Turismo internacional para o Brasil pode ter regredido 26 anos

O ano de 2020 marcou a maior crise da história do turismo Internacional. Não somente diminuíram as viagens entre países como também os gastos dos viajantes deixaram de colaborar com mais de 1,1 trilhão de dólares para a economia dos destinos turísticos no mundo (OMT, 2020).

Como já falamos anteriormente aqui o Brasil entrou em 2020 com desvantagem em relação a chegada de turistas estrangeiros. Em 2019 registramos, segundo dados da OMT, uma queda de 4,1% na chegada de turistas do exterior enquanto o mundo teve um crescimento de 3,6%. Os cenários traçados por este organismo internacional apontam uma queda média do turismo global em torno de 70% a 75% em 2020, e o Brasil não será uma exceção.

Baseado nas atuais tendências, em dados da ForwardKeys, no histórico da chegada de estrangeiros ao Brasil e no total de passageiros aéreos internacionais pagos, projetamos um cenário de que o Brasil pode registrar cerca de 1,8 milhão de turistas estrangeiros em 2020. Os cálculos também levam em consideração os mesmos percentuais do histórico de turistas por vias aérea e terrestre. Se levarmos em conta os longos períodos de fronteiras terrestres fechadas e outras variáveis não calculadas aqui, pode ser que esse volume seja menor. Isso significa que o número de estrangeiros pode voltar ao patamar de 26 anos atrás, de 1994. 

Quando falamos de receitas do turismo, tão importantes quanto o volume de visitantes, as projeções indicam que podemos voltar ao patamar do ano 2000. Essa perda de receitas com a entrada de divisas deve chegar a cerca de -48% do que arrecadamos em 2019, ou seja, na ordem de US$ 2,8 bilhões. Esse dado mostra que, diretamente com o gasto dos estrangeiros no Brasil, devemos ter deixado de receber mais de US$ 3,2 bilhões em divisas.

Sabemos que não estamos imunes à crise global do turismo e o mais importante é construir o futuro próximo. Além da lenta recuperação da aviação mundial, que ainda deve demorar mais de quatro anos para voltar ao patamar de 2019, nosso país enfrenta uma série de outros temas que devem impactar os resultados da chegada de estrangeiros nos próximos anos. Essas variáveis serão temas de outro artigo, mas deixo aqui registrado que a imagem do Brasil no exterior, relacionada à má estão da pandemia, às incertezas sobre a vacinação, aos danos ao meio ambiente, à ausência total de promoção Internacional do turismo e a situação econômica de alguns países emissores de visitantes (como a Argentina), são alguns dos muitos aspectos a considerar.

O ideal seria imediatamente estabelecer um plano de recuperação do turismo brasileiro por meio de um grande pacto entre atores públicos e privados, entes da federação e grandes parceiros globais. Precisamos, como nunca, de determinação e de cooperação para vencer os desafios. Destaco que a grande competitividade entre países e a pequena demanda mundial por viagens podem levar nosso país a demorar mais de uma década para recuperar o número de turistas estrangeiros caso não tenhamos uma ação rápida. Cenário complexo e que demanda respostas bem elaboradas, de longo prazo e com muita consistência. Por enquanto, o ideal é testar, testar muito para que as fronteiras permaneçam abertas com segurança.

A espera de um Carnaval

  1. A menos de duas semanas do Carnaval, as principais cidades que investem no evento se preparam para receber os turistas estrangeiros e locais para a folia e esperam uma movimentação da economia.

Sendo no início do ano, o Carnaval possui um desempenho importante no nosso turismo: feriado nacional, vários dias de folga e despedida do verão. Além de tudo, há a identidade de festa, o que torna o evento ainda mais convidativo. Para o setor, é uma oportunidade imperdível.

Já na expectativa de movimentar a economia, alguns destinos já iniciaram as prévias carnavalescas com blocos e dias de festa. A maioria tem previsão melhor de receita da época para 2018 em relação ao ano passado.

Belo Horizonte, por exemplo tem expectativas altas para o Carnaval deste ano: 3,6 milhões de foliões, 20% de aumento da movimentação em bares e restaurantes e R$ 530 milhões de receita, 30% a mais em relação a 2017, segundo o governo local. A cidade dobrou o valor dos investimentos para o período, chegando em R$ 20 milhões.

Já Salvador, cidade conhecida no mundo inteiro pelo seu Carnaval, estima que, dentre os milhões de foliões, 700 mil sejam turistas nacionais e 70 mil estrangeiros. A capital da Bahia espera uma movimentação econômica de R$ 1,7 bilhão para os dias de festa é uma ocupação hoteleira 25% maior do que a do ano anterior, na mesma época.

O Rio de Janeiro, que possui mais de 460 blocos autorizados que desfilarão pela cidade, espera atingir 85% de ocupação hoteleira, superando os 78% do ano passado. A previsão é que o Carnaval do Rio atraia cerca de 6 milhões de foliões, dos quais 1,5 milhão são turistas. São esperados R$ 3,5 bilhões de movimentação econômica para os dias de festa na capital carioca.

Já em São Paulo, o Carnaval deve movimentar R$ 464 milhões na economia local e a hotelaria aguarda ocupação de 90% no litoral da cidade.

O estado de Pernambuco, onde as festas de Carnaval se concentram principalmente em Recife e Olinda, são aguardados 1,7 milhão de turistas e receita de R$ 1,2 bilhão no período que antecede e nos dias de folia.

Após um ano de crise, em que a época não resultou no rendimento esperado em diversos destinos e quando cidades tiveram que cancelar a programação de Carnaval, a folia em 2018 chega no país carregada de otimismo em relação ao setor. Para a economia brasileira, a expectativa é que o período carnavalesco, neste ano, injete mais de R$ 11 bilhões na economia. É aguardar para ver. Seguimos acompanhando.

*Com informações de assessorias de imprensa dos governos locais.

Receita do turismo é a maior do semestre

De acordo com os dados fornecidos pelo Banco Central a respeito das despesas e receita do turismo no mês de novembro, os visitantes injetaram aqui a maior cifra do semestre. A receita cambial foi de US$ 485 milhões no mês passado, 2,62% maior do que no mesmo mês em 2016.

Foi o melhor desempenho do semestre e foi o segundo mês consecutivo que superou o valor da receita no mês referente em 2016. Em outubro, o crescimento foi de 6,69%, um dos maiores do ano.

No entanto, no acumulado do ano,o gasto dos turistas internacionais alcançou US$ 5,3 bilhões, o que corresponde a um percentual de 4,75% inferior ao mesmo período de 2016.

Gastos dos brasileiros

Enquanto a receita cambial apresenta um crescimento pequeno, a despesa acumulou alta de 32,51% em novembro, com os brasileiros gastando no exterior US$ 1,59 bilhão. No acumulado do ano, a despesa cambial chega a US$ 17,38 bilhões, 32,6% maior em relação a 2016, segundo os dados do BC.

Atualmente, o déficit da balança comercial do turismo é de US$12 bilhões, o que representa a diferença entre o gasto do brasileiro fora do país e o valor injetado pelos estrangeiros na economia brasileira. É preciso ainda percorrer muito chão para deixar a balança da economia do nosso Turismo um pouco mais equilibrada…

Nos dados do BC de janeiro, teremos um balanço de todo o ano de 2017. Seguimos acompanhando.

O Brasil que descobre Portugal

Ainda nessa semana, o Banco Central divulgou o expressivo  aumento de gastos de brasileiros no exterior no último mês de julho (período em que o valor da despesa cambial cresceu 38% em relação a julho de 2016) e, simultaneamente a este dado, dos países mais procurados pelos brasileiros, temos sido fortes contribuidores da receita do turismo de Portugal.

De acordo com dados do Banco de Portugal, os brasileiros deixaram por lá 58% a mais no primeiro semestre de 2017, sendo os brasileiros a nacionalidade com o maior aumento de gasto em terras lusitanas. Turistas brasileiros gastaram, de janeiro a junho de 2017, mais de  € 270 milhões em Portugal, engordando a receita do país, que já ultrapassa a marca dos € 1 bilhão.

O Brasil é um dos principais emissores de turistas de Portugal (o quinto maior) e o número de brasileiros no país europeu tem aumento cada vez mais. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, o número de dormidas de turistas brasileiros nos hotéis portugueses no primeiro semestre deste ano foi para 951 mil, com um crescimento de 55,4% em comparação com a primeira metade do ano passado.

O número de turistas brasileiros no país também é crescente: aumentou em 60% neste primeiro semestre. Se o ritmo de crescimento permanecer o Brasil irá superar os 624 mil viajantes do ano de 2016.

O aumento crescente pela procura de brasileiros por destinos portugueses, além da facilidade do idioma, é também fruto da manutenção de um importante relacionamento comercial entre os dois países, que é ratificado na indústria de viagens e turismo com criação de vôos diretos e parcerias de serviços do setor.

Alguns frutos de São João até agora

No início do mês de junho, comentei aqui no blog (como faço frequentemente) a respeito da oportunidade do calendário junino, com festas tradicionais e únicas em diversos destinos do País, para o nosso Turismo. Principalmente, pelo mês de junho ser marcado por um período de chuva em que o Turismo tende a dar uma desacelerada.

Alguns estados do Nordeste já divulgaram os resultados trazidos pelo período junino. Pernambuco, por exemplo, alcançou bons resultados com a programação do mês: foram 591.679 visitantes no total (2,5% a mais do que no ano passado), com 92% de ocupação hoteleira. Em dados de receita turística, a movimentação foi de R$ 260 milhões (R$ 15 milhões a mais se comparada à de 2016).

Em Sergipe, estado cuja capital é uma das 30 cidades menos violentas do Brasil ainda não divulgou números do balanço de São João, mas apresentou o resultado da pesquisa de satisfação. As atrações da festa junina de Sergipe, chamada Arraiá do Povo, obtiveram 89,6% de satisfação do público total, que era constituído em 26% de visitantes nacionais e internacionais. Com relação à segurança, ponto forte do estado, mais de 90% das pessoas que responderam a pesquisa a consideraram ótima ou boa.

Festas até julho no Brasil

A maioria dos estados ainda não divulgou dados do balanço turístico dos festejos juninos, e em uma parte isso ocorre pois as festas tradicionais se estendem até esse mês de julho, como no Distrito Federal, Goiás, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Paraíba. Assim, os resultados do mês só serão divulgados posteriormente. Continuamos acompanhando.

Dólar e vontade de viajar caminhando juntos

De acordo com dados do Banco Central, os brasileiros gastaram no exterior, nesse último mês de abril US$1,32 bilhão. O valor é 23% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.

O aumento dos gastos dos turistas brasileiros no exterior em abril se deve ao valor do dólar durante este período, que estava em torno de R$ 3,17. No mesmo mês do ano passado, por sua vez, o dólar oscilava ao redor de R$ 3,60.

Caminhando junto ao câmbio do dólar está a intenção de viagem dos brasileiros ao exterior (veja post aqui) que, nos mês de abril, teve o índice mais alto de perspectiva de viagens internacionais do ano, com 29% das intenções.

No acumulado do ano, as despesas dos brasileiros no exterior avançaram 43%, chegando a US$ 5,79 bilhões.

Gastos dos estrangeiros no Brasil

Já os gastos dos estrangeiros no Brasil não tiveram muita variação. Ainda de acordo com os dados do BC, em abril deste ano, as receitas ficaram em US$ 417 milhões, contra US$ 475 milhões registrados no mesmo mês em 2016.

Unidos do Turismo!

A partir de hoje começa o maior feriado do calendário no Brasil: período de Carnaval. E,  como não poderia deixar de ser para nós que atuamos na indústria de viagens e turismo, com os dias de festa vem também a expectativa de ter um feriado com acréscimos significativos aos destinos ao setor.

De acordo com o MTur, um dos termômetros para se ter ideia da conta de acréscimos ao turismo no Carnaval são os dados de ocupação hoteleira. De acordo com levantamento, alguns dos principais destinos da festa, como Rio de Janeiro, Recife e Salvador terão ocupação variando de 80% a 95%. Destinos como Ceará e Alagoas, que não possuem tanto apelo para a programação de Carnaval, mas são muito procurados por turistas que buscam passar o feriado em cidades litorâneas, também estão com bom índice de ocupação (em Alagoas a média estimada é de 93%, com maiores ocupações na capital Maceió).

No Rio de Janeiro, especificamente, a expectativa é de que 5 milhões de pessoas participem da folia nos 451 blocos em 96 bairros do estado, segundo o MTur.

O Carnaval 2017 deverá movimentar aproximadamente R$5,8 bilhões de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Apesar dessa expectativa de faturamento do setor produtivo no período ser o pior desempenho dos últimos 3 anos, caso se concretize, não se pode desanimar. O nosso turismo atravessa uma temporada em que cada oportunidade deve ser aproveitada e isso vale para todo o ano de 2017. Seguimos acompanhando, torcendo e, principalmente, atuando em prol do desenvolvimento do setor.

Receita do Turismo aumenta em janeiro

Neste mês de janeiro a receita cambial do Turismo fechou em alta no País, de acordo com os dados do Banco Central. Segundo apuramento, o valor dos gastos dos turistas estrangeiros no Brasil foi de US$ 664 milhões, correspondendo a um aumento de 2,17% quando comparado ao mês de janeiro de 2016.

Os números da receita desse último mês de janeiro ultrapassaram a receita cambial do mês de agosto de 2016, período em que recebemos as Olimpíadas, que foi de US$ 602 milhões.

Já a despesa cambial turística no mês de janeiro/2017 foi de US$ 1,578 bilhão, correspondendo ao aumento significativo de 87,89% quando comparado a janeiro de 2016, cuja despesa foi de US$ 840 milhões.

Mesmo com o aumento da receita cambial, quando colocamos na balança, os números do BC, vemos que ainda temos um caminho a percorrer. O Brasil tem potencial econômico de turismo maior e, ainda assim, os valores da receita representam um auxílio expressivo para a economia do País.

Seguimos observando de perto o setor.