No fim de janeiro vivi minha primeira experiência na classe executiva da American Airlines, umas das companhias americanas com maior presença no Brasil. A anterior havia sido em 2018, de São Paulo a Dallas, no Boeing 787.
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Desta vez, voei de São Paulo (aeroporto Internacional de Guarulhos) a Miami no Boeing 777. Foi o meu primeiro voo em classe executiva já sem as restrições impostas pela pandemia – a companhia não exige uso de máscara nem limita serviços.
No ano passado, eu havia voado na classe executiva da United, mas ainda com muitas limitações em razão da covid-19. Confira como foi minha experiência.
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Emissão
Emiti o trecho com milhas + dinheiro no programa Smiles, da Gol, que é parceira da American Airlines. Foram 30.000 milhas + R$ 3.150. Com as taxas, o total ficou em R$ 3.500.
Emitir na Smiles para voos de parceiros, seja na classe executiva ou na econômica, não é fácil, pois há exigência de muitos “pontos”. Uma executiva pode variar de 180.000 milhas e passar das 350.000 por trecho.
Mas a solução de milhas + dinheiro é muito boa no programa. Com poucos “pontos”, dá para viajar de classe executiva gastando bem menos que na econômica. Nem sempre há voos disponíveis mas, se houver insistência – entrar na lista diversas vezes ao dia -, eles acabam aparecendo.
A contrapartida é que meu destino final era Dallas, e há um voo direto da American Airlines para a cidade. Porém, ao emitir na Smiles, eu precisei fazer duas conexões (uma em Miami e outra em Austin). A cidade do Texas estava muito procurada no período, por causa de um evento – o NADA Show.
Não havia opção de comprar o bilhete direto para Dallas com milhas da Smiles. E, para emitir com a companhia, o valor do voo sem conexões na classe econômica era de R$ 6 mil por trecho. Já a “perna” de classe executiva custava R$ 40 mil.
Check-in e Sala VIP da American Airlines
Não consegui fazer check-in online, mas esse não foi um problema da American Airlines. Nos dias posteriores, fiz voos internacionais com outras duas companhias aéreas, e enfrentei a mesma limitação. Ao que tudo indica, havia um problema de documentação causado pela exigência do certificado de vacinação contra covid-19 – o meu está em dia, mas eu precisava apresentá-lo no balcão.
Mas o check-in no aeroporto foi tranquilo, rápido e sem filas. A American Airlines tem uma área exclusiva no Terminal 3 para passageiros de primeira classe, executiva, econômica premium e membros de níveis mais avançados de seu programa de fidelização. Ele é separado dos balcões convencionais.
A companhia tem sua própria Sala VIP no Terminal 3, que estava tranquila, com muitos lugares disponíveis. Em horário próximo a meu voo havia apenas um outro, para o aeroporto JFK, em Nova York.
Há muitas poltronas com estações de carragamento de aparelhos eletrônicos, áreas de descanso, mesas para alimentação, uma sala de TV mais escura e chuveiros para quem quer tomar banho antes de embarcar. O buffet, em duas ilhas, tem muitos frios e petiscos quentes, além de opções como hambúrguer e sopas.
Há muita variedade de bebidas alcóolicas e não alcóolicas: refrigerantes, sucos, vinhos, whisky, gin e outros destilados, além de cervejas. O status dos voos da American Airlines são avisados por meio do alto-falante do lounge.
Embarque
Embarquei na fila preferencial para passageiros de executiva e primeira classe – disponível neste voo para Miami, mas não em todos os da companhia. Mas, ao verificar meu bilhete, a atendente disse para que eu me encaminhasse ao deck de embarque na econômica – no Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, há dois fingers.
O deck de embarque da classe executiva e da primeira não estava funcionando. Então, acabei enfrentando uma fila no corredor. O problema, no entanto, é mais do aeroporto que da companhia aérea.
Cabine e poltronas da American Airlines
A classe executiva da American Airlines tem a disposição 1-2-1 e é dividida em duas partes da cabine – uma menor, à frente, e outra maior, com pelo menos oito fileiras de quatro poltronas. Como estava viajando sozinha, escolhi uma das poltronas da extremidade, sem ninguém ao meu lado. Aos poucos, a maioria das business class vão aderindo a esse modelo, que garante mais privacidade ao passageiro.
As poltronas reclinam em 180 graus, e viram camas voltadas para a janela – em uma posição conhecida como espinha de peixe. O apoio do pé à frente afunila, o que é um problema para passageiros mais altos, mas não para mim.
Há duas posições pré determinadas: pouso e decolagem e cama. Porém, comandos permitem diversas combinações, como usar o apoio de pé em encosto para transformar o ambiente em uma poltrona de Sala VIP de cinema, para assistir a um filme, por exemplo.
Entretenimento e conectividade
Na cabine há ainda tomada e entradas USB, além de um compartimento para armazenar pequenos objetos. Senti falta de um espelho, oferecido em outras companhias aéreas com as quais já voei. Isso é bem útil para quem quer retocar a maquiagem – evita que a pessoa passe minutos e mais minutos no banheiro e, assim, evita filas. Fica a dica para a American Airlines e outras empresas que ainda não aderiram a essa solução simples.
O tela de entretenimento é sensível ao toque, mas essa função não estava funcionando muito bem na minha. Tive de comandá-la pelo controle remoto, com uma tela na qual dá para ver outra programação, diferente da transmitida na principal.
Assim, enquanto assiste a um filme, o passageiro pode, por exemplo, acompanhar as informações sobre o voo no controle remoto.
Serviço de bordo da American Airlines
Nos últimos dez dias, voei na classe executiva de três companhias aéreas diferentes. A única a oferecer cardápio físico foi a American Airlines. Sobre as demais, conto em próximos posts, mas a experiências com elas me mostraram a importância de oferecer ao passageiro um menu detalhado.
O cardápio estava em inglês e português, mas não havia opção de entrada (camarão grelhado) e salada (de folhas). O passageiro só podia escolher prato principal (quatro alternativas, sendo uma vegana) e sobremesa (duas, além de prato de queijos).
Escolhi um filet mignon que estava um pouco além do ponto, mas saboroso. Para o café da manhã, havia duas opções, e durante a noite o passageiro tem alguns snacks à disposição em uma ilha próxima à cozinha.
O serviço foi rápido e eficiente, com funcionários muito bem treinados. Na seleção de bebidas, além de diversos destilados e drinks preparados pela tripulação, havia uma boa seleção de vinhos, com champagne, brancos e tintos da Califórnia, um tinto francês e opção de sobremesa. A carta de vinhos é detalhada e separada do menu principal.
Chegada
Após o desembarque e rápido processo de imigração em Miami (a fila estava pequena), houve o procedimento de reembarque. Há uma fila preferencial para checagem de segurança nesse aeroporto da Flórida, voltado a passageiros de classes premium e integrantes de programas de fidelização.
Porém, não há grande vantagem. A fila estava imensa. Independentemente da classe de viagem, a checagem de segurança nos Estados Unidos é sempre um processo minucioso, demorado e cansativo para o passageiro. Não há como fugir.
Houve alguns atrasos em meus dois voos seguintes, por causa das condições climáticas em uma semana rigorosa de inverno no sul dos Estados Unidos. Mas cheguei a Dallas sem maiores contratempos. Lá, o início da entrega das malas demorou, mas a minha foi uma das primeiras a chegar.
No geral, achei bem positiva a nova experiência de voar com a American Airlines em classe executiva. A cabine não mudou nada em relação a 2018 (são praticamente idênticas no 777 e no 787). Porém, ainda não há necessidade de upgrade, pois o produto é moderno e oferece conforto ao passageiro.
Os serviços da companhia são eficientes e bem executados, embora não supreendentes como, por exemplo, o de companhias do Oriente Médio e da Ásia. Mas está dentro do padrão ofertado pelas empresas dos Estados Unidos e Europa.
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