12 milhões de passageiros: Porto bate recorde em 2018

Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto (Divulgação/ANA Vinci)

Os terminais do aeroporto do Porto movimentaram 11,94 milhões de pessoas em 2018. O número é recorde histórico para a segunda maior cidade de Portugal e é um dos indícios de que a Cidade Invicta viveu no ano passado sua temporada mais movimentada de todos os tempos (ou “de sempre” como costumam dizer os portugueses).

Durante todo o último verão estive no Porto e, como relatei aqui em alguns posts, era claro que a cidade estava bombando de gringos. Amigos locais ou que moram lá há muito tempo eram enfáticos ao dizer que nunca haviam visto o Porto cheio daquele jeito.

Números absolutos do Turismo da cidade ainda não foram divulgados, mas com esses dados publicados pela ANA/Vinci, gestora dos aeroportos portugueses, a expectativa de recorde é alta. De 2017 para 2018 foram registrados 1,15 milhões de passageiros a mais no aeroporto.

A alta no número de viajantes é a maior entre aeroportos portugueses, com 10,7% no comparativo ano a ano. Também é o crescimento mais forte de movimentações (aterrissagens e decolagens) no país, em 7,9%, ou 92 mil operações no ano.

A escala e a realidade não são as mesmas, mas acho válido o comparativo com o cenário do Brasil. Se fosse um aeroporto brasileiro, o Porto estaria atrás apenas de Guarulhos, Congonhas, Brasília e Galeão. Sua movimentação é maior que a de Confins, Viracopos e Santos Dumont.

O Porto colhe hoje os frutos de ações recentes em prol do Turismo. Dentre elas estão políticas de fomento à indústria de viagens (que englobam, mas não se limitam, à promoção); a abertura para novas abordagens e plataformas que dão corpo à infraestrutura local; e à aposta da iniciativa privada no projeto de desenvolvimento do destino.

Fica evidente que o Porto alcançou o primeiro (e mais difícil) passo da empreitada de uma cidade turística, que é a de ocupar espaço de destaque em vitrines, redes sociais e imaginários mundo afora.

Feito isso, a cidade agora terá que lidar com uma nova demanda por infraestrutura e, localmente, com uma população que nem sempre é afetada positivamente pela chegada de dinheiro estrangeiro. Mas essas são cenas de outros capítulos, outras postagens.

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Em Tomar, a janela mais famosa de Portugal

A Janela do Capítulo, no Convento de Cristo, em Tomar

Não é raro topar com países que possuem uma cidade como Tomar. Um lugar um tanto remoto, um tanto pequeno, mas que por um motivo ou outro tem o seu lugar cravado no imaginário de um povo. No caso de Tomar, essa imagem na cabeça do português muito provavelmente é a de uma janela.

Qualquer um em visita ao país logo percebe que portugueses apreciam uma boa conversa debruçados em batentes. De bairros tradicionais em cidades grandes a minúsculas aldeias, as notícias correm quando as venezianas se abrem. Mas não é de qualquer janela que falo.

Convento de Cristo

Há mais de 500 anos, uma janela em especial foi escolhida para colocar em rocha toda a ostentação que a megalomania de sua era foi capaz de desenvolver. Na fachada ocidental do Convento de Cristo, no ápice do estilo manuelino, está exibida a Janela do Capítulo (ou Janela Manuelina).

Encravados na parede estão temas caros à época, como as navegações e a igreja. É como se a imponente obra descrevesse os passos dos portugueses no período. Aos olhos do espectador, a janela encarna a liderança que Portugal assumia perante o mundo ocidental.

As diversas “fases” do complexo se permeiam

O passeio pelo Convento de Cristo, no entanto, não se resume à Janela do Capítulo. Complexo finalizado apenas no século 18, mais de 600 anos depois de seu início, a Igreja/Fortificação/Castelo retoma diversos momentos da história do país. Nele, períodos da trajetória de Portugal se aglomeram – por vezes fisicamente, com corredores tapando fachadas e escadas estranhamente beirando janelas.

O orgulho de Tomar, cidade de pouco mais de 40 mil habitantes no centro de Portugal, é hospedar esta que foi a sede da Ordem dos Templários, intimamente ligada aos primórdios da nação lusitana e com construção iniciada no século 12. Desde 1983 o local é tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco – tema que já foi abordado pelo Viajante 3.0 em outro momento.

A fachada ocidental, com a Janela Manuelina e seus dois contrafortes

A visita ao local é paga, com bilhetes a € 6 – residentes de Portugal têm entrada gratuita em domingos e feriados até as 14h. Há também uma trilha pelos muros do castelo que eu acho indispensável. Além de uma vista espetacular dos entornos de Tomar, há todo um clima medieval que só fortificações com tanto tempo e história são capazes de oferecer. De quebra, para quem estiver por lá no inverno, dá pra fazer um lanchinho com as laranjas que dão nos jardins do convento.

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Vista da muralha do Convento de Cristo

Entendendo o “encerrado para férias”

Antes de sair de férias, floricultura faz promoção para desafogar o estoque

Parece inconcebível para os que passam por Portugal em agosto que, em pleno verão, comércios troquem turnos duplos e casas cheias de turistas endinheirados pela tranquilidade de suas próprias férias. Agosto é o mês que escancara a maneira própria dos portugueses em gerir seus negócios, algo um pouco difícil de entrar na cabeça daquele brasileiro, digamos, mais capitalista.

Por aqui, muitos e muitos bares e restaurantes são geridos por famílias. Mesmo aqueles pontos mais tradicionais, que se tornaram clássicos ou “visitas obrigatórias”, não raro têm no comando até hoje os fundadores originais ou parentes próximos. É uma mistura de orgulho, zelo e desconfiança que impede que eles deixem seus negócios nas mãos de terceiros.

Ao mesmo tempo, como qualquer bom profissional que ralou durante o ano todo – e já enfrentou (e faturou) os movimentados meses de maio, junho e julho -, há de se reservar algumas janelas do calendário para o próprio descanso, que em geral acontece ao longo do mês de agosto.

Aí que surge o conflito. Há quem, racionalmente, com números e fórmulas, irá argumentar que é preciso se manter aberto o maior tempo possível na alta. Talvez até aumentar o horário de funcionamento e contratar temporários para maximizar os lucros da temporada.

Fui almoçar e…

No outro lado da argumentação, além do cansaço acumulado por tocar uma operação em ritmo frenético nestes cerca de quatro meses, trabalhar até o fim do verão significa ter para as férias pessoais o outono (que é lindo, mas…), um período menos convidativo, de dias cada vez mais curtos e temperaturas cada vez mais baixas.

Confesso que não foi fácil entender de cara essa opção pelas férias. Mas, pessoalmente, eu respeito muito essa escolha. Fechar seu estabelecimento no meio da alta temporada é tanto um reconhecimento aos funcionários que deram duro nos meses anteriores, quanto um recado a todos de que ali há pessoas que priorizam conforto e bem-estar ao invés de dinheiro.

Dei como exemplo bares e restaurantes, mas isso acontece de uma forma meio que geral pelos mais variados tipos de serviços. Fecham-se papelarias, drogarias e floriculturas (como a da foto). É difícil encontrar dentistas ou advogados atendendo, por exemplo.

Enfim, pode ser bem frustrante dar de cara com a porta fechada e um recado comunicando a data de retorno, mas eu não vou julgar aquele que só quer tirar um tempo para descansar e estar com os seus.

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