Como não levar no-show na vida profissional no turismo

Chegamos a 2024. Será que seu emprego está firme? Sobre o que você precisa se preocupar para não ficar pra trás com tanta informação e novidade? 

Nessa primeira quinzena do ano parei para pensar sobre as tendências do mercado de trabalho e o impacto da tecnologia para a indústria de turismo e hospitalidade. Nos próximos cinco anos nosso setor, orientada ao serviço, enfrentará desafios e oportunidades únicas em termos de desenvolvimento de habilidades e capacitação da força de trabalho. 

 Eu trouxe hoje 3 habilidades listadas pelo Relatório Future of Jobs Report 2023 do World Economic Fórum. Dá uma olhada nas minhas análises e pensa nos seus talentos: 

1. Habilidades Cognitivas e Criativas: Com a crescente importância do pensamento analítico e criativo, profissionais da área precisarão desenvolver habilidades para resolver problemas complexos e inovar em serviços e experiências. Isso é especialmente relevante em um setor que se esforça para oferecer experiências únicas e personalizadas aos clientes. 

2. Flexibilidade e Adaptação: A resiliência, flexibilidade e agilidade serão habilidades chave, pois o setor de turismo e hospitalidade é frequentemente impactado por fatores externos, como mudanças econômicas, tendências de viagem e eventos globais. Os profissionais precisarão se adaptar rapidamente a novas demandas e cenários. 

3. Habilidades Socioemocionais: Empatia, serviço ao cliente e habilidades de comunicação permanecerão fundamentais na indústria de hospitalidade. A capacidade de entender e responder às necessidades dos clientes de maneira eficaz é um diferencial competitivo nessa indústria. 

Agora, essas características são aprendidas e construídas ao longo de nossas carreiras. Como você pode aprender a aprender para a vida toda? Lifelong learning? Segundo as pesquisas desse relatório o pensamento analítico e o pensamento criativo são as principais competências exigidas pelas empresas e pelo mercado nos próximos 5 anos. Você possui essas habilidades? Pode desenvolvê-las? Traz aqui seu pensamento sobre esses temas e compartilhe suas atitudes para não levar um no-show no turismo ou em qualquer atividade profissional.

Viagens a lazer + trabalho remoto=?

Jä falamos aqui nesse post que as viagens a negócios e eventos estão ganhando novos formatos. Nessa primeira reflexão, falamos das mudanças que o home office pode trazer para as relações de trabalho, e consequentemente, para os perfis de viagens a negócios e eventos. Essa semana, quero compartilhar algumas questões sobre o aprofundamento da combinação de viagens a negócios com lazer. Faz até algum tempo que já falamos sobre o ‘bleisure’, que é como a expressão é usada em inglês; indicando BUSINESS + LEISURE.

Não é novidade o fato de que as pessoas que viajam a negócios ou a eventos sempre agregam um tempo para passear e conhecer o lugar em que estão. O que o mercado acompanha são as mudanças nas viagens do corporativo, a quantidade de pessoas que estão de forma presencial nos eventos e os investimentos que as empresas estão voltando a fazer no setor. O que quero comentar está relacionado às mudanças, também na forma presencial de trabalho, as transformações demográficas no setor corporativo e a predominância de viagens a lazer.

Trabalho em qualquer lugar, conheço novos lugares

Aqueles profissionais que podem trabalhar de forma remota poderão ter novos hábitos de moradia e de viagens. Nesse caso, são as viagens a lazer, predominantes nos últimos 2 anos, que podem também fazer parte da jornada de trabalho. Por outro lado, as políticas das viagens corporativas também estão ficando mais adaptáveis. O próprio colaborador pode escolher e ajustar sua viagem. O CEO do AirBnb Brian Chesby afirmou recentemente que o escritório tal qual conhecemos acabou. Será que estar conectado e com um laptop (e um fone de ouvido) já não está nos possibilitando trabalhar de qualquer lugar ?

Estudos também mostram o desejo dos jovens talentos em trabalhar em empresas que oferecem viagens em seu escopo de trabalho. A ideia é conhecer lugares, interagir com colegas e outras comunidades para ganhar mais experiência. Trabalhar e viajar a trabalho é considerado uma experiência rica para empregados e empreendedores. Assim, já vemos uma relação inversa; quem viaja a lazer pode ficar mais tempo, continuar trabalhando e conhecer novos lugares: LAZER + NEGÓCIOS ou LAZER + TRABALHO REMOTO.

O que você acha dessa reflexão ?

Que frase você ouviu quando se encontrou com seu time depois de 2 anos ?

Me recordo quando apareceram as tecnologias de reuniões à distância. Ainda não eram como o Zoom ou o Teams de hoje. Mas íamos para uma sala que tinha projetores e estrutura de transmissão de reuniões por vídeo. Os profissionais da indústria de eventos ficaram bem preocupados. Nossa, isso vai acabar com as reuniões e eventos presenciais. Pelo contrário, esse e outros avanços tecnológicos só aumentaram e melhoraram a possibilidade de conexões, interações e a imensa força do presencial. Nada substitui a interação direta e o chamado olho-no-olho.

Lá vem pandemia e já sabemos o que ocorreu. No caso das viagens a negócios e eventos, somente no começo de 2022 vimos uma volta dessa demanda. Mais lenta e com características bem diferentes. Novamente a tecnologia trazendo mais oportunidades. Trago aqui 3 reflexões sobre viagens a negócios ou a eventos que vejo como ainda mais fortes e como oportunidades para o setor de turismo. As consequências do home office, a combinação de negócios e lazer; e o privilégio de trabalhar em empresas com oportunidades de viajar. Serão 3 posts, lá vai o primeiro.

Home office é o novo presencial

Algumas empresas acabaram como o presencial, outras estão no híbrido, e outras, já nasceram no virtual e os colaboradores estão em casa. Muitas equipe ficaram 2 anos sem se encontrar, outras, nunca tinham se abraçado. Muitos novos profissionais entraram e saíram de empresas sem nem, sequer, encontrar seus times. E pode ser que esse home office seja uma nova oportunidade para diferentes tipos de viagens a trabalho.

Imagina uma equipe que não se encontrava há 2 anos, quando ocorreu o primeiro ou a segundo encontro on-line, a ansiedade e a emoção tomaram conta das relações. Os vínculos, conhecimento sobre a vida pessoal dos colegas, sua altura, seus talentos que não aparecem diante da tela passam a ser incorporados à imagem e afeição que as equipes vão construindo quando trabalham com paixão em seus projetos. As conquistas de time passam a ter outro valor, e a empresa consegue criar laços de compromisso humano que precisam do abraço, do sorriso cara-a-cara e de novas descobertas.

Também o fato das pessoas estarem sempre em trabalho remoto faz com que as empresas criem novas formas de encontros, reuniões e atividades presenciais. As viagens a trabalho e eventos ganham novos contornos e características. Times podem se mudar temporariamente para outras cidades e países, espaços de eventos terão novas configurações e necessidades para reuniões. As empresas estão revendo seus gastos, mas também a forma e valor dos investimentos em atividades presenciais que tragam colaboração e criatividade entre times e parceiros comerciais.

Frases que ouvimos

Frases que ouvimos: “Nossa, como você é alto”!; “A Fulana faz muitos exercícios, olha como é malhada”; “Gente, o Fulano era tão tímido nas reuniões on-line, e agora no jantar da equipe conta ótimas piadas”; “A Fulana estava sempre de câmera fechada mas agora adora fazer as dancinhas do TIKTOK”. “Essas meninas do México são muito simpáticas e alegres”; “Nossa, a gente se fala tanto on-line, estou tão feliz em te encontrar pessoalmente!”.

Quais foram as frases que você ouviu quando encontrou com colegas ou parceiros de trabalho ?

O que você precisa cultivar se quer trabalhar com turismo?

Quais dos seus talentos foram transformados ou melhorados nos últimos 15 meses? Já parou para analisar quais são suas novas habilidades profissionais ? Inseriu isso no currículo? Mencionou numa entrevista?

Um artigo da MacKinsey me chamou a atenção. Entre 25 habilidades que foram pesquisadas as que mais cresceram nas buscas e desenvolvimento das empresas foram as relacionadas aos aspectos sociais, emocionais e cognitivos. Quais desses talentos são essenciais para os profissionais da indústria de viagens e turismo?

Tudo está focado no social e emocional

Esse estudo, se aplicado ao cenário de sensibilidade e novas formas de trabalho impostas a partir da pandemia, mostra que liderança e gerenciamento de equipe, ao lado de um pensamento crítico e a capacidade de decidir são aptidões muito valorizadas pelas empresas. Estes dois temas se juntam ao gerenciamento de projetos. Os outros três elementos que seguem na lista de importância são a adaptabilidade e aprendizado constante, as habilidades digitais básicas e a empatia e as aptidões de relacionamentos interpessoais.

Todos esses elementos num caldeirão em que o principal ingrediente é social e o tempero que dá gosto é emocional, podemos imaginar o quanto todos esses talentos serão necessários daqui pra frente. Agora vamos trazer isso ao setor de turismo que vive imensas e rápidas transformações (falamos mais aqui), altamente direcionado às pessoas. O significado das próximas viagens terá muitos aspectos subjetivos, como a valorização da liberdade, do bem-estar e dos relacionamentos entre os companheiros de jornada (também falamos aqui). Estamos capacitando e observando nossos times nesse sentido? Faz sentido essa reflexão em nosso setor?

5 habilidades pra turbinar sempre:

  1. Liderança e gerenciamento de pessoas
  2. Pensamento crítico e processo de tomada de decisões
  3. Adaptabilidade e aprendizado contínuo
  4. Habilidades digitais básicas
  5. Empatia e relacionamentos interpessoais

Atestado para a força do turismo

O difícil cenário que o Brasil enfrenta desde o ano passado vem se agravando ainda mais, afinal vivemos já a triste perda de mais de 300 mil vidas humanas. E o forte golpe deixa ainda mais evidente que a indústria de viagens e turismo é responsável pela geração de milhões de empregos e que tem um papel econômico e sócia; sem mencionar  o bem-estar das pessoas.

O Conselho Mundial de Turismo WTTC trouxe um dado alarmante de que o setor perdeu 49% de seu impacto no PIB global em 2020[1]; enquanto a economia global caiu “só” 3,7%. No total, a contribuição do setor para o PIB global caiu US$ 4,7 trilhões em 2020 (5,5% da economia global), de quase US$9,2 trilhões em 2019 (10,4%). Em 2018, por exemplo, o crescimento foi de 3,9% contra 3,1% da economia do planeta[2].

Em 2019, o setor mundial de Viagens e Turismo gerava um em cada quatro novos empregos ao redor do mundo, contribuindo com 10,6% (334 milhões) de empregos. Em 2020 a pandemia levou à perda de mais de 62 milhões de postos de trabalho; uma queda de 18,5%. As pequenas e médias empresas foram as que mais sofreram e ainda amargam um situação financeira muito complexa em muitos países, onde não há auxílio de créditos e outros. Os gastos com viagens internacionais foi 69,4% menor do que em 2020 e nas viagens domésticas a queda foi de 45%.

No Brasil, a realidade não é diferente. A CNC, com base nos dados do CAGED, apontou que as perdas do turismo em 2020 chegaram a mais de R$ 290 bilhões e uma destruição de quase 400 mil postos formais de trabalho de brasileiros[3]. Sem mencionar as perdas de ocupações informais e aquelas impactadas indiretamente pelo turismo. Nesse post aqui você encontra mais análises com dados específicos do turismo em 2020 no Brasil. E nesse aqui você pode saber mais sobre as perdas do Brasil no mercado internacional.

Você pode me dizer, nossa já temos muitas notícias ruins, o cenário é difícil. Sim, isso mesmo. Esses dados que trazemos devem ser lembrados, pois eles são a mostra de que o turismo precisa de políticas públicas de longo prazo. Que precisamos já e, ainda por um bom tempo, de suporte a empregos e empresas. Demonstra que são mais do que urgentes as medidas de sustentabilidade econômica, cultural e ambiental para que essa tragédia não se agrave e comprometa o futuro do setor no Brasil.

Esses números globais e do Brasil são o atestado da força da indústria de viagens e turismo, e nosso passaporte para maior engajamento na reconstrução daquele que pode ser o maior aliado da recuperação econômica de nosso país: o turismo.


[1] Disponível em: https://wttc.org/News-Article/Global-TandT-sector-suffered-a-loss-of-almost-US4-trillion-in-2020. Acesso em 26 mar.2021.

[2] Disponível em: https://blog.panrotas.com.br/mktdestinos/2019/03/11/turismo-cresce-o-dobro-da-economia/. Acesso em 26 mar.2021.

[3] Disponível em: https://www.panrotas.com.br/mercado/pesquisas-e-estatisticas/2021/03/turismo-perde-r-290-bilhoes-e-397-mil-empregos-em-2020_180134.html?utm_campaign=panrotas_news_-_edicao_003426&utm_medium=email&utm_source=RD+Station. Acesso em 26 mar.2021.