Veneza é um desbunde

Veneza é um desbunde, por fama ou vocação, exagero ou mérito. Tanto faz. Se você não veio ainda, priorize. Se já visitou vale informar que ainda há muito o que ser visto e experimentado (uma amiga já foi 10 vezes e ainda se surpreende). Pois o histórico conjunto de 117 ilhas é como uma cebola que se revela diferente e mais interessante a cada camada desvendada.

Algumas peculiaridades valem serem destacadas:

  1. Não há carros. Nem bicicletas. Nem nada sobre rodas. O único modo de locomoção é a pé. Ou seja: turistas e locais bebem álcool o quanto quiserem sem se preocupar em pegar volante depois – ou como bem disse o simpático garçom: “qui smettiamo di bere rosso quando alquni apre una bottiglia di bianco” (tradução livre: aqui paramos de beber vinho tinto quando alguém abre uma garrafa de vinho branco). Então estão todos estão com frequência alegres e brincalhões.
  2. Assim como no Egito, gatos são de certa forma sagrados em Veneza. A cidade teve diversos surtos de peste bubônica desde 1300 mas em meados de 1500 houve o grande surto da doença que assolou Veneza, dizimando 70% de sua população. A doença era trazida pelos ratos que vinham nas embarcações que ancoravam no porto. Então nesta extrema ocasião o Dodge ordenou que viesse um navio cheio de gatos para aniquilar o transmissor da doença. Funcionou. Por isso até hoje os gatos são símbolo local e de boa sorte. Confesso que não vimos um gato sequer na viagem. Terá alguém mandado vir um navio cheio de cães?
  3. Veneza é sobretudo uma cidade das artes. Você pode apreciar a Bienal, os museus e as galerias. Mas uma coisa especial de Veneza são os concertos em teatros e igrejas. É possível assistir a um deles sem gastar muito (a partir de 10 euros), permitem que se entre de bermuda e tênis (para alegria dos turistas) e não deixam a desejar das apresentações mais formais. Fique atento aos informativos colados nas paredes pela ruas, eles indicam o que está em cartaz naquele mês e você pode comprar os ingressos diretamente no local da apresentação. 🙂

África do Sul: sempre emocionante

Voltei mais uma vez pra minha África do Sul, um país que visito há 14 anos, por causa do meu trabalho, e que se tornou uma casa pra mim. Desta vez convidei a Julia, e ela teve a oportunidade de conhecer o Indaba, a maior feira de turismo do continente africano, que acontece em Durban.
Julia também veio porque está envolvida até o último milímetro de sua alma com a celebração do centenário de Nelson Mandela, que completaria 100 anos em 18 de julho de 2018.
Super especializada em ativações, carregando no currículo o centenário de Frank Sinatra, copa do mundo entre outros grandes eventos, está dando um show nos preparativos desta ocasião tão especial.
Tudo isso pra dizer que a conexão que sempre estabeleço com este país e com o seu povo é única, é emocionante, é apaixonante. E cada vez que volto tem um sabor especial, sempre com muito coração e emoção. E também pra dizer que vamos levar a mensagem de Mandela para o Brasil no segundo semestre. E que o Brasil e o mundo pode fazer um lindo uso de seus ensinamentos.

Ubatuba: nossa segunda casa

Por que ir:

Só continue lendo caso você aprecie natureza, mar limpo e paisagens ainda bem preservadas. A região no entorno do centro de Ubatuba reune uma longa lista de praias com características bem diferentes uma da outra, cada qual com sua beleza. Como sempre que possível passamos finais de semana por lá, vamos dar diversas dicas desse paraíso. Este primeiro post será sobre as maravilhas próximas da nossa casa e vamos expandindo o mapa aos poucos…

Como é preciso dirigir pelo menos 3 horas e meia para chegar é melhor fazer pelo menos uma parada. Nosso lugar favorito para esticar as pernas é no Recanto Santa Bárbara; além da ótima cozinha e atendimento, eles tem uma torta de nozes pecan como nunca vimos igual (textura, nível de açúcar, fresquinha sempre). Confira também a mercearia: o pão dinamarquês deles deve ter mais de 437 sementes e castanhas, uma delicia nutritiva. O queijo de cabra fresco é hiper macio e bem mais barato que qualquer um em São Paulo. Se você der a sorte de passar por lá entre 16hs e o pôr do sol, aprecie a chegada das centenas de garças que fazem da árvore na frente do lago, o seu refugio para descansar.


Visual das mesas do Santa Bárbara / Cada pontinho branco é uma garça indo dormir

Já em terras ubatubenses, a praia da Sununga é absurdamente limpa e no canto esquerdo dela é fácil avistar tartarugas nadando perto das pedras. Aproveite para ver ali também a “Gruta que Chora”, que tem esse nome porque pinga o tempo todo água da nascente. O bar principal da praia garante música ao vivo todo final de semana: as vezes rock, as vezes mpb, as vezes samba, mas sempre gente animada até depois que o sol ja se foi. Lá é o point oficial do skin surf – basicamente uma evolução do clássico sonrisal dos anos 90 – mas agora se usa uma pranchinha  especialmente feita pra deslizar na beira da água e tem até campeonato da modalidade (não temos fotos nossas do pessoal pegando estas ondas, se bater curiosidade, o Google te mostra o que estamos contando) . Fique esperto: o mar não é dos mais calmos, então entre e saia da água com cuidado.

A praia do Lázaro tem muita saída de barco então não é tão imaculada: mas se a agua não fosse limpa não teríamos visita de baleias Jubarte de vez em quando nesta baia. Por ser longa, reta e firme é perfeita para quem gosta de correr. Omar é bem tranquilo, por isso atrai famílias e crianças. Tem um cair da tarde com uma luz maravilhosa que se derrama pelas encostas: quando tudo começar a ficar laranja chegue mais no bar do Peres e peça uma bebida pra celebrar a vida – eles funcionam praticamente todo dia e a toda hora e o atendimento é sempre com ares de velhos amigos.

Experiências:

Imperdíveis: torta de pecan em Santa Bárbara; caipirinha de limão (várias outra são muito boas, mas a de limão é certeira) e cação a dorê (não tem cheiro nenhum de peixe porque servem o que foi pescado no mesmo dia) do Restaurante&Bar do Peres.

Recomendado: sentar nas pedras da Sununga no final de tarde e esperar pelas tartarugas, sair de SP as 15hs para chegar no Recanto da Santa Bárbara por volta de 17hs e ver a chegada das garças.

Serviço:

Recanto Santa Bárbara
Rodovia dos Tamoios, km 22,5.

Restaurante & Bar do PERES, Praia do Lázaro.

Tarragona: uma surpresa escondida

Por que ir:

A apenas uma hora de Barcelona, é deliciosa de ser desbravada a pé, com ruínas de tirar o fôlego e comida espetacular.

Experiências:

Imperdíveis: conhecer e provar as maravilhas da Vicens, loja de torrões catalães fundada em 1775; caminhar pelo calçadão local no final da tarde para ver o oceano de um lado e as muralhas históricas ganhando o alaranjado do sol se pondo; desfrutar da gastronomia local, em restaurantes na cidade antiga, como o La Cuca Fera.

Recomendadas: degustar o polvo na plancha na Quattro Cervecería; conferir as ruínas do bem conservado anfiteatro romano e o jardim a sua volta.

Serviço:

QUATTROS CERVECERÍA: Plaça de la Font, 2

TORRONS ARTESANS VICENS: Baixada de la Misericòrdia, 12

RESTAURANTE LA CUCA FERA: Plaça de Santiago, Rossinyol, 5

 

Santo André: em busca do polvo perfeito…

Por que ir: 

Como toda boa vila baiana, Santo Andre transborda charme e sossego. Por isso pode ser uma opção deliciosa para relaxar e curtir um pouco de dolce far niente, mas também oferece passeios que valem a pena sair da rede.

Um deles é provar o famoso Arroz de Polvo da Maria Nilza. Nós resolvemos conferir esta iguaria pedalando os 14km entre a vila e a praia de Guaiú – e foi o ponto alto da viagem.

Experiências:

Imperdíveis: banho onde o rio encontra o mar; o pôr do sol sobre o rio, no Restaurante Gaivota; o arroz de Polvo Maria Nilza e seu abraço de boas vindas.

Recomendado: ir de bicicleta para comer o polvo da Nilza (pra apreciar as vilas e paisagens no caminho) e chegar cedo para aproveitar o dia na linda praia de Guaiú.

Serviço:

RESTAURANTE MARIA NILZA NO FOGÃO A LENHA: Rua Caminho da Praia, 380. Praia do Guaiú, Santa Cruz Cabrália.  Tel: (73) 3671 2047, não é necessário fazer reservas mas se for em grande grupo convém avisar antecipadamente. Abre TODOS OS DIAS do ano, sem exceção, das 9:30 as 16hs. A partir da estrada de asfalto voce verá placas sinalizando o caminho.

BICICLETAS DO JUAREZ: Na pista de asfalto perto do campo, todos os dias das 8hs as 12hs e das 14hs as 18hs. Tel: (73) 99800 5923

O Mundo Por Elas

O Artur me convidou pra escrever esse blog. Fora a eterna razão da falta de tempo, não queria escrever porque não acredito em “viagem gay”. A não ser em tradução ao pé da letra, “viagem divertida”. Mas eu sou gay há já algum tempo – décadas – e nunca fiz “uma viagem gay”. E olha que viajo muuuuuito. Tipo, havia algo na configuração dos planetas quando nasci que, independentemente da fase da minha vida, da minha profissão, viagens acontecem o tempo todo, sejam elas ativas – aquelas que deliberadamente organizo – como as passivas, que tenho que fazer pelas circunstâncias. E a única vez que experimentei algo literalmente gay foi quando tinha uns vinte e poucos e fiquei em Londres em um bed and breakfast for girls only…apenas porque era onde havia lugar.

Toda essa introdução para dizer o seguinte. Gay é uma pessoa como outra qualquer. Tem gostos de viagens – muitas vezes bem refinados – como uma pessoa qualquer. A especificidade está na personalidade da pessoa e não na sua orientação sexual. Ou seja, pode gostar de lugares mais refinados ou mais rústicos. Pode gostar de natureza ou cidade ou ambos. Pode preferir Brasil ou exterior ou ambos. Pode preferir fazer uma viagem de bike ou de trem. E assim por diante…

Agora, claro, quando um casal gay viaja, gosta de ser bem tratado, como qualquer outra pessoa. Gosta de ser tratado com naturalidade e calor humano, como qualquer outra pessoa. Quer demonstrar carinho em público sem causar constrangimento. Como qualquer outra pessoa…

Nossas viagens

Entao, aqui, não vamos falar de “viagens gays”, mas vamos falar das nossas viagens. E somos um casal gay. Vamos falar das experiências felizes e as – caso ocorram – não tão felizes assim. Vamos apontar lugares que nos trataram com a maior naturalidade e simpatia e – espero que nunca ocorra, mas caso ocorra – falaremos também quando algu ém ou algum lugar pisou na bola.

Na verdade não sei exatamente o que vai acontecer aqui, porque não posso adivinhar como serão as próximas experiências. Certeza é que serão experiências saborosas, porque amamos viajar. E escolhemos cada cantinho a dedo.

Também será um blog escrito a quatro mãos. Sugeri ao Artur que eu fizesse esse blog com a Julia, minha mulher. Às vezes eu escrevo, às vezes ela, às vezes nós duas juntas…como já sou relativamente conhecida no Turismo, abro espaço aqui pra Julia se apresentar e fazer suas considerações…

Eu me casei com uma colecionadora de guias de viagem…curioso…

Eu viajo desde que me conheço por gente. Tendo família espalhada e uma curiosidade acentuada, todas as férias da infância envolviam uma longa estrada – de carro, ônibus e até motorhome por 40 dias Brasil afora. Ainda adolescente comecei com os aviões e trens e nunca mais consegui ficar mais que alguns meses sem mudar de cenário.

Talvez por isso não tardei a começar minha coleção de guias de cidades e países. Hoje, embora não consiga me desfazer das dezenas de volumes, acabo buscando mais referências online e com gente que esteve nos lugares recentemente – espero que nosso blog possa ser útil para você neste sentido.

Sou uma turista assumida. Apesar de gostar de viver um lugar como seus locais, de me misturar no novo habitat com facilidade e descobrir tesouros que nenhum guia conta, aprendi que atrações turísticas têm esse nome por uma razão: são as melhores vistas, os mais emblemáticos edifícios, as fotos mais divertidas, o maior aprendizado sobre a história.

Então meus passeios pelo mundo têm sempre esta dança entre o óbvio e o oculto, o clichê e o diferente, o famoso e o desconhecido.