Hotéis peruanos premiados no WTA Latin America

‘Oscar do turismo’: hotéis peruanos se destacam na América do Sul

O Peru foi o grande vencedor do World Travel Awards Latin America quando o recorte é hotelaria na América do Sul, com hotéis peruanos reconhecidos em diferentes categorias. Em sua 28ª edição, o “Oscar” do turismo, como o WTA é chamado, escolhe seus (muitos) premiados por um mix de votos do público em geral e de profissionais do setor de viagens.

Em tempos de COP 26, a importante Conferência do Clima em Glasgow, na Escócia, começo destacando os prêmios de hotelaria relacionados ao desenvolvimento sustentável. Eles ainda são minoria na extensa lista de categorias contempladas pelo WTA. Mas, mesmo em pequeno número, indicam quem está no bom caminho como inspiração para hoteleiros ou para serem priorizados pelo público final em nossas próximas viagens pelo continente.

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O equatoriano Mashpi Lodge foi eleito o South America Leading Eco-lodge. O país ganhou ainda nas categorias Green Destination e Nature Destination na América do Sul. Na extensa lista de prêmios para os hotéis peruanos, os reconhecimentos na área de sustentabilidade foram para o Tambopata Research Center, Leading Green Hotel pelo segundo ano consecutivo, e o Posada Amazonas Lodge Peru, que recebeu o Responsible Tourism Award (categoria na qual há outros concorrentes além de hotéis), também pela segunda vez consecutiva. Ambos ficam na região de Puerto Maldonado, na Amazônia peruana. O grupo Explora, reconhecido mundialmente por seu trabalho de preservação ambiental e com lodges em quatros países da América do Sul, incluindo um no Vale Sagrado peruano, entre Cusco e Machu Picchu, venceu na categoria Leading Expedition Company.

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Outros hotéis premiados em diferentes cidades no Peru foram Casa Andina Premium Arequipa (Boutique Hotel); Aranwa Cusco (Luxury Boutique Hotel); Belmond Monasterio (Heritage Hotel), em Cusco; Paracas, a Luxury Collection Resort (Leading Resort), no litoral do Oceano Pacífico, ao sul de Lima. Na capital, foram reconhecidos pelo WTA o Belmond Miraflores Park (Most Romantic Resort), o B Hotel (Design Hotel), o JW Marriott Lima (Business Hotel) e o Swissôtel (Conference Hotel, sendo que a marca ganhou também como Hotel Brand). Estive em Lima uma das vezes justamente para participar de uma conferência no Swissôtel, onde fiquei hospedada. Tudo impecável, a estrutura do evento e a hospedagem.

A quantidade de prêmios para os hotéis peruanos impressiona, ainda que não surpreenda. Há anos o país é reconhecido pela excelência da hotelaria e da infraestrutura para o turismo em geral. Mas o principal prêmio do setor de hospitalidade na América do Sul, o de Leading Hotel, ficou com a Colômbia, outro país que vem se destacando no setor de viagens e turismo no continente. O vencedor foi Sofitel Legend Santa Clara Cartagena, que ganhou também na categoria Leading Hotel Suite. Estive neste hotel em duas oportunidades, a mais recente em 2019. Escrevi sobre hotelaria de luxo em Cartagena das Índias, incluindo o inspirador Santa Clara, neste texto aqui.

A hotelaria brasileira levou quatro prêmios na América do Sul: Six Senses Botanique (New Hotel, e finalista na categoria World’s Leading New Hotel), em Campos do Jordão (SP); Dom Pedro Laguna (Beach Resort), em Fortaleza; Wish Foz do Iguaçu (Family Resort, pelo quarto ano consecutivo), e Saint Andrews (Luxury All Suite Hotel), em Gramado (RS). A lista completa dos premiados da América do Sul no World Travel Awards Latin America pode ser conferida aqui. Os vencedores do WTA nos outros continentes estão neste link.

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Anavilhanas Amazonia

WTM: hotelaria precisa ser mais sustentável e inclusiva

Na semana passada, aconteceu a primeira edição 100% virtual da WTM Latin America. Sob o comando de Simon Mayle, a nova edição do evento foi um sucesso e ganhou até um inesperado dia extra. E, dentre discussões frequentes sobre inclusão, equidade de gênero, empregabilidade, tecnologias, reabertura de destinos e sustentabilidade, um alerta constante: a hotelaria precisa ser mais sustentável e inclusiva urgentemente.

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Afinal, não basta apenas falarmos constantemente sobre ESGs; é preciso que a indústria hoteleira pratique ações cotidianas realmente condizentes com esse discurso. E que proprietários, gerentes, colaboradores, moradores e hóspedes sejam educados constantemente para o engajamento. 

Novos modelos de negócios, novos produtos e até mesmo novos mercados surgiram em meio à crise gerada pela pandemia. Tudo isso constitui novas possibilidades de se engajar de fato nas transformações necessárias ao setor, desde já, mesmo que resultados mais significativos só apareçam no médio prazo. 

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Foto: Mari Campos

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HOTELARIA PRECISA SER MAIS SUSTENTÁVEL E INCLUSIVA JÁ

A digitalização acelerada, demandas de sustentabilidade e necessidade de inovação constante já são realidade para a maior parte do mercado hoteleiro, seja no Brasil ou no exterior. A pandemia mudou não apenas procedimentos e logísticas, mas também prioridades. 

Novas tecnologias tornaram-se o grande “capacitador”, e é preciso tirar proveito cada vez melhor delas a curto, médio e longo prazo – inclusive como ferramentas de fomento à sustentabilidade e à inclusão real dos estabelecimentos. A inovação foi a chave para qualquer adaptação feita pela indústria da hospitalidade nesse período.

Marília Borges, da Euromonitor, defendeu em sua palestra que é fundamental focar em sustentabilidade, saúde, necessidades do consumidor e tecnologias/digitalização de processos para a própria recuperação do setor. “Vimos os problemas do modo como o turismo funcionava pré-pandemia e hoje temos novas prioridades – e novas necessidades foram criadas também”, disse. 

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Soneva Maldivas
Foto: Soneva Maldivas

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CHEGA DE SUSTENTABILIDADE DE FACHADA

Os conteúdos criados especialmente para a WTM Latin America ressaltaram constantemente a necessidade de ampliar a conscientização sobre todas as esferas da sustentabilidade para hóspedes, staff e investidores. “A hotelaria tem que sair do paradoxo de que sustentabilidade é custo”, afirmou Antonietta Varlese, da Accor Hotels, durante o evento. “A gente ainda tem que insistir muito nisso, infelizmente. Mas fico feliz que hoje a maioria dos nossos parceiros já entende bem isso e apoia”, completou. 

Ela contou que há anos a empresa investe constantemente em educação e engajamento de pessoas, sejam comunidades locais, funcionários ou hóspedes. “Os índices de ESG não podem ser da boca para fora porque são analisados pelo mercado financeiro o tempo todo. Também não adianta falar que tem algo e consumidor chegar lá e não ter, isso é terrível”, alertou. 

O programa Accor Solidarity destina anualmente uma verba global para que seus hotéis apoiem entidades regionais – trabalhando sempre para que os projetos assistidos pelo grupo possam ser autossuficientes com o passar do tempo. Segundo Antonietta, a maioria dos projetos de sustentabilidade apoiados pela Accor foi indicada pelos próprios funcionários da rede, mantendo real engajamento dos mesmos.

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NECESSIDADE DE REGENERAÇÃO É URGENTE

Durante a WTM Latin America, diferentes participantes dos painéis reforçaram também ser essencial investir continuamente em capacitação local para promover sustentabilidade real. Integrar hotel, população local e turistas é fundamental.  Assim, parte significativa da renda permanece de fato no próprio destino da propriedade. A hotelaria precisa ser mais sustentável e inclusiva, fazendo a roda da sustentabilidade gerar regenerativamente em seus negócios e destinos. 

Há casos incrivelmente bem sucedidos de sustentabilidade real e regenerativa na indústria da hospitalidade no mundo todo. Inclusive em várias propriedades que já citei em diferentes oportunidades aqui na coluna mesmo, como os brasileiros Anavilhanas Jungle Lodge e Casa Turquesa, os impecáveis lodges africanos da Great Plains Conservation, o resort polinésio The Brando e tantos outros bons exemplos. Também abordo o tema frequentemente em matérias para outros veículos, na minha coluna no Estadão ou no meu Instagram @maricampos

Hotelaria sustentável de fato, que não apele para sustentabilidade de fachada, que não ache que pedir aos hóspedes para “economizar” toalhas durante a estadia é suficiente, é não apenas essencial para a sobrevivência do setor como urgente. Não apenas porque vivemos a pior crise climática da história, com um futuro próximo já trágico (o relatório do IPCC deste mês deixou isso bem evidente), mas também porque o hóspede vai demandar cada vez mais ações concretas da indústria da hospitalidade nesta direção. 

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Foto: Divulgação/Mandarin Oriental

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DIVERSIDADE PRECISA GERAR MAIOR INCLUSÃO 

A necessidade de gerar mais diversidade e inclusão real na hotelaria e em todo o trade turístico também esteve presente nas pautas de muitas das discussões e painéis do evento.  Concluiu-se que ações relacionadas a elas precisam urgentemente sair do escopo do marketing e tornar-se realidade nas empresas que gerem os produtos turísticos. “Diversidade é convidar para o baile; inclusão é quando você convida para dançar”, citou Hubber Clemente, do Afroturismo HUB.  “Podemos ser mais diversos e inclusivos no turismo sim”. 

Afinal, o turismo sempre foi visto como um setor “naturalmente diverso”, mas a diversidade TEM que gerar real inclusão na hospitalidade. “Hotelaria é feita por pessoas, para pessoas. Todas as mudanças sociais têm que ser acompanhadas pelo setor, o tempo todo”, lembrou Antonietta, da Accor. 

Se iniciativas públicas podem demorar muito para acontecer nesse setor, da ótica da iniciativa privada é possível – e necessário – começar agora mesmo. Muitas propriedades, de pequenas pousadas a grandes hotéis, felizmente já começaram essa batalha há muito tempo. Esperemos agora que muitas outras se juntem urgentemente a elas. 

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Provence Cottage Monte Verde

Hotelaria precisa conhecer de fato o seu cliente

Julho tem sido um mês extremamente positivo para a hotelaria brasileira, principalmente no segmento lazer. Levantamento do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) e outros relatórios do setor mostraram recentemente que a retomada da atividade hoteleira no Brasil deve acontecer bem antes do que se previa. E, por isso mesmo, a hotelaria precisa conhecer de fato o seu cliente. 

Guto Rocha, VP da Pmweb (empresa com foco em Data Driven Marketing e Hospitalidade), afirmou em um evento corporativo na semana passada que este período, mesmo com os índices sanitários tão piores que no ano passado, já pode ser chamado de “era da abundância” para a hotelaria de lazer brasileira. A primeira quinzena de julho, de acordo com os hotéis de lazer que são clientes da Pmweb, foi simplesmente a melhor da história em vendas e ocupação! Isso mesmo: há hotéis e pousadas brasileiros, de diferentes nichos e estilos, batendo recordes de ocupação em plena pandemia e crise econômica brasileira. 

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Belmond Copacabana Palace
Belmond Copacabana Palace. Foto: Mari Campos

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Manter os olhos no futuro

O desempenho tão além do esperado no último par de meses surpreendeu muitos hoteleiros. O otimismo com a recuperação do setor, que cresce conforme finalmente começa a avançar a vacinação contra a Covid-19 no país, é em boa parte reflexo dos bons dados de desempenho da hotelaria nacional este ano, mesmo com estatísticas sanitárias muito mais graves que ano passado. Estudo do HotelInvest, em parceria com o FOHB, mostrou inclusive que o ritmo de novas aberturas hoteleiras não foi afetado (são 147 novos projetos em andamento hoje, totalizando R$ 6,1 bilhões investidos até 2025).

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Mas, mesmo em cenário nacional tão complicado, é preciso saber aproveitar o bom momento mantendo os olhos no futuro. Nem todo empreendimento hoteleiro, seja novo ou antigo, está sabendo utilizar os dados coletados de seus hóspedes para o benefício de suas próprias operações. Guto Rocha insiste na importância (e na urgência) de hotéis criarem de fato relacionamento com o hóspede (e com o futuro hóspede também) para que a recuperação seja realmente consistente a longo prazo. “A hotelaria precisa ser protagonista nessa guerra pelo cliente. Vai sobreviver quem conhecer melhor seus clientes”, afirmou no evento da Elo na semana passada.

Muitos hoteleiros ainda não sabem exatamente o que fazer com os dados do cadastro preenchido antes do check-in, dados obtidos através dos formulários do site ou mesmo fornecidos através de contatos por mensagem em redes sociais. Alguns sequer explicam realmente aos funcionários da recepção a importância desses dados serem bem coletados. Sabemos que tem sido “tudo-ao-mesmo-tempo-agora”nos últimos meses; muita gente chamando de volta funcionários dispensados nos meses mais duros, outros com dificuldade de encontrar mão de obra qualificada para lidar com tais dados. Mas a hotelaria precisa conhecer de fato o seu cliente, fazer bom uso desses dados coletados e usa-los também para manter sua fidelidade

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Valorização de sites, redes sociais e contatos virtuais

Há anos recebo reclamações de viajantes brasileiros sobre sites pouco amigáveis de hotéis e pousadas no país que os fizeram desistir de potenciais hospedagens. Sites poluídos visualmente, com músicas tocando automaticamente, links falhos, informações faltantes e/ou difíceis de encontrar. Sites que não têm informações explícitas sobre suas instalações, funcionamento da propriedade e valores de estadia/simuladores de reserva práticos. Sem falar em solicitações de contato enviadas que podem levar inacreditáveis semanas para serem respondidas em alguns casos – um erro crasso, ainda mais em período de ciclos curtos de planejamento como agora.

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Tudo isso precisa urgentemente ser encarado como parte do “receber bem” que sempre foi o negócio da indústria da hospitalidade. Sobretudo por estarmos vivendo um período de tantas mudanças e incertezas, o turista precisa de acolhimento e segurança em todas as etapas do processo. Se o possível hóspede não tem uma boa experiência ao chegar no hotel pelo site, se não é estabelecido um elo de confiabilidade ou se não há retorno em tempo hábil a uma abordagem via redes sociais, é possível que o sujeito acabe optando por um concorrente que gere essa primeira experiência de contato/compra de maneira mais eficiente. 

“O ‘receber bem‘ agora inclui também receber bem no site e nos demais diversos canais do hotel. Mesmo antes de fechar uma compra na Booking, esse cliente vai provavelmente entrar no site do hotel; então é preciso investir em experiência de compra em geral também”, afirmou Guto Rocha. Vale lembrar que isso não se restringe a turistas independentes; boa parte dos viajantes que compram suas viagens através de agências e consultores especializados também dá ao menos uma passadinha no site e/ou no Instagram do hotel antes de bater o martelo da compra. 

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Clareza na comunicação e na captação dos dados

Na pandemia, as queixas sobre hotéis e pousadas que não deixam evidente no site quais são exatamente seus protocolos de combate à Covid-19 também são muitas. Como já comentei aqui e no meu instagram anteriormente, não basta apenas escrever “seguimos todos os protocolos contra a Covid-19“; uma parcela dos viajantes hoje quer saber que protocolos exatamente são esses para que a relação de confiança entre as partes aconteça logo de cara. 

A hotelaria precisa conhecer de fato o seu cliente. Os dados dos hóspedes, disponíveis para a hotelaria de forma compulsória (já que o cadastro de ingresso é obrigatório no país), também precisam ser tratados com o valor que têm e merecem. É preciso saber coletar e computar tais dados com eficiência para que estratégias de vendas e comunicação estejam sempre alinhadas com as expectativas pessoais de viajantes

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Manter contato com os hóspedes e potenciais hóspedes, enviar questionários, responder e sanar dúvidas, acolher reclamações e gerar feedback… Tudo isso é essencial para alinhar expectativas e serviço – e para conseguir criar novos produtos também para o cliente que já foi conquistado continuar voltando à propriedade. 

Investir em conteúdo de fato – seja no site ou nas mídias sociais da propriedade – é fundamental tanto para conquistar novos hóspedes quanto para manter o desejo de hóspedes prévios seguirem voltando à propriedade.  A CVC Corp anunciou recentemente investir 70% da verba de marketing nas chamadas mídias de performance (canais pagos com o objetivo de atingir uma meta específica do negócio).

Mas, convenhamos, nem é preciso ir tão longe. Fazer bom uso dos dados coletados de cada hóspede da casa, manter os canais de comunicação com hóspedes prévios e possíveis novos hóspedes sempre abertos de maneira eficiente e criar primeiras experiências de contato satisfatórias são estratégias mais fundamentais do que nunca. 

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Casa Turquesa Paraty

A hospitalidade mais em evidência do que nunca

Depois de tantos e tantos meses olhando para as paredes das nossas próprias casas, agora, com o calendário de vacinação finalmente começando a lentamente avançar no Brasil, mais e mais pessoas estão voltando a programar (ou cogitar) viagens. E a hospitalidade está mais evidência do que nunca.

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No começo do ano, escrevi aqui na coluna sobre como o brasileiro passou a dar muito mais importância para suas acomodações de viagem durante a pandemia. Viajantes estão agora focando menos nos atrativos turísticos dos lugares que visitam e muito mais nos hotéis, pousadas e imóveis de temporada escolhidos para suas viagens. Uma tendência em ascensão, independentemente do nicho e estilo de viagem, confirmada em pesquisas recentes do Airbnb, Booking, Euromonitor e outros.

Tem sido justamente através da indústria da hospitalidade que boa parte das novas experiências de viagem destes tempos têm acontecido. E hotéis, pousadas e imóveis de temporada que entenderam isso estão saindo na frente nessa corrida há meses. 

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A hospitalidade mais em evidência do que nunca

Nos últimos meses, as pessoas têm procurado cada vez mais por algo “diferente” ou “especial” nos lugares nos quais se hospedam. Foi-se o tempo em que hotel era considerado “lugar para tomar banho, dormir e tomar café” pelo brasileiro médio.

Portanto, a hospedagem agora passa a ser aspecto fundamental da viagem de cada vez mais gente, e é preciso atender com excelência e criatividade essa demanda. A tendência tem se refletido na cobertura jornalística de turismo em geral nesse período, que também tem colocado a indústria da hospitalidade mais em evidência do que nunca – gerando uma demanda ainda maior nesse sentido.

Em minha viagem a Paraty, RJ, agora em junho, hospedada na sempre incrível Casa Turquesa (uma das minhas hospedagens preferidas no país e sem dúvidas uma das melhores no Brasil), encontrei diferentes hóspedes (inclusive alguns hóspedes frequentes) que estavam ali pela propriedade em si e não pelo destino. Mostrei detalhes dessa estadia adorável no meu instagram @maricampos

Todos concordaram sobre as belezas naturais e históricas da cidade; mas afirmaram sem rodeios que a escolha da hospedagem tinha sido muito mais importante do que a escolha do destino em si. A capacidade de uma propriedade garantir real segurança nesses tempos, ser sustentável, ampliar seu menu de serviços, informatizar atendimentos (do check in às reservas de serviços sem contato) e seguir antecipando os desejos dos hóspedes foi fator primordial na escolha. Não à toa, a Casa Turquesa tem testemunhado a maior ocupação de seus treze anos de existência.

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Fatores fundamentais para a sobrevivência da indústria da hospitalidade

Um estudo recente da Traveller Made, em parceria com o Glion Institute of Higher Education, elencou dentre os principais fatores para a sobrevivência da indústria da hospitalidade no mundo durante a pandemia o aprimoramento da experiência do hóspede por meio da tecnologia, a criação de novos serviços e produtos, e os constantes treinamentos e apoio físico e mental ao staff (afinal, staff feliz é o melhor caminho para o hóspede satisfeito).

Segundo o estudo, mudar a função de quartos ociosos em tantas propriedades durante o primeiro ano da pandemia (seja como room office, como pop up bares e restaurantes, espaços para experiências gastronômicas privativas etc) foi um dos principais pontos que ajudaram hoteleiros a pensar em outras propostas de novos serviços a serem oferecidos, e também em novas utilizações para espaços pré-existentes. A Traveller Made cita também a importância do crescimento de até 80% das staycations e a implementação de novos espaços funcionais ao ar livre nesse processo. 

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Cinco aspectos INCONTORNÁVEIS

Na hotelaria brasileira, hoteleiros que vêm enfrentando a pandemia com boas taxas de ocupação em suas propriedades têm destacado em geral cinco aspectos que consideram “incontornáveis” para assegurar o bom desempenho nesses tempos duros:

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1. Segurança sanitária

Hóspedes prestam cada vez mais atenção e valorizam cada vez mais os diferentes procedimentos hoteleiros para garantir segurança, higiene e saúde durante a estadia. Mas é fundamental ser extremamente claro na comunicação de tais “protocolos” para inspirar confiabilidade. 

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2. Informatização

É desafio necessário manter a calidez e a eficiência do serviço com distanciamento social, priorizando cada vez mais operações sem contato (a digitalização de operações já é vista como fundamental para boa parte dos hóspedes no quesito “segurança). A digitalização de serviços abriu caminho para novas e bem-vindas maneiras de receber hóspedes com qualidade e respeito absoluto aos protocolos sanitários obrigatórios desses tempos.

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3. Trabalho remoto

O trabalho remoto tem ajudado sobremaneira a hotelaria brasileira a melhorar seus índices de ocupação (inclusive com estadias em média muito mais longas). Há destinos inteiros cada vez mais interessados nesse público, como mostrei recentemente em matéria para o UOL. O nomadismo digital já é uma realidade para parcela significativa dos viajantes, e a hotelaria precisa estar preparada para essa nova necessidade dos hóspedes. 

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4. Sustentabilidade

O real envolvimento de hotéis e pousadas com sustentabilidade (ambiental, econômica, social e cultural) passou a ser um dos critérios prioritários de escolhas de viagem para muito mais gente (71% dos entrevistados em estudo da Booking e 51% em estudo do Airbnb, por exemplo). O viajante está cada vez mais consciente dos impactos que suas decisões de viagem geram.

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5. Bem-estar

Segundo o Global Wellness Tourism Economy Report, o turismo de bem-estar já responde por cerca de 17% de toda a receita da indústria turística – e cresce mais e mais rápido que o turismo em geral. E a indústria da hospitalidade finalmente começa a entender que oferecer opções voltadas para o bem-estar vai muito além de pratos saudáveis no menu e massagens relaxantes no spa. 

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Reinvenção AINDA é a palavra chave

Reinvenção tem sido uma palavra frequentemente proferida pela maioria dos hoteleiros com os quais conversei nos últimos meses. Afinal, hotéis e pousadas perceberam que, com os hóspedes passando cada vez mais tempo nos lugares nos quais se hospedam, é fundamental adaptar operações, ambientes e serviços para tornar esses lugares ainda mais acolhedores e interessantes.

Sejam estas mudanças temporárias ou permanentes, a hotelaria bem-sucedida tem estado extremamente atenta às mudanças de comportamento e de padrão de gastos e consumo dos hóspedes. Portanto, com criatividade, inovação e competitividade, o hoteleiro precisa estar realmente alinhado às necessidades sociais vigentes – para muuuuuito além dos famigerados protocolos sanitários. 

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Bem-estar na pandemia: vista do spa do Park Hotel Viztnau, em Lucerna, na Suíça

Respire fundo: em busca de bem-estar na pandemia

Para tentar restaurar energias exauridas no longo, exaustivo e doloroso 2020, quem sabe até rejuvenescer um pouco, hotéis em todo o mundo investem em bem-estar e saúde física e mental. Depois de um ano de pandemia, wellness (bem-estar em inglês) é das tendências da hotelaria que ganham força em 2021, como turismo regenerativo (com viajantes e empresas se esforçando para deixar o lugar melhor do que encontraram), buyout, workcation, staycation.

A abordagem do conceito de bem-estar na hotelaria mudou. Tratamentos com base científica e ambientes que favorecem o relaxamento e deixam a ostentação de lado se valorizam. Dados da associação Global Wellness Summit mostram que o mercado movimenta US$ 4,5 trilhões e terá importância cada vez maior nas escolhas de viagem.

Em janeiro de 2021, depois de conversas sobre o futuro do bem-estar reunindo mais de 600 especialistas (como executivos da área, médicos e pesquisadores), o Global Wellness Summit apresentou nove tendências. Entre as previsões estão temas tão diferentes e importantes como respiração (just breath) e diversidade e inclusão (adding color to wellness), arquitetura e design (spiritual architecture) e imunidade (evidence-backed immune health), turismo consciente e responsável (mindful travel) e autocuidado (wellness and healthcare converge). Vários tópicos se aplicam ao setor de viagens em geral e à hotelaria em particular.

Leia também: Como funcionam os spas de hotel no Rio durante a pandemia

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Bem-estar na pandemia: grupos hoteleiros de luxo apostam em grifes

A pandemia torna a trilionária indústria de bem-estar extremamente mais importante, e a aproxima da ciência e de um estilo de vida mais saudável. Os investimentos da hotelaria são em diversas áreas, de instalações a novos produtos passando pela maneira como cada hotel aborda o assunto. No International Luxury Travel Market (ILTM), feira de viagens de luxo realizada em dezembro, sobre a qual já falamos aqui, novidades na área de wellness foram destaque.

O grupo Cheval Blanc, por exemplo, chamou a atenção para o ambiente do Randheli, resort nas Maldivas. O spa tem sua própria ilha privativa e tratamentos exclusivos da grife francesa Guerlain. Já o One&Only Resorts destacou a parceria recente com a marca suíça de bem-estar e spa médico Chenot. O objetivo é oferecer uma aproximação mais holística com tratamentos desintoxicantes, preventivos e regenerativos, todos personalizados e baseados em pesquisas científicas. O Portonovi, em Montenegro, estreia do grupo na Europa, será também o primeiro O&O a ter um Espace Chenot. Adiada algumas vezes por conta da pandemia, a abertura do resort europeu está marcada para 1º de maio de 2021.

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Menu do bem-estar na pandemia: rituais indígenas e sustentáveis

Na era covid-19, wellness tem sido frequentemente associado à natureza, seja para manter distanciamento físico ao ar livre, praticar esportes ou simplesmente contemplar o planeta. Planeta este que deve receber mais atenção de viajantes conscientes e responsáveis. O caminho para viagens totalmente sustentáveis ainda é longo, mas sabemos que não há sensação de bem-estar pessoal que perdure em um planeta doente.

Leia também: De predador a construtor, é a vez do turismo regenerativo

No México os dois Chablé Hotels na península de Yucatán têm iniciativas sustentáveis e são referência em bem-estar. Ambos combinam, nas palavras da publicação Lonely Planet, “serenidade, sustentabilidade e cerimônias indígenas”. Inaugurado há pouco mais de dois anos, o Maroma, na Riviera Maya, faixa de areia entre o azul do Caribe mexicano e o verde da floresta, oferece hidroterapia e tratamentos com técnicas ancestrais maias e fitoterapia. O ritual temazcal, guiado por um xamã, também está no menu.

Os programas de bem-estar dos hotéis Chablé (Maroma e Yucatán) associados a práticas sustentáveis foram os que mais me chamaram a atenção no LHW Latin America Virtual Showcase, evento realizado no início de março pela associação de hotéis de luxo Leading Hotels of The World. Mas o Chablé não foi único a se destacar em wellness no evento, do qual participo quase todo ano do evento em busca de novidades na hotelaria.

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AROMATERAPIA AO LIVRE e metais nobres

Do outro lado do Oceano Atlântico, no San Clemente Palace Kempinski, também membro da LHW, o spa The Merchant of Venice propõe uma “jornada sensorial entre Veneza e o Oriente”. Tratamentos com aromaterapia, como massagens corporais com óleos essenciais, poderão ser feitos ao ar livre nos jardins do hotel no próximo verão europeu.

The Merchant of Venice ganhou por dois anos consecutivos (2019 e 2020) o reconhecimento de melhor spa de hotel europeu no World Spa Awards. Ainda em 2020, o San Clemente foi eleito o melhor hotel da cidade italiana pelos leitores da publicação Condé Nast Traveler. Em uma ilha privativa na Laguna de Veneza, a dez minutos de barco da Piazza San Marco, o hotel tem reabertura prevista para 12 de maio.

Já o suíço Park Viztnau Health & Wealth Residence, às margens do Lago Lucerna, parte do grupo Swiss Deluxe Hotels e com o selo LHW, reúne saúde e riqueza no sobrenome. Com reabertura prevista para 1º de abril, o hotel oferece um spa (foto no início do texto) com vista e a grife La Prairie. A clínica suíça é especializada em tratamentos rejuvenescedores com ingredientes glamourosos como caviar, platina e ouro.

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A hotelaria no Brasil segue a tendência internacional de investir em bem-estar. De hotéis de grandes redes em centros urbanos a propriedades independentes no litoral, há novidades no setor. No final de 2020, estive em três spas de hotel no Rio de Janeiro e conto aqui como estão funcionando.

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