Casa Turquesa Paraty

A hospitalidade mais em evidência do que nunca

Depois de tantos e tantos meses olhando para as paredes das nossas próprias casas, agora, com o calendário de vacinação finalmente começando a lentamente avançar no Brasil, mais e mais pessoas estão voltando a programar (ou cogitar) viagens. E a hospitalidade está mais evidência do que nunca.

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No começo do ano, escrevi aqui na coluna sobre como o brasileiro passou a dar muito mais importância para suas acomodações de viagem durante a pandemia. Viajantes estão agora focando menos nos atrativos turísticos dos lugares que visitam e muito mais nos hotéis, pousadas e imóveis de temporada escolhidos para suas viagens. Uma tendência em ascensão, independentemente do nicho e estilo de viagem, confirmada em pesquisas recentes do Airbnb, Booking, Euromonitor e outros.

Tem sido justamente através da indústria da hospitalidade que boa parte das novas experiências de viagem destes tempos têm acontecido. E hotéis, pousadas e imóveis de temporada que entenderam isso estão saindo na frente nessa corrida há meses. 

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A hospitalidade mais em evidência do que nunca

Nos últimos meses, as pessoas têm procurado cada vez mais por algo “diferente” ou “especial” nos lugares nos quais se hospedam. Foi-se o tempo em que hotel era considerado “lugar para tomar banho, dormir e tomar café” pelo brasileiro médio.

Portanto, a hospedagem agora passa a ser aspecto fundamental da viagem de cada vez mais gente, e é preciso atender com excelência e criatividade essa demanda. A tendência tem se refletido na cobertura jornalística de turismo em geral nesse período, que também tem colocado a indústria da hospitalidade mais em evidência do que nunca – gerando uma demanda ainda maior nesse sentido.

Em minha viagem a Paraty, RJ, agora em junho, hospedada na sempre incrível Casa Turquesa (uma das minhas hospedagens preferidas no país e sem dúvidas uma das melhores no Brasil), encontrei diferentes hóspedes (inclusive alguns hóspedes frequentes) que estavam ali pela propriedade em si e não pelo destino. Mostrei detalhes dessa estadia adorável no meu instagram @maricampos

Todos concordaram sobre as belezas naturais e históricas da cidade; mas afirmaram sem rodeios que a escolha da hospedagem tinha sido muito mais importante do que a escolha do destino em si. A capacidade de uma propriedade garantir real segurança nesses tempos, ser sustentável, ampliar seu menu de serviços, informatizar atendimentos (do check in às reservas de serviços sem contato) e seguir antecipando os desejos dos hóspedes foi fator primordial na escolha. Não à toa, a Casa Turquesa tem testemunhado a maior ocupação de seus treze anos de existência.

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Fatores fundamentais para a sobrevivência da indústria da hospitalidade

Um estudo recente da Traveller Made, em parceria com o Glion Institute of Higher Education, elencou dentre os principais fatores para a sobrevivência da indústria da hospitalidade no mundo durante a pandemia o aprimoramento da experiência do hóspede por meio da tecnologia, a criação de novos serviços e produtos, e os constantes treinamentos e apoio físico e mental ao staff (afinal, staff feliz é o melhor caminho para o hóspede satisfeito).

Segundo o estudo, mudar a função de quartos ociosos em tantas propriedades durante o primeiro ano da pandemia (seja como room office, como pop up bares e restaurantes, espaços para experiências gastronômicas privativas etc) foi um dos principais pontos que ajudaram hoteleiros a pensar em outras propostas de novos serviços a serem oferecidos, e também em novas utilizações para espaços pré-existentes. A Traveller Made cita também a importância do crescimento de até 80% das staycations e a implementação de novos espaços funcionais ao ar livre nesse processo. 

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Cinco aspectos INCONTORNÁVEIS

Na hotelaria brasileira, hoteleiros que vêm enfrentando a pandemia com boas taxas de ocupação em suas propriedades têm destacado em geral cinco aspectos que consideram “incontornáveis” para assegurar o bom desempenho nesses tempos duros:

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1. Segurança sanitária

Hóspedes prestam cada vez mais atenção e valorizam cada vez mais os diferentes procedimentos hoteleiros para garantir segurança, higiene e saúde durante a estadia. Mas é fundamental ser extremamente claro na comunicação de tais “protocolos” para inspirar confiabilidade. 

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2. Informatização

É desafio necessário manter a calidez e a eficiência do serviço com distanciamento social, priorizando cada vez mais operações sem contato (a digitalização de operações já é vista como fundamental para boa parte dos hóspedes no quesito “segurança). A digitalização de serviços abriu caminho para novas e bem-vindas maneiras de receber hóspedes com qualidade e respeito absoluto aos protocolos sanitários obrigatórios desses tempos.

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3. Trabalho remoto

O trabalho remoto tem ajudado sobremaneira a hotelaria brasileira a melhorar seus índices de ocupação (inclusive com estadias em média muito mais longas). Há destinos inteiros cada vez mais interessados nesse público, como mostrei recentemente em matéria para o UOL. O nomadismo digital já é uma realidade para parcela significativa dos viajantes, e a hotelaria precisa estar preparada para essa nova necessidade dos hóspedes. 

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4. Sustentabilidade

O real envolvimento de hotéis e pousadas com sustentabilidade (ambiental, econômica, social e cultural) passou a ser um dos critérios prioritários de escolhas de viagem para muito mais gente (71% dos entrevistados em estudo da Booking e 51% em estudo do Airbnb, por exemplo). O viajante está cada vez mais consciente dos impactos que suas decisões de viagem geram.

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5. Bem-estar

Segundo o Global Wellness Tourism Economy Report, o turismo de bem-estar já responde por cerca de 17% de toda a receita da indústria turística – e cresce mais e mais rápido que o turismo em geral. E a indústria da hospitalidade finalmente começa a entender que oferecer opções voltadas para o bem-estar vai muito além de pratos saudáveis no menu e massagens relaxantes no spa. 

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Reinvenção AINDA é a palavra chave

Reinvenção tem sido uma palavra frequentemente proferida pela maioria dos hoteleiros com os quais conversei nos últimos meses. Afinal, hotéis e pousadas perceberam que, com os hóspedes passando cada vez mais tempo nos lugares nos quais se hospedam, é fundamental adaptar operações, ambientes e serviços para tornar esses lugares ainda mais acolhedores e interessantes.

Sejam estas mudanças temporárias ou permanentes, a hotelaria bem-sucedida tem estado extremamente atenta às mudanças de comportamento e de padrão de gastos e consumo dos hóspedes. Portanto, com criatividade, inovação e competitividade, o hoteleiro precisa estar realmente alinhado às necessidades sociais vigentes – para muuuuuito além dos famigerados protocolos sanitários. 

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Casa na árvore no Xigera Safari Lodge, em Botswana

De predador a construtor: é a vez do turismo regenerativo

Viajar de maneira sustentável, sem causar danos ao meio ambiente, não é mais o suficiente. O conceito de turismo regenerativo surgiu antes de pandemia, mas ganhou força nos últimos meses. Você sabe do que se trata? E o que tem a ver com hotelaria? Em viagens regenerativas viajantes e empresas não prejudicam o planeta, compensam os danos causados (através de programas de neutralização de carbono, por exemplo), e promovem melhorias

No turismo regenerativo o envolvimento social, econômico e cultural de toda a rede de viagem é maior e mais ético. O oposto do overtourism. O impacto positivo pode acontecer de diversas maneiras, como melhorar as condições econômicas da comunidade local ou recuperar um ecossistema. Ou seja, tornar um lugar melhor do que ele era antes, e não apenas deixar igual.

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Buyout: reservar hotel inteiro é tendência na pandemia

O conceito de turismo regenerativo é relativamente recente. Já o termo “regenerativo” é usado há mais tempo em outras áreas, como arquitetura, design e agricultura, frequentemente associado à economia circular. No Brasil ainda são poucas as referências a viagens regenerativas ou turismo regenerativo. Mas em 2020 a regenerative travel começou a ser discutida mais constantemente por publicações estrangeiras especializadas em viagens ou não, como The New York Times.

Uma reportagem publicada em agosto no jornal americano chamou a atenção para o tema com o título “Move over, sustainable travel. Regenerative travel has arrived”. O texto aponta vários caminhos para ações regenerativas seguidos por organizações sem fins lucrativos, associações de operadores de viagem, escritórios de promoção turística de lugares tão diferentes quanto Nova Zelândia e Bélgica e hotéis. Selecionei outras tendências e novidades do turismo em 2021 para uma reportagem do jornal O Globo, publicada em janeiro

Turismo regenerativo: fachada do Bentwood Inn, em Jackson Hole, Wyoming | Foto de Danny Barnes/Divulgação
Fachada do Bentwood Inn, em Jackson Hole, Wyoming | Foto de Danny Barnes/Divulgação

turismo regenerativo: ‘além do sustentável’

No início da pandemia muito se discutiu como seriam diferentes as viagens pós-vacina. Hoje vemos que não será a covid-19 que tornará o ser humano melhor. Temos que perseverar. Até pelo conceito em si, turismo regenerativo não pode ser considerado um nicho de mercado (como aventura, por exemplo). Também não é um substituto de turismo sustentável. É mais amplo. Mas diversos hotéis em todo o mundo, inclusive no Brasil, já fazem questão de destacar que vão “além do sustentável”. Para dar mais visibilidade a estas propriedades surgiu no final de 2020 a marca Beyond Green, do mesmo grupo que administra a Preferred Hotels & Resorts. E há pelo menos uma agência online usando o termo “viagem regenerativa” no nome: a Regenerative Travel, criada pouco antes da pandemia.

Marcas já existentes também começam a dar os primeiros passos “além do sustentável”. Em reportagem sobre viagem regenerativa publicada no início de 2021, a Forbes destacou o exemplo da Red Carnation Hotels, com 20 hotéis de luxo em três continentes. Através da fundação sem fins lucrativos ThreadRight, a rede hoteleira vai analisar pelos próximos cinco anos a pegada ambiental e o impacto nas comunidades locais das operações da empresa e priorizar ações regenerativas. Os tópicos vão de diversidade e inclusão no local de trabalho ao bem-estar da fauna.

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respeito ao meio ambiente ‘além do básico’

Não por acaso algumas propriedades da Red Carnation estão no portfólio de hotéis de luxo da Beyond Green, como o Ashford Castle, na Irlanda; o Bushmans Kloof Wilderness Reserve, na África do Sul, e o recém-inaugurado Xigera Safari Lodge, em Botswana.

A proposta da Beyond Green é “levar o turismo sustentável para um outro nível” e formar um portfólio com hotéis, resorts e lodges que contribuem para o bem-estar social e econômico das comunidades locais, protegem o patrimônio natural e cultural e respeitam o meio ambiente indo “além do básico” e seguindo os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs) das Nações Unidas.

No Delta do Okavango, o Xigera (foto no topo do texto) é um dos 24 membros fundadores da Beyond Grenn, que tem representantes de 15 países em cinco continentes. O ir “além do básico” pode incluir a monitoração de toda a fauna e flora local, um compromisso que o lodge assumiu com o Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais, órgão do governo federal. Ou a encomenda de 90% dos móveis, objetos de decoração e obras de arte para serem feitos a mão por artistas e designers africanos, a maioria jovens. Ou a transformação em compostagem dos resíduos orgânicos da cozinha, doada para as comunidades locais usarem em suas plantações.

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Turismo regenerativo: Comuna do Ibitipoca, fazenda histórica em Minas Gerais | Foto de divulgação
Comuna do Ibitipoca: fazenda histórica em Minas Gerais | Foto de divulgação

‘Regenerative travel’: do Wyoming a Ibitipoca

Outro fundador da Beyond Green está no portfólio da Regenerative Travel. É Bentwood Inn, em Jackson Hole, no Wyoming, construído com madeira recuperada de um grande incêndio no parque de Yellowstone, em 1988. Com apenas cinco quartos, o lodge tem um coordenador de sustentabilidade que supervisiona iniciativas regenerativas, como o plantio de árvores frutíferas pensando na migração de animais selvagens.

Entre os hotéis com os quais a Regenerative Travel trabalha estão alguns razoavelmente conhecidos dos viajantes de luxo brasileiros, como os safari camps Singita na África do Sul, que promovem cursos de educação ambiental para as comunidades locais, e o Sublime Comporta, em Portugal, com uma piscina biológica na qual a água é tratada com plantas aquáticas, criando um ecossistema.

Há também um representante brasileiro na Regenerative Travel, a Comuna do Ibitipoca, em uma fazenda do século XVIII em Minas Gerais. Aqui a compensação de carbono é feita localmente: árvores nativas da Mata Atlântica são plantadas na região em um projeto que tem a parceria das comunidades vizinhas. É apenas um exemplo de como o turismo regenerativo é um convite para, nas palavras da Comuna, “refletir sobre questões globais e agir localmente”.

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Búzios, Rio de Janeiro

Desafios do turismo no Rio de Janeiro

O turismo representa cerca de 3% do PIB do Estado do Rio em 2019, segundo a Secretaria estadual de Turismo (Setur-RJ). O índice já foi maior, mas ainda é significativo. Atrair visitantes durante uma pandemia que não acabou, estimular viagens pelo estado e promover o turismo seguro e consciente passa por sustentabilidade, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Conversei sobre caminhos, desafios e tendências do turismo no Rio de Janeiro com Adriana Homem de Carvalho, secretária de Turismo do estado; Alexandre Sampaio, da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação); Fernando Alves da Silva, diretor de programas sociais do Sesc Rio; Fernando Blower, presidente do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro), e Pedro Guimarães, diretor-presidente da Apresenta Rio, associação de promotores de eventos. Destaco a seguir pontos importantes relacionados à hotelaria.



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Impacto social e ambiental

Com a palavra Fernando Alves da Silva, do Sesc Rio, integrante do sistema Fecomércio: “Agora é a hora das empresas valorizarem os critérios ESG (Environmental, Social and Governance, ou meio ambiente, social e governança). As companhias que vão sobreviver são as que seguem estas premissas, envolvendo de colaboradores e fornecedores a clientes. É preciso planejar as ações ambientais e sociais parar gerar resultados tangíveis, auditáveis”.

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Fernando Blower, do SindRio, destaca a premência da questão social: “Para cada emprego informal gerado, você perde um formal. Sustentabilidade é o caminho. Temos que abraçar o social e o ambiental. Limpeza e higiene são itens básicos em bares e restaurantes. Logo em seguida estão a origem e a qualidade dos ingredientes, e o acolhimento e a empatia com colaboradores, fornecedores e clientes. Bares e restaurantes atraem turistas. E as pessoas procuram cada vez mais marcas que combinem com seus valores”.

Leia mais: Como estão funcionando os restaurantes de hotéis do Rio

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Números da hotelaria no Estado do Rio

Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostram que, entre março e agosto de 2020, mais de 40 mil estabelecimentos do setor de viagens e turismo fecharam definitivamente, sendo 5.400 meios de hospedagem. Alexandre Sampaio, da FBHA, que reúne oito sindicatos patronais do Rio de Janeiro, destaca que 70% dos hotéis da cidade do Rio estão abertos (no país o índice chega a 90%), ainda que não com oferta plena de quartos. O panorama é similar nos principais polos hoteleiros fluminenses: “A ocupação média na cidade do Rio e em algumas outras cidades do estado durante a semana está entre 18% a 25%, podendo chegar a 35%. Nos fins de semanas a taxa de ocupação passa de 40%. Com protocolos gerando confiança esperamos superar a crise. Biossegurança é fundamental para que o turista retorne aos hotéis”.

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Sobre protocolos, Fernando Alves, do Sesc, ressalta a importância de cada um fazer a sua parte: “O público precisa entender que cada cidade tem os seus protocolos, e que eles podem ser diferentes entre si. A sociedade deve exigir informação em tempo real, de maneira transparente”.

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Morro Dois Irmãos visto da piscina do hotel Praia Ipanema, no Rio | Foto de Carla Lencastre
Eventos e os desafios do turismo no rio de janeiro

O Rio de Janeiro sediou em meados de outubro um dos primeiros eventos presenciais em tempos de Covid-19: a feira de artes plásticas ArtRio, realizada na Marina da Glória. Eventos atraem visitantes e aumentam a taxa de ocupação dos hotéis. Impacto ambiental e social faz parte da concepção de eventos, que são o primeiro emprego de muita gente. Mas eles geram aglomeração. Pedro Guimarães, da Apresenta Rio, acredita que a união do setor em relação aos protocolos é o caminho. “Medidas de biossegurança serão por muito tempo incorporadas à rotina do dia a dia. Quem não cumprir pode impactar o outro. Sabemos que os eventos estão no final da fila. Mas somos habituados a trabalhar com medidas cíclicas e flexíveis de organização de processos, de adaptação de rotinas e de implementação de experiências.”

Leia mais: Como hotéis e eventos podem neutralizar as pegadas de carbono

Lumiar, na serra fluminense | Foto de Carla Lencastre
O Estado do Rio e o selo do WTTC

A Secretaria de Turismo do Estado do Rio é embaixadora do selo Safe Travels do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC na sigla em inglês) e pode certificar prestadores de serviço públicos e privados do Estado. Os candidatos precisam ter o selo Turismo Consciente, com protocolos de biossegurança criados pela própria Setur-RJ e validados pela Secretaria estadual de Saúde. Tanto o Safe Travels do WTTC quanto o Turismo Consciente do Estado Rio são selos de conscientização. Ou seja, a empresa se compromete com os protocolos de biossegurança, mas não há fiscalização.

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A reabertura para o turismo de Búzios, Angra e Paraty

Entre os estados brasileiros com o Safe Travels estão São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Ceará. No Rio de Janeiro, além de criar protocolos de biossegurança para os 92 municípios do estado, mais recentemente a Setur-RJ começou a elaborar campanhas para atrair visitantes do próprio estado e de estados vizinhos. A Mais Rio por Menos, por exemplo, tem vários hotéis parceiros como Fairmont Copacabana, Miramar by Windsor, Santa Teresa MGallery e Sheraton Grand.

Leia mais: Como é o Fairmont Copacabana, inaugurado em 2019

Copacabana refletida no Alloro by Miramar | Foto de Carla Lencastre

A minha conversa sobre os desafios do turismo no Rio de Janeiro foi promovida pelo Sesc e realizada pelo jornal carioca O Globo. Está no disponível no YouTube. Para assistir não é preciso ser assinante do jornal nem fazer cadastro. Basta clicar aqui.

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Desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia

A hotelaria amazônica brasileira sempre viveu grandes desafios, desde os primórdios da exploração turística legal da região. Para começo de conversa, a complicada logística de administração geral, acesso e treinamento de mão-de-obra em locais tão remotos pode exigir verdadeiros malabarismos. Além disso, até hoje são poucas as propriedades que, a exemplo dos melhores lodges africanos, criaram experiências verdadeiramente confortáveis e sustentáveis que sejam condizentes com suas tarifas (assunto esse para uma próxima coluna). Mas 2020 elevou a outro patamar os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia. 

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Segundo pesquisa Raio-X do Turismo Frente à Covid-19, realizada pela Rede Observatório de Turismo da Universidade do Amazonas (em parceria com a Amazonastur), o turismo no estado do Amazonas registrou queda média de 72% no faturamento das agências locais e de 70% nos hotéis. A situação fica ainda mais complicada quando chegamos ao turismo de selva. Não apenas hotéis e lodges de selva sofreram o imenso baque da pandemia (fechamento, cancelamento de reservas, reembolsos etc) mas, sobretudo, comunidades inteiras assistidas pelos mesmos tiveram redução brusca de renda. 

Para muitas destas comunidades, sua renda depende em grande parte do movimento turístico, seja pela venda de artesanato ou por sua participação nas equipes dos lodges e atividades de eco-turismo. Muitos empreendimentos da região demitiram boa parte dos funcionários no começo da pandemia. E a lenta recuperação do setor desde a reabertura do turismo na região não está ajudando; afinal, o turismo ali era majoritariamente movimentado pelos turistas estrangeiros, cujo retorno ainda segue sem nenhuma previsão.

Entidades e grupos como a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) criaram diferentes iniciativas locais para ajudar essas comunidades ao longo destes sete meses de pandemia. Mas uma parte fundamental da ajuda para algumas comunidades amazônicas sempre veio da hotelaria. 

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Cuidar das comunidades é a base da sustentabilidade 

Para muitas comunidades, as atividades turísticas na região começaram como renda complementar, mas acabaram se tornando fonte principal de renda com o passar dos anos e o maior desenvolvimento do potencial turístico local.  E algumas propriedades felizmente têm clara noção disso. 

“Nossa principal comunidade é a dos funcionários dos nossos dois hotéis”, afirma Guto Costa Filho, proprietário do Anavilhanas Jungle Lodge, no Parque Nacional Anavilhanas, e do Villa Amazônia, em Manaus. “O Anavilhanas é hoje o maior empregador privado do município de Novo Airão e o Villa Amazônia em Manaus é um importante formador de mão de obra qualificada para serviços de alto padrão. Nestes meses de pandemia, dispensamos apenas os funcionários recém-contratados, que ainda estavam em período de experiência, e cuidamos para garantir a todos rendimentos próximos aos níveis pré-pandemia, aumentando também a cesta de produtos oferecidos aos funcionários dos hotéis”.

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Ao mesmo tempo, cuidaram também das comunidades do entorno da propriedade, especificamente as comunidades do Santo Antonio e do Tiririca, levando cestas básicas quinzenalmente para que os moradores não se vissem forçados a procurar novas alternativas de renda, muitas vezes ilegais. “Mantivemos também o projeto de construção da escola do Aracari, que entregará, em parceria com a comunidade, um novo modelo de escola comunitária, pensado para acolher as crianças de diversas idades em salas arejadas, claras e amplas, seguindo as técnicas construtivas locais”, diz.

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Desafios em sequência durante o ano

Mas os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia não pararam por aí, é claro. Guto conta que 2020 vinha sendo um ano com demandas crescentes nos hotéis, com a grande maioria das reservas do primeiro semestre pré-pagas – mas foram todas reembolsadas com a onda de cancelamentos em março e abril. “Os desafios vieram em etapas e foram muitos. Do dia para noite tivemos que cancelar reservas confirmadas, devolver os valores pagos e pensar em como manter nossos 128 funcionários enquanto não saía a proposta formal do governo para manutenção de empregos. Nesses 7 meses, assistimos nosso principal mercado desaparecer por completo com o desaparecimento dos estrangeiros”, desabafa.

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O Anavilhanas Jungle Lodge é sem dúvidas um dos mais consistentes exemplos de hotelaria de qualidade na região (dá para ver bastante da minha última viagem para lá também no meu instagram). Localizado ao lado do município de Novo Airão, tem acesso descomplicado de carro a partir de Manaus em uma viagem de duas horas.

Instalado à beira-rio, tem acomodações extremamente confortáveis, serviço atencioso, excelente gastronomia e sempre foi inteiramente focado em sustentabilidade. Painéis solares garantem até ar condicionado em perfeito funcionamento em todas as acomodações, por exemplo. Além disso, foi talvez a única propriedade hoteleira amazônica no Brasil que já abriu suas portas com todos os alvarás aprovados. Em alguns aspectos, já pregava o distanciamento social desde antes da pandemia, com quartos em estilo chalé e bangalô imersos na floresta tropical e passeios em grupos muito reduzidos.

Guto conta também que, nos longos meses em que estiveram fechados, decidiram tocar adiante as melhorias e reformas, aproveitando o período sem hóspedes para modernizar e atualizar as propriedades. “Além disso, em maio começamos a estudar os protocolos e pensar em como adapta-los à realidade de um hotel urbano e outro de floresta, que opera também passeios, traslados e refeições”. 

Foram meses de treinamento da equipe, implantação dos novos protocolos, comunicação com o trade e clientes diretos, e espera pela reabertura dos Parques Nacionais e dos rios até o hotel poder reabrir em segurança. E ainda mais redondinho do que já era.

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Respostas rápidas para os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia

A Expedição Katerre (que promove itinerários em barco pela região) e o hotel Mirante do Gavião Amazon Lodge (em Novo Airão) foram fundadas dentro dos princípios Turismo de Base Comunitária e desde 2004 incluem a participação das população local em suas atividades. Também focadas em sustentabilidade, ambas estão entre as empresas mantenedoras da Fundação Almerinda Malaquias, em Novo Airão, garantindo 70% do orçamento anual necessário para a sobrevivência da instituição. 

A Fundação possui um centro de educação multidisciplinar ambiental e de formação profissional que promove amplo trabalho de capacitação e geração de renda, mantendo mais de 40 famílias na região. O trabalho artesanal da Fundação é sustentável, partindo do reaproveitamento das sobras de madeiras nobres amazônicas descartadas pela indústria, e gera pratos, fruteiras, talheres, brinquedos e até bolsas clutch.

Antes da pandemia, 80% da renda com a venda dos produtos era oriunda dos turistas visitantes. Quando os turistas desapareceram completamente em abril, uma resposta rápida foi fundamental para enfrentar alguns desses desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia. Uma força-tarefa da Expedição Katerre e do Mirante do Gavião Lodge colocou no ar rapidamente uma loja virtual para que os produtos da Fundação Almerinda Malaquias fossem vistos e comercializados no país todo.  E a iniciativa deu muito certo. 

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A importância de um trabalho conjunto em toda a cadeia do turismo

A hotelaria sobre as águas na região também tem bons exemplos. As embarcações Belle Amazon e Amazon Dolphin, que atuam na região dos rios Tapajós e Arapiuns e são operadas pela Turismo Consciente e pela Cap Amazon, retomaram as atividades turísticas nas comunidades ribeirinhas na região da Floresta Nacional (FLONA) após um semestre inteiro de fechamento absoluto. 

Para preparar uma retomada segura para todos na região, Turismo Consciente e Cap Amazon promoveram encontros com líderes de seis comunidades locais para levar as mais atualizadas informações sanitárias oficiais sobre a pandemia e difundir os principais protocolos do setor. “Os moradores querem os visitantes de volta, mas querem que a retomada seja feita de forma ordenada, sem riscos de contaminação. Alertamos para a necessidade de que todos os envolvidos na cadeia do turismo (operadores, agências, visitantes) respeitem e cumpram os protocolos”, avisa Keissiane Maduro, indígena Borari que é administradora de operações da Turismo Consciente.

As comunidades ali estão agora entrando na terceira etapa do Plano de Reabertura Gradual elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Os moradores da floresta são nossos parceiros comerciais, fornecedores e gestores. Nossa atuação está muito longe do discurso raso e assitencialista de ‘caridade’. Nossa relação é sempre de respeito e responsabilidade de ambas partes”, diz Maria Teresa Meinberg, sócia-proprietária da Turismo Consciente. 

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A oportunidade agora vem do turismo nacional

Mesmo com as fronteiras reabertas para o turista estrangeiro, ele ainda não chegou e não há nenhuma previsão ainda de quando voltará a ter presença significativa na Amazônia brasileira. “Manaus é um exemplo de como a imagem de um destino pode ser afetada devido à pandemia pela alta em número de contágios e mortes. Apesar da situação já estar sob controle, a imagem não está – e esse será o desafio do Brasil como destino turístico para mundo. Temos que (re) trabalhar nossa imagem com muito esforço”, diz Simone Scorsato, diretora da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), associação sem fins lucrativos que reúne alguns dos principais hotéis e operadores de luxo do Brasil – e que divulga e promove o país focando em autenticidade e sustentabilidade.

Mas em um mundo com tantas fronteiras ainda fechadas para os brasileiros, diante da impossibilidade de viajar ao exterior muitos turistas nacionais podem se abrir enfim à oportunidade de fazer alguma grande viagem pelo Brasil há tempos adiada. E a Amazônia (seja pela complexa logística de acesso, seja pelos altos custos normalmente envolvidos) provavelmente está no topo desta lista para muita gente.

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Eis aí uma oportunidade importante para enfrentar os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia. Jean-Philipe Pérol, sócio-administrador dos barcos Belle Amazon e Amazon Dolphin, faz questão de destacar: “O destino Amazônia é uma das grandes tendências do turismo pós-crise, com o aumento da procura por lugares preservados e isolados”. 

Hotéis de selva verdadeiramente sustentáveis podem ser uma bela alternativa para quem busca viagens seguras no Brasil durante a pandemia. E, felizmente, mesmo que de maneira lenta, já começam a sentir essa demanda nacional. “Os hóspedes começaram a voltar lentamente. Vemos uma retomada da demanda bastante promissora do público doméstico”, afirma Guto Costa Filho, do Anavilhanas. “Pouco a pouco vamos percebendo que o turismo e a vontade de conhecer outras realidades são necessidades fundamentais para a saúde mental de nossa sociedade”.

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Praia de Copacabana vista da piscina do hotel Miramar

Quais são as mudanças nos hotéis na pandemia

Muitas previsões foram feitas sobre as mudanças nos hotéis ao longo da pandemia. Agora já podemos começar a analisar quais as transformações que vieram ou não para ficar. Lembrando que para aumentar as chances de uma viagem segura é fundamental o respeito às novas regras e ao próximo. De nada adianta hoteleiros manterem os ambientes ventilados, criarem elaborados protocolos de biossegurança e investirem em treinamento se os hóspedes se aglomerarem e não usarem máscaras nas áreas comuns.

Leia também: Hotéis investem em bem-estar durante a pandemia

A pandemia ainda não acabou. Mas é possível pensar em escapadas sem aglomeração. Pesquisa do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) realizada entre o final de setembro e o início de outubro de 2020 mostra que 90% dos quartos de 876 hotéis de rede em mais de 200 municípios do país estão disponíveis para receber hóspedes. Em São Paulo, 90% dos quartos de 127 hotéis estão abertos, com um total de 23.843 acomodações em hotéis de rede. No Rio de Janeiro, são 70% dos quartos de 10.205 em 50 hotéis.

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O que mudou

Reforço na limpeza

A principal de todas as mudanças nos hotéis na pandemia. De grandes redes a pequenas pousadas há muita gente se esforçando para pesquisar, implementar e fiscalizar novos procedimentos de higienização e sanitização.

Marriott, Hilton, Accor… Os maiores grupos hoteleiros anunciaram mudanças nos procedimentos de limpeza logo nas primeiras semanas da pandemia. Novos cargos ou mesmo departamentos inteiros foram criados para profissionais de biossegurança. Associações de propriedades independentes, inclusive as brasileiras Circuito Elegante (com o selo Safe&Clean) e Roteiros de Charme, também investiram em treinamento, inspeções, certificações. Álcool gel 70 por toda a parte é apenas o detalhe mais aparente de todas estas transformações. Atualmente há mais evidências de transmissão do vírus pelo ar do que pelo contágio de superfícies. Então usar máscara é fundamental para que as medidas de higiene sejam efetivas.

Leia também: O que muda na limpeza dos hotéis com a covid-19

Mudanças nos hotéis na pandemia: balcão de check-in/check-out protegido por acrílico no Miramar by Windsor, em Copacabana
Balcão protegido por acrílico no lobby do Miramar by Windsor, em Copacabana | Foto de Carla Lencastre
Experiências de baixo contato

Check-in e check-out virtual existiam antes da covid-19 em hotéis de diferentes categorias. O serviço cresceu durante a pandemia. Mesmo em hotéis que optaram por manter check-in e check-out no lobby, há procedimentos sendo feitos com contato mínimo. Aplicativos de hotéis também são outro exemplo do que já existia e aumentou durante a pandemia. Hotéis de luxo usam os apps para que os hóspedes tenham um canal de comunicação em tempo real sem perda de qualidade do serviço; hotéis midscale de grandes redes têm chaves virtuais nos telefones; resorts fazem agendamento de atividades de lazer… Cardápios de restaurantes e minibares sob demanda e menus de tratamentos do spa por QR code também foram adotados por muitas propriedades.

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Mudanças nos hotéis na pandemia: menu com QR code do restaurante Alloro, no Miramar by Windsor
Menu com QR code do restaurante Alloro, no Miramar by Windsor | Foto de Carla Lencastre
adaptação do espaço físico

Room office, hotel schooling, estadia prolongada e buyout (a opção de reservar uma propriedade inteira para o turismo de isolamento de uma bolha de hóspedes) são alternativas encontradas por hotéis urbanos, resorts e pousadas para aproveitarem estruturas ociosas de eventos ou simplesmente aumentarem as taxas de ocupação. Principalmente durante a semana, porque nos fins de semanas e feriados muitos alcançam os 100% de lotação máxima permitida pelas regras estaduais e municipais. Nos Estados Unidos, há hotéis de rede fazendo parcerias com empresas especializadas em co-working, que garantem a qualidade dos serviços necessários para o trabalho.

Tarifas promocionais para stacycation ou workcation e políticas de cancelamento e remarcação mais flexíveis acompanham estas novas iniciativas. Nos EUA, as extended stays têm uma nova marca de hotel: SureStay Studio, da rede americana Best Western. A primeira unidade foi aberta em setembro em Charlotte, na Carolina do Norte, e outras 27 estão a caminho.

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O que não mudou (pelo menos não até agora)

Bufês self-service

No início da pandemia, pouca gente tinha dúvida que bufês self-service saíriam dos hotéis para entrar na história. Afinal, fazer refeição em bufê é considerada atividade de alto risco como mostra a tabela da Associação Médica do Texas reproduzida por diversos órgãos de mídia. A associação Resorts Brasil não recomenda. Mas os bufês seguem inabaláveis.

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comunicação digital

Outro item sobre o qual havia poucas dúvidas. Comunicação digital clara seria o novo normal na hotelaria. Sete meses depois há numerosos hotéis que sequer mencionam os novos protocolos em seus sites ou com informações diferentes, às vezes conflitantes, no site e nas redes sociais. Talvez estes mesmos lugares ofereçam informações detalhadas aos agentes de viagem, mas não para o consumidor. Fica a ressalva de que há também o extremo oposto: hotéis com ótimos exemplos de comunicação digital.

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sustentabilidade

A pandemia fez com o planeta desse um passo atrás na redução do plástico de uso único. O aumento de plástico descartável na hotelaria até pode fazer sentido em um primeiro momento, por conta da sensação de segurança que passa. Mas, até agora, ainda não vi nenhum hotel explicando claramente como descarta os resíduos, que aumentaram muito. Nem mesmo propriedades com várias boas práticas realmente sustentáveis. Fracassamos.

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