O que pode mudar na hotelaria com o coronavírus

A pandemia da Covid-19 já infectou, neste momento, mais de um milhão de pessoas no mundo inteiro e já soma mais de cem mil vítimas fatais. E, mesmo de forma indireta, o vírus já está afetando a vida de milhões de pessoas e das mais diferentes indústrias. A indústria turística, sabemos, é um dos maiores catalisadores do mercado econômico – e foi a primeira indústria a ser atingida massiva e globalmente pela crise, logo no começo da pandemia. Estima-se que anualmente sejam gastos mais de um trilhão de dólares em acomodações e viagens aéreas no mundo. Mas o que pode mudar na hotelaria com o coronavirus?

“Parar por completo com o mercado turístico afeta severamente também milhões de pequenos negócios, comunidades e famílias que dependem disso”, diz um relatório divulgado esta semana pela ILTM (International Luxury Travel Market). Nas últimas duas semanas, vimos diversos hotéis, de pequenas pousadas de charme a gigantes como o Belmond Copacabana Palace, fecharem provisoriamente suas portas sem data para reabrir.

Os efeitos da crise na hotelaria, em que propriedades devem ter baixa ou nenhuma ocupação por muito tempo, são mesmo inéditos e devem acarretar mudanças expressivas – falo mais sobre tais mudanças na indústria do turismo aqui.

Erik Sadao (acervo pessoal)

Mas algumas propriedades estão aproveitando este tempo para se antecipar e já tentar se adaptar à nova realidade que deve vir por aí, quando for seguro viajar novamente. E é bem possível que a indústria da hospitalidade possa ser pioneira nesta retomada do turismo. “Se conseguirmos nos organizar de maneira a reforçar o ciclo virtuoso que o turismo carrega em sua essência, no bem-estar e na sustentabilidade das áreas onde os hotéis, por exemplo, estão instalados, há uma chance de que o produto viagem seja visto como agente de reconstrução do mundo. Não sabemos se o consumidor sairá dessa experiência mais consciente ou com o lado hedonista aflorado, buscando viver o tempo perdido. Em ambos os cenários, se o turismo se posicionar com clareza nos processos de sua produção e envolvidos, pode transformar a maneira como a viagem é enxergada por gerações futuras”, afirma Erik Sadao, publicitário com mais de 20 anos de experiência no mercado de turismo, incluindo onze deles à frente da diretoria da Teresa Perez, e proprietário hoje da Sapiens Travel.

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Erika Sanches, proprietária do Maitei (acervo pessoal)

Para quem se perguntava o que pode mudar na hotelaria com o coronavirus, já ficou claro nesta fase da pandemia que a hotelaria em geral terá que se reinventar em alguns aspectos para continuar fazendo sucesso neste cenário dos próximos meses e anos, dos novos padrões de limpeza (muitas propriedades já começaram a adotar os mesmo padrões adotados em hospitais) à nova dinâmica diária em geral. “Há mudanças significativas principalmente nos protocolos de higiene e segurança para a equipe e para os hóspedes, e na transformação do formato do café da manhã para o serviço à francesa. Também vamos focar agora em orientar os nossos serviços ao atendimento do mercado brasileiro, que tem preferências bastante específicas”, conta Thiago Azeredo, diretor comercial da Vila D’Este, em Búzios.

Seja com foco imediatista ou pensando mais a longo prazo, o movimento é uma constante no mercado hoteleiro. “Aqui já organizamos um monitoramento de funcionários para quando voltarmos ao trabalho, como tiragem de temperatura, uso contínuo de máscaras etc”, diz Evelyn Gavioli, proprietária da Pousada Estrela D´Água, em Trancoso, fechada no momento. Érika Sanches, proprietária da Maitei, em Arraial d’Ajuda, também prevê mudanças: “Talvez tenhamos que nos readaptar com os atendimentos realizados nas áreas comuns, como café da manhã, spa etc… Já estamos pesquisando as novas tendências de comportamento. Mas o cenário ainda está muito indefinido, temos que pensar um dia de cada vez”.

Além da discussão de itens pontuais sobre o que pode mudar na hotelaria com o coronavirus, diversos especialistas acreditam que alguns modelos de propriedade talvez terão que se reestruturar por completo. “Os hotéis que se sustentavam na aura do agito das áreas comuns, bares e restaurantes, podem ter que rever a estrutura e toda a sua comunicação. Pode ser que o apetite do cliente se volte justamente pelo contrário: ambientes mais calmos, com áreas amplas, controle de pessoas etc. A hospedagem em vilas, queridinhas de todos, podem ser preteridas, ou até impedidas, por falta de garantia nos procedimentos de higienização. E o mesmo pode acontecer com os hostels e as casas de serviços compartilhados como o Airbnb”, ressalta Sadao.

As redes e propriedades que estão acompanhando as novas tendências que começam a se desenhar neste momento de tantas dúvidas e instabilidades podem sair na liderança no momento da retomada. “Neste exato momento, entregadores na China têm sua temperatura monitorada a partir de gadgets que transmitem informações sobre o estado de saúde, em tempo real, para quem fez o pedido. Em um cenário onde as informações sobre os envolvidos no atendimento se tornem importante, é possível que medidas similares sejam adotadas por hotéis, companhias aéreas, restaurantes e profissionais como guias de turismo do mundo todo. As campanhas da hotelaria de luxo já apostam em uma guinada nesse sentido, a partir do retrato dos envolvidos, das comunidades de onde vem etc”, alerta Sadao.

Com o mundo todo focado na ideia de saúde, manter-se são deverá ser preocupação ainda mais constante para o viajante. Por isso mesmo, as ações e atividades ligadas a wellness, por exemplo, devem ganhar status fundamental na maioria das propriedades hoteleiras.”Se uma onda afirmativa em relação ao bem-estar, já em alta há algumas décadas, acontecer em todos os grupos da sociedade, é possível que a prática de esportes se torne uma espécie de atestado de saúde”, concorda Sadao.

Mas o que especificamente pode mudar no departamento de wellness da hotelaria com o coronavirus? “Por causa das restrições de espaço e adequações que, possivelmente, se tornem o novo normal, é provável que hotéis precisem criar áreas abertas, como rooftop gyms, ou que se reservem os espaços fitness com antecedência para garantir um hóspede, ou poucos, por vez. Espaços e equipamentos nos quartos também podem se tornar uma tendência. Já pensou termos que informar se é “com ou sem fitness” no momento da reserva?”, brinca. A empresária Evelyn Gavioli, da Pousada Estrela D´Água, concorda: “Estas experiências serão ainda mais valorizadas, principalmente as experiências voltadas à natureza e ao bem estar”.

Quem já era focado neste segmento pode sair na vanguarda. “A tendência do wellness já é uma realidade no Maitei desde janeiro de 2019 e já fizemos o investimento e a reformulação nesse sentido. Nosso hotel é referência no assunto e nos dedicamos permanentemente à procura e criação de vivências únicas e transformadoras”, diz Érika Sanches. E completa: “Acreditamos que destinos e comunidades sustentáveis irão se recuperar antes e melhor”.

Evelyn Gavioli, da Pousada Estrela d’Agua (acervo pessoal)

Mesmo com tantas portas fechadas temporariamente pela pandemia, é possível, sim, que a hotelaria já comece a atuar na vanguarda destas mudanças. Solidariedade e pro-ativismo nesta fase serão, mais do que nunca, essenciais. “Como disse o Washington Olivetto esta semana, não é hora de vender; é hora de oferecer serviço. E esse serviço não necessariamente será o que você tem como produto principal. A participação solidária no momento, auxiliando a linha de frente, será a melhor ação de relações publicas para hotéis de áreas atingidas”, diz Sadao.

E completa: “Em Londres, o Claridge’s está funcionando como residência para cerca de 40 profissionais da saúde que trabalham no hospital St. Mary’s, no bairro de Paddington. O Connaught e o The Berkeley estão produzindo comida para vários trabalhadores de linha de frente que atuam na crise. Exemplos acontecem em outras grandes cidades como Tóquio e Nova York se multiplicam. De acordo com as pesquisas reveladas na última semana pelo próprio Panrotas, esforços assim tendem a ser lembrados quando tudo isso passar”. Nós do Hotel Inspectors não poderíamos concordar mais – e inclusive já abordamos o tema aqui, aqui e aqui.

Dentre tudo o que pode mudar na hotelaria com a pandemia do novo coronavirus, as mídias sociais também podem ser instrumentos importantíssimos para manter a relevância da propriedade nestes tempos, mesmo para propriedades fechadas, estimulando uma conexão cada vez mais autêntica com os hóspedes. “A conexão via redes permite que o hotel demonstre o que está sendo feito, sem visões alienadas, mas de olho na urgência do momento”, afirma Sadao.  Na coluna da semana passada, mostramos alguns exemplos bem simples que alguns hotéis estão usando para tentar manter a conexão com clientes nas redes.

Erik Sadao (acervo pessoal)

Mas é preciso dosar bem a medida e entender exatamente o que o público quer e precisa neste momento; afinal, mais do que nunca, a conexão entre hotéis, trade e viajantes tem que ser absolutamente real. “Campanhas leves nas redes, com serviços que possam ser úteis para o publico que vive os dias de isolamento, como aulas de yoga ou pilates com os instrutores, aulas com chefs para pratos simples que são a assinatura do café da manhã do restaurante etc”, diz Sadao. E completa: “É possível que a gente presencie o final do conteúdo produzido pela indústria do entretenimento, séries e programas oficiais. Está na hora de proporcionar os quinze minutos de fama, que previu Andy Warhol, às equipes que fazem o serviço acontecer. No momento, elas são mais úteis do que os influenciadores de antes”.

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Leia aqui como deixar a casa com jeitinho de hotel nesta quarentena.

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Coronavírus e a proatividade na hotelaria

Sabemos que o turismo será infelizmente uma das indústrias mais impactadas com a pandemia da Covid-19. O segmento turístico, aliás, foi um dos setores que mais imediatamente começou a sofrer os efeitos destes nossos novos tempos, com uma quantidade sem precedentes de voos cancelados no mundo todo e também uma quantidade inimaginável de hotéis de todos os tamanhos e targets fechando provisoriamente suas portas. Da primeira à última semana do mês de março, em hotéis do mundo inteiro, o cenário não poderia ser mais diferente. E diversos hotéis independentes correm sério risco de fechar suas portas se este cenário se esticar por muito tempo. Mas, mesmo em plena pandemia do novo coronavírus, a proatividade na hotelaria segue extremamente necessária.

Mais do que apenas preencher cartas, documentos e abaixo-assinados pedindo ajuda governamental para manterem seus negócios em pé (que se faz necessária, sim, é claro), esta é também uma época em que parte da indústria hoteleira se mostra ainda mais pró-ativa. Urge utilizar o negócio hoteleiro para colaborar de alguma forma para ajudar (como for possível) que passemos por tudo isso mais rápido e que se repense estratégias para o futuro próximo. 

Várias “boas ações” da hotelaria foram citadas aqui na coluna na semana passada. De campanhas de arrecadação como da Lungarno Collection às redes hoteleiras que estão cedendo seus quartos sem custos a profissionais da saúde e sem-teto na Inglaterra, o setor felizmente começa a se posicionar solidariamente neste novo cenário que tem a maioria dos viajantes do mundo todo fechados em suas próprias casas para tentar frear um pouco o avanço do vírus. 

E é preciso, sim, ser solidário e investir em ações solidárias, mesmo com consideráveis investimentos, para que essa roda possa continuar girando lá na frente, “quando isso tudo passar”. O viajante já está prestando redobrada atenção nos players da hotelaria que estão se manifestando solidariamente, seja com iniciativas pequenas e pontuais (como os programas de fidelidade da Marriott e da Hilton ampliando a validade de pontos e status)  ou como iniciativas gigantes, como os hotéis que recebem sem custos profissionais da saúde. 

A proatividade na hotelaria frente ao novo coronavírus urge também que a hotelaria como um todo se reestruture, já que o nosso modo de viajar deve também mudar consideravelmente quando fronteiras forem reabertas e, com sorte, uma vacina for criada. E, mesmo agora, há espaço também para novas oportunidades no setor trazidas, de alguma maneira, pela própria crise na qual nos encontramos. 

Alguns países em destinos asiáticos – a primeira região do mundo a sofrer os efeitos da pandemia – podem dar exemplos interessantes. A ideia de transformar o propósito dos hotéis em uma espécie de QG da quarentena poderia, por exemplo, servir como uma maneira de ocupar parcialmente os quartos ociosos e gerar alguma renda neste período. 

A busca por um quarto de hotel hoje em dia vai desde viajantes de negócios e turistas que se viram repentinamente “ilhados” após o fechamento de fronteiras e cancelamento de voos até indivíduos que estão buscando lugares alternativos para se auto-isolar da família por duas semanas ante a possibilidade de terem sido expostos ao vírus. Isso, aliás, foi algo que na minha família mesmo consideramos para o último membro que chegou de viagem – e uma atitude que mais pessoas estão de fato adotando também no Brasil (para citar um exemplo bem público, Preta Gil escolheu um flat em São Paulo para seu auto-isolamento após ser diagnosticada com Covid-19).  

Em destinos asiáticos como a Tailândia, alguns hotéis já começam a anunciar inclusive seus “quarantine packages” para este público, com duração de duas semanas e preços bastante competitivos. Em alguns países, como o caso de Singapura, é inclusive mandatório que qualquer pessoa entrando no país faça sua quarentena por duas semanas, mantendo ainda abertas as portas da maioria de seus hotéis.

Em propriedades como as da rede tailandesa A-One, os pacotes incluem refeições entregues nos quartos em trolleys e a promessa de cuidar separadamente de pratos, talheres e roupas de cama e banho destes hóspedes em quarentena. E, é claro, a promessa de que o staff checará diariamente as condições de cada hóspede em quarentena e tomará as providências cabíveis caso algum deles necessite ser levado ao pronto-socorro. 

Na Suíça, o Le Bijou Apart-Hotel ganhou os holofotes do cyberspace nestes últimos dias ao anunciar pacotes de quarentena de alto luxo em seus apartamentos independentes. Numa jogada de marketing, os pacotes mais completos custam milhares de euros por dia e incluem também os serviços diários de médicos e enfermeiros, além de uma testagem para a doença. O upside fica por conta do fato de que passaram a oferecer estadia sem custos para profissionais da saúde em algumas de suas unidades – e alguns dos executivos da propriedade, incluindo o CEO, doaram seus salários para ações de solidariedade durante a quarentena.

O cenário para o turismo parece mesmo bastante desanimador para os próximos meses, mas a proatividade da hotelaria neste período pode ser a chave da retomada depois. Afinal, mesmo com as incertezas frente ao novo coronavírus, novas perspectivas para a hotelaria nacional e internacional, ainda que mínima e bem vagarosamente, devem continuar aparecendo para tentar preencher de alguma forma esse gap. Por aqui estamos torcendo muito.

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A hotelaria e o coronavírus

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Como é o novo Juma Ópera em Manaus

Foram dez longos anos de espera, entre o começo do projeto e a abertura oficial das portas (ainda em soft opening) no último dia 2 de fevereiro. Mas, enfim, podemos contar aqui como é o novo hotel Juma Ópera, em Manaus, que está finalmente inaugurado – e nós fomos os primeiros a conhecer a nova propriedade!

Localizado na avenida 10 de Julho, o novo Juma Ópera fica bem diante do Teatro Amazonas, e é um hotel boutique de apenas 41 quartos que deve transformar de vez o cenário da hotelaria da cidade. Os bons ventos hoteleiros já tinham começado a soprar sobre a cidade desde a inauguração do ótimo Villa Amazonia, também no centro histórico (falaremos dele aqui na coluna mais adiante), mas a verdade é que o Opera trouxe um padrão hoteleiro para Manaus.

A convite do hotel, fiquei hospedada no novo Juma Ópera, em Manaus, ainda em fevereiro, durante seu período de soft opening. O complexo do hotel-boutique é formado por dois casarões tombados e restaurados, somados a dois outros prédios construídos do zero no mesmo estilo, com total harmonia externa entre eles. Boa parte dos quartos, o restaurante e também o imperdível rooftop têm vista desobstruída para o genial Teatro Amazonas, inaugurado durante o Ciclo da Borracha. 

CONFIRA AQUI A REVIEW COMPLETA DO NOVO JUMA OPERA, em Manaus.

O ousado projeto foi comandado pelo arquiteto Roberto Vinograd e incluiu fiação toda estruturada de forma subterrânea para que a fachada ficasse livre para ser devidamente apreciada.  A decoração tem projeto assinado pela arquiteta Debora Aguiar, especialista no conceito eco-luxury, com tons suaves nos móveis e objetos e muitos quadros e objetos indígenas pelas paredes e ambientes, como os balaios Baniwa, confeccionados artesanalmente pelos índios desta etnia a partir das folhas de arumã tingidas com urucum e trançadas uma a uma.

Ao todo, são apenas 41 suítes de diferentes categorias e tamanhos (entre 23m² e 66m², com pé-direito alto), no novo Juma Ópera, em Manaus. Todas elas contam com charmosos balcões, e a maioria tem vista para o Teatro. Os quartos têm decoração primorosa, em tons claros e aconchegantes, sempre com elementos amazônicos nas paredes – fotos e objetos em cestaria. Roupa de cama e banho são de excelente qualidade. De alguns dos quartos, é possível ver a cúpula do Teatro Amazonas até mesmo da cabeceira da cama.

Clique aqui para ler sete dicas para tornar suas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

Não há água nem café/chá cortesia (tudo é cobrado no minibar e não há máquinas de café nos quartos) e a maioria dos quartos não é exatamente espaçosa; mas há boa funcionalidade em móveis acessórios, mesa de trabalho e armários. A internet grátis é de ótima qualidade, há bom isolamento acústico e os banheiros são bonitos, espaçosos e com bons secadores de cabelo. E a diferença de qualidade de serviço e conforto para o lodge do mesmo grupo na floresta é gritante.

A piscina instalada no rooftop do novo hotel Juma Ópera, com vista panorâmica de Manaus que chega até o rio e com o Teatro bem em frente, é realmente imperdível. Por enquanto restrita unicamente a hóspedes, é deliciosa, discreta, quietinha e com uma vista panorâmica realmente deslumbrante. Só não dá para esperar privacidade, já que o edifício mais alto do centro de Manaus fica logo atrás do hotel, com vista desobstruída para a piscina.

Conheça também o Juma Amazon Lodge, na floresta amazônica.

Foto: Mari Campos

Seu bar e restaurante Ópera, sob comando da chef Sofia Bandelak, já ficaram badalados na cidade: manauaras e turistas se encontram do café da manhã ao jantar no belíssimo restaurante de pé direito alto, com cúpula de vidro e vista para o teatro. O café da manhã ainda era bastante simples durante o soft opening, mas a ideia é passar a servir em breve (de acordo com a gerência do hotel) um bom serviço de buffet com pratos quentes à la carte.

O bar, anexo à recepção, criou uma carta bem empolgante, com drinks exclusivos voltados para ingredientes e sabores amazônicos – mas todos os clássicos estão também disponíveis, é claro. O bar atende também no charmoso terraço à frente do hotel, com petiscos e pratos rápidos, e a equipe de barmen (e barwoman!) é um encanto.

LEIA TAMBÉM: Os desafios da hotelaria na Amazônia durante a pandemia

O menu do restaurante Ópera, ainda que não definitivo nesta fase de abertura, ficou realmente excelente. Há pratos internacionais, mas a maioria deles reflete bem a riqueza e complexidade dos ingredientes e sabores locais. Tive a chance de, durante meus vários dias no hotel, provar diferentes pratos do cardápio e gostei muito de tudo que comi, de entradinhas à sobremesa. Os pratos mais inesquecíveis para mim foram o irretocável risoto de tacacá e o suculento pirarucu.

Há também uma academia e o hotel deve ganhar em breve nova recepção e entrada e também área de convenções. O hotel usa parcialmente energia solar no sistema de aquecimento e tem vários espaços revestidos por cerâmicas de vidro reciclado.

CLIQUE AQUI PARA LER A REVIEW COMPLETA SOBRE O HOTEL.

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Sustentabilidade na hotelaria no sul da Bahia

Há algum tempo, escrevi neste texto aqui sobre a necessidade da hotelaria encontrar seu equilíbrio com a sustentabilidade, mencionando diversas iniciativas em hotéis no exterior. Agora está na hora de falar um pouco de Brasil. Mais especificamente sobre sustentabilidade no sul da Bahia.

Afinal, há cada vez mais viajantes levando estas iniciativas seriamente em consideração antes de decidir-se ou não pela reserva em um determinado hotel e já entenderam que é preciso muito mais do que colocar nos banheiros aquele aviso para evitar a troca constante de toalhas.

Da água servida em garrafas de vidro nos quartos a sistemas de auto-suficiência energética, felizmente há hotéis levando isso a sério no Brasil também. Mas, infelizmente, eles ainda são pouquíssimos; muitos proprietários ainda preferem, por exemplo, os lucros oriundos da venda de água no frigobar que a iniciativa de oferecer gratuitamente água em garrafas de vidro, como tantas propriedades no exterior já fazem.

Na semana passada, estive em férias pela região sul da Bahia e escolhi me hospedar em duas propriedades hoteleiras com filosofias muito parecidas, e ambas extremamente focadas na sustentabilidade. Entretanto, vale ressaltar desde já que, apesar de muitos avanços e excelentes iniciativas, estas propriedades ainda têm diversas mudanças que poderiam e deveriam implementar diariamente para favorecer a sustentabilidade de seus negócios.

VEJA TAMBÉM: Oito pousadas para escapar no final de semana.

Em Trancoso, a escolhida foi a Pousada Mata N’ativa, uma pousada de charme a 500 metros do Quadrado e iguais 500 metros da Praia do Nativo. Além da localização acertadíssima, que permite ao hóspede fazer muita coisa sem nem tirar o carro do estacionamento, a pousada é pioneira na região em iniciativas sustentáveis, tendo inclusive selos internacionais de certificação.

Ali as fossas são 100% ecológicas, os quartos ficam dispostos em diferentes predinhos ao redor de um estupendo jardim e o restaurante utiliza somente produtos locais para o preparo das refeições. Mesmo no décor, a escolha foi por móveis, artistas e artesãos locais. Colabora com iniciativas de preservação da região.

Os quartos da Mata N’ativa são bastante confortáveis e contam todos com ar condicionado e varanda e amenidades Trosseau (alguns têm também hidromassagem). As diárias incluem um delicioso café da manhã em estilo buffet (com pratos quentes feitos individualmente na hora) e a infra-estrutura inclui ainda piscina, playground para os pequenos e uma sala para massagens – tudo sempre respeitando o ambiente. Ali até o sistema de wifi é diferenciado para não interferir no jardim de maneira nenhuma.

LEIA MAIS DETALHES SOBRE A POUSADA MATA N’ATIVA AQUI.

Também em Trancoso, a Etnia Casa Hotel (que, aliás, é agora composta por 7 Villas completíssimas, mas sem abrir mão dos serviços de primeira em hotelaria) também é outro bom exemplo de sustentabilidade no sul da Bahia. Prioriza os ingredientes 100% locais, valoriza os ítens locais na decoração e apoia diferentes projetos de sustentabilidade no turismo, como a Associação Despertar Trancoso e a Ilha de Alcatrazes.

Em Arraial D’Ajuda, é o Maitei Hotel quem sai na frente. Localizado a cinco minutos de caminhada da praia do Mucugê, o Maitei é inteiramente focado em sustentabilidade e utiliza 100% energia solar. São apenas 17 quartos, sendo 9 deles com vista para o mar, todos muito espaçosos, incluindo belíssimas varandas. Amenidades L’Occitane, hidromassagem, diferentes espaços de living, sala de massagens, academia e duas piscinas com vista panorâmica para o mar estão entre os atrativos.

Artesãos locais são os responsáveis pelas peças que decoram áreas comuns e quartos e ingredientes da região são a base para a gastronomia caprichada de seu restaurante, do café da manhã ao jantar. O que se faz absolutamente urgente ali é eliminar por completo o uso de plástico na propriedade. Porque não adianta investir nos canudos sustentáveis se água e amenidades ainda são entregues aos hóspedes em embalagens plásticas, certo?

LEIA MAIS DETALHES SOBRE O MAITEI HOTEL AQUI.

Estes exemplos de sustentabilidade no sul da Bahia valem entrar na wish list. Propriedades assim comprometidas ainda são infelizmente raras na hotelaria brasileira mas, de pouquinho em pouquinho, hoteleiros vão felizmente entendendo que é possível (e também parte do seu dever) investir pesado no turismo sustentável sem abrir mão dos altos padrões de serviço, deixando o hóspede duplamente satisfeito.

Dá pra ler mais sobre esta minha viagem e as hospedagens no sul da Bahia aqui e também aqui.

VEJA TAMBÉM: sete ideias para fazer suas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

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Hotel Inspectors Awards – os melhores hotéis do ano

2019 foi um ano pra lá de movimentado para a hotelaria no Brasil e no mundo, com muitas inaugurações, remodelações e reaberturas hoteleiras. Também foram anunciados neste ano diversos hotéis que abrirão suas portas em 2020 nos cinco continentes. E quais foram, afinal, os melhores hotéis do ano?

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Nós aqui do Hotel Inspectors também viajamos muito ao longo do ano que termina, e nos hospedamos em dezenas e dezenas de hotéis, das Américas à Oceania. Dos muitos que testamos ao longo de 2019, escolhemos nossos favoritos e vamos publicar nossa listinha em duas etapas.

A primeira edição dos Hotel Inspectors Awards lista aqui os melhores hotéis do nosso ano, incluindo propriedades de estilos e perfis muito diferentes, espalhadas pelo planeta. Na coluna de hoje, eu, Mari Campos, deixo aqui os meus hotéis favoritos, testados e aprovados ao longo deste ano.

Você confere o Hotel Inspectors Awards da Carla clicando aqui

Foto: Mari Campos

Hotéis Urbanos

Foram muuuuuitos os hotéis urbanos testados ao longo deste ano, incluindo várias experiências bastante ruins em destinos como a Califórnia. Mas, por sorte, também me hospedei em excelentes hotéis urbanos, sim. Valem a menção os queridinhos de outros carnavais, como o Hotel Barrière Le Fouquet’s em Paris, parte do selo Leading Hotels of the World, e o clássico Belmond Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

Mas é preciso destacar os meus “vencedores” nesta categoria, e são cinco, todos com excelentes localizações em suas cidades. Os melhores hotéis de do ano para mim no quesito “Hotéis Urbanos” são:

  • a ótima surpresa que foi o Trump Chicago (hotel corretíssimo, quartos super confortáveis e serviço de primeira);
  • o discreto The Beaumont London (um hotel com selo Preferred Hotels com o mais alto padrão de serviço que vi numa propriedade no ano todo);
  • o impecável Leela Palace (quartos charmosos, serviço irrepreensível e a mais linda rooftop pool de Delhi);
  • o novo Fauchon Hotel (outra propriedade do portfólio da Leading Hotels of the World, linda, descolada, sem frescuras, com quartos enormes, todos com vista para Paris)
  • e o encantador Hemingways Nairobi (com apenas 45 quartos enormes, todos com varanda, um verdadeiro oásis na capital do Quênia).

LEIA MAIS detalhes do incrível Fauchon Hotel aqui.

Uma das impecáveis suítes do RajMahal Palace, de apenas 14 quartos. Foto: Mari Campos

Hotéis boutique

Na categoria hotel boutique dos melhores hotéis do ano de 2019 tenho dois vencedores extremamente diferentes, mas ambos encantadores:

O primeiro, no Brasil, é a Vila d’Este, uma mistura de pousada e hotel boutique no pedaço mais charmoso de Búzios, no Rio de Janeiro. Quartos charmosos, serviço super acolhedor e terraço e piscina com a vista mais linda da armação.

LEIA MAIS detalhes sobre a Vila d’Este aqui.

O segundo, e hors-concours, é o incrível RajMahal Palace, em Jaipur, na Índia. A exclusivíssima propriedade do grupo Suján Luxury é parte do portfólio Relais&Chateaux e conta com apenas 13 quartos instalados na mansão que já foi residência do marajá de Jaipur (todos muito grandes, e cada um decorado com um papel de parede diferente). A propriedade, linda, é um oásis no caos da cidade, com direito a muito verde, uma deliciosa piscina e excelente restaurante – tudo com serviço irrepreensível e ótima localização.

Foto: Mari Campos

Pousadas

Duas pousadas merecem menção aqui neste ranking dos melhores hotéis do ano de 2019, e as duas localizadas na cada vez mais gostosa cidade de Tiradentes:

  • a Pousada Solar da Serra e a Pousada Aromas da Montanha. Ambas estão localizadas afastadas do centro histórico, mas com serviço cálido e personalizado e excelente café da manhã. A Aromas da Montanha tem alguns dos quartos mais charmosos da cidade (cada um com uma decoração diferente) e a Solar da Serra tem a piscina mais linda de Tiradentes, com vista panorâmica para parte da cidade e a incrível Serra de São José.

Leia mais sobre as melhores pousadas de Tiradentes aqui.

LEIA TAMBÉM: oito pousadas deliciosas para escapar no final de semana.

A bela fachada do Palácio que faz parte do Ananda in the Himalayas. Foto: Mari Campos.

Hotel spa

Dois hotéis testados neste 2019, muito diferentes entre si, merecem louvor aqui no ranking dos melhores hotéis do ano na categoria hotel spa: o belíssimo Les Sources de Caudalie, em Bordeaux, França, e o zen Ananda in the Himalayas, em Rishikesh, na Índia.

  • O Les Sources de Caudalie é uma espécie de resort, mas seu spa Caudalie é seu grande chamariz – e ali valem destaque também seus ótimos restaurantes e o charme absoluto da propriedade rodeada por vinhedos.
  • E o Ananda in the Himalayas é o hotel spa mais completo que já conheci, e o melhor no qual já me hospedei: ali cada hóspede é atendido individualmente, e tem um programa de atividades e massagens no spa totalmente personalizado (tudo baseado na medicina ayurvédica), assim como menu personalizado do (ótimo!) restaurante, baseado em seu dosha (elemento). Com o bônus dos ótimos quartos terem todos vista panorâmica para os Himalaias e a cidade de Rishikesh.

Leia detalhes do Les Sources de Caudalie aqui.

Anantara Kihavah. Foto: Mari Campos

Resorts

Agora na categoria “resorts”, meu ranking dos melhores hotéis do ano fica assim:

  • um dos meus resorts favoritos nas Américas: o delicioso Acqualina Resort, em Sunny Isles, Miami, parte do portfólio da Leading Hotels of the World.
  • Também merecem menções especialíssimas os resorts Belmond El Encanto, em Santa Bárbara, Califórnia, e Evolve Back Kamalpura Palace, em Hampi, na Índia. Ambos possuem quartos lindos, confortáveis e muito aconchegantes, e serviço simplesmente perfeitinho.
  • Mas os grandes vencedores na categoria resort do meu 2019 ficam nas incríveis Maldivas: os irrepreensíveis Soneva Fushi e Anantara Kihavah. Ambos resorts souberam unir o melhor da hotelaria das Maldivas (pense em farta oferta de excelentes restaurantes, bangalôs e beach villas de sonho, serviço infalível com mordomo para todos os quartos etc) com o máximo em sustentabilidade também (essencial sobretudo em um destino como as Maldivas). Ambas propriedades ainda sabem conjugar com maestria ambientes simplesmente perfeitos tanto para casais em viagens românticas como para famílias com crianças pequenas. Falo mais sobre eles aqui e aqui também.

LEIA MAIS sobre alguns dos melhores resorts das Maldivas aqui.

Foto: Mari Campos

Safári Camps

E, como alguém que faz religiosamente safáris africanos todos os anos, eu não poderia deixar de fora a categoria safári camp. Os melhores safári camps do ano foram duas novas propriedades: os irrepreensíveis Mara Nyika e Nimali Mara.

  • O Mara Nyika é o novo camp da Great Plains Conservation em uma área de conservação vizinha a Maasai Mara, no Quênia, com apenas quatro enormes e exclusivíssimas tendas. Serviço irrepreensível, dos quartos ao restaurante e game drives.
  • Mesma vibe tem o Nimali Mara, o camp de luxo da Nimali África na porção norte do Serengeti, na Tanzânia. As tendas ganharam hotel vibes com frentes todas em vidro e deliciosas áreas externas, tudo de cara para o Serengeti. E o Nimali Mara tem as mais espetaculares ideias para fazerem refeições ao ar livre de maneira personalizada para cada hóspede, do café da manhã ao jantar. Ambos camps são totalmente sustentáveis e diretamente voltados para conservação e preservação de vida selvagem. Em ambos está tudo incluído, inclusive lavanderia.

LEIA MAIS sobre excelentes safári camps e lodges de safári aqui.

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Que baita ano na hotelaria, não é mesmo? <3 Tomara que esta minha lista para o Hotel Inspectors Awards possa inspirar muito suas futuras viagens!

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