meu ‘resort office’ (e seus respectivos protocolos) no royal palm plaza

Sem dúvida a pandemia mudou muitos aspectos da nossa vida, especialmente as viagens. Após 6 meses em casa, decidimos seguir trabalhando, mas fora de casa, sendo mimados pela primeira vez em meses. Nada melhor que um ‘resort office’, e o escolhido foi o incrível Royal Palm Plaza, em Campinas.

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Claro que estávamos apreensivos com uma possível exposição ao vírus, mas depois de ler os procedimentos internos do resort muitas das nossas preocupações foram amenizadas. Ou seja, comunicação bem feita importa, e muito!

Assim que chegamos, ficou claro que nossa saúde e segurança estavam em primeiro lugar. Após tirar a temperatura, o check-in foi simples, com distância social de 1,5 m e todos de máscara.

A recomendação de só tirarmos as máscaras na mesa do restaurante e nas espreguiçadeiras da piscina ficaram muito claras. Então pegamos as chaves, juntamente com 2 potes pequenos de álcool gel, e subimos para o apartamento.

Opções: alguns hotéis optam por limpar e lacrar o volante do veículo com plástico, e a recepção inclui divisórias de acrílico. Outros ainda tiram temperatura antes de entrar em elevadores e restaurantes, mas sinceramente não senti falta dessa rigidez toda.

Nos sentimos muito seguros (muito mais do que ir ao supermercado, por exemplo), e com aquela sensação momentânea de que a vida voltou aos tempos pré Covid que tanto precisávamos. Os protocolos de higienização estavam presentes, mas definitivamente não interferiram na experiência geral de hospedagem.

O que mais queríamos checar era o impacto dos protocolos na experiência geral do hóspede, e fomos surpreendidos. Tudo feito com bom senso e cuidado para que as restrições não minimizassem a hospitalidade.

Vimos até um evento acontecendo, a sala de reunião com menos cadeiras por mesa, e buffet normal (com os devidos protocolos que descreveremos mais abaixo). Olha o segmento corporativo aí começando a voltar, mas devagar que o lazer, mas retomando.

Recebemos um mimo incrível na chegada e durante os dias de semana, um chá da tarde era gentilmente servido na suíte.

PISCINA

Mesmo Campinas já liberando ocupação de 100%, o hotel determinou máximo de 40% por segurança. Claro que aumentou a circulação de pessoas no final de semana, mas nada de nos deixasse desconfortáveis .

Soube que as toalhas da piscina ensacadas serão um dos legados da pandemia, pois o hotel pretende manter esse procedimento. Gostei!

KIDS

Com todos os pequenos devidamente ‘mascarados’, a diversão seguiu firme. As atividades aquáticas em grupo não estão acontecendo, e algumas brincadeiras foram adequadas ao momento, mas nada que tirasse o sorriso constante do rosto da minha filha (11 anos), que curtiu demais!

O lanchinho da tarde continuou, e o Kata Kuka (espaço para brincadeiras vivenciais) também.

APTO. EXTRA PARA TRABALHAR

Um dos pontos altos do nosso ‘resort office’ foi o apto. extra concedido no Pacote Viva Royal.

O apto. já incluído no pacote não tinha cama…nem precisava.

Encontramos bancada de trabalho, mesa extra e cadeira super confortável. Pegávamos a chave qualquer horário pela manhã e podíamos ficar com ela até máximo 22h. Após esse horário, a chave era devolvida na recepção para limpeza.

Quebrou um galho e tanto esse espaço…imagina 2 adultos fazendo reunião ou dando treinamentos, mais uma criança assistindo aula, todos no mesmo quarto? Não ia dar certo…

E para completar, a vista do quarto-escritório tornou tudo mais leve…

LIMPEZA

Além da limpeza reforçada, a supervisora de governança passa para revisão final e desinfecção.

Nós que precisávamos pedir a limpeza, e elas só entravam se não estivéssemos no apto.

Sabe aquela opção de não limpar o apto.? Nem cogitamos, assim como 99,9% dos hóspedes pelo mundo que seguem não abrindo mão desse conforto.

SPA

Essa era uma curiosidade pessoal que tinha, e me surpreendi com a experiência praticamente normal.

As luvas cirúrgicas da massagista não atrapalharam em nada, tanto que só fui notar no final. Tanto eu quanto ela usamos máscaras o tempo todo.

Tudo ensacado no armário, além da novidade dos sacos plásticos extras para sapatos e roupas. Aliás, a utilização de plásticos extras está exigindo mais reciclagem, mas para aqueles hotéis que já estavam trabalhavam bem seus resíduos, aumentou o volume, mas os procedimentos seguem os mesmos.

Os horários mais espaçados e o número reduzido de atendimentos completavam os protocolos.

ACADEMIA

Funcionando com horário marcado, mas aberta.

RESTAURANTES

Alguns restaurantes optaram pelo acrílico dividindo o buffet e o colaborador servindo os hóspedes. O Royal me disse que iniciou fazendo isso, mas iniciava aglomeração na fila, por isso decidiram pelas luvinhas + máscara no buffet + álcool gel por todo lado.

Restante do serviço, como bebidas servidas na mesa, seguiu igual.

E teve sim feijoada com chorinho no sábado…

Em resumo, descansamos, nos divertidos, ‘carregamos as baterias’, e comprovamos que os hotéis estão mais que preparados para nos receber.

Como hóspedes, nos sentimos seguros, MUITO bem-vindos, e já com saudades!

Como hoteleira, fiquei MUITO feliz por ver a cena abaixo: check-ins sendo feitos, malas sendo distribuídas pelos apartamentos, movimento, e colaboradores sorrindo, contentes pelo seus trabalhos, e pela oportunidade de seguir proporcionando conforto e bem estar!

Por mais malas chegando….

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Negação não é opção! Embora o setor de luxo tenha crescido 4% em 2019, para cerca de 1,3 trilhão de euros em todo o mundo (Fonte: Bain & Company), e historicamente tenha permanecido mais estável que outros setores em crises anteriores, isso não quer dizer que o luxo é à prova de recessão. Não haverá misericórdia para os que têm baixo desempenho.

Quem me acompanha sabe que atuo no setor de luxo há muitos anos, com aulas na ESPM, consultorias para diversas indústrias (não só viagens), treinamentos e palestras. E esse segmento encantador tem suas próprias nuances e estratégias que valem ser analisadas de perto.

A indústria de viagens de alto padrão é uma comunidade global, com sistemas de oferta e demanda conectados globalmente. Esse ecossistema de US $ 1,54 trilhão (2019), e 62 milhões de empregos, está entre as 15 principais economias do mundo. Se fosse um país, seria maior que a Itália.

O turismo mundial proporciona 105,90 milhões de empregos e, se desconsiderarmos os fornecedores básicos (hotéis, cias.aéreas, locação de carros, agências, etc), e focarmos somente na cadeia produtiva que vivem em função da indústria, notamos Alimentos e Bebidas, um dos setores mais afetados, com 45,1 milhões de empregos ligados diretamente.

Divisão dos 62 milhões de empregos. Fonte: ILTM/Barton

A hibernação das viagens não afeta somente os viajantes com muito dinheiro para gastar, mas milhões de pequenas empresas, assim como atrações turísticas em geral, e toda área de cultura, moda, restaurantes, esportes, etc.

Entre os 50 países mais visitados, o turismo em geral representa 10,9% do PIB (8,1% no Brasil), gerando R$ 238,6 bilhões mundialmente e empregando, só no Brasil, 7,6% de toda a força de trabalho formal do país (imagina se juntarmos a informalidade). Para 2020, a previsão de queda por aqui é de 39% no setor (Fonte: FGV).

Quanto representa o turismo no PIB de cada país. Fonte: ILTM/Barton

ACELERAÇÃO DE TENDÊNCIAS (Como se preparar na prática):

Uma das muitas análises do setor que venho acompanhando, é da Mackinsey, que identificou uma aceleração das tendências que já existiam.

A pergunta que fica agora é: Haverá espaço para todos? Provavelmente não. Então, que fica? De acordo com essa análise recente é quem:

  • Tem dinheiro em caixa.
  • Não depende muito de atacadistas/intermediários.
  • Tem marca mai forte, e são sinônimos de ‘garantia de qualidade’ e confiança de ‘entrega’.

E sempre bom complementar que, de acordo com o Barômetro de Confiança Edelman 2020, as pessoas têm mais confiança nas empresas do que no estado ou na mídia para ajudá-las na crise.

Em uma pesquisa rápida feita semana passada com 55 empresários do setor de luxo no Brasil, 10% consideraram que a crise seria negativa para os negócios, 24% estavam incertos sobre seu impacto e dois terços acreditavam que traria mudanças positivas. (Fonte: Forbes)

Concordo plenamente com a questão da aceleração de tendências, e descrevo abaixo 10, considerando essa e vários outros estudos do setor:

  1. RETOMAR POR ‘COMFORT TRIPS‘ – assim como o movimento gastronômico da ‘comfort food’, que remete aos sabores dos melhores e mais simples momentos da vida, resgatando pratos preparados por entes queridos, a ‘comfort trip’ pode surgir com força, pois destinos conhecidos e frequentes, uma vez que comprovadamente seguros, entre no topo da lista dos clientes, a começar pelo Brasil.
  2. IDENTIFICAR LACUNAS NO POSICIONAMENTO DE MARCA – Revisitar a marca, concorrência, concentrar-se nos seus valores fundamentais e garantir uma narrativa precisa, específica, orientada por insights. Conhecer à fundo o ‘propósito’ da sua marca!
  3. PROPORCIONAR CONFIANÇA + PERSONALIZAÇÃO – Com a retomada lenta da malha aérea, principalmente para lugares remotos, jatos menores, por exemplo, podem ser a aposta da confiança para viagens em família ou grupos de amigos.
  4. FOCAR NO VAL (VALOR AGREGADO DO LUXO) – Se uma marca não conseguir criar valor suficiente, ela falhará, pois os consumidores são ainda mais exigentes durante e pós uma crise. Quem se define como luxo somente através de preços caros e designs bonitos, estará rapidamente fora do mercado. Marcas que ignoram o ALV serão atingidas com mais força do que jamais imaginaram, porque a maioria está muito focada no produto.
  5. ESTAR ATENTO ÀS NOVAS REGRAS – existe a possibilidade de exigência do comprovante de vacina no futuro, máscaras em lugares públicos, monitoramento de pessoas, não só limpeza, mas desinfecção de hotéis (com base na hospitalidade hospitalar), etc. Sua empresa precisa estar informada e pronta para aplicação das novas medidas.
  6. DESENVOLVER LIDERANÇA RESPONSÁVEL – ser visto como empregador local responsável. Práticas que exploram os trabalhadores mais vulneráveis, mesmo no luxo, terão de parar. Além disso, o consumidor retorna mais sensível a temas como natureza e clima, e o cuidado / investimento no meio ambiente se tornará ainda mais relevante.
  7. INVESTIR EM WELLNESS ‘INDIVIDUALIZADO’ – Será que ao invés de suíte com ou sem banheira, veremos a comercialização de suíte com ou sem área fitness? Em um mundo ainda sem vacina, área comuns como spas, academias, piscinas percam o atrativo ou ainda sigam proibitivas.
  8. ATRAIR O NOVO ‘RESIDENTE TEMPORÁRIO’ – a valorização da realidade e da inter conectividade será ressaltada no mundo pós pandemia. Falar sobre a história, cultura, curiosidades e o legado dos destinos, assim como suas fragilidades e fatores de interdependência em relação ao turismo, terão espaço garantido entre os consumidores mais conscientes, que ao invés de viajantes, se auto nomearão ‘residentes temporários’. Sua responsabilidade e interesse pelo local que habitará temporariamente muda sua relação com a comunidade, a natureza e a motivação da viagem.
  9. SER MAIS DIGITAL – 72% das empresas de luxo que não vendem online agora, deveriam repensar, inclusive indústria automobilística. (Fonte: IMD). Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) também contribuirão para as experiências digitais voltarem primeiro. As marcas também terão de garantir alta qualidade e experiências significativas nesses canais. Receitas de pratos, aulas de yoga e ginástica, aulas de história e culturas diferentes, etc. Superar esses pontos de ruptura será vital. Lembre-se que o ambiente digital exige autenticidade e leveza na comunicação.
    • Entretanto, é preciso lembrar que a crise atingiu fortemente os laços sociais. Assim que as preocupações com a segurança desaparecerem, os consumidores poderão voltar às lojas físicas, hotéis, clubes, etc, pois esses laços serão ainda mais preciosos.
  10. NÃO VENDER, MAS INFORMAR. NÃO É HORA DE PERSUADIR, É HORA DE PRESTAR SERVIÇO‘ – essa recomendação do Washington Olivetto que postei nas minhas redes sociais semana passada, teve enorme repercussão. Transmitir leveza, bom humor (natural para pessoas auto confiantes e seguras), e empatia em toda comunicação será a nova ordem. Manter as pessoas ‘sonhando’ com futuras viagens fará bem para elas, e para você!

Finalizo com uma frase do Olivetto, que ele sempre disse ao longo dos anos: ‘Vamos levar tudo à sério, mas rir de nós mesmos.’

E recentemente ele acrescentou: ‘Assim como as pessoas preferem conviver com pessoas bem-humoradas, ao invés de pessoas mal-humoradas, os consumidores preferem comprar de empresas bem-humoradas. Bom humor passa simpatia e autoconfiança, características típicas dos grandes vencedores. Mesmo num momento dramático como o que vivemos, o humor (quando pertinente) pode ser uma poderosa arma de vendas e construção de imagem.

Fontes:

  • Forbes com pesquisas Mackinsey e IMD
  • Estudo ILTM/Barton Impacto no Turismo de Luxo
  • Sapiens Travel do super Erik Sadao.
  • UOL com entrevista Washington Olivetto
  • Estudo FGV Impacto do Coronavirus na Economia
  • Bain & Company sobre Mercado de Luxo