Tumultos na França

Tumultos na França: Então a França esteve em chamas e eu, neste meio tempo, resolvi falar sobre os ensaios para os Jogos Olímpicos.

Foi voluntária minha omissão. Fiz questão de não anunciar os atos de vandalismo que assolaram as periferias pois, apesar da gravidade e extensão dos fatos, felizmente, até o momento, não tive notícias de nenhum turista afetado pelas ocorrências. E esse é minha missão, meu trabalho cotidiano e que me sustenta.  Manter a segurança de compatriotas brasileiros em visita à França.

Não, não sou egoísta ou alienada. Porém, acredito que não haja nada a dizer sobre o sucedido.

Duas pessoas cometeram erros, levando a consequências fatais. Um drama, muita tristeza.  

Nenhum jovem tem direito a andar por ai sem carta de dirigir, infringindo a lei e colocando a vida alheia em risco. Nenhum policial tem direito de usar sua arma indevidamente.

Tumultos na França: politização de uma fatalidade

O resto é politização, quero dizer, uma recuperação política indecente de todas as partes para impor raciocínios e ações errôneas. A mídia ganha ouvintes e leitores… Uns dizem que o Estado tem culpa, outros clamam que em Roma, se você não agir como os Romanos…

Nem sempre existe uma verdade absoluta em questões socioeconômicas e culturais. Buscar um culpado ao drama NESTE MOMENTO é como querer saber quem veio primeiro: ovo ou a galinha.

Já sabemos que as desigualdades criam um mal-estar social latente. Os jovens filhos de imigrantes, confrontados a uma sociedade de consumo elitista selvagem, as redes sociais ostentatórias, as ambições frustradas pelo sistema de ensino, assim como a completa distorção do processo esforço e recompensa enlouqueceram e tentaram dar uma “lição” aos indiferentes. Paradoxal e infelizmente, reforçaram aos que os discriminam sua visão restrita e obtusa da situação. 

Quando na realidade, a meu ver, para os envolvidos a hora é de luto e reflexão. Para os demais, hora de respeitar.

A situação nas periferias está voltando ao normal. A briga vai continuar, mas agora o tumulto passou para o mundo virtual: vaquinha para ajudar a família do policial ( + ou – 1 milhão arrecadados até ontem) , vaquinha para a família do falecido adolescente ( + ou – 200 mil euros arrecadados até ontem) , hackers ameaçando juízes, twitters rolando soltos.

Os visitantes não estão em perigo, mas vale lembrar: como em todo lugar do mundo, se houver tumulto de um lado, vá para o outro. Aqui, se houver tumulto em direção aos Champs Elysées ( difícil de acontecer com 40 000 mil “defensores da ordem” nas ruas) o pior que pode acontecer ao passante é ter que desviar para a Torre Eiffel, o Louvre ou a área da Igreja Notre –Dame, por exemplo.

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Silvia Helena

Após breves passagens pela Faculdade Metodista de São Bernardo e Belas Artes de São Paulo, aos 18 anos fui estudar no Canadá, onde vivi durante 23 anos. Lá me formei em História da Arte pela Universidade de Montréal, estudei turismo no Collège Lasalle de Montréal e no Institut de Tourisme et Hôtellerie du Québec. Comecei minha carreira na área trabalhando em Cuba. Durante os anos vividos no Canadá, entre outras coisas, fui guia de circuitos pela costa leste e abri minha primeira agência de receptivo para brasileiros. Há 18 anos um vento forte bateu nas velas da minha vida me conduzindo até França. Atualmente escrevo de Paris, onde vivo e trabalho dirigindo a empresa de receptivo, LA BELLE VIE.

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