Piscina do Sheraton, resort urbano no Rio

Staycation: como é se hospedar em um resort urbano no Rio

Biossegurança, protocolos, staycation são palavras com novos significados na pandemia de Covid-19. Staycation, algo como férias na própria cidade ou nos arredores, vem do inglês (stay + vacation) e continua sem tradução em português. É algo que já fiz algumas vezes no Rio de Janeiro, onde moro, e que ganhou outro sentido com a pandemia. Depois de quase oito meses, meu primeiro check-in foi em um resort urbano no Rio, o Sheraton Grand. A ideia da escapada era aproveitar a mudança de ares para descansar, trabalhar e vivenciar as mudanças pelas quais a hotelaria está passando. Recentemente, fui conferir como estão funcionando os restaurantes de hotéis na orla carioca. Agora dei mais um passo.

Esta staycation durante a pandemia foi em hotel de grande rede internacional (Marriott), com procedimentos claros e que reunia tudo o que eu buscava naquele momento. Mas há muitas propriedades pequenas em que tudo também está certo. O importante é escolher o que melhor se adequa ao que cada um procura. No meu caso, buscava um lugar perto de casa, de frente para o mar, em meio ao verde, com ar puro e espaço para praticar distanciamento social sem esforço e recuperar um pouco os movimentos fazendo uma das coisas que mais gosto na vida: viajar. Ainda que para um destino realmente hiperlocal, a menos de 10 km do meu endereço.

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Sheraton Grand Rio, resort urbano de frente para o mar

Décadas antes de pensarmos em pandemia, o Sheraton Grand Rio já se destacava por ser um resort urbano com ampla área de lazer ao ar livre. Há 46 anos entre as praias do Leblon e de São Conrado, com vista livre para o Oceano Atlântico, foi renovado para as Olimpíadas de 2016 e está bem conservado. O hotel, o primeiro de marca internacional no Rio, fica perto das melhores praias cariocas, de bares e restaurantes e do comércio.

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Fui durante a semana e transformei o home office em room office: a staycation foi também uma workcation com vista para o mar. Encontrei poucas pessoas (todas respeitando as regras, inclusive o uso obrigatório de máscara nas áreas comuns), ambientes limpos e serviço acima da média com equipe gentil e eficiente. O Sheraton Grand Rio retomou as atividades em setembro de 2020 seguindo os novos procedimentos de limpeza da Marriott International sobre o qual já escrevi aqui (detalhes no site da rede). O hotel tem também os selos de conscientização brasileiros municipal, estadual e federal.

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Biossegurança: álcool gel por toda a parte e menus por QR code

O check-in pode ser feito pelo aplicativo Marriott Bonvoy ou, rapidamente, no lobby imenso e vazio, com álcool gel, barreira em acrílico protegendo os funcionários e marcação no piso. Os elevadores têm avisos lembrando que eles não devem ser usados por mais de duas pessoas de bolhas diferentes, além de álcool gel ao lado das portas e nas cabines.

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Os quartos, com decoração clássica, estão disponíveis em diversas configurações. Vale a pena investir em uma das opções com vista para o mar. Na chegada, o aviso na porta diz que ninguém entrou depois da limpeza. Um código QR leva ao menu do room service e do minibar, agora abastecido sob demanda. O Wi-Fi funciona perfeitamente.

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Lazer: Uma das maiores áreas ao ar livre da hotelaria carioca

Há álcool gel por toda a propriedade, com destaque para os totens que funcionam por aproximação no acesso à área de lazer. Com muito verde e voltado para a praia, o ambiente ao ar livre é espaçoso e não favorece aglomerações. Há duas piscinas (a infantil, no momento, abre apenas nos fins de semana), uma jacuzzi, duas quadras de tênis e espreguiçadeiras por toda a parte. A trilha sonora às vezes pode ser animada demais para um ambiente tão tranquilo, mas basta se afastar um pouco das caixas de som para ouvir apenas o barulho do mar. Academia de ginástica, salão de beleza e saunas seca e a vapor ficam no Shine Spa e funcionam com hora marcada. A área de lazer do resort também pode ser aproveitada em day use.

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Uma escadinha em madeira leva direto à Praia do Vidigal. Que não é privativa do hotel, mas parece. O outro único acesso é por uma escadaria que sai da Avenida Niemeyer. Durante a semana a prainha, com faixa de areia de 500 metros de extensão, costuma estar vazia.

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Comes e bebes: restaurantes reabrindo aos poucos e bom room service

A área de alimentos e bebidas do Sheraton Grand Rio é onde mais se nota os efeitos da pandemia. Nos dias de semana, funcionam apenas o bar da piscina (12h às 17h) e o restaurante Casarão (das 6h às 23h). O cardápio à la carte é variado, as mesas estão afastadas umas das outras e o restaurante tem uma gostosa varanda aberta. Mas para quem não pretende sair do hotel durante a semana acaba sendo monótono fazer todas as refeições no mesmo lugar.

O Club Lounge está aberto apenas durante a tarde para um café expresso ou uma água. Estão suspensos o serviço de café da manhã e a happy hour. Às sextas-feiras e aos sábados abrem na parte da tarde e à noite a Casa da Cachaça (de pizzas, petiscos e sanduíches, vizinha do Casarão na área das piscinas); o Lobby Bar e o L’Etoile, restaurante gourmet no 26º andar.

Atualização: O restaurante italiano Bene foi reaberto em janeiro de 2021, com novo design e bar de drinques.

O room service funciona bem e os pratos chegam na temperatura certa, mas o cardápio é bem menor do que o do restaurante. Já no café da manhã a melhor opção é mesmo pedir no quarto. O café farto chega muito bem apresentado. Com o room service, dribla-se o ponto em que o Sheraton poderia fazer melhor: o bufê de refeições self-service. Aqui o hotel segue o novo padrão de bufê pandêmico de resort, com muito plástico (espere encontrar laranjas com casca embrulhadas em filme de PVC), e pré-pandêmico, com desperdício de comida.

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Antes de ir

Com o aumento dos casos de Covid-19 em todo o país, inclusive no Rio de Janeiro, o cenário ainda é de incerteza. Antes de planejar uma staycation ou um day use é importante confirmar com o hotel, qualquer que seja a categoria, quais serviços estão funcionando e as regras da propriedade. E, claro, ter bom senso para avaliar se é um bom momento para uma escapada.

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Búzios, Rio de Janeiro

Desafios do turismo no Rio de Janeiro

O turismo representa cerca de 3% do PIB do Estado do Rio em 2019, segundo a Secretaria estadual de Turismo (Setur-RJ). O índice já foi maior, mas ainda é significativo. Atrair visitantes durante uma pandemia que não acabou, estimular viagens pelo estado e promover o turismo seguro e consciente passa por sustentabilidade, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Conversei sobre caminhos, desafios e tendências do turismo no Rio de Janeiro com Adriana Homem de Carvalho, secretária de Turismo do estado; Alexandre Sampaio, da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação); Fernando Alves da Silva, diretor de programas sociais do Sesc Rio; Fernando Blower, presidente do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro), e Pedro Guimarães, diretor-presidente da Apresenta Rio, associação de promotores de eventos. Destaco a seguir pontos importantes relacionados à hotelaria.



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Impacto social e ambiental

Com a palavra Fernando Alves da Silva, do Sesc Rio, integrante do sistema Fecomércio: “Agora é a hora das empresas valorizarem os critérios ESG (Environmental, Social and Governance, ou meio ambiente, social e governança). As companhias que vão sobreviver são as que seguem estas premissas, envolvendo de colaboradores e fornecedores a clientes. É preciso planejar as ações ambientais e sociais parar gerar resultados tangíveis, auditáveis”.

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Fernando Blower, do SindRio, destaca a premência da questão social: “Para cada emprego informal gerado, você perde um formal. Sustentabilidade é o caminho. Temos que abraçar o social e o ambiental. Limpeza e higiene são itens básicos em bares e restaurantes. Logo em seguida estão a origem e a qualidade dos ingredientes, e o acolhimento e a empatia com colaboradores, fornecedores e clientes. Bares e restaurantes atraem turistas. E as pessoas procuram cada vez mais marcas que combinem com seus valores”.

Leia mais: Como estão funcionando os restaurantes de hotéis do Rio

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Números da hotelaria no Estado do Rio

Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostram que, entre março e agosto de 2020, mais de 40 mil estabelecimentos do setor de viagens e turismo fecharam definitivamente, sendo 5.400 meios de hospedagem. Alexandre Sampaio, da FBHA, que reúne oito sindicatos patronais do Rio de Janeiro, destaca que 70% dos hotéis da cidade do Rio estão abertos (no país o índice chega a 90%), ainda que não com oferta plena de quartos. O panorama é similar nos principais polos hoteleiros fluminenses: “A ocupação média na cidade do Rio e em algumas outras cidades do estado durante a semana está entre 18% a 25%, podendo chegar a 35%. Nos fins de semanas a taxa de ocupação passa de 40%. Com protocolos gerando confiança esperamos superar a crise. Biossegurança é fundamental para que o turista retorne aos hotéis”.

Leia mais: Como estão funcionamento os hotéis do Rio durante a pandemia

Sobre protocolos, Fernando Alves, do Sesc, ressalta a importância de cada um fazer a sua parte: “O público precisa entender que cada cidade tem os seus protocolos, e que eles podem ser diferentes entre si. A sociedade deve exigir informação em tempo real, de maneira transparente”.

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Morro Dois Irmãos visto da piscina do hotel Praia Ipanema, no Rio | Foto de Carla Lencastre
Eventos e os desafios do turismo no rio de janeiro

O Rio de Janeiro sediou em meados de outubro um dos primeiros eventos presenciais em tempos de Covid-19: a feira de artes plásticas ArtRio, realizada na Marina da Glória. Eventos atraem visitantes e aumentam a taxa de ocupação dos hotéis. Impacto ambiental e social faz parte da concepção de eventos, que são o primeiro emprego de muita gente. Mas eles geram aglomeração. Pedro Guimarães, da Apresenta Rio, acredita que a união do setor em relação aos protocolos é o caminho. “Medidas de biossegurança serão por muito tempo incorporadas à rotina do dia a dia. Quem não cumprir pode impactar o outro. Sabemos que os eventos estão no final da fila. Mas somos habituados a trabalhar com medidas cíclicas e flexíveis de organização de processos, de adaptação de rotinas e de implementação de experiências.”

Leia mais: Como hotéis e eventos podem neutralizar as pegadas de carbono

Lumiar, na serra fluminense | Foto de Carla Lencastre
O Estado do Rio e o selo do WTTC

A Secretaria de Turismo do Estado do Rio é embaixadora do selo Safe Travels do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC na sigla em inglês) e pode certificar prestadores de serviço públicos e privados do Estado. Os candidatos precisam ter o selo Turismo Consciente, com protocolos de biossegurança criados pela própria Setur-RJ e validados pela Secretaria estadual de Saúde. Tanto o Safe Travels do WTTC quanto o Turismo Consciente do Estado Rio são selos de conscientização. Ou seja, a empresa se compromete com os protocolos de biossegurança, mas não há fiscalização.

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A reabertura para o turismo de Búzios, Angra e Paraty

Entre os estados brasileiros com o Safe Travels estão São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Ceará. No Rio de Janeiro, além de criar protocolos de biossegurança para os 92 municípios do estado, mais recentemente a Setur-RJ começou a elaborar campanhas para atrair visitantes do próprio estado e de estados vizinhos. A Mais Rio por Menos, por exemplo, tem vários hotéis parceiros como Fairmont Copacabana, Miramar by Windsor, Santa Teresa MGallery e Sheraton Grand.

Leia mais: Como é o Fairmont Copacabana, inaugurado em 2019

Copacabana refletida no Alloro by Miramar | Foto de Carla Lencastre

A minha conversa sobre os desafios do turismo no Rio de Janeiro foi promovida pelo Sesc e realizada pelo jornal carioca O Globo. Está no disponível no YouTube. Para assistir não é preciso ser assinante do jornal nem fazer cadastro. Basta clicar aqui.

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Praia de Copacabana vista da piscina do hotel Miramar

Quais são as mudanças nos hotéis na pandemia

Muitas previsões foram feitas sobre as mudanças nos hotéis ao longo da pandemia. Agora já podemos começar a analisar quais as transformações que vieram ou não para ficar. Lembrando que para aumentar as chances de uma viagem segura é fundamental o respeito às novas regras e ao próximo. De nada adianta hoteleiros manterem os ambientes ventilados, criarem elaborados protocolos de biossegurança e investirem em treinamento se os hóspedes se aglomerarem e não usarem máscaras nas áreas comuns.

Leia também: Hotéis investem em bem-estar durante a pandemia

A pandemia ainda não acabou. Mas é possível pensar em escapadas sem aglomeração. Pesquisa do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) realizada entre o final de setembro e o início de outubro de 2020 mostra que 90% dos quartos de 876 hotéis de rede em mais de 200 municípios do país estão disponíveis para receber hóspedes. Em São Paulo, 90% dos quartos de 127 hotéis estão abertos, com um total de 23.843 acomodações em hotéis de rede. No Rio de Janeiro, são 70% dos quartos de 10.205 em 50 hotéis.

Leia também: De predador a construtor, é a vez do turismo regenerativo

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O que mudou

Reforço na limpeza

A principal de todas as mudanças nos hotéis na pandemia. De grandes redes a pequenas pousadas há muita gente se esforçando para pesquisar, implementar e fiscalizar novos procedimentos de higienização e sanitização.

Marriott, Hilton, Accor… Os maiores grupos hoteleiros anunciaram mudanças nos procedimentos de limpeza logo nas primeiras semanas da pandemia. Novos cargos ou mesmo departamentos inteiros foram criados para profissionais de biossegurança. Associações de propriedades independentes, inclusive as brasileiras Circuito Elegante (com o selo Safe&Clean) e Roteiros de Charme, também investiram em treinamento, inspeções, certificações. Álcool gel 70 por toda a parte é apenas o detalhe mais aparente de todas estas transformações. Atualmente há mais evidências de transmissão do vírus pelo ar do que pelo contágio de superfícies. Então usar máscara é fundamental para que as medidas de higiene sejam efetivas.

Leia também: O que muda na limpeza dos hotéis com a covid-19

Mudanças nos hotéis na pandemia: balcão de check-in/check-out protegido por acrílico no Miramar by Windsor, em Copacabana
Balcão protegido por acrílico no lobby do Miramar by Windsor, em Copacabana | Foto de Carla Lencastre
Experiências de baixo contato

Check-in e check-out virtual existiam antes da covid-19 em hotéis de diferentes categorias. O serviço cresceu durante a pandemia. Mesmo em hotéis que optaram por manter check-in e check-out no lobby, há procedimentos sendo feitos com contato mínimo. Aplicativos de hotéis também são outro exemplo do que já existia e aumentou durante a pandemia. Hotéis de luxo usam os apps para que os hóspedes tenham um canal de comunicação em tempo real sem perda de qualidade do serviço; hotéis midscale de grandes redes têm chaves virtuais nos telefones; resorts fazem agendamento de atividades de lazer… Cardápios de restaurantes e minibares sob demanda e menus de tratamentos do spa por QR code também foram adotados por muitas propriedades.

Leia também: Cinco inovações que vão transformar a hotelaria

Mudanças nos hotéis na pandemia: menu com QR code do restaurante Alloro, no Miramar by Windsor
Menu com QR code do restaurante Alloro, no Miramar by Windsor | Foto de Carla Lencastre
adaptação do espaço físico

Room office, hotel schooling, estadia prolongada e buyout (a opção de reservar uma propriedade inteira para o turismo de isolamento de uma bolha de hóspedes) são alternativas encontradas por hotéis urbanos, resorts e pousadas para aproveitarem estruturas ociosas de eventos ou simplesmente aumentarem as taxas de ocupação. Principalmente durante a semana, porque nos fins de semanas e feriados muitos alcançam os 100% de lotação máxima permitida pelas regras estaduais e municipais. Nos Estados Unidos, há hotéis de rede fazendo parcerias com empresas especializadas em co-working, que garantem a qualidade dos serviços necessários para o trabalho.

Tarifas promocionais para stacycation ou workcation e políticas de cancelamento e remarcação mais flexíveis acompanham estas novas iniciativas. Nos EUA, as extended stays têm uma nova marca de hotel: SureStay Studio, da rede americana Best Western. A primeira unidade foi aberta em setembro em Charlotte, na Carolina do Norte, e outras 27 estão a caminho.

Leia também: Plástico é a obsessão dos resorts brasileiros na era covid-19

O que não mudou (pelo menos não até agora)

Bufês self-service

No início da pandemia, pouca gente tinha dúvida que bufês self-service saíriam dos hotéis para entrar na história. Afinal, fazer refeição em bufê é considerada atividade de alto risco como mostra a tabela da Associação Médica do Texas reproduzida por diversos órgãos de mídia. A associação Resorts Brasil não recomenda. Mas os bufês seguem inabaláveis.

Leia também: O bufê de hotel na pandemia

comunicação digital

Outro item sobre o qual havia poucas dúvidas. Comunicação digital clara seria o novo normal na hotelaria. Sete meses depois há numerosos hotéis que sequer mencionam os novos protocolos em seus sites ou com informações diferentes, às vezes conflitantes, no site e nas redes sociais. Talvez estes mesmos lugares ofereçam informações detalhadas aos agentes de viagem, mas não para o consumidor. Fica a ressalva de que há também o extremo oposto: hotéis com ótimos exemplos de comunicação digital.

Leia também: O que fazem os hotéis nas redes sociais na pandemia

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sustentabilidade

A pandemia fez com o planeta desse um passo atrás na redução do plástico de uso único. O aumento de plástico descartável na hotelaria até pode fazer sentido em um primeiro momento, por conta da sensação de segurança que passa. Mas, até agora, ainda não vi nenhum hotel explicando claramente como descarta os resíduos, que aumentaram muito. Nem mesmo propriedades com várias boas práticas realmente sustentáveis. Fracassamos.

Leia também: Plástico é a nova obsessão de hotéis brasileiros

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Uso de plástico nos resosrts do Brasil na era covid-19: garrafas PET recolhidas no mar

Plástico é a nova obsessão dos resorts no Brasil na era covid-19

O turismo nacional está recomeçando lentamente e já dá para perceber que plástico descartável por toda a parte é a nova obsessão dos resorts no Brasil na era covid-19. Nas últimas semanas assisti a vídeos mostrando toalhas, tapetes de banheiro e papel higiênico envelopados um a um e até amenidades e garrafas de plástico embrulhadas em… plástico. É como se o material tivesse um poder sobrenatural de garantir que um objeto não está contaminado pelo novo coronavírus.

O apego desmedido ao plástico não faz sentido do ponto de vista da ciência. Nem do bom senso. Como garantir que o filme de PVC que embala a garrafa não está contaminado? Plástico tem um grande impacto na poluição marinha e o setor de hospitalidade precisa reduzir o uso e cuidar do descarte adequado. É fundamental que hóspedes e agentes de viagem cobrem novos protocolos não apenas de biossegurança mas também de sustentabilidade. Afinal, turismo sustentável começa pelas escolhas que cada um faz.

Algumas pessoas que já voltaram a viajar me disseram que se sentem mais seguras em um mundo embalado a plástico. Entendo a sensação, afinal é um material fácil de limpar. Porém, de um modo geral, contágio por superfície é evitado mantendo mãos limpas, seja com água e sabão ou com álcool 70%. O hóspede assintomático na piscina ou no restaurante pode ser vetor de transmissão do novo coronavírus. Já embalagens de amenidades ou de bebidas em alumínio, plástico e vidro são facilmente laváveis com água e sabão caso o cliente desconfie da higiene do quarto.

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Leia mais: É seguro usar de piscina de hotel durante uma pandemia?

Plástico é a nova obsessão dos resosrts do Brasil em tempos de covid-19: piscina de hotel brasileiro pré-pandemia
Piscina de hotel brasileiro pré-pandemia | Foto de Carla Lencastre

As insustentáveis luvinhas Do bufê self-service

Há excesso de plástico também no bufê de refeições de self-service dos resorts, atividade classificada como de alto risco na pandemia e que muitos hotéis insistem em manter. Além de ser cada vez menos justificável a exaltação ao desperdício de comida, os bufês agora fazem uma elegia ao plástico de uso único. Os talheres são embalados, às vezes um a um, e os hóspedes recebem luvas descartáveis cada vez que vão se servir.

Quando o bufê é assistido, com funcionários servindo, o uso de plástico diminui. Vale ressaltar que talheres envelopados em plástico chegaram a hotéis que oferecem apenas serviço à la carte. É um problema ambiental gigantesco criado pela hotelaria, e ainda não encontrei um empreendimento brasileiro que deixe claro como pretende descartar a novidade.

Leia mais: Como ficam os bufês de hotel em tempos de covid-19

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O que diz a Resorts Brasil

Passei algumas semanas observando nas redes sociais fotos e vídeos de hóspedes de resorts que fazem parte da Associação Brasileira de Resorts. Dos 52 hotéis associados, 51 estão funcionando (o 52º é o Ocean Palace, em Natal, com reabertura marcada para o próximo dia 30). A Resorts Brasil tem em seu site um Guia para o Viajante Responsável, feito em parceria com 27 (!) entidades, e detalhados protocolos para os hoteleiros.

Leia mais: Os desafios da retomada do turismo no Estado do Rio

Na cartilha com procedimentos de higiene e segurança, validados pela Anvisa e por sete associações, não há nenhuma orientação sobre plástico descartável. No caso dos bufês, a recomendação é que o serviço seja assistido, com estações de alimento protegidas por acrílico e funcionários servindo os hóspedes. Para os frigobares, a orientação é abastecer sob demanda ou higienizar cada item individualmente entre um hóspede e outro. Um dos itens do manual destaca o uso de canais de comunicação digitais para informar sobre protocolos de segurança, o que a maioria dos hotéis brasileiros ainda não faz mesmo depois de seis meses de pandemia.

Já no guia do viajante o texto até chama a atenção para o uso excessivo de plástico, lembrando da importância de se evitar consumir produtos em embalagens plásticas, e orienta sobre o descarte de máscaras, que não podem ser misturadas com lixo reciclável. Sustentabilidade aparece como uma prioridade em um dos três eixos de atuação da associação e há um grupo de trabalho dedicado ao tema. Mas nenhuma informação sobre como lidar com a overdose de plástico de uso único gerada pela pandemia.

Mesmo resorts que têm em seus sites páginas dedicadas a promover medidas sustentáveis de verdade, como o uso de energia 100% limpa e ações de impacto voltadas para as comunidades locais, não fazem menção às medidas de redução do plástico ou ao descarte.

Leia mais: O que realmente mudou nos hotéis em sete meses de pandemia

‘Plástico é medida cosmética’

Conversei sobre o uso indiscriminado do plástico na hotelaria nacional com a jornalista Ana Lucia Azevedo, há mais de três décadas especializada em ciência e saúde. Com vários prêmios na área, ela está cobrindo a pandemia para o jornal O Globo. Ao longo de seis meses entrevistou muitos especialistas sobre o novo coronavírus. “Embalar produtos em plástico é medida de efeito cosmético no que diz respeito à covid-19 e potencialmente poluente. Ao abrir o plástico, o cliente se exporá da mesma forma ao novo coronavírus. O importante é garantir a higienização. O aumento do consumo de plástico impacta os oceanos, que já sofrem com uma poluição sem precedente, comprometendo a qualidade da água e mata animais”.

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Plástico pode, e deve, ser substituído

Semana passada, saí pela primeira vez para ir almoçar fora na pandemia. Escolhi o Arp, agora com mesas ao ar livre no calçadão do Arpoador. É um dos meus restaurantes de hotel preferidos no Rio de Janeiro, onde moro. O cliente recebe em embalagens de papel álcool em gel 70% e um envelope para guardar a máscara. Talheres e guardanapos chegam em embalagens de papel. É possível trilhar bons caminhos em meio a pandemia.

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Recreação infantil na hotelaria durante a pandemia

Temos mostrado aqui, toda semana, o quanto a hotelaria mudou nestes últimos seis meses. Em tempos de Covid-19 e da necessidade de distanciamento social, o mundo mudou e os turistas também estão mudando, é claro. Mudanças culturais importantes estão acontecendo nos hotéis e também mudou a forma como muitos viajantes encaram a recreação infantil na hotelaria durante a pandemia. 

Sabemos que parte do grande atrativo de hotéis-fazenda e resorts focados em famílias sempre foi a recreação infantil. Brincadeiras realizadas em grupo, com monitores eram sinônimo de sossego absoluto para os pais. Mas hoje alguns pais se assumem cheios de questionamentos sobre a segurança da retomada destas atividades. E uma parte significativa ainda não tem coragem de deixar os filhos participarem das mesmas.

Na prática, as propriedades hoteleiras no Brasil que já retomaram suas atividades estão trabalhando o entretenimento dos hóspedes seguindo seus protocolos de saúde e segurança, mas de maneira muitas vezes diferente entre si, gerando certa confusão em turistas que já frequentaram mais de um hotel ou resort na pandemia.

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Foto: Mavsa/Divulgação

Como a recreação infantil está funcionando em geral

Além do óbvio distanciamento social obrigatório em áreas de lazer (como piscinas), existem hoje diferentes normas no funcionamento da recreação infantil na hotelaria brasileira durante a pandemia. 

Há pousadas, hotéis e resorts que ainda mantém parte do seu espaço comum destinado a esse fim e do seu serviço de recreação infantil suspensos por enquanto, até que os mesmos estejam realmente adequados de forma segura para esses novos tempos. Outros estabelecimentos modificaram o serviço de monitoria infantil oferecido, investindo em atividades recreativas pontuais, com menos participantes, e com atenção redobrada à higiene pessoal dos pequenos. 

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A maioria das atividades agora acontece em locais ao ar livre (na ausência de chuvas, é claro), dividindo as crianças em grupos menores. Monitores estão sempre com máscaras e geralmente “armados” com frascos de álcool gel como parte do uniforme, aplicando o produto frequentemente não apenas nos pequenos como em si mesmos ao longo das atividades.

Apesar da existência de um cronograma de atividades diárias nestes hotéis e resorts durante a pandemia, os pais passam a ser coadjuvantes importantíssimos em boa parte das atividades recreativas. As crianças agora, por exemplo, passam a ser geralmente entregues de volta aos pais tanto para brincar na piscina (ou demais atividades aquáticas) quanto na hora das refeições, numa tentativa de garantir maior segurança e controle de higiene e distanciamento social entre elas nestas horas.

“Os hotéis estão todos seguindo seus protocolos. É bom lembrar que a segurança depende muito também da postura do hóspede. É preciso que quem decidir viajar agora esteja sempre muito atento e disposto a seguir todas as regras estabelecidas”, diz a jornalista Tarcila Ferro, editora-chefe da revista Viajar pelo Mundo, que tem viajado com os filhos pequenos nos últimos meses.

LEIA TAMBÉM: Como ser um bom hóspede durante a pandemia

Dúvidas sobre segurança ainda são comuns

Com tantas novas regras, diferentes protocolos e a necessidade de seguir mantendo o distanciamento social para frear os avanços do novo coronavírus na retomada do turismo, nem todos os pais já se sentem seguros o suficiente para deixar os pequenos participarem das atividades recreativas em grupo dos hotéis.

A jornalista Tarcila Ferro esteve recentemente com a família em quatro resorts diferentes no país – Tauá Atibaia, Mavsa Resort, Santa Clara Eco Resort e Malai Manso – e faz parte desse grupo mais ressabiado. “Crianças menores querem contato, não entendem o distanciamento social. Por mais que monitores marquem o chão ou usem bambolês para tentar manter a distância entre elas nas atividades, elas baixam as máscaras assim que começam a correr, tocam umas nas outras, é muito complicado”, diz.

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Tarcila conta que as escapadas foram proveitosas mesmo assim, sem a socialização das crianças. “Queríamos viajar, mas manter nosso distanciamento social. Meus filhos também não fizeram questão da recreação, estavam mais interessados em curtir a piscina”, explica.

Espaços fechados dedicados a crianças e adolescentes em hotéis, pousadas e resorts brasileiros andam com funcionamento bastante variável. As brinquedotecas do Malai Manso, do Mavsa Resort e do Tauá Atibaia, citados aqui, seguem fechadas e sem previsão de reabertura. No Santa Clara Eco Resort, por outro lado, a brinquedoteca já está funcionando, com número limitado de crianças permitidas por vez. 

Há propriedades, como o Pratagy Beach Resort, em Maceió, que criaram também grupos de Whatsapp para os pais ou responsáveis pelas crianças participantes das atividades propostas pelo Kids Club Pratagy durante a hospedagem. A ideia é, mantendo-os informados o tempo todo sobre o que as crianças estão fazendo e como cada atividade seguinte vai ser executada, tentar tranquiliza-los e fazer com que todos aproveitem melhor a estadia no hotel.

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A onda do homeschooling

Na pandemia, com tanta gente em trabalho remoto, a indústria hoteleira internacional já vinha desde julho falando em “resort office“. Muitos hotéis criaram também o conceito de room office. Afinal, não apenas as atividades específicas de recreação infantil na hotelaria durante a pandemia estão atraindo a atenção de quem viaja em família. 

A tendência de adaptar hotéis para home office e homeschooling começou no exterior, com o verão no hemisfério norte. Até mesmo hotéis não necessariamente focados em famílias perceberam rapidamente que existia ali um filão importante para tentar aumentar seus índices de ocupação durante a semana. 

É o caso, por exemplo, do hotel boutique Esencia, na Riviera Maya, México, que foi ainda mais longe: incluiu nas diárias não apenas a estrutura para homeschooling e home office no hotel, como contratou staff exclusivamente dedicado para assessorar as crianças e adolescentes no EAD por até cinco horas diárias – enquanto os pais descansam ou fazem home office nas dependências do hotel.

Muitos hotéis e resorts brasileiros finalmente começaram a abrir os olhos para essa tendência também neste segundo semestre, como o Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, que criou programas focados nisso.

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Crédito: Accor/Divulgação

Estruturas adaptadas para pais e filhos

Algumas propriedades estão transformando sua estrutura para negócios e convenções, totalmente ociosa desde o começo da pandemia, em espaços comunitários de trabalho e estudo com o devido distanciamento social. 

Assim, pais podem aproveitar a estrutura caprichada do local – ar condicionado, mobiliário adequado para trabalho e internet de alta qualidade, por exemplo – para conciliar as necessárias horas de home office e escola durante a semana com o conforto das demais instalações do hotel, o prazer de um mergulho na piscina no final do dia ou qualquer outra atividade de lazer segura oferecida. 

Tarcila testou também o sistema oferecido agora pelo resort Tauá Atibaia, que criou espaços de co-work com três mesas distantes uma das outras em cada sala de eventos. “É bem melhor que trabalhar no quarto, sem dúvidas. Iluminação muito melhor, internet de ótima qualidade, sem a televisão ligada das crianças”, conta Tarcila. 

O serviço de homeschooling oferecido pelo hotel também funciona com três mesas para três crianças por sala, adaptadas para crianças e adolescentes de diferentes idades. “Acho que funciona melhor para crianças maiores e para adolescentes, que têm mais disciplina e se dispersam menos durante o estudo ali”, observa Tarcila. O resort oferece nestes espaços sucos, água e lanchinhos (como pão de queijo e sanduíche natural) sem custos para os hóspedes.  

Mais hotéis e resorts brasileiros devem passar a oferecer opções para home office e homeschooling no próximo mês. Vale ficar de olho.

Leia também: Como é a reabertura de um hotel durante a pandemia

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