo conhecimento daqueles que são o alvo de toda a indústria de turismo e viagens. Não há Turismo sem turistas. E turistas somos todos nós!

Aproveitando o calendário

Temos no Brasil, além da diversidade natural, um adendo que agrega ao Turismo épocas preciosas de viagens domésticas: o calendário sazonal. Entramos no mês de junho e, inevitavelmente, os turistas e nós que trabalhamos no setor, logo o associamos às tradicionais festas juninas. E com efeito: o legado cultural conduzido nesse mês é responsável por considerável movimentação no Turismo em diversas regiões do país.

E muitos eventos cooperam e atuam como estímulo para viagens domésticas nesse período: além de estar na metade exata do ano (para muitos, época de planejamento e de pausa para descanso – já que está entre as férias de verão), coincide também com as férias escolares e feriados religiosos.

O mês de junho é o carro-chefe da movimentação turística em algumas cidades e tem razão de ser, mesmo sendo uma festa homogênea por ter a mesma raiz, cada região de tradição junina apresenta uma experiência única para os turistas visitantes.

Seja em Caruaru, Campina Grande, Salvador, São Luís (para citar apenas alguns!) ou em cidades pequenas do interior, há nos festejos juninos o encanto e um encontro cultural enriquecedor e abrangente em experiência: na culinária, músicas, danças e ornamentos. E nós, como brasileiríssimos que somos, temos que valorizar nosso legado cultural. E como profissionais do Turismo que somos, temos que promover e desenvolver o Turismo em nosso calendário nacional.

Veja roteiros de festejos juninos aqui, ou busque informações em seu estado. O mês de Junho é celebrado em todo território nacional.  

PROCURAM-SE LÍDERES!

Ao ler as reflexões pertinentes a respeito das associações dos colegas Artur Luis Andrade e Luis Vabbo nos textos De quem é uma associação? e Associação não pode ter dono… e a ponte criada no assunto com o setor e o período que o Turismo atravessa, trago em contribuição à discussão outro aspecto da perspectiva: a importância da liderança. Cito alguns pontos principais da minha reflexão:

Proatividade. É preciso uma atuação constante da liderança de uma entidade de classe na indústria. Antecipar-se nas ações e prever necessidades é uma qualidade valiosa e essencial para uma liderança, principalmente se um dos seus objetivos mais proeminentes for defender os interesses comuns. Uma atuação cautelosa, minuciosa e ininterrupta de líderes é que fazem da entidade uma ferramenta útil. Caso contrário, como coloca Artur Andrade, a associação só servirá de enfeite. Não há defesa de interesses sem trabalho diligente!

O que nos traz a outro ponto essencial do debate: a atenção aos acontecimentos do setor de dentro ou fora da zona de atuação e posicionamento. Decisões ou eventualidades que influenciam em maior ou menor grau o campo compreendido pela entidade devem estar sempre em pauta de dirigentes associativos. E mais: é necessário o desenvolvimento de uma postura em relação ao acontecimento. Temos como exemplo a saída dos EUA do acordo de Paris, evento que impacta diretamente o nosso setor. Qual o posicionamento do Turismo nessa questão? Gerar uma colocação, nesse caso, demonstra comprometimento e norteia ações futuras do setor.

A liderança de uma associação está intimamente relacionada à questão da representatividade. Entre diversos interesses, diversas áreas de atuação e segmentação de propósitos, a liderança de uma entidade de classe precisa encontrar  equilíbrio da representatividade (que pode ser descrito -e sentido- de forma prática como unidade). À vista disso, a influência estabelecida pela liderança é essencial. Uma associação existe para que  necessidades sejam atendidas, haja aperfeiçoamento de práticas e técnicas, enfrentar corrupção, viabilizar soluções, entre tantas outras atribuições. E para que em todos esses tópicos a atuação seja efetiva e obtenha êxito, tornar a classe parte dos processos para que a mesma se perceba representada é condição vital.

Se pararmos para pensar nos pontos supracitados, será que encontramos, em número razoável, lideranças que preencham os aspectos essenciais? Certamente, encontremos alguns, mas poucos comprometidos. O desenvolvimento de líderes na indústria de turismo do Brasil é um dos aspectos fundamentais para estarmos sempre perto do que acontece e cobrar o que não acontece. Precisamos, com urgência, do surgimento de mais líderes que contribuam com o fortalecimento do turismo, sem que este dependa exclusivamente do setor público. Procuram-se por mais líderes!

Turismo dos EUA em defesa de Cuba


Mais um capítulo da trama do Turismo estadunidense no governo Trump se iniciou após o então presidente norte-americano afirmar que está se dedicando a uma “revisão integral” da política com Cuba e que as novas diretrizes terão “importantes diferenças” em relação às medidas adotadas por Obama.

Após o anúncio e temendo um retrocesso na reaproximação, um grupo de mais de 40 empresas e associações de turismo dos Estados Unidos pediram, nesta quarta-feira (24), em carta a Donald Trump, que ele não voltasse atrás no processo de normalização das relações bilaterais entre os EUA e Cuba, iniciado em 2014 por Obama.

Além de tentar impedir um possível retrocesso no relacionamento com Cuba, a carta pede ainda que Trump reduza as exigências burocráticas a fim de facilitar as viagens para o país e contribuir para a expansão do Turismo na ilha.

O processo iniciado por Obama traz reflexos de desenvolvimento no setor na relação entre os dois países: segundo dados oficiais do governo de Havana, 284.937 turistas americanos passaram por Cuba, o que consiste em 74% a mais do que no ano anterior.

Também como parte do processo de reaproximação entre os dois países, em maio do ano passado, partiu dos EUA o primeiro cruzeiro em direção a Cuba em mais de 50 anos. Pouco depois, em agosto de 2016, o primeiro vôo comercial ligando Washington e Havana começou a operar, o que também não ocorria há mais de meio século.
O Turismo é, antes de tudo, um produto de
integração. As conquistas adquiridas através do projeto facilitador da relação entre Estados Unidos e Cuba (relacionamento historicamente conturbado) não são apenas dos países mencionados: são vitórias para o setor como um todo, pois conferem desenvolvimento à indústria, integralmente. O que será feito deste processo no governo Trump e quais as consequências para o Turismo entre os dois países, ainda não podemos prever ao certo. Seguimos acompanhando o setor por aqui e no mundo.

Dólar e vontade de viajar caminhando juntos

De acordo com dados do Banco Central, os brasileiros gastaram no exterior, nesse último mês de abril US$1,32 bilhão. O valor é 23% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.

O aumento dos gastos dos turistas brasileiros no exterior em abril se deve ao valor do dólar durante este período, que estava em torno de R$ 3,17. No mesmo mês do ano passado, por sua vez, o dólar oscilava ao redor de R$ 3,60.

Caminhando junto ao câmbio do dólar está a intenção de viagem dos brasileiros ao exterior (veja post aqui) que, nos mês de abril, teve o índice mais alto de perspectiva de viagens internacionais do ano, com 29% das intenções.

No acumulado do ano, as despesas dos brasileiros no exterior avançaram 43%, chegando a US$ 5,79 bilhões.

Gastos dos estrangeiros no Brasil

Já os gastos dos estrangeiros no Brasil não tiveram muita variação. Ainda de acordo com os dados do BC, em abril deste ano, as receitas ficaram em US$ 417 milhões, contra US$ 475 milhões registrados no mesmo mês em 2016.