Dois minutos no “Paradis”

O Cabaré Paradis Latin- A retomada do turismo no novo normal chega com muitas novidades em diversas áreas. Novidades que fico feliz em anunciar. Produtos turísticos sustentáveis, inaugurações de monumentos maravilhosos como a loja Samaritaine ou o Museu da Marinha, muitas exposições, preparativos para as Olimpíadas e claro, chegando a largos passos, as novidades natalinas.

Decidi começar a lista de novidades com a apresentação das imagens inéditas do Cabaré Paradis Latin.

Por que um cabaré?

Paradis Latin Novo Poster


Um cabaré é um retrato da França, a França elegante, artística, ousada, sensual, alegre e festiva. Em um cabaré atletas circenses, ballet, teatro, música de alto padrão, muito brilho e talento distraem, divertem e encantam.

Neste momento, onde a França comemora a entrada para o Panteão da grande artista, dançarina, cantora e espiã de guerra, a pérola negra Josephine Baker, nada mais propício que falar de um cabaré.
Além do que, um dos meus cabarés preferidos é também um dos lugares mais alegres que conheço. E se tem algo que precisamos nestes dias é alegria!


Uma sala mítica

Paris -Exposição Universal 1900 – Na virada do século, Paris respirava novidades e reformas. A cidade era considerada centro das atrações artísticas e da diversão.


Embora pouco conhecido dos brasileiros, o Paradis Latin é uma das mais antigas salas de espetáculo e cabaré da capital francesa. O teatro na margem esquerda do Rio Sena, situado pertinho da Notre-Dame de Paris, foi criado por Napoleão em 1803 e reconstruído por Gustave Eiffel em 1887, durante os preparativos para Grande Exposição Universal de 1889. Já contei isso para muitos amigos e seguidores mais antigos do blog, mas nunca é demais relembrar.


Hoje, o novo espetáculo, com um elenco de primeira orquestrado por um dos dos melhores coreógrafos franceses (Kamel Ouali), o novo cardápio do chefe Nicolas Brenelière, além da série de investimentos tecnológicos elevaram ainda mais o nível da casa. A chegada de uma nova estrela principal trouxe agora ajustes e novos quadros.

Nova imagem para apresentar o show

Paradis Latin

Paradis significa paraíso. Latin vem do nome do teatro criado por Napoleão (Teatro Latin) e do bairro Quartier Latin, assim denominado graças a lingua antes utilizada nas escolas e pelos religiosos das redondezas, o latin.


Desvendando um mistério


Poucos sabem o que acontece dentro de um cabaré. As cenas e “quadros”, suas coreografias, trajes e estilos são como obras de arte e não há interesse que sejam copiadas. Note que é inclusive proibido tirar fotos durante o espetáculo.
Para desvendar o mistério, muitas vezes levei amigos agentes de viagens ver o antigo show. O atendimento impecável, a comida saborosa, o vinho e a champanhe de excelente qualidade e o afinco dos artistas sempre nos permitiam viver um momento muito alegre e memorável.

Oiseau du Paradis- Ave do Paraíso é o nome do espetáculo atual


Cenas Inéditas

E para completar as novidades pós pandemia, o cabaré resolveu quebrar a tradição de mostrar o mínimo possível e lançou um novo vídeo de dois minutos.

Isso mesmo, 2 minutos! Eis uma maneira virtual de desvendar para você também, querido (a) leitor (a) um pouco deste lugar apelidado carinhosa e simplesmente “Le Paradis”.

Aproveite e descubra você porque ir a um cabaré em Paris é um programa que recomendo. Com vocês o Oiseau du Paradis

Uma noitada no Paradis Latin, assim como nos outros cabarés da cidade, pode ser desfrutada com ou sem jantar.

Durante o jantar do Paradis, um pré-show impressionante onde desfilam talentos musicais e dançarinos anima a refeição.

O francês não é quadrado

O francês não é quadrado e sim hexagonal ou a nova campanha da SNCF

Aqui não se fala outra coisa que a obra de Christo no Arco do Triunfo (embalado) que custou quatorze milhões de Euros. Mesmo aqueles franceses que detestaram o resultado podem se deleitar criticando. E criticar, o francês gosta.

Arco do Triunfo embalado: 25 000 mil metros de tecido, três mil metros de cordas, 14 milhões de euros e muita polêmica. Em exposição até 3 de outubro.

No entanto, como gosto não se discute, eu não vou escrever sobre o Arco do Triunfo, hoje quero escrever sobre um outro florão nacional francês, a SNCF (Sociedade Nacional de Caminhos de Ferro). E vou aproveitar para louvar a obra de um outro artista, mas para isso vou ter que contar primeiro uma experiência bem pessoal.  

Eu detesto a SNCF

Eu detesto a SNCF, quero dizer, eu detestava a SNCF. Isso porque um dia, viajando entre o Brasil e os Alpes fui obrigada a parar em Lyon.

Naqueles tempos onde ainda era possível viajar com 2 malas de 35 quilos me vi na plataforma da estação de trem de Lyon com os dois objetos sem saber o que fazer. Elevadores quebrados e uma escada magistral me separavam do saguão principal onde eu devia imprimir minha passagem de Lyon à Grenoble.

30 minutos mais tarde, cheguei, suada e exausta ao dito saguão. Também, que ideia viajar com 70 quilos + 2 bagagens de cabine pra trazer presentes, roupas novas, caju, bombom garoto, goiabada, paçoca e Deus sabe mais lá o quê!!??

12 horas de viagem GRU-CDG, 3 horas de Paris Lyon, 30 minutos para descer escadas e agora só me bastava imprimir o bilhete que me levaria a minha casa naquele momento.Uffa! E eis que uma fileira de cadeiras impede a passagem das minhas companheiras de viagem. Malas, cadeiras, totem SNCF, tudo coladinho, analisei: um metro me separaria de minhas malas, a dimensão da fileira de cadeiras e logo atrás eu poderia imprimir os bilhetes. Fui!  

Enquanto “lutava” com o Totem para imprimir o TKT, distraída poderia ter sido roubada. Porém, não foi isso que aconteceu. Quando me dei conta dois militares em roupas de camuflagem e armas nas mãos buscavam em torno das malas um terrorista mentecapto. Que bronca eu levei! Fui tratada como um lixo, como um assassino. Minha cabeça cansada mal conseguia lidar com essa situação.

Vigipirate _ O dispositivo militar que luta contra o terrorismo. Você teria medo como eu tive?

Uma vez que eles partiram me pus a chorar e liguei para que meu companheiro viesse me buscar. Não mexeria dali sozinha. Fiquei esperando, bem do ladinho das malas e a cada partida de um trem ouvia o jingle da SNCF anunciando a destinação. Desde então, cada vez que ouço o jingle (patatara) fico triste.

jingle SNCF

O Francês separando joio do trigo

Nem sempre é fácil distinguir o trigo do joio, mas quem poderia acreditar? Dezesseis anos atrás, na França, eu fui suspeita de ser uma terrorista, eu!!

De fato, fluxos migratórios vêm mudando o cenário francês. Aqueles que chegam trazem novidades, novas problemáticas e um jeito diferente de viver, bagunçando inconscientemente a harmonia dos que já estavam presentes.  

Diante dessas mudanças, a identidade nacional é questionada e o futuro da nação parece incerto para muitos. Assim, o Estado se vê face ao grande desafio de unir o novo e o velho, criando sincronia e um país melhor para todos. No entanto, unir qualquer coisa “nova” com “velha” é quase com querer misturar água com óleo. A receita pode parecer complicada. A pirâmide do Louvre também foi polêmica e difícil de engolir para muitos no momento de sua realização. No país apelidado carinhosamente por seus habitantes O Hexágono, a subida de extrema-direita nas pesquisas confirma o receio de alguns de perderem seu país de outrora.

Diga-se de passagem, verdadeira ou falsamente, o Brasil antes das últimas eleições presidenciais fazia ofício de referência para o mundo quanto ao seu sincretismo cultural e religioso

Diante do questionamento do francês, eu me pergunto: Qual a fórmula para chegarmos a um sincretismo cultural equilibrado onde a sociedade evolui e pessoas diferentes convivem pacificamente?

Uma campanha publicitária para federar a nação

E de repente a SNCF cria uma publicidade que digna de federar a nação. Como não ter orgulho de ser francês ouvindo as palavras de Gael Faye, este jovem franco ruandês que conseguiu misturar pimenta malagueta com croissant?  Gael Faye encontrou o que cada francês tem em comum, com seu Slam o jovem faz um discurso onde cada um pode se identificar.

Com a campanha Hexagonal, a SNCF e o cantor/compositor Gael Faye nos lembram quem é o francês e assim, quem é a França. Tudo que posso adicionar é “Sejam bem-vindos”:

Hexagonal

Criativos e inventores, grandes artistas

Grandes feministas, grandes bocas,

Grande de coração, mas acima de tudo grande “reclamão”.

Grandiloquente às vezes, a flor na arma, e os entraves nos dentes,

mas romântico como um Apollinaire de 20 anos.

Elegante como nenhum outro, adornado com o mais belo acessório,

vestidos excessivamente “estilosos” e desfilando no Grand Palais

Mas acima de tudo pronto para marchar pela igualdade,

para declarar direitos para todos os homens,

para todas as mulheres e para nossos pimpolhos.

Humanistas até o fim das garras, humanos até o fundo das entranhas,

cigarras na língua, oceano nos lábios,

(Queijo) Maroilles na boca, ou chucrute sob o dente,

vibramos, choramos, rimos, dos seis cantos do país,

respiramos o mesmo vento. Pessimista muitas vezes,

enfrentando adversidades, bem como enfrentando o adversário,

(pessimistas) erroneamente, no entanto, basta olhar para trás,

Partidários da Terra, amantes do meio ambiente, de nossas florestas, nossas planícies,

nossos mares, azul, branco, vermelho, mas cada dia mais verde.

Não somos estáticos, somos progressistas, não vamos nos refazer,

às vezes estamos atrasados, mas não somos atrasados, somos a vanguarda,

não estamos presos, temos um humor excepcional,

não estamos de má fé, somos apenas um pouco paradoxais

Não somos quadrados… Somos hexagonais.

Viajar para Paris e França em 2021 na prática

Neste artigo vamos ver como estão se passando as viagens para Paris e França em 2021 na prática

Muita gente está curiosa ou até mesmo necessitando saber como estão as coisas por aqui e sobretudo como estão as coisas para chegar aqui.

Como sabido, está liberada a entrada na França de brasileiros vacinados com Pfizer, Moderna, AstraZeneca ou Janssen. 

Mas na prática como funciona?  

O Ministério da Europa e das Relações Exteriores criou um sistema específico que permite aos turistas estrangeiros vacinados com uma das vacinas reconhecidas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) obtenham um passe de saúde válido em território francês.

O passe sanitário para turistas estrangeiros vacinados pode ser solicitado nas seguintes condições:

  • Ter 18 anos ou mais (até 30 de setembro de 2021 o passe sanitário não é exigido para menores de 12 a 17 anos; além disso, menores de 12 anos não estão sujeitos à obrigação de passagem sanitária);
  • Ter sido vacinado com uma vacina aprovada pela EMA ou equivalente e ter um calendário de vacinação completa;
  • Já ter cumprido mais de 4 semanas após a injeção para vacinas de uma dose (Johnson & Johnson), mais de 7 dias após a segunda injeção para vacinas de duas doses (por exemplo, Pfizer, Moderna, AstraZeneca);  mais de 7 dias após a injeção se você se recuperou de Covid-19 (neste caso, apenas uma injeção é necessária);

Para se beneficiar deste dispositivo, o passageiro deve acessar o link a seguir Demande de conversion d’un certificat de vaccination étranger en passe sanitaire français (étrangers) · demarches-simplifiees.fr

Assim que a solicitação for processada, um correio eletrônico contendo o código QR será enviado. Pode ser impresso e apresentado em papel ou em formato digital e sua duração não será limitada.

As informações acima podem ser encontradas no Panrotas e também site da embaixada francesa no Brasil e meu post aqui não teria razão nenhuma de existir se o sistema estivesse funcionando perfeitamente. Teoricamente parece fácil, porém…

Paris e a França na prática: Bug no sistema, o que fazer

De fato, na prática esse trâmite pode não funcionar, devido ao grande número de pedidos.  

Assim, alguns clientes já chegaram aqui viajando com o passe emitido pelo SUS. Esse documento do SUS é na grande maioria das vezes aceito em locais turísticos e restaurantes, porém atenção, essa não é uma informação oficial, trata-se de uma constatação prática que depende completamente do controlador na porta do estabelecimento. A grande maioria dos controles não é excessivamente zelosa.

Nos bares e restaurantes os garçons controlam os passes, scaneam o QR code e pronto!

Um passe emitido em território francês válido por 72h

Quiosques para testes em várias esquinas

Alternativamente, se o passageiro tem hora marcada para uma visita e não quer correr o risco de ser barrado, uma vez na França, um passe sanitário limitado a 72 horas também pode ser obtido através de um teste negativo.

Pois na teoria, para pessoas sem vacinação ou comprovante europeu da mesma, é necessário um teste negativo de menos de 72 horas para atividades sujeitas ao passe (restaurantes, museus, grandes eventos, etc.). Esses testes podem ser feitos em laboratórios, mas também nos inúmeros quiosques espalhados pelas cidades. A entrega do resultado se faz em 15 minutos e seu custo varia entre 30 e 35 euros. Reitero: na prática, em muitos lugares o comprovante do SUS é aceito, mas para certas visitas, melhor não arriscar.

A realização deste teste negativo será também necessária para a volta do passageiro ao Brasil.

Aqui a lista dos laboratórios para realização do teste PCR na França

Passageiros não vacinados – somente motivo imperativo

Todos os viajantes não vacinados estão sujeitos ao regime de motivos imperativos, da qual a lista está especificada no certificado de viagem emitido pelo Ministério do Interior.

Os passageiros não vacinados devem apresentar documento que comprove o motivo imperativo da viagem e um teste PCR ou de antígeno com resultado negativo e realizado 48 horas antes do embarque. Nesta lista, podem entrar na França: os franceses, seus cônjuges e filhos, nacionais da área europeia, bem como seus cônjuges e filhos que têm sua residência principal na França ou que se juntam, em trânsito pela França, à sua principal residência em um país da área europeia.

Esses passageiros deverão igualmente efetuar uma quarentena obrigatória de 10 dias, controlada pelas forças de segurança.

Tendo escrito tudo isso, agora só me basta rezar para que as normas não mudem repentinamente!

E Paris? Como está?

Medidas anti-covid a parte, a vida aqui continua como antes, vida cultural intensa, muitas atrações, muita gente nas varandas dos cafés, enfim L’art de vivre francesa está de volta.