Como sair perdendo no turismo internacional

Recentemente conversamos aqui sobre o desempenho do Brasil na chegada de estrangeiros em 2019 e as difíceis perspectivas para 2020 em diante. Além de estarmos juntos enfrentando a pandemia com o restante dos destinos mundiais, já entramos nessa disputa em desvantagem pelo péssimo desempenho de -4,1% no ano passado, de acordo com a OMT. A média de crescimento mundial em 2019 foi de 3,6% e nossos vizinhos como a Argentina cresceram bastante: 6,6%.

Já fiz aqui uma análise da série histórica de chegadas de turistas e da entrada de divisas com os gastos dos estrangeiros do Brasil, e hoje trago uma atualização desse cenário. Certamente o mundo irá contar suas perdas à partir de 2020, mas nós já começamos derrotados desde 2019. Na tabela abaixo podemos ver a evolução de chegadas de estrangeiros ao Brasil com 2 momentos de queda: 2006 com a saída da VARIG do mercado, que levou anos para se recuperar até que a TAM iniciou sua atuação no internacional; e 2009, que foi uma crise econômica global. Observamos também 2 momentos de aumento com a Copa do Mundo FIFA em 2014 e depois, de forma menos acentuada, com a realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. À partir de 2016 ficamos estáveis na casa de 6,5 milhões de turistas estrangeiros.

Nosso cenário atual, agravado pela pandemia da COVID-19, é muito pior do que a média global, já que o super competitivo mundo do turismo, com transformações rápidas e profundas nos deixa a ver navios desde 2019. Fizemos uma projeção (que vale hoje!), para o desempenho do Brasil em 2020 com base em diversos dados de chegadas aéreas até junho (1 de janeiro a 21 de junho com dados da FowardKeys), o percentual de chegadas terrestres de estrangeiros e o cenário intermediário de viagens internacionais do WTTC. Bem, posso dizer que é uma aposta bastante otimista e ao mesmo tempo com muitos questionamentos pelo fato de não sabermos como será o segundo semestre. Voltaremos a esse dado em breve para atualizar, já que o pior cenário pode os leva a uma queda de mais de 70% na chegada de estrageiros.

Outro dado ainda mais relevante é o gasto dos estrangeiros no Brasil, que tem também um desempenho péssimo, nos colocando na 46a. posição mundial na entrada de divisas com viagens internacionais. A curva de receitas cai à partir de 2014 e se mantém no mesmo patamar até 2019 (na casa dos USD$ 6 bilhões), veja o gráfico comparativo de chegadas de turistas e receitas abaixo:

É o que trago hoje para nos ajudar a ver os cenários passados e, sobretudo, nos iluminar da melhor forma para pensarmos o turismo internacional do Brasil. Você gostaria de compartilhar mais informações e análises? Comenta aqui, obrigada.

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Jeanine Pires

Apaixonada pela indústria de viagens e turismo, há 31 anos atua como líder do setor no Brasil e no exterior. Já Presidiu e foi Diretora da EMBRATUR entre 2003 e 2010; é Diretora da Pires Inteligência em Destinos e, no final de 2022, entrou para a CVC Corp como Diretora de Alianças e Relações Governamentais. Jeanine foi Co-fundadora da startup ONER Travel em 2020 e já atuou como Presidente do Conselho da Fecomércio São Paulo e da WTM Latin America. Com formação e especialidade em marketing de destinos e economia do turismo, Jeanine faz palestras, cursos e consultorias.

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