Turismo internacional caminha para ano recorde

A demanda do Turismo tem permanecido forte ao longo de 2017, que provavelmente será um ano de recorde no turismo internacional, é o que prevê a UNWTO (OMT) com a mais recente edição do Word Tourism Barometer, o barômetro do Turismo.

Entre janeiro e agosto deste ano, destinos do mundo inteiro receberam 901 milhões de chegadas de turistas internacionais, 56 milhões a mais do que no mesmo período em 2016. A alta corresponde a um aumento de 7%, porcentagem bem maior do que a obtida em anos anteriores.

Os números dos primeiros oito meses de 2017 nos deixa otimistas em relação ao crescimento do setor no restante do ano que, segundo a OMT, deverá ser o oitavo ano consecutivo de crescimento contínuo e sólido para o turismo internacional.

O forte desempenho é confirmado pelos especialistas do mundo inteiro consultados pela Organização para firmar o Índice de Confiança, que também possui perspectivas positivas para os últimos meses do ano.

As chegadas de turistas internacionais no meses de julho e agosto, temporada de verão no hemisfério norte, totalizaram mais de 300 milhões pela primeira vez, de acordo com o relatório. Além disso, muitos destinos registraram crescimento de dois dígitos, principalmente no Mediterrâneo.

Brasil

O relatório destaca a participação do Brasil como um dos países que apresentou forte recuperação de demanda de saída com aumento de 35% nas despesas de turismo em terras internacionais.

América do Sul

De acordo com o Barômetro, a América do Sul obteve crescimento de 7%, com o Uruguay liderando a lista: o país apresentou o notável aumento de 24% nas chegadas internacionais até o mês de setembro, impulsionado pela demanda de turistas argentinos e brasileiros. A Colombia vem em seguida, com aumento de 22%. A OMT comunicou que não há dados a respeito das chegadas internacionais no Brasil para o período necessário a constar o barômetro.

Ano do Turismo Sustentável

A ONU proclamou o ano de 2017 como sendo o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, atraindo o tema para as discussões e definições de estratégias do setor, com objetivo de firmar o gerenciamento do Turismo responsável e sustentável durante os próximos anos.

O Barómetro Mundial de Turismo da OMT é uma publicação regular que visa monitorar a evolução do setor. Contém três elementos permanentes: uma visão geral dos dados turísticos de curto prazo dos países de destino e do transporte aéreo, avaliação retrospectiva e prospectiva do desempenho do turismo por especialistas de todo o mundo e dados econômicos. Seguimos acompanhando.

O ano do Overtourism

No decorrer deste ano, abordei algumas vezes aqui no blog o tema Overtourism, citando os exemplos de Veneza, Barcelona e Amsterdã. O fato é que o fenômeno, recentemente, tem se tornado uma preocupação real por se apresentar em destinos e gerar desconfortos que podem causar uma verdadeira aversão ao Turismo (a turismofobia).

O Turismo é uma força de apoio, uma indústria que gera desenvolvimento em âmbitos globais: social, cultural, econômico etc. Essa constatação é reiterada por dados, pesquisas, experiências em destinos, vivências dos turistas e é confirmada por quem trabalha no setor direta ou indiretamente. A indústria está presente e se torna mais desenvolvida por ser benéfica. Quando o destino não está preparado para uma “superexpansão” e a chegada de hordas de turistas (que pode ser ou orgânica ou provocada), temos o Overtourism e com ele, temos um problema.

Em contrapartida com o desenvolvimento de novas estratégias de Turismo e o número de viajantes pelo mundo, 2017 foi também, sem dúvidas, o ano do Overtourism. Nesse ano, destinos buscaram estratégias para tentar conter as consequências dos “excessos” do Turismo.

Mas o ditado já nos diz que “prevenir é melhor do que remediar”. Com o tema agora em foco, PREVER as consequências da superexpansão do Turismo e até mesmo identificar a chegada do fenômeno se torna essencial na manutenção do setor como uma engrenagem de apoio e não uma dor de cabeça.

Aqui na WTM London, o assunto virou debate por sua ocorrência na Europa e no litoral do Mediterrâneo. Ministros de Turismo reuniram-se para abordar as questões de sobrecarga de turistas em alguns destinos e discutir possíveis estratégias.

Barcelona, Amsterdã, Veneza, Dubrovnik e Santorini são apenas alguns exemplos de como o crescimento desenfreado do setor pode afetar as esferas sociais e econômicas de um destino, reverberando o quanto é preciso contornar seus efeitos, com planos de ação que monitorem seus resultados,
e trabalhar a indústria de forma proporcional ao que se pode hospedar.

O fato é que, assim como o Overtourism não chega a curto prazo, a solução para o problema dificilmente funcionará em curtos espaços de tempo. Talvez uma visão mais holística para o Turismo de determinados destinos possa evitar uma sobrecarga e a transformação do turista numa visita indesejada.

Divulgado ranking das 100 cidades mais visitadas do mundo

A Euromonitor International revelou nesta terça, aqui na WTM London, a edição de 2017 do Top 100 City Destinations Ranking, um relatório que aborda as 100 principais cidades do mundo em *chegada de turistas internacionais*. O relatório deste ano inclui dados de previsão até 2025 e incorpora futuras tendências de viagens, dando uma visão mais aprofundada sobre como as tendências de viagens são apoiadas pelas oportunidades e quais desafios as cidades enfrentam no setor.

O Top 10 da lista:

1. HONG KONG: 26.6 milhões de visitantes

2. BANGKOK: 21.2 milhões de visitantes

3. LONDON: 19.2 milhões de visitantes

4. SINGAPORE: 16.6 milhões de visitantes

5. MACAU: 15.4 milhões de visitantes

6. DUBAI: 14.9 milhões de visitantes

7. PARIS: 14.4 milhões de visitantes

8. NEW YORK: 12.7 milhões de visitantes

9. SHENZHEN: 12.6 milhões de visitantes

10. KUALA LUMPUR: 12.3 milhões de visitantes

 

Brasil

A cidade do Rio de Janeiro é a única brasileira da lista. O Brasil é citado no relatório como um dos maiores mercados da América Latina. Anfitrião da Copa em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016, obteve um desenvolvimento significativo graças aos dois grandes eventos, entretanto, recentemente, vem enfrentando “tempos turbulentos” na política e na economia do país, que está se recuperando paulatinamente. Possivelmente, Rio de Janeiro cairá algumas posições na próxima edição do ranking, já que este é feito de acordo com o número de turistas recebidos (no caso do Rio, este número teve alta graças às Olimpíadas).

Crescimento do Turismo na Ásia-Pacífico

Hong Kong, a cidade mais visitada do mundo de acordo com o relatório, é beneficiada pela sua localização estratégica e relacionamento com a China; seguida de Bangkok, que ultrapassou Londres em 2015. As cidades asiáticas dominam os rankings de destino global, graças ao aumento de Turismo de saída chinês. Em 2010, 34 cidades da Ásia-Pacífico estavam presentes no ranking da Euromonitor International, número que saltou para 41 cidades em 2017 e deverá crescer para 47 cidades em 2025. A Ásia-Pacífico é uma região de destaque por ter impulsionado mudanças importantes no setor de viagens, de acordo com relatório. A previsão é que Singapura ultrapasse Londres como a terceira a cidade mais visitada do mundo até 2025, tornando o pódio totalmente asiático.

Europa

Já o desempenho das cidades europeias tem sido dificultado por vários eventos nos últimos anos, incluindo a crise da zona do euro e dos migrantes, bem como a Brexit e ataques terroristas. Apesar da incerteza, alguns destinos europeus, em particular a Grécia, a Itália e a Espanha tem se beneficiado por oferecerem clima semelhante a países do Oriente Médio afetados por percalços políticos.

América do Norte

Os controles de fronteira mais fortes podem pesar no desempenho do Turismo da América. Apesar de terem crescido positivamente, as chegadas dos EUA testemunharam uma desaceleração em 2016 devido a uma forte incerteza dólar e política em torno das eleições dos EUA.

Sobre o provedor

A Euromonitor International é o principal fornecedor mundial de inteligência de negócios global e análise estratégica de mercado.

Para saber mais informações do Turismo em outras regiões, você pode solicitar o download do relatório completo.

Brasileiros voando mais

A intenção do brasileiro em viajar de avião aumentou 3 pontos percentuais de acordo com a última pesquisa de Sondagem do Consumidor  – Intenção de Viagem, do Mtur, divulgada ontem. O resultado mais recente, de julho, informa que, dos brasileiros que pretendem viajar num horizonte de 6 meses, 62% pretende ir de avião, intenção maior do que a observada em junho deste ano (que foi de 57%).

Já a intenção de viajar de automóvel e de ônibus caiu 2 pontos percentuais cada uma em julho, se compararmos a junho deste ano.

A preferência pelo o transporte aéreo também é uma das maiores do ano, que chegou a ter 50% das intenções no início de 2017. Paulatinamente, os brasileiros têm mostrado mais confiança econômica para realizar viagens, o que tem movimentado o ramo da aviação. Entretanto, o momento ainda é de incertezas por aqui.

Mas, por enquanto, está dando pra ser otimista: de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), em julho deste ano houve um crescimento de 3,83% na busca por voos domésticos e de 4,43% no volume de passageiros transportados, somando 8,6 milhões viagens realizadas. Esse percentual obtido quando comparado o mês de julho de 2017 a julho do ano passado.

Ainda segundo a ABEAR, além da procura, a oferta de transporte oferecida por companhias como Avianca, Gol, Latam e Azul teve um aumento de 4,59% em relação a julho do ano passado.

Atualmente, o governo possui a meta de chegar a 100 milhões de brasileiros viajando em 2022. Nos dias de hoje, esse número é de 60 milhões. A que velocidade precisamos andar para conseguir os 100 milhões? Será que, em menos de 5 anos, conseguiremos o feito, dado o momento político e econômico que (ainda) temos atravessado?

Enquanto não temos respostas, seguimos fazendo o turismo da melhor forma que sabemos e acompanhando de perto todos percalços e estímulos do setor.

Tourists, go home!

Já abordei aqui no blog, no artigo intitulado “A visita indesejada”, a questão da “superexpansão” do Turismo na Espanha: a insatisfação dos moradores de Barcelona com o crescimento do número de visitantes na cidade. No país, e principalmente em Barcelona, o sentimento anti-turismo eclodiu quando manifestações dos moradores locais em ruas de cidades espanholas atraíram a atenção da mídia.

Nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, a reputação da cidade como destino cresceu. O governo nacional, regional e local investiu fortemente na infraestrutura turística; conexões de voo de baixo custo proliferaram; o terminal de cruzeiros cresceu. Barcelona é uma das cidades que mais recebe visitantes no mundo e uma das primeiras se levarmos em conta a relação número de habitantes/número de turistas. Na cidade em que moram 1,6 milhão de pessoas, 32 milhões de turistas fizeram visita, em 2016.

Com motes como “Turistas, vão para casa!”, essa oposição ao crescimento da indústria tem se mostrado um sentimento coletivo e advém de algumas consequências da recepção desgovernada de turistas: aumento acelerado do custo de aluguéis, imóveis, comida, serviços e bens de consumo. Viagens corriqueiras de moradores locais (ao mercado do bairro ou ao cinema, por exemplo) que anteriormente duravam 20 minutos, são feitas em uma hora, devido número de visitantes que é 20x maior do que o da população.

Na Espanha, emergem outras preocupações quanto a qualidade de empregos do setor, taxa de crescimento da hospedagem e número de visitantes por dia. Em vista disso, o governo vem tentando ajustar o crescimento do turismo, sem degenerar o setor na cidade, já que 12% do PIB de Barcelona vem do turismo.

Mas como e quando deve-se agir a fim de controlar a entrada de visitantes? Entre tantos benefícios do crescimento do setor em um destino, deve haver um limite de expansão para o turismo? Quando a comunidade assume o setor como uma ameaça, de que maneira os gestores e políticos devem responder?

Barcelona se depara com o desafio de gerenciar uma cidade turística, o que é bem diferente da gestão do turismo em uma cidade. Este não é um desafio que será resolvido com medidas de curto prazo. A solução exigirá um pensamento estratégico de longo prazo e, por ter se tornado um problema comum dos habitantes locais, deverá basear-se em uma ampla consulta comunitária.

A demanda demasiada pode parecer, à primeira vista uma maravilha, mas torna-se um problema quando não há controle ou planos de ação que monitorem seus resultados. Sua solução exigirá imaginação e determinação por parte de formuladores de políticas e indústria que já se organizam para liderar o assunto, já que setor é indispensável ao desenvolvimento do país.

Mais tendências do turismo na América Latina

 

Falei aqui, anteriormente, a respeito do relatório sobre perspectivas da indústria para a América Latina, elaborado pela Euromonitor e WTM Latin America. Nele, constam algumas das principais tendências para o setor latino-americano, das quais uma (a 3ª idade viajante) foi o tema do post anterior.

Dando continuidade à lista de mudanças que irão direcionar o Turismo nos próximos anos, trago mais duas fortes tendências para ficarmos de olho:

Turistas “sem chefe”: a busca pela qualidade de vida também no emprego ou cargo ocupado tem remodelado a forma de trabalho. O número de profissionais que deixam seus empregos para trabalhar no que gostam e acabam tornando-se chefes de si mesmos é crescente a cada ano e traz inúmeras transformações importantes nos hábitos de consumo e nas relações pessoais.

Esse segmento de turista tem horário de trabalho flexível, possui inclinação para serviços personalizados, tende a ser mais autônoma na tomada de decisões. Para este grupo de viajantes, a linha entre trabalho e lazer é bastante tênue e, por isso, exercem influência na tendência “bleisure” (business+leisure). Os turistas sem chefe, segundo o estudo, possuem estilo de vida mais “livre”, buscando também na vivência de uma viagem fazer aquilo que gosta.

Vendas via smartphones: outra forte tendência, que já pode ser percebida e tende a tornar-se mais expressiva, é o uso de smartphones na hora de adquirir pacotes de turismo, ou compra de produtos e serviços. Sendo integrante diário da vida do turista, estes dispositivos serão também uma via de compras habitual para os serviços de turismo a medida em que este tipo de transação for se tornando confiável para os latino-americanos.

Esta tendência também é reforçada pela convergência de redes sociais com sites de de compras, com ofertas direcionadas através de tecnologias e ferramentas de busca.

Além de elaborar publicidade compatível com esses dispositivos é importante também que empresas de turismo estejam preparadas para atender a este tipo de demanda, com hotsites bem estruturados, acesso a termos de compra e venda digitais e tecnologia para que sejam realizadas as transações via smartphones.

Analisar as tendências para o setor traz a perspectiva de transformações nos serviços de turismo oferecidos e também das expectativas dos turistas. No próximo post trarei mais duas tendências para o setor na América Latina. Acompanhe!

As 5 principais tendências para a América Latina

Turistas com +50 são tendência para a indústria latino-americana (Foto: WTM Latin America)

A WTM Latin America em associação à Euromonitor apresentou o “WTM Latin America Trends Report 2017”, um relatório das principais tendências na indústria de turismo e viagens que vão tomar forma nos próximos anos na América Latina.

Cada vez a mais, a orientação regente tem sido a procura de ofertas e serviços personalizados alinhado à busca pelo fazer, ver e sentir (experiência), em detrimento do ter e comprar.

O relatório analisa mudanças comportamentais e demográficas, como o envelhecimento da população e o novos hábitos femininos, por exemplo, e o impacto destes na indústria do turismo. Das tendências listadas abaixo, as 5 mais expressivas que moldam e irão influenciar ainda mais o futuro da indústria na América Latina, de acordo com o relatório, irei realizar postagens futuras para explanar as tendências, com base nas considerações do estudo. As tendências observadas serão:

Envelhecimento da população e influência no turismo
Profissionais sem chefe e sua forma de viajar
Empoderamento das mulheres
O mundo digital: compartilhamento de experiências
Vendas por dispositivos móveis

3ª idade viajante

O aumento da população idosa já é uma tendência global para os próximos anos graças ao aumento da expectativa de vida promovida pelo avanço da medicina, tratamentos e prevenção de doenças. Segundo o relatório, a geração que está envelhecendo (os baby boomers) traz a perspectiva de que essa classe será uma parcela fundamental para o turismo na América Latina.

Isso porque os baby boomers irão transformar os hábitos de consumo desta faixa de idade. A estimativa é de que, em 2020, mais de 88 milhões de turistas da América Latina tenham mais de 50 anos (um crescimento de 40% em relação ao número de turistas desta faixa etária em 2010), correspondendo a 28% da parcela total de turistas latino-americanos.

O que essa tendência traz para a indústria? Políticas públicas que atenderão às necessidades de melhorias e adaptações nos destinos para receber turistas idosos, linguagem promocional direcionada à faixa etária, agências de turismo especializadas no consumo dessa classe de turistas. É também um impulso para a economia do turismo, jé que, por serem, em maioria, turistas aposentados ou com trabalho flexível (de carga horária reduzida), estes turistas dão um forte incentivo para viagens de baixa temporada, segundo o relatório.

Voos domésticos em foco

O mês de junho, que aqui no país marca o calendário de feriados, eventos culturais e, em algumas regiões, início das férias escolares foi também o quarto mês consecutivo a obter alta na demanda de transporte aéreo após 19 meses em queda.  A informação é da ABEAR e é obtida através de dados de companhias associadas (Gol, LATAM, Avianca e Azul, que juntas respondem por mais de 99% do mercado doméstico).

Segundo a associação, junho registrou alta de 1,96% na demanda quando comparada ao mesmo mês do ano passado. Porém, mesmo sendo a quarta alta consecutiva, cada mês apresenta percentual de crescimento inferior se comparado ao mês imediatamente anterior, configurando uma instabilidade para o setor.

O setor obteve, no entanto, uma melhora de 2 pontos percentuais no aproveitamento, que possibilitou um crescimento de 3,70% no número de viagens realizadas (mais de 6,9 milhões em junho).

Na última pesquisa de Sondagem do consumidor para intenção de viagem do MTur, dos entrevistados que pretendiam realizar uma viagem num horizonte de 6 meses, 58,9% afirmaram que optariam pelo transporte aéreo.

Para julho

Na estimativa para o próximo mês de julho, há uma possibilidade positiva de mudança dos números de oferta e demanda, por ser um mês de alta temporada. Apesar das demonstrações de recuperação que vão sendo apresentadas paulatinamente no Turismo, ainda atravessamos um momento de instabilidade econômica e é incerto fazer previsões.  A gente segue acompanhando de perto todas as nuances do setor.

Sobre turismo continental

Em meio ao desenvolvimento global do turismo internacional, estudos da Organização Mundial do Turismo – OMT, apontam que o grande fluxo de turistas internacionais, em sua maioria, viaja para países do seu próprio continente.

No Brasil, esta estatística se confirma. A Argentina é, historicamente, o principal emissor de turistas internacionais para as terras brasileiras: de acordo com relatório estatístico de 2016 do Ministério do Turismo – MTur, o país foi responsável por 2,07 milhões de visitantes ao Brasil, representando 33% do total dos turistas estrangeiros que desembarcaram por aqui.

No ranking dos 5 países que mais nos visitam, apenas os Estados Unidos, segundo colocado da lista, não são da América do Sul. Seguido do país norte-americano estão o Chile, o Paraguai e o Uruguai.

Juntos, a Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai por quase 50% do fluxo de turistas estrangeiros por aqui.

A recíproca também é verdadeira. A presença de brasileiros nos países do continente também é expressiva: somos os principais viajantes internacionais na Argentina. Em 2016, a presença de brasileiros no país vizinho recuou 44% no primeiro trimestre de 2016, devido à situação econômica do Brasil, o que fez o turismo argentino avaliar a “dependência” do setor em relação aos viajantes brasileiros. Ainda assim, as relações de turismo entre os dois países, permanecem firmes e a expectativa da Argentina é que o número de turistas brasileiros aumente ainda mais: a meta é alcançar o número de 1,6 milhão até 2019.

Estamos entre os principais turistas em alguns países da América do Sul. É importante estreitar essa relação e estendê-la a outros países do continente que possuem atuação expressiva no turismo, trabalhando em investimento em ações conjuntas de publicidade, estudo de redução de impostos e ampliação de malha aérea.Temos um continente com efetivo e potencial de turismo ricos, que podem ser trabalhados a fim de gerar fortalecimento do mercado, retorno econômico e desenvolvimento mais unificado do turismo no continente. Seguimos acompanhando.

PROCURAM-SE LÍDERES!

Ao ler as reflexões pertinentes a respeito das associações dos colegas Artur Luis Andrade e Luis Vabbo nos textos De quem é uma associação? e Associação não pode ter dono… e a ponte criada no assunto com o setor e o período que o Turismo atravessa, trago em contribuição à discussão outro aspecto da perspectiva: a importância da liderança. Cito alguns pontos principais da minha reflexão:

Proatividade. É preciso uma atuação constante da liderança de uma entidade de classe na indústria. Antecipar-se nas ações e prever necessidades é uma qualidade valiosa e essencial para uma liderança, principalmente se um dos seus objetivos mais proeminentes for defender os interesses comuns. Uma atuação cautelosa, minuciosa e ininterrupta de líderes é que fazem da entidade uma ferramenta útil. Caso contrário, como coloca Artur Andrade, a associação só servirá de enfeite. Não há defesa de interesses sem trabalho diligente!

O que nos traz a outro ponto essencial do debate: a atenção aos acontecimentos do setor de dentro ou fora da zona de atuação e posicionamento. Decisões ou eventualidades que influenciam em maior ou menor grau o campo compreendido pela entidade devem estar sempre em pauta de dirigentes associativos. E mais: é necessário o desenvolvimento de uma postura em relação ao acontecimento. Temos como exemplo a saída dos EUA do acordo de Paris, evento que impacta diretamente o nosso setor. Qual o posicionamento do Turismo nessa questão? Gerar uma colocação, nesse caso, demonstra comprometimento e norteia ações futuras do setor.

A liderança de uma associação está intimamente relacionada à questão da representatividade. Entre diversos interesses, diversas áreas de atuação e segmentação de propósitos, a liderança de uma entidade de classe precisa encontrar  equilíbrio da representatividade (que pode ser descrito -e sentido- de forma prática como unidade). À vista disso, a influência estabelecida pela liderança é essencial. Uma associação existe para que  necessidades sejam atendidas, haja aperfeiçoamento de práticas e técnicas, enfrentar corrupção, viabilizar soluções, entre tantas outras atribuições. E para que em todos esses tópicos a atuação seja efetiva e obtenha êxito, tornar a classe parte dos processos para que a mesma se perceba representada é condição vital.

Se pararmos para pensar nos pontos supracitados, será que encontramos, em número razoável, lideranças que preencham os aspectos essenciais? Certamente, encontremos alguns, mas poucos comprometidos. O desenvolvimento de líderes na indústria de turismo do Brasil é um dos aspectos fundamentais para estarmos sempre perto do que acontece e cobrar o que não acontece. Precisamos, com urgência, do surgimento de mais líderes que contribuam com o fortalecimento do turismo, sem que este dependa exclusivamente do setor público. Procuram-se por mais líderes!