Oito tendências para a hotelaria em 2021

Viramos a página e 2020, o ano mais duro para a história da hotelaria nacional e internacional, ficou felizmente para trás. Mas, mesmo com duas vacinas finalmente aprovadas para uso emergencial no Brasil (yeay!), a gente sabe que a pandemia não acabará como mágica de uma hora para outra. E algumas mudanças vieram mesmo para ficar. Importantes tendências para a hotelaria em 2021 vieram justamente de transformações comportamentais geradas no ano passado – e devem seguir firme nos próximos anos.

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Em dezembro passado participei mais uma vez da ILTM, o maior e mais importante evento de turismo de luxo do mundo, e ali hoteleiros do mundo todo foram unânimes em ressaltar o efeito das mudanças trazidas pela pandemia nas novas tendências para a hotelaria e o turismo em geral. Falei bastante sobre isso neste meu texto aqui para o Estadão, e nesse meu outro texto para o UOL, ambos publicados ainda no final de 2020. E, se o mundo não é mais o mesmo, é absolutamente natural que o hóspede também não seja.

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Diferentes soluções possíveis

A pandemia deixou diversos hotéis sem hóspedes por meses a fio no ano passado. Com experiências distintas (variando muito em função das regras locais para contenção da pandemia, é claro), a reabertura desses hotéis veio acompanhada de diferentes soluções possíveis para diferentes tipos de hóspedes. De serviço de delivery de refeições (inclusive café da manhã!) à domicílio aos chamados room offices, vimos muita coisa nova sendo implementada nos hotéis ao longo de 2020.

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Hotéis se engajaram mais do que nunca em prol de suas comunidades. O conceito de sustentabilidade na hotelaria foi felizmente mais difundido do que nunca. Soluções antes disponíveis apenas para hóspedes tornaram-se possíveis para uma gama muito maior de potenciais clientes para diversas propriedades.

Muita gente viu, justamente durante a pandemia, surgir a chance de poder finalmente acessar de alguma maneira serviços de hotéis nos quais sempre sonhou em se hospedar. Outros descobriram o prazer de se hospedar em bons hotéis em sua própria cidade, mesmo “sem viajar”, mudando de ares e renovando energias. E o conceito de “revenge travel” finalmente está migrando do hemisfério norte para cá e pode impulsionar muitas viagens neste ano.

SAIBA MAIS: O que é Revenge Travel?

Conversei com diferentes especialistas no setor sobre todas essas transformações, o que veio para ficar e o que ainda deve vir por aí para hotéis e pousadas. E listo aqui oito tendências importantes para a hotelaria em 2021.

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Oito tendências para a hotelaria em 2021

1) Menos contato, mas mais foco no lado humano

Adotar cada vez mais tecnologias contacless, uma necessidade trazida pela pandemia, causa estranhamento e desconforto à maioria dos hoteleiros. Afinal, a indústria da hospitalidade sempre foi construída por interações pessoais essencialmente. Mas muitas redes e propriedades independentes estão mostrando que é possível encontrar o equilíbrio, sim.

Entram em cena quiosques e aplicativos para check-in virtual, QR codes para as refeições, chats para demanda de serviços e até entrada keyless nos quartos. A hotelaria de luxo, que em geral já investia pesado em tecnologias, adaptou-se de maneira muito rápida.

Mas o elemento humano segue mais presente do que nunca na interação e na entrega dos serviços. Priorizar a criação de experiências inesquecíveis e o envolvimento com o destino e as comunidades locais é fundamental em tempos de distanciamento social. “As pessoas darão cada vez mais importância para um mundo realmente mais humano”, defende Simon Mayle, diretor de eventos da ILTM (International Luxury Market).

Pequenos hotéis independentes e pousadas, tão acostumados a essa necessidade humana atrelada à hospitalidade, se adaptaram mais rapidamente nesse quesito. Simone Scorsato, diretora da BLTA (Brazil Luxury Travel Association), concorda:  “Veremos também a maior humanização de serviços e a valorização das relações pessoais entre locais e visitantes”, diz. 

LEIA TAMBÉM: A força dos pequenos na hotelaria.

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2) Sustentabilidade real

A pandemia mostrou como ações e reações, mesmo as mais simples e corriqueiras, estão interconectadas inegavelmente no mundo todo. E cada vez mais viajantes estão conscientes sobre essas conexões, entendendo que sustentabilidade no turismo é uma necessidade imediata.

Muitos hoteleiros estão compreendendo, enfim, que sustentabilidade na hotelaria vai MUITO além dos avisos nos banheiros pedindo para os hóspedes reutilizarem suas toalhas. “O viajante será cada vez mais consciente, entendendo que sustentabilidade em turismo é também saber como hotéis e prestadores cuidam do meio ambiente, mas também saber se ajudam suas comunidades, como ajudam, se contratam pessoas da comunidade etc”, afirma Simon Mayle.  Hotéis que não investirem em ações e condutas sustentáveis definitivamente ficarão para trás. 

LEIA MAIS: Sustentabilidade na hotelaria

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3) Novos usos para antigos espaços 

As mudanças de comportamento dos hóspedes e restrições trazidas pela pandemia também geraram transformações físicas importantes nos hotéis. Dentre as importantes tendências para a hotelaria em 2021 estão os novos usos dados para espaços já existentes nos hotéis. 

A adaptação de propriedades aos novos tempos incluiram, por exemplo, remodelar quartos para criar ambientes confortáveis para a prática de home office (mesmo investir no conceito de road office), inclusive em resorts antes focados exclusivamente no lazer. Estruturas para convenções, inutilizadas em tempos de distanciamento social e ausência de grandes eventos corporativos, foram transformadas com sucesso em estruturas para home office e homeschooling em diversos hotéis (inclusive em hotéis fazenda no interior de São Paulo). 

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Lobbies perderam sua função social, mas muitas propriedades adaptaram também seus espaços para criar mais oferta interna de mesas ao ar livre na hora das refeições. Outras criaram estruturas externas para que seus restaurantes possam trabalhar com delivery para não hóspedes, o que tem feito a diferença para vários hotéis.

Até mesmo o tradicionalíssimo Ritz Paris criou um corner para vender pâtisseries para não hóspedes em sua fachada – que fez um imenso sucesso. “Em Amsterdã vários restaurantes queridinhos da cidade estão abrindo com sucesso versões temporárias dentro de hotéis para sobreviver mesmo em tempos de lockdown“, conta Erik Sadao, especialista em mercado de luxo e fundador da Sapiens Travel. Hotéis e restaurantes estão felizes com esses novos ajustes.

SAIBA MAIS: A evolução dos hotéis na pandemia

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4) Estadias cada vez mais longas

As chamadas “extended stays” (estadias prolongadas) ganharam de vez a preferência de muitos hóspedes. E a expectativa é que essa mudança de hábito perdure também depois do fim da pandemia. Afinal, muitos viajantes descobriram, enfim, o prazer de curtir um hotel por mais tempo, sem correria, com segurança.

Estadias prolongadas aumentaram até 300% em 2020 em algumas propriedades, desde pousadas brasileiras até hotéis de grandes redes de luxo, como Four Seasons (que viu seu filão das Private Retreats fazer mais sucesso do que nunca, inclusive entre millennials). 

“Veremos um crescimento ainda maior do slow travel“, afirma Simone Scorsato. “As viagens em 2021 serão mais longas e mais tranquilas, as estadias em um mesmo hotel serão mais demoradas, e as pessoas tentarão sempre aproveitar ao máximo cada experiência fora de casa”. 

LEIA TAMBÉM: O crescimento das estadias prolongadas em 2020.

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5) Mais customização de serviços

Durante a ILTM World Tour, em dezembro passado, hoteleiros foram unânimes em afirmar que o foco dos hotéis em 2021 será mais do que nunca centrado no hóspede. Personalização e customização no atendimento são moedas essenciais.

Por isso mesmo, uma das tendências para a hotelaria em 2021 é ampliar ao máximo o contato direto com os viajantes, mesmo com total distanciamento físico – antes, durante e depois da hospedagem. “Através da personalização do atendimento conseguimos garantir que hóspedes relaxem e realmente aproveitem suas estadias durante a pandemia”, afirma Helen Smith, gerente de experiências do cliente na Dorchester Collection.

Não à toa, alguns hotéis criaram novos cargos, novos departamentos e até projetos específicos (como o The Wishmaker, dos hotéis Cheval Blanc) para garantir essa personalização constante dos serviços. E muitas pousadas brasileiras intensificaram ainda mais essa vocação para a customização em seu atendimento. 

LEIA TAMBÉM: Como a hotelaria redesenhou cargos e funções durante a pandemia

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6) Maior uso dos espaços abertos 

Pela segurança em tempos de pandemia, nós todos temos buscado mais experiências ao ar livre em nosso dia-a-dia. E isso obviamente não será diferente nas nossas estadias em hotéis e pousadas. O próprio conceito do turismo de isolamento pegou de vez e muitos resorts que trabalham com baixa ocupação estão tirando bom proveito disso.

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Hoje em dia, quase todo hóspede busca cada vez mais a garantia de atividades ao ar livre e contato com a natureza, mesmo em propriedades urbanas, nas viagens durante a pandemia. “A procura por acomodações estilo villa também deve aumentar”, diz Simon Mayle. 

A possibilidade de fazer suas refeições – inclusive o café da manhã! – ao ar livre também vira requisito importante na hora da escolha do hotel. E o bem-estar em geral passa a ser, mais do que nunca, uma grande motivação para as viagens e escapadas da pandemia. “Os viajantes cuidarão do seu bem-estar de uma maneira mais holística, pensando em saúde de corpo, mente e espírito”, destaca Simon Mayle.  A própria dinâmica dos spas dos hotéis mais tradicionais já começa a mudar para atender esse novo movimento de parte dos hóspedes. 

LEIA TAMBÉM: 10 hotéis para fazer turismo de isolamento no Brasil

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7) Foco no local: a vez das staycations

Em época de tantas fronteiras ainda fechadas e do turismo doméstico fortalecido, apostar em um approach com alvo mais geograficamente definido faz sentido. Tem sido inclusive crucial nos índices de ocupação para os hotéis que realmente apostaram nas staycations

Mesmo com as restrições para o turismo, as pessoas querem sair de casa, variar os horizontes, equilibrar as energias. E a saída por estar muitas vezes em um hotel a quinze minutos da nossa casa. Com tantas restrições às viagens e tanta gente em home office, podendo trabalhar remotamente de qualquer lugar, cada vez mais turistas descobrem os benefícios de se hospedar em um hotel na sua própria cidade. 

Muitos hotéis do Rio de Janeiro começaram a focar bastante nos próprios cariocas em suas reaberturas, criando ofertas exclusivas para staycations. Agora vários hotéis em São Paulo, em Belo Horizonte e em Curitiba também começam a apostar nessa tendência. As apostas incluem ampliação de serviços em gastronomia e criação de maior infra-estrutura para o hóspede que vai mesclar trabalho e lazer durante sua staycation.

LEIA TAMBÉM: Revolução cultural na hotelaria durante a pandemia.

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8) Segurança, segurança, segurança

Confiança é, sem dúvidas, o novo luxo. Em tempos de pandemia, as pessoas continuam querendo viajar – mas querem segurança, confiança e serviços personalizados. Algumas marcas hoteleiras mudaram inclusive seu approach de marketing durante a pandemia para se adaptar a essa nova realidade. 

Caso, por exemplo, dos hotéis Shangri-La, que adotaram a hashtag #shangrilacares para focar mais do que nunca no lado humano da marca nas mídias sociais. Com o slogan “Your well-being in our care”, enfatizaram práticas de distanciamento social do staff e equipamentos de segurança em muitos dos materiais produzidos, deixando claro a segurança de suas instalações e propriedades.  A Dorchester Collection também apostou neste foco mais humano e adotou o slogan “when you’re ready, we’ll be waiting”, investindo em empatia, segurança e comprometimento.

Vale lembrar que o foco cada vez maior em segurança não deverá ficar restrito à segurança sanitária para os hotéis. O hóspede, em um cenário mundial de constante incerteza, quer garantir que se sentirá seguro do planejamento ao retorno da viagem. “As boas políticas de cancelamento e reembolso em geral serão cada vez mais valorizadas na hora de escolher um produto ou serviço”, afirma Simone Scorsato.

LEIA TAMBÉM: Turismo de luxo segue firme na pandemia.

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Recreação infantil na hotelaria durante a pandemia

Temos mostrado aqui, toda semana, o quanto a hotelaria mudou nestes últimos seis meses. Em tempos de Covid-19 e da necessidade de distanciamento social, o mundo mudou e os turistas também estão mudando, é claro. Mudanças culturais importantes estão acontecendo nos hotéis e também mudou a forma como muitos viajantes encaram a recreação infantil na hotelaria durante a pandemia. 

Sabemos que parte do grande atrativo de hotéis-fazenda e resorts focados em famílias sempre foi a recreação infantil. Brincadeiras realizadas em grupo, com monitores eram sinônimo de sossego absoluto para os pais. Mas hoje alguns pais se assumem cheios de questionamentos sobre a segurança da retomada destas atividades. E uma parte significativa ainda não tem coragem de deixar os filhos participarem das mesmas.

Na prática, as propriedades hoteleiras no Brasil que já retomaram suas atividades estão trabalhando o entretenimento dos hóspedes seguindo seus protocolos de saúde e segurança, mas de maneira muitas vezes diferente entre si, gerando certa confusão em turistas que já frequentaram mais de um hotel ou resort na pandemia.

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Foto: Mavsa/Divulgação

Como a recreação infantil está funcionando em geral

Além do óbvio distanciamento social obrigatório em áreas de lazer (como piscinas), existem hoje diferentes normas no funcionamento da recreação infantil na hotelaria brasileira durante a pandemia. 

Há pousadas, hotéis e resorts que ainda mantém parte do seu espaço comum destinado a esse fim e do seu serviço de recreação infantil suspensos por enquanto, até que os mesmos estejam realmente adequados de forma segura para esses novos tempos. Outros estabelecimentos modificaram o serviço de monitoria infantil oferecido, investindo em atividades recreativas pontuais, com menos participantes, e com atenção redobrada à higiene pessoal dos pequenos. 

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A maioria das atividades agora acontece em locais ao ar livre (na ausência de chuvas, é claro), dividindo as crianças em grupos menores. Monitores estão sempre com máscaras e geralmente “armados” com frascos de álcool gel como parte do uniforme, aplicando o produto frequentemente não apenas nos pequenos como em si mesmos ao longo das atividades.

Apesar da existência de um cronograma de atividades diárias nestes hotéis e resorts durante a pandemia, os pais passam a ser coadjuvantes importantíssimos em boa parte das atividades recreativas. As crianças agora, por exemplo, passam a ser geralmente entregues de volta aos pais tanto para brincar na piscina (ou demais atividades aquáticas) quanto na hora das refeições, numa tentativa de garantir maior segurança e controle de higiene e distanciamento social entre elas nestas horas.

“Os hotéis estão todos seguindo seus protocolos. É bom lembrar que a segurança depende muito também da postura do hóspede. É preciso que quem decidir viajar agora esteja sempre muito atento e disposto a seguir todas as regras estabelecidas”, diz a jornalista Tarcila Ferro, editora-chefe da revista Viajar pelo Mundo, que tem viajado com os filhos pequenos nos últimos meses.

LEIA TAMBÉM: Como ser um bom hóspede durante a pandemia

Dúvidas sobre segurança ainda são comuns

Com tantas novas regras, diferentes protocolos e a necessidade de seguir mantendo o distanciamento social para frear os avanços do novo coronavírus na retomada do turismo, nem todos os pais já se sentem seguros o suficiente para deixar os pequenos participarem das atividades recreativas em grupo dos hotéis.

A jornalista Tarcila Ferro esteve recentemente com a família em quatro resorts diferentes no país – Tauá Atibaia, Mavsa Resort, Santa Clara Eco Resort e Malai Manso – e faz parte desse grupo mais ressabiado. “Crianças menores querem contato, não entendem o distanciamento social. Por mais que monitores marquem o chão ou usem bambolês para tentar manter a distância entre elas nas atividades, elas baixam as máscaras assim que começam a correr, tocam umas nas outras, é muito complicado”, diz.

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Tarcila conta que as escapadas foram proveitosas mesmo assim, sem a socialização das crianças. “Queríamos viajar, mas manter nosso distanciamento social. Meus filhos também não fizeram questão da recreação, estavam mais interessados em curtir a piscina”, explica.

Espaços fechados dedicados a crianças e adolescentes em hotéis, pousadas e resorts brasileiros andam com funcionamento bastante variável. As brinquedotecas do Malai Manso, do Mavsa Resort e do Tauá Atibaia, citados aqui, seguem fechadas e sem previsão de reabertura. No Santa Clara Eco Resort, por outro lado, a brinquedoteca já está funcionando, com número limitado de crianças permitidas por vez. 

Há propriedades, como o Pratagy Beach Resort, em Maceió, que criaram também grupos de Whatsapp para os pais ou responsáveis pelas crianças participantes das atividades propostas pelo Kids Club Pratagy durante a hospedagem. A ideia é, mantendo-os informados o tempo todo sobre o que as crianças estão fazendo e como cada atividade seguinte vai ser executada, tentar tranquiliza-los e fazer com que todos aproveitem melhor a estadia no hotel.

LEIA TAMBÉM: Dez hotéis para praticar turismo de isolamento no Brasil

A onda do homeschooling

Na pandemia, com tanta gente em trabalho remoto, a indústria hoteleira internacional já vinha desde julho falando em “resort office“. Muitos hotéis criaram também o conceito de room office. Afinal, não apenas as atividades específicas de recreação infantil na hotelaria durante a pandemia estão atraindo a atenção de quem viaja em família. 

A tendência de adaptar hotéis para home office e homeschooling começou no exterior, com o verão no hemisfério norte. Até mesmo hotéis não necessariamente focados em famílias perceberam rapidamente que existia ali um filão importante para tentar aumentar seus índices de ocupação durante a semana. 

É o caso, por exemplo, do hotel boutique Esencia, na Riviera Maya, México, que foi ainda mais longe: incluiu nas diárias não apenas a estrutura para homeschooling e home office no hotel, como contratou staff exclusivamente dedicado para assessorar as crianças e adolescentes no EAD por até cinco horas diárias – enquanto os pais descansam ou fazem home office nas dependências do hotel.

Muitos hotéis e resorts brasileiros finalmente começaram a abrir os olhos para essa tendência também neste segundo semestre, como o Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, que criou programas focados nisso.

Veja também: Oito pousadas para escapar no final de semana

Crédito: Accor/Divulgação

Estruturas adaptadas para pais e filhos

Algumas propriedades estão transformando sua estrutura para negócios e convenções, totalmente ociosa desde o começo da pandemia, em espaços comunitários de trabalho e estudo com o devido distanciamento social. 

Assim, pais podem aproveitar a estrutura caprichada do local – ar condicionado, mobiliário adequado para trabalho e internet de alta qualidade, por exemplo – para conciliar as necessárias horas de home office e escola durante a semana com o conforto das demais instalações do hotel, o prazer de um mergulho na piscina no final do dia ou qualquer outra atividade de lazer segura oferecida. 

Tarcila testou também o sistema oferecido agora pelo resort Tauá Atibaia, que criou espaços de co-work com três mesas distantes uma das outras em cada sala de eventos. “É bem melhor que trabalhar no quarto, sem dúvidas. Iluminação muito melhor, internet de ótima qualidade, sem a televisão ligada das crianças”, conta Tarcila. 

O serviço de homeschooling oferecido pelo hotel também funciona com três mesas para três crianças por sala, adaptadas para crianças e adolescentes de diferentes idades. “Acho que funciona melhor para crianças maiores e para adolescentes, que têm mais disciplina e se dispersam menos durante o estudo ali”, observa Tarcila. O resort oferece nestes espaços sucos, água e lanchinhos (como pão de queijo e sanduíche natural) sem custos para os hóspedes.  

Mais hotéis e resorts brasileiros devem passar a oferecer opções para home office e homeschooling no próximo mês. Vale ficar de olho.

Leia também: Como é a reabertura de um hotel durante a pandemia

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Piscina do Carmel Taíba, resort no Ceará | Foto de divulgação

Como ser um bom hóspede durante a pandemia

Na semana passada, acompanhamos atônitos as imagens das câmeras de segurança de um hotel em Varginha, Minas Gerais, mostrando um hóspede se recusando a ter a temperatura medida e agredindo verbal e fisicamente o recepcionista que avisou que sem tirar a temperatura não haveria check-in. Definitivamente um péssimo exemplo de como ser um bom hóspede durante a pandemia. 

Não têm sido raros os relatos de viajantes e hoteleiros sobre situações similares neste princípio de retomada do turismo. Episódios que não necessariamente cheguem à agressão física, mas cada vez mais corriqueiros desrespeitos por parte de alguns hóspedes às regras e aos protocolos de algumas propriedades, colocando em risco a segurança de todos os demais hóspedes e, obviamente, também do staff do local. 

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Foto: Mari Campos

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É preciso mais do que nunca seguir as regras

Na semana passada, denúncias de hóspedes do Grand Palladium Imbassaí, na Região Metropolitana de Salvador, registraram descumprimento de protocolos de saúde e segurança contra a disseminação do novo coronavírus. Fotos de hóspedes do resort recém-aberto mostravam aglomerações nas piscinas, nas áreas de lazer e até mesmo em filas nos restaurantes.

Por outro lado, a gente sabe que a maioria dos hotéis tem se esforçado imensamente (e investido enormemente) para criar protocolos e medidas que garantam o máximo de segurança para seus hóspedes. Já comentamos sobre novas medidas da hotelaria em tempos de pandemia em diversos textos, como esse aqui. E para tais medidas funcionarem, elas precisam ser sistematicamente respeitadas.

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Máscaras vieram para ficar nas nossas vidas (e, obviamente, nas nossas viagens) até que tenhamos uma vacina contra a Covid-19. Estar “preparado para viajar novamente em tempos de pandemia” pressupõe respeitar o uso de máscara em qualquer lugar onde ele for exigido, do avião ao hotel.

“O uso da máscara onde a mesma for exigida não é uma opção do viajante; é uma obrigação e ponto”, defende Bruno Vilaça, proprietário da agência Superviagem, de Vitória, no Espírito Santo.

LEIA MAIS: Como funciona um hotel durante a pandemia

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CURADORIA DO AGENTE DE VIAGEM

Mais do que nunca é preciso pesquisar ativamente opções antes de decidir por qual hotel você pretende retomar suas viagens. É aí que entra a curadoria sempre essencial do agente de viagens. Antes de reservar um hotel, é preciso que o viajante saiba questionar o agente de viagens sobre como cada hotel que pretende visitar está lidando com a pandemia para não ter surpresas desagradáveis (para dizer o mínimo) durante sua estadia.

Se você não consegue ver segurança, por exemplo, em resorts que ainda insistem nas refeições em sistema buffet, é preciso deixar isso claro para o agente de viagens quando estiver considerando sua reserva. Ele seguramente indicará boas opções com refeições à la carte dentro do seu perfil. A curadoria de um bom agente leva a encontrar o hotel que realmente atenda suas necessidades e expectativas.

Confira aqui como pousadas brasileiras se prepararam para a reabertura.

Bruno Vilaça hospedou-se recentemente em diferentes resorts brasileiros, como Ponta dos Ganchos, em Santa Catarina, e Carmel Taíba e Carmel Charme, ambos no Ceará. Embora tenha pego alguns voos mais tensos e lotados em alguns dos deslocamentos, nos hotéis não enfrentou problemas de nenhum tipo.

Encontrou staff extremamente preparado em todos eles e hóspedes cordatos com os novos requerimentos destes tempos de pandemia.  Vale lembrar que, neste caso, os hotéis escolhidos já eram naturalmente predispostos ao distanciamento entre hóspedes, mesmo quando em sua capacidade máxima, por sua própria arquitetura e filosofia. 

A mensagem que Bruno e sua equipe da Superviagem têm passado aos clientes nestes tempos tem sido exatamente essa: “Neste momento, a melhor dica é realmente se isolar, onde quer que você esteja, para onde quer que você vá. Tentar procurar hotéis que realmente permitam se distanciar e viajar de uma maneira diferente. E, claro, respeitar todas as normas de segurança estabelecidas pela propriedade”.

Confira aqui dez hotéis no Brasil para praticar turismo de isolamento.

Bangalô com piscina privativa no Carmel Charme | Foto de divulgação

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Check-list do bom hóspede Durante A pandemia

É necessário entender que nossa vida, seja em casa ou viajando, mudou definitivamente com a Covid-19. Seguir os protocolos determinados por cada hotel (e companhia aérea, atração turística ou destino) é fundamental para garantir a segurança de todos até que tenhamos uma vacina disponível em larga escala. 

Confira aqui o que pode mudar e o que já está mudando na hotelaria com o novo coronavírus.

Mas é absolutamente vital que cada hóspede tenha a postura e o comportamento adequado. Aqui alguns lembretes para ser um bom hóspede em tempos de pandemia quando você se sentir realmente seguro para retomar suas viagens:

  • procure por hotéis, pousadas e resorts cuja filosofia vá de encontro à segurança que você espera neste momento. Informe-se, questione, envie mensagens para o hotel se tiver dúvidas sobre alguns procedimentos, confie na curadoria do seu agente de viagem.
  • distanciamento social continua sendo regra no dia a dia e também nas viagens. Evite qualquer tipo de aglomeração e procure manter pelo menos 1,5 metro de distância de outros hóspedes em qualquer ambiente (inclusive na piscina). Se acha a recomendação complicada de seguir em alguns lugares, procure por hotéis propícios para o turismo de isolamento.
  • respeite TODAS as normas da propriedade que você escolheu. Leia com atenção o comunicado entregue no check-in ou na reserva. Muitos hotéis já estão começando a exigir um termo de compromisso do hóspede para garantir o cumprimento das normas básicas de segurança e saúde. A partir do momento que você faz o check-in num hotel, você está concordando com todos os protocolos do local.
  • não mude mesas, cadeiras, espreguiçadeiras ou quaisquer outros móveis e objetos de lugar. Estes itens são higienizados e descontaminados pela equipe do hotel seguindo uma rígida ordem pré-estabelecida. SE realmente precisar mudar algo de lugar, PEÇA a um membro do staff que ele saberá exatamente qual item pode ser deslocado para onde. 
  • não compartilhe elevadores com outros hóspedes, mesmo que seja “rapidinho”.
  • respeite os horários de reserva prévia obrigatória se realmente fizer questão de usar a academia ou o spa do hotel.

Leia mais: Oito pousadas no Brasil para escapar quando você retomar suas viagens.

Foto: Mari Campos

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GarantA que você esteja preparado

Sabemos que a maioria dos hotéis está se encarregando exemplarmente em zelar pelos melhores protocolos de higiene e segurança enquanto aposta na retomada do setor. Mas é preciso que o hóspede esteja igualmente preparado.

Se você acha que está preparado para retomar suas viagens, reflita se realmente está disposto a seguir todas as regras estabelecidas atualmente por hotéis, companhias aéreas, aeroportos, atrações e destinos. Se já estiver preparado, ótimo; informe-se bastante sobre as políticas dos lugares a serem visitados e respeite todas as diretrizes para que todos possam aproveitar uns dias fora de casa, em segurança. Mas se ainda não estiver confortável com todas as novas exigências que agora vêm junto com o ato de viajar nestes tempos de pandemia, fique em casa mais um pouquinho até se sentir realmente pronto para sair por aí em segurança.

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Hotéis para praticar turismo de isolamento

Há quatro meses e meio em casa e sem perspectivas reais de controle efetivo da pandemia no Brasil a curto prazo, alguns brasileiros começam a apostar em hotéis para praticar turismo de isolamento, seja individualmente ou em família.

A ideia principal deste tipo de turismo neste momento de pandemia é seguir em quarentena e zelar pelo distanciamento social, mas mudando de ares para recarregar suas energias. A expectativa de parte do mercado é que ele realmente se fortaleça nestes tempos e mantenha a tendência também no pós-pandemia.

Leia mais sobre o que é turismo de isolamento de fato aqui. 

Sejam campings, residências ou lodges remotos, os hotéis para praticar turismo de isolamento geralmente são rodeados por natureza, bem higienizados e permitem o menor contato possível com funcionários e outros viajantes.

Nós continuamos em casa, é claro; e recomendamos que você também fique em casa neste mês de agosto. Mas listamos aqui alguns hotéis para praticar o turismo de isolamento. Tudo com o máximo de cuidados, segurança e distanciamento social, para quando você puder retomar devagarinho suas viagens.

LEIA MAIS: Dez hotéis remotos para particar turismo de isolamento no Brasil

Etnia Casa Hotel. Foto: Mari Campos

No Brasil

Etnia Casa Hotel

Localizado em Trancoso, na Bahia, o Etnia Casa Hotel ocupa um bosque tropical a meros 350 metros do Quadrado. Ali são apenas sete casas completas, todas elas isoladas umas das outras e completamente independentes. As casas passam agora por extremos protocolos de desinfeção e higienização, incluindo uso da solução de biossegurança Fog In Place (FIP). Cada casa tem autonomia completa, mas tem também direito, é claro, de usufruir de todo o premiado serviço de hotelaria da casa – inclusive o caprichado café da manhã diário à la carte. 

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LEIA TAMBÉM: Cabanas isoladas e casas em árvores para se isolar na pandemia.

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Casana Hotel

Localizado em Jericoacoara, Ceará, o Casana é outra ideia de hotel para praticar turismo de isolamento sem abrir mão do conforto: possui apenas oito bangalôs, todos isolados uns dos outros. A propriedade com acesso bastante restrito fica à beira-mar na praia do Preá e rodeada de verde. 

Leia sobre destinos para fazer turismo de isolamento no Brasil e no mundo.

Cristalino Lodge

Eleito um dos 25 melhores ecolodges do mundo pela National Geographic Traveler, o Cristalino Lodge fica na porção sul da Amazônia, na cidade de Alta Floresta, já no Mato Grosso. Turismo de isolamento é com ele mesmo: ocupa uma reserva particular com com mais de onze mil hectares e rodeado de vida selvagem. 

Clique aqui para acompanhar os hotéis nos quais nos hospedamos no nosso instagram.

Anavilhanas Jungle Lodge. Foto: Mari Campos

Anavilhanas Jungle Lodge 

Uma das melhores opções de selva a partir de Manaus, o Anavilhanas fica em pleno Parque Nacional homônimo, ao lado da cidade de Novo Airão. Tem acesso descomplicado de carro a partir da capital manauara, em viagem de duas horas. Instalado à beira-rio, tem serviço é atencioso, gostosas refeições à la carte e é todo focado em sustentabilidade. Os quartos são em sistema chalé ou bangalô, espaçados e imersos na floresta tropical, e com todos os passeios locais incluídos nas diárias.

LEIA MAIS: como ser um bom hóspede (e ficar seguro) em tempos de pandemia

The Brando Resort. Foto: Mari Campos

No exterior (em destinos abertos para brasileiros)

The Brando, Polinésia Francesa

Na Polinésia Francesa, talvez uma das opções que naturalmente sempre privilegiou o distanciamento social entre seus hóspedes seja o resort The Brando, a única construção de todo o arquipélago de Tetiaroa. Ali todos os quartos são em formato de villa, e todas as villas são isoladas umas das outras, com muita privacidade, espaço e acesso direto à praia privativa. Das refeições aos passeios, está tudo incluído e tudo pode ser feito sem contato. Das refeições entregues sem custos diretamente em cada villa aos passeios, tudo é sempre customizado e individualizado para cada villa. Hotel perfeito para praticar turismo de isolamento em pleno paraíso. 

Dá para ler mais sobre o The Brando aqui. 

Private Retreats

Em diferentes destinos mundo afora, o grupo Four Seasons criou a Private Retreats, uma coleção com mais 750 casas, villas e apartamentos que reúnem a segurança do isolamento social aos protocolos sanitários da John Hopkins Medicine International. Tudo isso associado, é claro, ao serviço premiado da rede, com o mínimo possível de contato. O aplicativo Four Seasons App permite solicitar qualquer serviço, em qualquer propriedade, sem nenhum tipo de interação. Alguns dos destinos abertos a brasileiros que contam com estas residências são México, Maldivas e Polinésia Francesa. 

Saiba mais sobre o Four Seasons App aqui. 

Anantara Kihavah. Foto: Mari Campos

Anantara Kihavah

Localizado no Baa Atol, nas Maldivas, o Anantara Kihavah garante privacidade e distanciamento em qualquer modelo de acomodação. O pavilhão dos bangalôs sobre o mar tem mesmo acomodações um pouco mais próximas umas das outras, mas dispostas de maneira que evite contato com outros hóspedes. As isoladas e completíssimas vilas pé na areia, com piscina privativa e cercadas de verde, são pretexto perfeito para praticar turismo de isolamento. 

Leia mais sobre hotelaria nas Maldivas aqui.

Soneva Fushi

Também nas Maldivas e também no Baa Atol, o Soneva Fushi já praticava distanciamento social desde antes da pandemia. Inteiramente composto de villas à beira-mar, o resort tem cada uma de suas poucas acomodações bem distante das demais, com total privacidade e infra-estrutura para quem nem quiser sair dela. Bicicletas são o meio de transporte oficial na ilha, para percorrer os deliciosos bosques e hortas do resort, e há também gostosas trilhas bastante fáceis. Todas as villas têm acesso direto ao mar e à incrível barreira de corais a poucos passos da areia.

Leia mais sobre hotéis nas Maldivas aqui.

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LEIA MAIS: 10 hotéis remotos para turismo de isolamento no Brasil.

Confira mais destinos para praticar o turismo de isolamento aqui. 

LEIA MAIS: como ser um bom hóspede (e ficar seguro) em tempos de pandemia

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Como a hotelaria pode redesenhar empregos em tempos de pandemia

É fato que a Covid-19 caiu sobre a indústria turística – e sobre nossas vidas, um a um, sejamos francos – como um meteoro. A cada mês, desde março passado, vemos que seus impactos serão mais amplos, profundos e duradouros do que todos previmos no começo. O setor hoteleiro – assim como a indústria do turismo em geral – está sob imensa pressão com tantos hotéis fechados parcial ou totalmente.  E assim a hotelaria começa a redesenhar empregos – e a si mesma! – em tempos de pandemia.

Com tantas incertezas sobre como serão exatamente as demandas por quartos no futuro próximo, não é de estranhar que muitas propriedades estejam redirecionando, otimizando ou mesmo dando novos usos para algumas de suas áreas. Já comentamos aqui, por exemplo, como a rede Accor transformou os quartos de parte dos seus hotéis no Brasil em espaços de trabalho.

E assim também está acontecendo naturalmente com algumas das funções da hospitalidade. O primeiro impacto foi uma grande onda generalizada de demissões, sobretudo nas grandes redes internacionais. Para dar uma ideia dos impactos, aproximadamente 25% dos funcionários do grupo Hilton, por exemplo, já foram dispensados mundialmente.

Crédito: Accor/Divulgação

cautela para a retomada

Embora os aspectos econômicos justifiquem boa parte das dispensas do setor, enquanto a hotelaria começa a redesenhar empregos em tempos de pandemia algumas redes e propriedades podem ficar “descobertas” no momento da retomada. A carência de bons funcionários (e já devidamente treinados e conhecedores profundos daquele negócio em si) nesta fase pode ser fatal.

“É preciso que hotéis comecem a analisar quantos funcionários serão necessários para gerenciar certos níveis de ocupação, e planejar esses cenários para melhor entender de fato quando será necessário voltar a recrutar e entrevistar candidatos. O processo de recrutamento, se feito corretamente, pode levar tempo. E, como hoteleiros, precisamos reagir rápido a essas mudanças, para que o serviço não seja negativamente impactado”, diz Letícia Tavares, diretora de Excelência em Operações para a Marriott (e também criadora do blog Hospitality Vitae). Vale destacar aqui que as opiniões de Letícia são individuais e não em nome do grupo Marriott de nenhuma forma.

Leia aqui sobre como funcionam os hotéis reabertos em tempos de pandemia.

De todas maneiras, devagarinho o setor está percebendo que, enquanto parte da indústria de hospitalidade anda cortando tantos talentos de sua folha de pagamentos nesta pandemia, outras indústrias podem se beneficiar largamente destes profissionais. Afinal, hoteleiros costumam reunir um impressionante conjunto de habilidades (como atenção aos mínimos detalhes, empatia, capacidade natural de improvisação e antecipação) e são extremamente diplomáticos em geral. “Nós sabemos, melhor que ninguém, como prestar serviço com excelência. Vejo muitos hoteleiros serem candidatos incríveis para empregos ligados a serviço ao consumidor, como varejo”, defende Letícia.  

Foto: Mandarin Oriental/Divulgação

Novas atribuições e novas funções

Felizmente, nem só de demissões está vivendo o setor (nacional e internacionalmente) nesta fase em que a hotelaria começa a redesenhar empregos para a retomada em tempos de pandemia. Boa parte do mercado hoteleiro já entendeu que medidas relacionadas, por exemplo, aos novos protocolos de limpeza e segurança em saúde vieram mesmo para ficar. Mudanças que devem permanecer mesmo após a criação da tão esperada vacina contra o novo coronavírus.

Muitas redes hoteleiras – como Hilton, Four Seasons, Accor e tantas outras – não apenas estão redesenhando empregos em tempos de pandemia, como criaram inclusive novos departamentos que se dedicaram nos últimos meses exclusivamente a cuidar destes quesitos. Em muitos casos, departamentos criados para cuidar de parcerias com hospitais, clínicas de limpeza e centros de pesquisa para tal. O Baccarat Hotel New York, por exemplo, que ainda segue fechado, criou um novo cargo para uma profissional veterana da casa que agora se dedica inteiramente a supervisionar o novo protocolo de saúde e limpeza: diretor de saúde e segurança ambiental.

“Acho que, mais do que nunca, o profissional multi-facetado e generalista será requisitado na hotelaria. E quero dizer alguém que saiba operar em diversas funções do hotel – governança, alimentos & bebidas e recepção, por exemplo”, afirma Letícia.  “Funcionários, gerentes e diretores usarão diversos chapéus durante esse período, pois talvez tenham um staff reduzido, ou que será trazido de volta aos poucos. Portanto, não acho que cargos desaparecerão, mas sim que descrições de cargo serão modificadas para incluir mais responsabilidades”.

E Letícia não acha esse novo rol de tarefas dentro de cada função algo necessariamente ruim para que a hotelaria comece a se redesenhar empregos em tempos de pandemia. “O hoteleiro tem que olhar para o lado positivo: se você teve uma carreira mais focada em uma área, talvez este seja o momento para realmente aprender algo novo. E aprender ‘fazendo’ é uma das melhores maneiras de entender o negócio”. 

Leia aqui como pousadas brasileiras estão se preparando para a reabertura.

Foto: Mari Campos

Mudanças inevitáveis

Reabrir um hotel em tempos de pandemia, ainda à espera de uma vacina, é tarefa que pode mudar enormemente dependendo do destino no qual a propriedade está inserida. Mas, seja qual for o cenário local, a necessidade de adaptar estratégias e realizar mudanças operacionais que vão muito além dos protocolos de higiene é indiscutível. 

Em um cenário inicial de retomada de atividades turísticas, a indústria hoteleira vai se redesenhando lentamente funções para que a qualidade de serviço não seja comprometida. Até porque algumas mudanças já se mostram mesmo inevitáveis.

Com viajantes que podem não estar exatamente confortáveis em todos os passos de suas primeiras viagens pós quarentena (alguns podem mostrar-se inclusive bastante receosos), as funções de concierge e guest relations já se vêem ainda mais repletas de atribuições – e felizmente já começam a ganhar reforços em algumas propriedades. 

Com a necessidade de funcionalidades e serviços cada vez mais digitais e sem contato, as próprias atribuições dos concierges também estão mudando. E eis aí um aspecto bastante interessante deste momento em que hotelaria pode redesenhar empregos em tempos de pandemia. Algumas redes do mercado de luxo planejam inclusive aumentar sua equipe de colaboradores associados a esta função. A ideia é que parte deles fique 100% focada em responder prontamente cada mensagem enviada pelos hóspedes através de seus aplicativos, que devem ser mais utilizados do que nunca (falamos aqui sobre o amplo uso do serviço de chat pela rede Four Seasons desde muito antes da pandemia). Uma época curiosa em que “menos contato” com o hóspede e ocupação reduzida nos quartos temporariamente podem gerar, ao mesmo tempo, mais demanda por serviço. 

Clique aqui para ler tudo sobre hotelaria em tempos de coronavírus.

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