Década de receitas internacionais dormente

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O Brasil não cresceu nada nas receitas internacionais dos turistas que nos visitaram na última década, isso é pior do que crescer tão pouco o número de visitantes. As únicas pequenas exceções são 2014 e 2016 por causa da Copa da FIFA e do Jogos Olímpicos (mesmo assim o crescimento foi muito pequeno diante da oportunidade de sediar tais acontecimentos globais). Nós já falamos em mais detalhes sobre esse tema nesses estudos que fizemos sobre o histórico da entrada de receitas e sobre os números de entrada de turistas no Brasil.

A tabela abaixo mostra a “evolução” das receitas desde 2010, o que demonstra a fragilidade do turismo receptivo internacional e, possivelmente, a falta de competitividade em termos de produtos turísticos, da escassa oferta de produtos em nosso país. Não sabemos orientar o turista para que ele gaste mais em nossos destinos, nos contentamos em trazê-lo e pronto! Assim, os resultados da atividade turística para atrair mais divisas fica tímido diante do imenso potencial.

ANOReceitas em milhões de US$
2010    5.261 
2011    6.095 
2012    6.378 
2013    6.474 
2014    6.843 
2015    5.844 
2016    6.024 
2017    5.809 
2018    5.921 
2019    5.913 

Para o fechamento de 2019, os dados divulgados pelo MTur mostram uma queda de 0,13% no ano comparado com 2018. Os únicos meses em que os turistas gastaram mais em 2019 foram março (+4,26%), julho (+43,42%) e dezembro (+4,32%).

Diante desse cenário me pergunto? Por que insistimos tanto em dizer que temos poucos turistas (6.6 milhões) e não nos preocupamos com o efeito econômico, social e ambiental de sua visita? Pra mim um dos melhores exemplos de sucesso é a Austrália, ela é o 41o país no ranking de volume de chegadas, com 9,2 milhões de turistas, pouco né? Mas é o 7o. no mundo em receitas, com US$ 45 bilhões! Veja no quadro abaixo, da OMT, o ranking de países que mais recebem visitantes e daqueles que mais ganham com as receitas das viagens aos seus países.

Fonte: OMT, International Tourism Highlights 2019.

Com os dados divulgados hoje pelo MTur do fechamento de 2019 (-,13% no ano) e o estudo feito por nós sobre a década para as receitas dessa atividade de receptivo internacional fica o desafio aos gestores, entidades e empresários: ter mais produtos, oferecer melhores experiências, mostrar nosso diferencial e, fazer promoção e marketing de forma profissional, direcionada e com metas claras de aumento da estadia e dos gastos dos estrangeiros. O que você acha que poderíamos fazer para que as divisas com os gastos dos turistas em nosso país aumentem ?

Uma curiosidade, os gastos dos brasileiros no exterior caíram 3,68%, os únicos meses positivos para as despesas no exterior foram junho (+2,44%), julho (9,64%), setembro (11,83%) e dezembro (6,71%).

2,8% dos espanhóis buscam pelo Brasil

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Um levantamento inédito da empresa Fowardkeys sobre as viagens intercontinentais do espanhóis mostra seu comportamento em reservas antecipadas e buscas em 2019 e para o primeiro semestre de 2020.

Segundo a empresa, em 2019 o turismo emissivo espanhol cresceu somente 1,3%, e para o primeiro semestre desse ano as reservas feitas de forma antecipada estão 1,2% menores do que no mesmo período do ano passado. As Américas foram o continente preferido das viagens dos espanhóis em 2019, com 53% do total de reservas, mas o crescimento em relação a 2018 foi somente de 0,9%.

Já os dados de reservas antecipadas para o primeiro semestre de 2020 estão 5,7% menores do que no mesmo período de 2019, justificados pelos problemas por que passam diversos países sulamericanos como Argentina, Bolívia, Chile e Equador. Esse indicador é ruim para todo o continente, já que no imaginário das pessoas a situação em toda a Latino-América pode ser similar, então as reservas já estão sendo feitas para outros destinos.

Quando se trata de buscas, nesse mesmo primeiro semestre de 2020, em relação a 2019, os EUA têm 26,1% do total, a Argentina 4,3, o Brasil 2,8% e e a Colômbia 2,7% do total de buscas. Ou seja, a recuperação econômica e os ajustes dos problemas sociais na América do Sul são condições fundamentais para aumentar o número de visitantes espanhóis e certamente de outros ligares do mundo. O investimento na imagem do Brasil e em sua promoção no mercado espanhol são condição essencial para aumentar o fluxo e o gasto destes em nosso país e aproveitar as oportunidades do aumento da oferta de voos diretos ao Brasil.

3 pitacos para bombar seu marketing internacional

Photo by Paul Skorupskas on Unsplash

Todos sabem e se atualizam sobre as grandes e rápidas mudanças pelas quais o turismo global vem passando. Pois a forma de promover destinos e as estratégias de marketing também estão à todo vapor para se adaptar ao que o viajante quer. Não se trata somente de falar daquilo que o destino tem, mas de entender o que o turista quer e saber chegar a ele sua mensagem e seus diferenciais. Compartilho aqui alguns insights que tenho percebido e que podem ser mais adequados ao que conheço sobre o Brasil.

  1. FAÇA PARCERIAS: Ser visto, notado e considerado na hora de se promover no competitivo cenário internacional é um grande desafio. Não adianta sair por aí falando de minha cidade ou de meu estado sem estar vinculado ao Brasil. Em muitos lugares as pessoas nem dizem que vão ou foram ao Brasil, dizem que foram para a América do Sul. Esse desafio só é possível por meio de parcerias estratégicas que dêem força e corpo a uma abordagem multi-canais, aonde os investimentos serão menores para cada parte e os resultados serão mais eficientes com uma abordagem mais forte e unificada (destaco aqui a iniciativa que os estados do nordeste estão desenvolvendo para sua promoção conjunta no internacional).
  2. AVALIE QUEM E COMO SE PODE CHEGAR AO SEU DESTINO: Não adianta querer se promover na China só porque é o maior emissor de turistas do mundo. Ter uma estratégia de promoção de longo prazo, aonde o que direciona as ações é a inteligência comercial, possibilita a eleição de mercados prioritários e o uso de ferramentas eficazes para aquele determinado tipo de país. Hábitos, preferências por atividades, experiências mais desejadas mudam de pais para país, e ainda de pessoa para pessoa. O uso de tecnologias para conhecer melhor o comportamento dos turistas é crucial para esse trabalho, assim como uma constante política de atração e manutenção de voos internacionais (exemplo do Ceará, que aumentou e ampliou sua oferta de voos levando o estado a outro patamar de competitividade).
  3. OSTENTE EXPERIÊNCIAS ÚNICAS: Sua cidade é linda mesmo! O turismo é um sucesso aí, mas…. a competição é muito maior do que você imagina; o que existe em seu destino que é único? Quais são as experiências inesquecíveis? Que emoções e sensações seus atrativos proporcionam? Para isso é preciso ter muito conteúdo, textos e imagens atrativos, contar histórias locais (o storytelling é uma ótima técnica). Mostre o que só existe no seu lugar e como a pessoa pode se inserir nesse contexto local de forma participativa. Lembre-se, sua estratégia só pode estar ficada na experiência do turista, ele é seu foco.

Tem mais algum tema que você gostaria de compartilhar conosco sobre seu marketing internacional?

WTM Latin America: como foi ?

Os resultados dos investimentos das empresas em estratégias de consolidação ou aumento de negócios são cada vez mais mensurados e cobrados em todos os níveis das organizações.

Entregar o prometido, especialmente em atividades já consolidadas torna-se cada vez mais um desafio de dois lados: aqueles que realizam o evento e aqueles que participam de forma profissional.

Falamos aqui sobre as oportunidades de participar da WTM Latina America 2018 e, depois de sua realização é crucial compartilhar e comentar impressões, dados e resultados. Destaca-se a presença de destinos de todo o mundo, operadores brasileiros e estrangeiros, 722 agentes de viagens, gestores de viagens corporativas e a realização de mais de 12 mil reuniões no Speed Networking Session. Mais do que isso, a WTM Latin America ensina e aprende com o mercado turístico latino americano e acredita em seus negócios atuais e potencial de expansão.

Na avaliação dos profissionais que conversei, os principais itens comentados foram:

  • o profissionalismo de todos os aspectos do evento
  • a presença de diversos países, com destaque para a América Latina
  • os contatos que proporcionaram novas prospecções de negócios
  • o fortalecimento geral da indústria no continente
  • a necessidade de ajustar o sistema de agendamentos
  • a importância de que cada expositor se organize antes da participação do evento para focar em seus objetivos de participação na feira
  • o conteúdo dos seminários e palestras
  • a presença de operadores e agentes de viagens

Algumas lições de Instagram para o Turismo

Exemplo de conta em que as imagens “conversam”, dando uma consistência ao tema. (Fonte: Instagram)

O Instagram tem sido um tema comum aqui no blog, já que, como profissional do turismo atuando em marketing de destinos, tenho visto o boom do aplicativo como uma ferramenta de divulgação e acompanhado o seu impacto no nosso setor.

Já falei aqui sobre a “instagramabilidade”no Turismo, a repercussão que a popularidade de um destino no app traz para os adultos até 30 anos e a lista dos 10 destinos mais populares, segundo o próprio Instagram. Hoje trago algumas lições (inspiradas em conteúdos da rede de gerenciamento Hootsuite) que a rede social pode trazer para nós do turismo, tanto no marketing de destinos como para o branding.

Lição 1 e base de tudo: não basta apenas ter uma conta.
Assim como em qualquer rede social de grande alcance, possuir uma @ no Instagram não é sinônimo de visibilidade. Com mais de 500 milhões de usuários, pode ser difícil se destacar na multidão. Possuir um planejamento, observar o calendário sazonal, ter boas imagens, trabalhar na publicação de vídeos e divulgar a @ para o público alvo já é um bom começo.

Estabelecer o tema e dar consistência às imagens não são tarefas fáceis de fazer, mas vale a pena levar um tempo extra para manter um estilo no feed. Concentrar todas as imagens no mesmo filtro ou até paleta de cores “remove o jogo de adivinhação, dá identidade e mantém os usuários voltando à sua página inicial”, segundo o Hootsuite.

Outra dica é utilizar sua grade no Instagram para atrair seus clientes: cada usuário possui suas imagens dispostas em três grades; “brincar”com o layout, dividindo a imagem na grade, pode ser uma ferramenta útil. Claro que é preciso planejamento de detalhes e de design, mas quando feito corretamente gera impacto nos usuários.

Uma lição valiosíssima é o cuidado com o overposting. Postar inúmeras fotos no mesmo dia, sobrecarrega o feed dos usuários e aborrece os seguidores, que não conseguem acompanhar publicações de outros perfis. O overposting no Instagram nunca é positivo e pode trazer repercussão negativa e perda de seguidores do perfil.

Usar a hashtag #TBT não é exclusividade de perfis pessoais! É possível utilizá-la para criar consciência a respeito da sua empresa, promover o tema abordado, evolução do produto ou trazer algum fato histórico que esteja relacionado ao seu perfil.

Criatividade é a palavra de ordem na rede social. Considerar promover marcas e destinos no Instagram é atividade imprescindível em 2018, já que o aplicativo integra as tendências deste ano. Seguimos acompanhando.

Como anda a estratégia do seu site?

Tennessee Vacation: exemplo de interface atraente e interação com o visitante digital

Sabendo da importância de um projeto bem feito de marketing para as vendas de uma empresa (seja ela de Turismo ou não), há, em meio a tantas modalidades de promoção de produtos e/ou marca, um que, não raro, é feito sem muita cautela, mas merece especial atenção, por se tratar de um veículo de interação com o cliente e não só de recepção: os sites.

O site oficial de uma empresa é um mecanismo de divulgação e o espaço que acolhe o futuro cliente e por isso deve ser pensado cuidadosamente com o intuito de atrair e cativar o visitante. No marketing, a área do design responsável em criar uma interação agradável do usuário com interfaces, produtos e sistemas, é chamada de UX (User Experience). A experiência do usuário está desde o fluxo de tela, disposição de imagens e até nas cores dos botões de clique.

No Turismo, enquanto a maioria dos sites relacionados a viagens tem maior atenção à área de reservas, algumas páginas tentam atrair turistas se concentrando num conteúdo informativo e com o design cuidadosamente projetado e direcionado.

Como exemplo, separei alguns sites de destinos que se utilizam do Slick UX (interface responsiva e simples) e de um visual atraente, que atrai o possível visitante.

O Tennessee Vacation toma a atenção do usuário com imagens altamente visuais e atraentes, projetadas
para destacar diferentes aspectos do estado americano.  Também ajuda diferentes tipos de viajantes
a navegar pelo site, dependendo do que eles estão interessados.















Outro exemplo de design excelente é o Visit Finland - especificamente seu mapa animado. Os usuários são
levados ao redor do mapa à medida que rolam, com cada seção detalhando informações sobre as 
principais atrações dentro de quatro regiões. O mapa em si é muito parecido com desenhos
animados, o que atribui um diferencial, gerando uma fácil experiência para o usuário e o contentamento
de um design lúdico.

No Reino Unido, o Visit Cornwall também faz uso de design marcante, integrando o vídeo do site em sua
página inicial. Apresentando as belas vistas costeiras do condado em imagens dinâmicas, a interface capta
a atenção do usuário e mostra seu atrativo exclusivo logo de início.
 
Pode parecer banal à primeira vista, mas um estudo detalhado de criação de interfaces e elaboração de
uma estratégia calculada pode fazer toda diferença no engajamento dos usuários com uma página e,
consequentemente, no aumento de vendas de um produto. Conhecimentos a respeito de inovações que
façam diferença, tragam mais eficiência e promovam oportunidades são sempre bem-vindos!

Este post faz parte de uma série informativa a respeito de aperfeiçoamentos e boas práticas de
marketing digital aplicados ao Turismo. Você pode acompanhar mais clicando aqui e aqui.