3 PISTAS do que pode mudar nos destinos pós pandemia

Photo by Eric Tompkins on Unsplash

Ainda na linha do nosso último post sobre 5 temas que podem mudar no turismo, pensei em compartilhar algo mais amplo sobre os destinos turísticos. O que pode ajudar agora a mantê-los na mente do consumidor e quais podem ser as novidades no comportamento do futuro turista que irão exigir um pensar e fazer diferente nos lugares que serão visitados depois da pandemia.

1. Leva vantagem o destino que já possui conteúdo e ferramentas prontas e à disposição do cliente: no momento atual, vemos muitos destinos mostrando seu potencial, seus atrativos, suas experiências e enviando a seguinte mensagem aos potenciais clientes: fique em casa agora, e quando você puder viajar veja o que está lhe esperando aqui. Como as pessoas estão passando mais tempo na internet, não só trabalhando mas usando-a como ferramenta de entretenimento, além de buscar receitas de comidas, aulas de exercícios em casa, visitar museus e fazer treinamentos on-line, também existem pessoas sonhando com sua próxima viagem (mesmo que isso ainda esteja longe de uma data ou um destino mais concreto). Pesquisas mostram que está distante o momento de definir sobre viagens domésticas e muito menos as internacionais. Entendo que levam vantagem agora aqueles destinos que já possuem uma boa estrutura de conteúdo on-line, com sites, redes sociais e ferramentas que disponibilizam tours virtuais (vide os museus). Agora é manter-se na mente do cliente, produzir conteúdo, fortalecer a marca e se preparar para o futuro. Se o seu destino ainda precisa melhorar a comunicação on-line, dá para aproveitar esse momento para se organizar e preparar um super projeto para quando as pessoas buscarem lugares para visitar.

2. Possivelmente, quando as pessoas voltarem a viajar, suas exigências com questões sanitárias, de saúde e segurança serão maximizadas. Aqui trata-se de uma exigência mais ampla do que medidas de higienização em aeroportos, restaurantes, hotéis ou meios de transporte. Vejo o aumento da imposição de um turista em relação à sustentabilidade geral do destino, de seus recursos naturais, do respeito à cultura local, da valorização da experiência autêntica e, sobretudo, de um engajamento cada vez maior entre o visitante e o morador local. O turista poderá desejar cada vez mais ser um local temporário, como sempre falo, um morador temporário. E isso irá demandar novos tipos de relacionamento entre a comunidade local e os visitantes; não serão somente os profissionais de turismo diretamente ligados ao setor os protagonistas das experiências, mas sobretudo os que vivem nos destinos turísticos. Cuidado! É preciso preparar as comunidades para evitar preconceitos, medos e atitudes que possam mostrar receio em relação à permanência de “estranhos” vindos de fora….

3. O turismo será cada vez mais uma relação humanizada em todas as etapas da viagem. Todas as mudanças por que estamos passando, e ainda nem temos como avaliar quais impactos terão no comportamento das pessoas, têm um potencial de uni-las mais, fazê-las protagonistas de sua vida e aumentar a solidariedade e o sentido coletivo da vida em comunidade. Ora, se o turista quer ser um morador temporário, se ele está preocupado com a comunidade que visita, se quer interagir com ela, então sua relação será ainda de mais proximidade. Desde a preparação da viagem, em todas as fases da jornada do viajante sua participação tende a ser mais independente, exigente, comprometida e humanizada. Imagino que as tecnologias terão um papel primordial nesse cenário futuro; se hoje o mundo vive uma aceleração do uso e conhecimento de tecnologias para se adaptar ao isolamento, depois desse período muitas experiências sairão de dentro de casa para encontrar com possibilidades de experiências fora de casa.

Ainda poderíamos falar de como o marketing de destinos será no pós pandemia, ou ainda sobre o papel dos intermediários nos futuros processos de compra das viagens. Muito há que acompanhar, esperar, entender e pensar de forma diferente, de outros ângulos. A mudança ainda é nossa única certeza, então, vamos ver como ela vem, vamos nos adaptar e usar nossos talentos para revolucionar esse setor que tanto pode ajudar o mundo a se recuperar após essa pandemia.

5 IDEIAS SOBRE O QUE PODE MUDAR NO TURISMO

Photo by Ross Findon on Unsplash

Se existia uma previsão de crescimento do turismo global entre 3 e 4% em 2020, já se pode estimar uma queda entre 20 a 30% nas viagens e uma perda de US$ 300 a 450 bilhões nos gastos dos viajantes internacionais.

Agora é o momento de colocar o bem estar das pessoas em primeiro lugar, não há dúvidas em relação a essa responsabilidade, que é global. No caso da indústria de viagens e turismo, uma das mais impactadas diante da pandemia, sabemos que ela vive um cenário totalmente inédito e sem precedentes; simplesmente as pessoas pararam de se locomover. Dos deslocamentos mais simples, dentro das cidades, até as longas viagens internacionais estão todos em casa se protegendo e evitando a ampliação do contágio. Embora seja muito cedo para qualquer conclusão, e ainda estejamos todos avaliando e tentando entender o que ocorre e quais serão os novos horizontes, já podemos computar um prejuízo enorme no setor, desde pequenas empresas até grandes empreendimentos. Somente as empresas aéreas já projetam uma perda de US$ 252 bilhões em 2020, segundo a IATA são US$ 39 bilhões de bilhetes comprados e não voados que são responsabilidade das companhias.

Se existia uma previsão de crescimento do turismo global entre 3 e 4% em 2020, já se pode estimar uma queda entre 20 a 30% nas viagens e uma perda de US$ 300 a 450 bilhões nos gastos dos viajantes internacionais, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT). Ainda segundo a entidade, podemos levar de 5 a 7 anos para recuperar as perdas de 2020. Somente para termos uma ideia, em 2009, com a crise econômica global, as chegadas de turistas internacionais caíram 4% e durante a SARS, a queda foi somente de 0,4% em 2003. Aqui no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR), na semana de 23 de março desse ano as empresas associadas já apresentaram uma redução de 75% na demanda nacional e de 95% na internacional em relação a igual período de 2019.

Mesmo sendo uma crise inédita e um panorama nebuloso, penso ser importante trocarmos ideias e projetar futuros cenários; não tentando imaginar, mas buscando tatear quais transformações podem ocorrer em nossa indústria. A única certeza é de que já não somos mais o mesmo negócio, e que, provavelmente as respostas para nossas atuais perguntas ainda estejam em plena mutação. Mas vamos lá, pensar agora e reavaliar continuamente, assim, reflito sobre 5 temas que podemos começar a trocar ideias:

  1. Assim como vivenciamos depois do 11 de setembro, muitas novas medidas de restrições e segurança sanitária devem passar a fazer parte das jornadas de viagens. Sendo a segurança uma preocupação de viajantes e de autoridades de fronteira, todos irão buscar viajar com proteção e evitar possíveis contágios. Tendo a segurança como uma prioridade, o desafio de autoridades e de empresários será garantir que as medidas de proteção sejam tomadas sem prejudicar os deslocamentos, poupando tempo e garantindo o livre trânsito de pessoas;
  2. A depender de como a pandemia evolui em cada país e continente, e ainda como são os diferentes hábitos e formas de viajar em cada país e cultura, podemos presenciar num primeiro momento o predomínio das viagens domésticas. Em seus países as pessoas possuem mais informação, sentem-se mais seguras e assim ficam mais à vontade para fazer deslocamentos a negócios e a lazer. Suponho que a retomada das viagens internacionais irá variar muito de acordo com o país, sua realidade, com a progressiva oferta de voos e a situação de toda a cadeia do setor de viagens e turismo local. Como o turismo é uma atividade que tem mostrado ao longo de décadas uma grande capacidade de recuperação, vamos observar como será o comportamento do consumidor no final de 2020 e nos períodos de alta temporada de cada continente para entender o passo da retomada paulatina;
  3. Necessidade urgente de diálogo entre autoridades públicas e empresários para minimizar impactos e garantir a sobrevivência de empresas, empregos e a recuperação de um setor que é responsável por 1 em cada 10 empregos no planeta. Dependendo do tamanho da empresa, da duração (imprevisível ainda) da crise e das paralizações de viagens, e do segmento de atuação, são necessárias medidas que possam monitorar diariamente o cenário e que, objetivamente, auxiliem e apoiem as empresas para a manutenção de empregos e o enfrentamento da crise. Diversas entidades mundiais e nacionais já divulgaram recomendações e orientações que ajudam a entender os tipos de medidas que podem ser tomadas;
  4. Mudança de hábitos do consumidor é outra tendência que podemos esperar, mesmo que ainda sendo ainda cedo para entender como irá ocorrer. Talvez siga adiante (mas por outros motivos) a ideia de evitar lugares com muitas pessoas, evitar o overtourism; a exigência de atitudes sustentáveis também poderá ser elevada, buscando destinos aonde o respeito ao meio ambiente se traduzirá em mais segurança sanitária em todos os aspectos (meios de hospedagem, alimentação, praias, natureza, respeito à cultura local, dentre outros). Talvez ainda, vivenciemos alteração de períodos de férias, quando poderá ocorrer a busca de viajar em baixa temporada. Infelizmente também poderemos presenciar preconceitos com a procedência de turistas, trazendo um comportamento preconceituoso ou pejorativo por parte de comunidades locais ou até de profissionais. Nem imaginamos ainda as mudanças, mas certamente o cliente será cada vez mais o protagonista de suas decisões, na busca de experiências mais autênticas, porém mais seguras e com uma interação ainda mais engajada em todas as etapas de sua viagem;
  5. Adaptação e imagem das empresas, esses certamente serão aspectos que temos que focar nossa atenção no cenário pós pandemia. As empresas terão que avaliar rapidamente as mudanças e fazer adaptações para garantir sua competitividade, lembrando que mais do que adaptações de gestão serão importantes aquelas que irão entender e atender às necessidades dos clientes. Isso está diretamente relacionado à imagem de sua marca, ela terá que passar ainda mais segurança, transmitir valores reais e demonstrar sua dedicação à respostas rápidas e precisas ao consumidor. Isso vale para empresas e também para destinos, que terão novos desafios de comunicação e marketing. Como será a promoção de destinos no novo cenário em que a segurança terá uma dimensão ainda mais ampla e exigente? O que e como comunicar? Como falar das experiências e realmente fazer o turista sentir-se parte de algo que irá satisfazer novas necessidades ?

O que você acha desses aspectos? Nos ajude a pensar e avaliar o cenário ainda tão difícil e buscar caminhos que possam ajudar a indústria de viagens turismo a superar com força esse atual desafio.

3 rotas para o turismo sobre coronavirus

Photo by Waldemar Brandt on Unsplash

O recente período quem que vivemos do surto de coronavirus na China e no mundo ainda nos traz muitas incertezas, e os impactos negativos na indústria do turismo já são imensos, como tratamos aqui nesse post. Mas eu considero importante engajar nossa indústria como parte da administração e da solução para o grande problema, alertando sobre danos maiores e buscando alternativas para ajudar hoje e amanhã nosso setor a superar tal episódio. Compartilho então 3 temas para nossa reflexão:

1 – Informação clara e atualizada: Para que não haja uma corrida sem medidas de cancelamentos de viagens, maiores dados em muitos países, é essencial que as entidades de turismo mundiais e locais, assim como lideranças e especialistas em turismo repassem informações claras e atualizadas sobre a disseminação da doença, formas de prevenção, recomendações básicas de higiene e dados precisos sobre o desenvolvimento da doença e seus desdobramentos. Sugerir que as pessoas leiam e divulguem dados oficiais e fontes sérias, nunca boatos e fontes desconhecidas, evita a propagação de mentiras e a criação de pânico desnecessário; além de preconceito ou visões distorcidas sobre os turistas chineses.

2 – Administração de crises: Essa não é a primeira nem a última crise que o turismo enfrenta em nível global ou até em pequenos destinos, por isso, é fundamental que os governos e entidades estejam preparados com ferramentas de relações públicas e protocolos a seguir para momentos de crise. Sei que isso é muito raro no turismo brasileiro, mas como há uma tendência de períodos turbulentos pela frente, principalmente ligados ao aquecimento global ou crises sociais (como estamos enfrentando em diversos países na América do Sul e que já diminui em 3% a chegada de estrangeiros) precisamos ampliar nosso entendimento diário sobre as consequências de temas macro em nossa indústria, entender como funcionam e impactam e, sobretudo, saber tratar de forma profissional, imediata e segura. Nossas equipes de imprensa e relações públicas precisam estar sempre preparadas e agir de forma rápida diante dos cenários adversos.

3 – Resiliência: “A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros. Sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades. Nas organizações, a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças estratégicas na pessoa para enfrentar a adversidade” (Wikipedia). Nossa indústria é resiliente, resistente à crises e se recupera rápido em períodos de turbulência; nesse sentido, ter sempre em mente a autoconfiança e o foco voltado para a administração das adversidades e de sua solução é o caminho mais adequado.

Vamos acompanhar e compartilhar o assunto, buscando ter uma dimensão clara de sua repercussão, conhecendo seus reais impactos e trabalhando para que tudo possa voltar à normalidade o mais breve possível. Segundo estudo do WTTC, as crises provocadas por problemas sanitários no mundo e estudadas pelo setor de turismo, tiveram, em média, 19,4 meses para se recuperar, podendo esse período variar entre 10 a 34,9 meses. Seguimos de olho.

Coronavirus já afeta turismo mundial

Photo by CDC on Unsplash

Mesmo diante das incertezas sobre a dimensão global do coronavirus, muitos destinos turísticos já perdem bilhões com a queda das viagens dos chineses pelo mundo e a ida de turistas àquele país. A China é o 4o país no mundo que mais recebe turistas (62,9 milhões em 2018); o país ainda é o 10o na entrada de divisas pelos gastos dos estrangeiros em seu território (US$ 40 bilhões em 2018), dados da OMT. O país já registra o cancelamento de voos de praticamente todas as empresas aéreas (40 empresas até 31 janeiro) e de cruzeiros; fechamento de atrações turísticas como a Disney; e enfrenta emissões de alertas de diversos países e proibição de empresas para que as pessoas não façam viagens ao país.

Já as viagens dos chineses ao exterior têm crescido dois dígitos, cerca de 15%, somando mais de 159 milhões de pessoas em 2019 (Global Data, 2019); é o maior emissor mundial de turistas, 12,2% do share mundial de viagens. Os chineses gastam US$ 276 bilhões em suas viagens ao exterior. Os destinos de quase 48% dos chineses são os países da região como Hong Kong, Macau e Taiwan; depois a Europa (a França esta entre os 10 destinos que mais recebem chineses), EUA, Austrália e Nova Zelândia aparecem como destinos preferidos. A cidade de Wuhan está entre as 10 que mais registram partidas de chineses ao exterior. Destaque nesse cenário também está o Brasil, com crescimento de 129% em 2018, assim como Argentina e México em nosso continente. Imagine o impacto que haverá com a diminuição dessa quantidade de viagens em países que recebem turistas chineses. Os gastos dos chineses no exterior ultrapassam os US$ 120 bilhões

O turismo mundial cresceu 4% em 2019, e as projeções da OMT dizem que em 2020 esse crescimento deve ficar entre 3% a 4% em relação ao ano passado. No entanto, mesmo antes da chegada do coronavirus algumas questões globais já eram citadas como prováveis problemas enfrentados pelo setor: guerra comercial EUA e China; BREXIT; tensões sociais e econômicas da América Latina, Ásia e Oriente Médio; dentre outros. Agora precisamos adicionar a essa lista os efeitos das chegadas e saídas da China depois do advento do novo vírus, além dos impactos no próprio turismo global enquanto não se tem ideia da dimensão do problema. Certamente existem muitos cancelamentos nesse primeiro momento para a China, mas também uma sensação de temor das pessoas em viajar internacionalmente sem conhecer as consequências da contaminação da doença em qualquer país do planeta.

Lembrando, finalmente, que os impactos vão muito além das viagens a lazer, atingem frontalmente as viagens a negócios, a realização de eventos e uma retração econômica de dimensões globais que ainda não se pode avaliar (em valores e em tempo de duração). Nesse momento, para aqueles que trabalham diretamente com o turismo, cabe acompanhar os fatos, orientar e informar as pessoas e trazer o melhor subsídio possível para que nossa indústria tenha minimizado o impacto negativo e, claro, que logo se encontre vacina ou cura para a doença que já afeta as pessoas de forma devastadora. Seguimos acompanhando, sempre na torcida para que o problema seja logo solucionado e possamos buscar a normalidade dessa indústria tão importante para a economia mundial. O turismo mundial vai enfrentar o desafio, certamente ! RESILIÊNCIA.

Década de receitas internacionais dormente

Photo by Paweł Czerwiński on Unsplash

O Brasil não cresceu nada nas receitas internacionais dos turistas que nos visitaram na última década, isso é pior do que crescer tão pouco o número de visitantes. As únicas pequenas exceções são 2014 e 2016 por causa da Copa da FIFA e do Jogos Olímpicos (mesmo assim o crescimento foi muito pequeno diante da oportunidade de sediar tais acontecimentos globais). Nós já falamos em mais detalhes sobre esse tema nesses estudos que fizemos sobre o histórico da entrada de receitas e sobre os números de entrada de turistas no Brasil.

A tabela abaixo mostra a “evolução” das receitas desde 2010, o que demonstra a fragilidade do turismo receptivo internacional e, possivelmente, a falta de competitividade em termos de produtos turísticos, da escassa oferta de produtos em nosso país. Não sabemos orientar o turista para que ele gaste mais em nossos destinos, nos contentamos em trazê-lo e pronto! Assim, os resultados da atividade turística para atrair mais divisas fica tímido diante do imenso potencial.

ANOReceitas em milhões de US$
2010    5.261 
2011    6.095 
2012    6.378 
2013    6.474 
2014    6.843 
2015    5.844 
2016    6.024 
2017    5.809 
2018    5.921 
2019    5.913 

Para o fechamento de 2019, os dados divulgados pelo MTur mostram uma queda de 0,13% no ano comparado com 2018. Os únicos meses em que os turistas gastaram mais em 2019 foram março (+4,26%), julho (+43,42%) e dezembro (+4,32%).

Diante desse cenário me pergunto? Por que insistimos tanto em dizer que temos poucos turistas (6.6 milhões) e não nos preocupamos com o efeito econômico, social e ambiental de sua visita? Pra mim um dos melhores exemplos de sucesso é a Austrália, ela é o 41o país no ranking de volume de chegadas, com 9,2 milhões de turistas, pouco né? Mas é o 7o. no mundo em receitas, com US$ 45 bilhões! Veja no quadro abaixo, da OMT, o ranking de países que mais recebem visitantes e daqueles que mais ganham com as receitas das viagens aos seus países.

Fonte: OMT, International Tourism Highlights 2019.

Com os dados divulgados hoje pelo MTur do fechamento de 2019 (-,13% no ano) e o estudo feito por nós sobre a década para as receitas dessa atividade de receptivo internacional fica o desafio aos gestores, entidades e empresários: ter mais produtos, oferecer melhores experiências, mostrar nosso diferencial e, fazer promoção e marketing de forma profissional, direcionada e com metas claras de aumento da estadia e dos gastos dos estrangeiros. O que você acha que poderíamos fazer para que as divisas com os gastos dos turistas em nosso país aumentem ?

Uma curiosidade, os gastos dos brasileiros no exterior caíram 3,68%, os únicos meses positivos para as despesas no exterior foram junho (+2,44%), julho (9,64%), setembro (11,83%) e dezembro (6,71%).

2,8% dos espanhóis buscam pelo Brasil

Photo by Jon Tyson on Unsplash

Um levantamento inédito da empresa Fowardkeys sobre as viagens intercontinentais do espanhóis mostra seu comportamento em reservas antecipadas e buscas em 2019 e para o primeiro semestre de 2020.

Segundo a empresa, em 2019 o turismo emissivo espanhol cresceu somente 1,3%, e para o primeiro semestre desse ano as reservas feitas de forma antecipada estão 1,2% menores do que no mesmo período do ano passado. As Américas foram o continente preferido das viagens dos espanhóis em 2019, com 53% do total de reservas, mas o crescimento em relação a 2018 foi somente de 0,9%.

Já os dados de reservas antecipadas para o primeiro semestre de 2020 estão 5,7% menores do que no mesmo período de 2019, justificados pelos problemas por que passam diversos países sulamericanos como Argentina, Bolívia, Chile e Equador. Esse indicador é ruim para todo o continente, já que no imaginário das pessoas a situação em toda a Latino-América pode ser similar, então as reservas já estão sendo feitas para outros destinos.

Quando se trata de buscas, nesse mesmo primeiro semestre de 2020, em relação a 2019, os EUA têm 26,1% do total, a Argentina 4,3, o Brasil 2,8% e e a Colômbia 2,7% do total de buscas. Ou seja, a recuperação econômica e os ajustes dos problemas sociais na América do Sul são condições fundamentais para aumentar o número de visitantes espanhóis e certamente de outros ligares do mundo. O investimento na imagem do Brasil e em sua promoção no mercado espanhol são condição essencial para aumentar o fluxo e o gasto destes em nosso país e aproveitar as oportunidades do aumento da oferta de voos diretos ao Brasil.

3 pitacos para bombar seu marketing internacional

Photo by Paul Skorupskas on Unsplash

Todos sabem e se atualizam sobre as grandes e rápidas mudanças pelas quais o turismo global vem passando. Pois a forma de promover destinos e as estratégias de marketing também estão à todo vapor para se adaptar ao que o viajante quer. Não se trata somente de falar daquilo que o destino tem, mas de entender o que o turista quer e saber chegar a ele sua mensagem e seus diferenciais. Compartilho aqui alguns insights que tenho percebido e que podem ser mais adequados ao que conheço sobre o Brasil.

  1. FAÇA PARCERIAS: Ser visto, notado e considerado na hora de se promover no competitivo cenário internacional é um grande desafio. Não adianta sair por aí falando de minha cidade ou de meu estado sem estar vinculado ao Brasil. Em muitos lugares as pessoas nem dizem que vão ou foram ao Brasil, dizem que foram para a América do Sul. Esse desafio só é possível por meio de parcerias estratégicas que dêem força e corpo a uma abordagem multi-canais, aonde os investimentos serão menores para cada parte e os resultados serão mais eficientes com uma abordagem mais forte e unificada (destaco aqui a iniciativa que os estados do nordeste estão desenvolvendo para sua promoção conjunta no internacional).
  2. AVALIE QUEM E COMO SE PODE CHEGAR AO SEU DESTINO: Não adianta querer se promover na China só porque é o maior emissor de turistas do mundo. Ter uma estratégia de promoção de longo prazo, aonde o que direciona as ações é a inteligência comercial, possibilita a eleição de mercados prioritários e o uso de ferramentas eficazes para aquele determinado tipo de país. Hábitos, preferências por atividades, experiências mais desejadas mudam de pais para país, e ainda de pessoa para pessoa. O uso de tecnologias para conhecer melhor o comportamento dos turistas é crucial para esse trabalho, assim como uma constante política de atração e manutenção de voos internacionais (exemplo do Ceará, que aumentou e ampliou sua oferta de voos levando o estado a outro patamar de competitividade).
  3. OSTENTE EXPERIÊNCIAS ÚNICAS: Sua cidade é linda mesmo! O turismo é um sucesso aí, mas…. a competição é muito maior do que você imagina; o que existe em seu destino que é único? Quais são as experiências inesquecíveis? Que emoções e sensações seus atrativos proporcionam? Para isso é preciso ter muito conteúdo, textos e imagens atrativos, contar histórias locais (o storytelling é uma ótima técnica). Mostre o que só existe no seu lugar e como a pessoa pode se inserir nesse contexto local de forma participativa. Lembre-se, sua estratégia só pode estar ficada na experiência do turista, ele é seu foco.

Tem mais algum tema que você gostaria de compartilhar conosco sobre seu marketing internacional?

Férias e feriados 2020: já sugeriu algo a seu cliente?

Photo by Brooke Lark on Unsplash

Ao início de cada ano muitas pessoas costumam fazer novos planos pessoais, estabelecer metas e organizar quais serão suas prioridades. Eu então gostaria de fazer uma sugestão àqueles que vendem viagens: lembre e estimule seu cliente a colocar suas férias e outras escapadas mais rápidas nesse planejamento pessoal. Você pode enviar uma newsletter, usar suas redes sociais ou seu website, destaque sempre que as viagens são parte essencial de nossa qualidade de vida e podem fortalecer laços e melhorar o desempenho profissional. Bem, são infinitos os benefícios de uma viagem.

Aqui no Brasil ainda temos uma oportunidade de sugerir os feriados prolongados em nosso portfólio de produtos; não só dando ideia de onde as pessoas podem ir, mas também sugerindo que tipo de experiência elas podem ter de acordo com a data comemorativa no feriado, sua localização geográfica ou preferências de atividades durante os momentos de lazer. Como estamos em ano bissexto, de 366 dias, teremos 9 (nove) feriados prolongados, o dobro do ano passado; e o melhor caem em sextas, segundas, terças e quintas-feiras, confira abaixo:

Lista de feriados prolongados em 2020

25 de fevereiro (terça): Carnaval (ponto facultativo) 

10 de abril (sexta): Paixão de Cristo 

21 de abril (terça): Tiradentes 

1º de maio (sexta): Dia do Trabalhador 

11 de junho (quinta): Corpus Christi (ponto facultativo) 

7 de setembro (segunda): Dia da Independência 

12 de outubro (segunda): Dia de Nossa Senhora Aparecida 

2 de novembro (segunda): Finados 

25 de dezembro (sexta): Natal

10 de abril (sexta): Paixão de Cristo 

21 de abril (terça): Tiradentes 

1º de maio (sexta): Dia do Trabalhador 

11 de junho (quinta): Corpus Christi (ponto facultativo) 

7 de setembro (segunda): Dia da Independência 

12 de outubro (segunda): Dia de Nossa Senhora Aparecida 

2 de novembro (segunda): Finados 

25 de dezembro (sexta): Natal

Ainda, ao examinar o calendário, vi que as datas comemorativas são muitas, veja aqui, e você pode trabalhar com elas das mais diversas formas, sugerindo viagens nesses momentos especiais. Bem, as opções são muitas, agora é mão na massa e um planejamento que possa lembrar e convidar seus clientes a aproveitar esses períodos para viajar mais e colocar suas férias anuais no planejamento de 2020! Aliás. você já planejou as suas férias desse ano ?

5 tendências para 2020

Photo by Christian Holzinger on Unsplash

Acompanhar as tendências do turismo é uma das coisas mais importantes para nós, profissionais; elas nos fazem refletir e avaliar como podem impactar nossos negócios. Estive pesquisando sobre tendências da indústria de viagens e turismo para o próximo ano e gostaria de compartilhar aqui com vocês.

  1. Tecnologia voltada à experiência do turista: claro que as tecnologias estão cada vez mais avançadas e chegaram à atividade turística; e o que tenho lido me leva a crer que elas devem avançar muito naquilo que pode melhorar, facilitar e valorizar a experiência em todas as etapas de uma viagem. Aqui no Brasil, sinto que as empresas estão voltadas às tecnologias para a gestão do seu negócio, e talvez seja primordial entender como podemos colocá-las a favor de nossos clientes. Entender e facilitar a vida do visitante é crucial para o sucesso nesses tempos.
  2. Viagem consciente: A sustentabilidade de um destino é cada vez mais valorizada, trata-se de um novo comportamento que já marca o dia a dia das pessoas em suas cidades de moradia e agora se expande para suas viagens. Sustentabilidade aqui trata do meio ambiente saudável, do respeito à cultura local, de valorização da identidade do destino e, sobretudo, de um compromisso eco responsável durante a permanência no destino. Isso não quer dizer que não existam mais turistas que não se comportam de forma consciente, o que pode levar as autoridades locais a fazerem campanhas de esclarecimento e orientação ao visitante. Entramos na era das VIAGENS CARBONO ZERO e essa tendência deve levar as pessoas para cidades ainda pouco conhecidas ou visitadas, não ao overtourism por parte do turista.
  3. Necessidade da presença humana: Mesmo com o avanço dos processos de automação e atendimento virtual, os viajantes a negócios e a lazer querem, de alguma forma, em algum momento do processo de compra e vivência da viagem, ter respostas de humanos, e não de robôs. Mesmo essa necessidade estando presente em todas as áreas econômicas, no turismo ela tem especial valor, pois é preciso que as necessidades dos clientes sejam entendidas e atendidas por pessoas; isso exige, de acordo com cada negócio, entender em que momento entra a interação humana que pode consolidar uma venda ou satisfazer uma demanda de um cliente.
  4. Experiência! Experiência!: As pessoas querem cada vez mais transformar e melhorar suas vidas por meio das viagens; elas querem saber, antes de viajar, o que é possível experimentar no destino. E não é uma atividade só, são várias, diversas e divertidas. Além de ser um desafio para os destinos (que precisam rever seriamente suas ofertas limitadas ou repetitivas e reinventar-se de forma criativa), é um desafio de marketing, pois é preciso levar ao potencial cliente o conteúdo mais próximo àquilo que ele poderá viver no destino. A realidade virtual vai ajudar a experimentar antes de comprar, os influenciadores darão uma ideia do que pode acontecer no destino, amigos e parentes vão transmitir com entusiasmo ou indiferença o que aconteceu em determinado lugar durante sua viagem. O destino terá que oferecer muitas e mais ricas experiências e atrações para atender às necessidades de seus visitantes.
  5. Viagem multi gerações: O pouco tempo para compartilhar com a família, a longevidade ativa e a vontade de compartilhar experiências com as pessoas amadas estão cada vez mais presentes em nossas vidas. Para as viagens, irão se formargrupos com pessoas que possuem diferentes necessidades, que fazem atividades diversas e querem ter um tempo juntos sem problemas e contratempos. Entender o que cada cliente quer e personalizar serviços é a receita para o sucesso de uma viagem entre pais, filhos, avós, amigos.

O operador vai ou não vai sobreviver ?

Depois da saída da Thomas Cook do mercado, cresceu o número de análises e indagações sobre o futuro da distribuição via pacotes de turismo por meio de operadores turísticos (TTOOs). As opiniões se dividem entre aqueles que acham que a saída do mercado da histórica Thomas Cook é um marco de uma nova era; já outras acreditam, e mostram, que os operadores ainda são responsáveis por quase metade das vendas em diversos países europeus e podem se reinventar para fazer frente às OTAs e à venda direta. Será que irá acontecer uma convivência paralela entre as duas formas de vendas num futuro breve ?

As novas tecnologias, de fato, têm mudado de forma rápida e drástica a forma de compra no setor de turismo, sobretudo por meio da venda on-line e direta de muitos dos serviços, principalmente bilhetes aéreos e hotéis. Dependendo do país, o comportamento de venda mostra uma queda na venda dos TTOOs. Da mesma forma, as novas formas de economia compartilhada também chegam a traçar uma ligação direta entre provedores de serviços pessoais e já vão além dos mercado de hospedagem ou transporte, chegando no coração da vivência turística que é a experiência. O Airbnb é um exemplo claro de disrupção no setor. Alguns analistas então consideram que essas mudanças são o fim, ou o começo do fim dos pacotes turísticos e da distribuição tradicional.

Já outras estudiosos falam da convivência dos dois modelos, com diferentes comportamentos dependendo do mercado e da forma de compra do consumidor. O fato é que todas as mudanças que ocorrem no mercado em relação à forma de promoção e venda, vêm do consumidor e não das empresas. São os turistas que alteram suas formas de demanda e suas necessidades e acabam forçando os segmentos de produtos e serviços a se adaptar às suas necessidades. Sendo assim, a sobrevivência dos TTOOs está diretamente ligada à sua capacidade de inovação, adaptação e criatividade diante do cenário nebuloso atual.

Olhar e estudar profundamente o mercado global, e em especial os mercados prioritários para a promoção do Brasil no exterior, ou até mesmo o comportamento dos brasileiros, é questão de sobrevivência para aqueles que querem se manter no mercado. Uma abordagem muito interessante que li em diversos artigos fala numa mudança de comportamento de oferta de produtos pelos TTOOs europeus como a TUI, por exemplo, eles não estão vendendo destinos, mas estão vendendo tipos de viagens: para famílias, para amigos, para lua de mel, para descanso, para ecoturismo, dentre outros; e, à partir da escolha do tipo de viagem é que aparecem as opções de destinos que podem responder à essas necessidades.

Essa nova abordagem traz dois aspectos essenciais para entender o mercado. Por um lado uma mudança de comportamento na forma como vendemos nossos destinos, produtos e serviços; por outro, a urgente necessidade de entender os motivos pelos quais os clientes chegaram até nós. Aqui vem a personalização, a criação de uma oferta dirigida às necessidades do cliente, entendendo primeiro o que ele quer fazer em sua viagens e depois, oferecendo aonde ele pode ter esse tipo de experiência desejada. Isso muda completamente a forma como os destinos brasileiros deveriam se promover, a forma de apresentar o Brasil no mercado internacional e até nacional e como as empresas como hotéis ou receptivos precisam se posicionar para mostrar a quem atendem. O foco é no cliente, em suas necessidades, e não naquilo que o produto ou serviço quer vender; uma nova abordagem.

Se não ajudarmos o cliente a identificar suas necessidades, ou oferecermos destinos de forma geral, ou simplesmente um hotel para todos, não vamos aparecer no imenso mundo de ofertas de viagens que existe pelo planeta. As políticas de diferenciação e de vendas por segmentos e necessidades dos turistas são um grande alerta, um sinal vermelho que merece nossa análise para ver se não estamos fazendo mais do mesmo, de forma errada e totalmente fora da maneira como os mercados exigem. Entendo que precisamos ter dois caminhos complementares: a busca do cliente final de forma direta e a busca do cliente por meio dos intermediários; sempre nos adaptando a esse novo desafio de nos diferenciar pelo tipo de experiência e de cliente que podemos atender.

Ao final, interessa o cliente, suas necessidades e a experiência como uma imersão interativa no destino de acordo com o que busca o turista. Você concorda ? Como seu negócio ou destino tem trabalhado a promoção e venda nesse cenário ?