O cravo vermelho e a memória portuguesa no 25 de Abril

Celebrações nas ruas, cravos em mãos e, ao fundo, a Câmara Municipal do Porto (Instagram/moiannette)

A destituição do Estado Novo português, uma ditadura que perdurou por mais de 41 anos, e a consequente instauração da Democracia se deram em um 25 de Abril como o de hoje. Conhecida como a Revolução dos Cravos, a tomada de poder por parte de um grupo de militares, em 1974, é celebrada anualmente por todo Portugal.

Iniciada em 1933 e perpetuada na figura de António de Oliveira Salazar, a ditadura em Portugal flertou com ideais fascistas e teve oposição (duramente reprimida) durante boa parte da sua longa existência. No dia 25 de Abril de 1974, em ação orquestrada em diferentes partes do território português, o grupo de militares dissidentes Movimento das Forças Armadas (MFA) depôs o então chefe de governo, Marcelo Caetano.

O cravo vermelho solitário, adereço das espingardas dos soldados das tropas libertadoras, virou o símbolo da revolução. Conta a história que Celeste Caeiro, funcionária de um restaurante do centro de Lisboa, topou com um soldado no caminho de volta para casa. Ao questionar a movimentação, e não ter um cigarro para oferecer ao pracinha, ela deu a ele um cravo que tinha em mãos – prontamente repousado no cano de sua arma.

Também nas ruas de Lisboa, o cravo vermelho em mãos, relembrando o 25 de Abril (Instagram/malyulka)

Mais soldados seguiram a ideia e a imagem se espalhou no Largo do Carmo, onde eles se reuniam. Além de poético, o cravo nas espingardas ajudava a população a distinguir quais eram as tropas amigas. A Revolução dos Cravos ganhou então nome e, desde então, a flor sempre se faz presente nas celebrações da data.

Em Portugal o 25 de Abril é feriado nacional e as grandes cidades promovem eventos durante todo o dia. Na virada da noite aqui no Porto, por exemplo, uma queima de fogos de artifício celebrou a chegada do dia em sua principal avenida, dos Aliados. Neste mesmo local, um palco promoveu shows gratuitos tanto ontem quanto hoje.

Em Lisboa, um tradicional desfile popular na Avenida da Liberdade marca o dia com uma caminhada da Praça Marquês de Pombal ao Rossio. Também na capital, pianos foram colocados na Praça do Comércio para quem quisesse praticar, em ação pela “liberdade de tocar”.

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Renato Machado

Renato é jornalista e encontrou na cobertura do Turismo a junção de grandes prazeres: escrever e conhecer novas culturas e lugares. Agora vive no Porto, Portugal, e neste espaço irá experimentar na prática tendências e inovações do mercado, além de buscar um olhar menos óbvio de destinos internacionais. No Instagram @Viajante3.0

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