Como é a reabertura de um hotel na pandemia de coronavírus

Fazer check in e check out por email, ter suas malas desinfectadas tanto ao serem recolhidas do carro quanto ao serem entregues do lado de fora da porta do seu quarto, ser atendido por funcionários de máscaras até nos restaurantes eventualmente abertos, usar a academia somente com hora marcada. Para quem andava se perguntando como é a reabertura de um hotel na pandemia de coronavírus, estas medidas já entraram em vigor em destinos que começam neste mês de maio seus processos de gradual abertura após quarentenas e lockdown

Nos últimos dois meses, tenho conversado constantemente com diversos hoteleiros e especialistas no setor (no Brasil e no exterior) para tentar entender, acompanhar e antecipar aqui algumas das mudanças pelas quais a hotelaria está passando neste momento sem precedentes. Algumas das mudanças foram antecipadas em um texto que escrevi há algumas semanas

Nesta semana, conversei com alguns hoteleiros de países que começam a se reabrir para o turismo (apenas localmente, por enquanto) no continente europeu para entender como é, na prática, este processo de reabertura de um hotel na pandemia do novo coronavírus. 

O melhor exemplo veio das propriedades do grupo La Réserve (todos parte do seleto portfólio da Leading Hotels of the World), que até o final deste mês de maio terá seus quatro hotéis – em dois países diferentes – reabertos. Com duas unidades na França (La Réserve Paris e La Réserve Ramatuelle) e duas na Suíça (La Réserve Genève e La Réserve Éden au Lac Zurich), o grupo La Réserve estabeleceu algumas normas gerais, mas está dançando conforme a música dos destinos nos quais está inserido: cada propriedade está reabrindo suas portas respeitando suas particularidades de estilo e, é claro, a legislação em vigor no destino. 

Confira como deixar a casa com jeitinho de hotel

Os quartos da nova propriedade La Réserve em Zurique passam agora por processo de bioclening. Crédito: divulgação

Todos os processos revistos

Para as reaberturas, todos os procedimentos internos de todas as propriedades foram revistos em detalhes. Na França, com leis mais rígidas e abertura mais lenta de serviços, os hotéis estão trabalhando com mais restrições. Os hotéis em Paris e Ramatuelle, na Côte D’azur, reabrem com apenas acomodação e serviço de quarto disponíveis – restaurantes e lazer seguem fechados até segunda ordem.  No La Réserve Paris, acesso ao fitness center e spa acontece somente mediante agendamento prévio, para garantir segurança e evitar contato com outros hóspedes. 

Na reabertura do hotel na pandemia de coronavírus, há um intervalo de pelo menos 24h entre um check out e o próximo check in de um mesmo quarto (72h mínimo no caso de villas) e quartos e espaços públicos estão sendo higienizados com processos de biocleaning. A distância mínima de um metro e meio entre hóspedes e membros do staff é sempre respeitada nas áreas comuns e não há mais rooming (a apresentação do quarto feita por alguém do staff) no momento do check in.

Há equipamentos de proteção pessoal (como máscaras, luvas, álcool gel etc) à disposição dos hóspedes logo na entrada do hotel e também nos quartos durante toda a estadia. No La Réserve Paris, as camareiras agora fazem a desinfecção dos quartos após check out com equipamentos de ponta como Powerzone e Vapodil, equipadas com luvas, máscaras, óculos de proteção e proteção descartável para sapatos. 

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No La Réserve Paris, acesso a academia e spa somente com hora marcada. Crédito: divulgação.

Os funcionários dos hotéis usam máscaras e processos de auto check in por email (com o hóspede sendo levado diretamente da porta de entrada para seu quarto) e check out automático (com autorização de débito enviada por email) estão sendo encorajados em todas as propriedades. Os dados e informações sobre o cliente são todos coletados previamente para evitar qualquer contato ou “parada” na recepção. Ainda assim,  se um cliente quiser pagar com cartão de crédito no check out, o funcionário desinfecta a máquina na frente do hóspede e repete o procedimento após o mesmo ter digitado seu pin. 

Nas propriedades francesas, room service ainda é a única opção gastronômica possível. Nada mal com esta vista, certo? Crédito: divulgação

Room service com o mínimo de contato

Para continuar fornecendo experiências de primeira linha para seus hóspedes (afinal, todos os hotéis do grupo são reconhecidos e premiados justamente pela alta qualidade de seus serviços), as propriedades todas criaram um programa chamado “Dreams and Delights” para estes meses de reabertura, que inclui diárias com café da manhã, jantar e boas-vindas com champagne, entre outros benefícios customizados por cada uma delas.

O menu físico de room service foi removido e está agora disponível na TV do quarto ou em tablets. Na entrega das refeições nos quartos, o próprio carrinho teve sua apresentação ajustada para garantir o máximo de segurança e evitar qualquer tipo de contaminação dos itens (utilizando o máximo possível de itens selados). O carrinho é entregue à porta e o próprio hóspede deve leva-lo para dentro do quarto – e mesma coisa no procedimento de retirada do mesmo, que deve ser deixado do lado de fora do quarto. Nas propriedades francesas, onde o room service é por enquanto a única opção disponível, foram criados novos menus semanais e à la carte para continuar fornecendo variedade de escolhas para os hóspedes.

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A bela piscina do La Réserve Genève ainda permanece com acesso fechado. Crédito: divulgação

Particularidades para a reabertura de restaurantes

Na Suíça, onde restaurantes já podem voltar a funcionar a partir desta semana, as propriedades em Zurique e Genebra reabrem também os serviços gastronômicos. Assim, nas propriedades do grupo na Suíça os hóspedes podem fazer as refeições no quarto ou nos restaurantes. Mas os restaurantes passaram por adaptações, é claro. 

Para começar, os estabelecimentos tiveram capacidade reduzida pela metade para garantir segurança dos comensais e distância mínima de dois metros entre as mesas. Nada de buffet, é claro, já que a OMS classifica a atividade como prática de alto risco na pandemia (inclusive quando hóspedes se servem do buffet fazendo uso de luvas descartáveis, que estudos comprovaram que não minimizam os riscos do buffet de maneira significativa).

Os menus também foram todos adaptados para os novos tempos. Na propriedade em Zurique (a mais nova do grupo), por exemplo, pratos antes criados para serem compartilhados (como o elogiado tiramisú da casa) foram ajustados em preço e tamanho para serem saboreados individualmente. 

Novos procedimentos de limpeza e desinfecção frequente foram introduzidos e o staff todo porta máscaras. Além disso, o menu está agora disponível em ipads/tablets, para facilitar os processos de desinfecção dos mesmos.  Álcool gel está disponível nas estações de serviço dos restaurantes (para desinfectar com frequência menus e terminais de cartão de crédito) e também à mesa.  E, é claro, as mesas têm capacidade para no máximo quatro pessoas, seguindo as recomendações sanitárias em vigor no momento na Suíça. 

Intervalos de pelo menos 72h entre check out e o próximo check in nas villas no La Réserve Ramatuelle. Crédito: divulgação

Vale lembrar que todas estas adaptações dos hotéis La Réserve são provisórias e devem ser alteradas a cada novo parecer/protocolo/lei que entrar em vigor em cada um dos destinos durante a pandemia. Enquanto isso, as renomadas equipes de concierges do grupo La Resérve seguem assistindo os hóspedes com qualquer demanda de serviço (reservas, passeios privativos, aluguel de bicicletas, transporte para o aeroporto etc) e incluíram em suas recomendações sugestões de itinerários de caminhadas nas redondezas das propriedades e estão à par dos ajustes de segurança regulamentar de cada tipo de negócio.  

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Novos protocolos também nas propriedades Four Seasons

O grupo Four Seasons também anunciou o desenvolvimento de um novo programa de saúde e segurança, Lead With Care, com orientação contínua dos especialistas do Johns Hopkins Medicine. As medidas do programa valem para todas as propriedades do grupo, inclusive o Four Seasons São Paulo, no Brasil.

Dentre as medidas já adotadas, há check in e check out virtuais, capacidade reduzida e cardápios digitais em bares e restaurantes (nos destinos que permitem sua abertura); serviço de quarto sem contato; quartos são desinfetados diariamente com produtos aprovados pela EPA (Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) e inspecionados com luz negra;  há novos programas de reciclagem para as equipes com foco nos novos protocolos de limpeza; as áreas comuns são limpas a cada hora e kits Lead With Care são colocados em todos os quartos com máscaras, desinfetante para as mãos e lenços umedecidos antissépticos descartáveis.

A implementação do programa inclui melhorias nas estruturas dos hotéis e atualização da função de chat do seu premiado aplicativo, Four Seasons App, que permite que hóspedes se comuniquem com o hotel em tempo real, limitando a interação pessoal sem perder a qualidade do atendimento.

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Novidades nos hotéis e resorts Nobu

Os hotéis do grupo Nobu Hotels iniciam o processo de reabertura de algumas propriedades no próximo dia primeiro de junho. Todos seus protocolos operacionais também foram revistos para tal, com intensos treinamentos para o staff. Todos os funcionários passam a usar equipamentos de proteção compatíveis com suas funções, de acordo com a legislação local de cada destino onde o hotel estiver inserido.

Além dos novos protocolos de limpeza e desinfecção, diversas estações de álcool gel e lenços de limpeza foram instaladas nas propriedades, sinalizações foram colocadas em pontos-chave dos hotéis com lembretes sanitários e propriedades all inclusive, como o novo Nobu Los Cabos, que também é parte da Leading Hotels of the World, passam a contar com médico de plantão 24 horas por dia no local.

LEIA MAIS: como ser um bom hóspede (e ficar seguro) durante a pandemia

Para quem se perguntava como é a reabertura de um hotel tipo resort em tempos de pandemia de coronavírus, vale saber: segundo a propriedade, todas as áreas dos hotéis tiveram capacidade máxima bastante reduzida e estão sendo marcadas fisicamente no solo para garantir que todos respeitem o distanciamento social mínimo, da entrada do hotel às áreas de refeições e lazer.

Bagagens passarão por diferentes processos de desinfecção e todos os hóspedes passarão por checagem de temperatura no check in (hóspedes com temperaturas muito elevadas não serão admitidos nos hotéis do grupo). Atividades de kids club acontecerão somente em áreas externas e qualquer atividade na piscina está suspensa por enquanto. Todo tipo de serviço de bufê foi suspenso e materiais impressos de todo tipo também estão sendo eliminados nesta fase.

Medidas semelhantes foram anunciadas também pelo Groupe Floirat, do qual faz parte o premiado Hotel Byblos, na Riviera Francesa, também parte do portfólio da Leading Hotels of the World e que reabre agora em junho. Dá para conferir todas as mudanças implementadas pelo grupo aqui.

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Etapa da desinfecção dos quartos do Vivenzo Savassi, em Belo Horizonte.
(imagem divulgação)

Mudanças nas reaberturas no Brasil também

No Brasil, embora a maior parte das cidades não tenha passado ainda por processo de lockdown, a maioria dos estabelecimentos hoteleiros do país segue fechada. Mas vários deles já se anteciparam sobre o que pretendem fazer para garantir a reabertura de seu hotel na pandemia de coronavírus e já alteraram protocolos de higiene, serviço de café da manhã (sai o buffet, entra o à la carte) e formalidades de check in e check out. 

Mas vale mencionar o case do Vivenzo Savassi, inaugurado no ano passado em Belo Horizonte, o primeiro hotel do país a adotar um protocolo inédito de biossegurança desde o dia 25 de março – e que segue funcionando ininterruptamente desde então, com média de 50% de ocupação no período (em geral, pessoas que aguardam resultados de testes para Covid-19 e profissionais da saúde).

O hotel tem check in e check out virtuais, desinfecção de sapatos antes de entrar no hotel, kits com luvas e máscaras descartáveis para todos, intervalo de pelo menos 72 horas entre check out e check in em um mesmo quarto e serviço de arrumação dos quartos suspenso dentre as principais medidas. O dado mais curioso é que todos os colaboradores estão confinados (!) no hotel desde março, trabalham paramentados com EPI (equipamento de proteção individual) e foram testados negativamente para Covid-19 ao aderirem ao programa.

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A estrutura hoteleira na República Dominicana

Passei a última semana toda na República Dominicana, o destino caribenho mais visitado por turistas de todo o mundo, de acordo com dados do relatório deste ano da Organização Mundial de Turismo.

Neste cenário, sabemos que há anos o Brasil é um mercado extremamente importante para o destino e um dos maiores emissores de turistas do mundo para a República Dominicana. Embora a grande maioria rume diretamente para os grandes resorts tudo incluído de Punta Cana, fiz uma viagem um pouquinho diferente. A convite do Ministério do Turismo da República Dominicana, visitei também outros cantos do país – a começar por sua capital, Santo Domingo – para conhecer um pouco mais da estrutura hoteleira do país e da própria diversidade de seus destinos turísticos.

Voei a Santo Domingo com a Copa Airlines (escala rápida no Panamá), mas o país conta com oito aeroportos internacionais e diversas possibilidades de rotas para chegar lá. A capital dominicana é repleta de belezas arquitetônicas (trata-se da cidade mais antiga das Américas) e realmente vale ao menos um pernoite (se possível, dois) – e a hotelaria local está finalmente sabendo tirar bom proveito disso.

Lá, fiquei hospedada no charmoso Hodelpa Nicolás de Ovando, que ocupa um imenso casarão colonial restaurado em pleno centro histórico. Os quartos e banheiros são espaçosos e confortáveis, há piscina, academia, dois bons restaurantes e os ambientes comuns souberam tirar ótimo proveito da história do edifício. Móveis coloniais com um toque de contemporaneidade, muito verde, belos pisos – e tudo com um serviço bem simpático e eficiente.

Além do charme do hotel em si, o Nicolás de Ovando soube criar um serviço premium dentro do próprio hotel: o Club Imperial, que funciona como um lounge executivo com café da manhã e happy hour gratuitos todos os dias, além de águas, refrigerantes, cafés e peticos à disposição no espaço o tempo todo. Devagarzinho, outras propriedades da cidade começam a investir também nesta vibe hotel-boutique-histórico, que tem tudo para seguir funcionando na cidade.

Para fugir do estereótipo dos imensos hotéis all-inclusive de categoria turística da ilha, algumas regiões da República Dominica, como Samaná e La Romana, se destacam pelas opções luxuosas de hospedagem e pelo fluxo imensamente inferior de turistas em suas areias. La Romana, que vem sendo apontado com um dos pedaços mais luxuosos do país, deve sua aura premium em grande parte ao excelente Casa de Campo, um hotel que faz parte dos seletos portfólios tanto da Leading Hotels of the World quanto da Preferred Hotels.

Trata-se de uma imensa propriedade que mistura hotel e villas privadas entre campos profissionais de golfe, paisagismo caprichado e, claro, a beira-mar. Conta com ótimos quartos, um caprichado beach club, marina, lojas, diferentes complexos de piscina, excelente serviço em geral e ainda uma incrível oferta de bares e restaurantes das mais diversas cozinhas. Ali cada quarto recebe um carrinho de golfe no check in (obrigatória a apresentação da carteira de identidade) para se locomover dia e noite entre os distintos espaços do hotel. A grande sacada do hotel é que ele funciona tanto no modelo tradicional da hotelaria de luxo, com apenas hospedagem, como também em sistema tudo incluído – à escolha do hóspede, inclusive na hora do check in.

A propriedade tem ainda a Altos de Chávon, uma cidadela antiga que reproduz uma vila italiana medieval com direito a igreja, praças, anfiteatro romano e edifícios antigos hoje ocupados por lojas, galerias de arte, cafés, bares e restaurantes – e ainda tem uma vista linda para o rio e as colinas cobertas de verde. A localização é excelente, belas praias quase desertas e ainda é um bom ponto de partida para tomar um dos passeios à Isla Saona.

E como não dava para deixar Punta Cana de lado, passei os últimos dias da viagem por lá. A cidade ganhou novos e charmosos beach clubs e investe cada vez mais pesado em hotelaria de luxo para fugir um pouco do estigma dos resorts all inclusive de qualidade duvidosa. O destaque da hotelaria ali fica por conta do premiado Tortuga Bay, com design de Oscar de la Renta, mas vale dizer que mesmo all inclusives mais tradicionais estão dando um jeitinho de tirar uma fatia deste mercado.

É o caso do hotel Dreams Punta Cana, com mais de 600 quartos, que acrescentou um serviço “Preferred” a alguns deles. O hotel é antigo e poderia passar por uma bem-vinda reforma nos edifícios onde os quartos estão localizados. Mas os quartos são extremamente espaçosos (a maioria com jacuzzis nas grandes varandas) e há mais de 10 opções diferentes para gastronomia. Quem paga pelo suplemento Preffered leva amenidades diferenciadas, bebidas premium, frigobar incluído nas diárias, consumo em sem restrições em todos os restaurantes da propriedade, serviço de concierge exclusivo para reservas e passeios, lounge dedicado dentro do hotel e também um beach lounge exclusivo, bem caprichado, em área específica e controlada da praia, com cabanas e serviço diferenciado.

Uma inciativa simples que faz profunda diferença no dia-a-dia dos hóspedes que optam por este suplemento – a começar pelo sossego do café da manhã. A estratégia vem dando tão certo que outros grandes resorts da região já estão planejando implantar medidas similares a partir do segundo semestre do ano que vem.

Dá para conferir mais informações sobre o país aqui e mais informações sobre a hotelaria testada e aprovada na minha viagem pela República Dominicana aqui.

Onde ficar em Cartagena, no Caribe colombiano

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Torre da Universidade de Cartagena

Onde ficar em Cartagena, no Caribe colombiano

Em cima do muro não é uma opção. Do lado de cá ou do lado de lá é a principal dúvida na hora de escolher o hotel na belíssima Cartagena das Índias, no noroeste da Colômbia. Dentro da muralha de dez quilômetros de extensão, a cidade tem um colorido Centro Histórico do século XVI, Patrimônio da Humanidade pela Unesco, repleto de hotéis boutique, lojas, bares e restaurantes (estes até em cima do muro). Do lado de fora da muralha está o Mar do Caribe. Onde ficar em Cartagena?

Leia mais: um roteiro por Cartagena na revista Panrotas (a partir da p. 26)

As praias da cidade não são aquelas dos cartões-postais caribenhos, com água azul-turquesa e areia branca e fofa. Mas a hospedagem nos grandes hotéis à beira-mar é opção a ser levada em conta para quem viaja com crianças pequenas. Ou não dispensa a infraestrutura de um resort. Ou simplesmente quer combinar história e praia na mesma cidade.

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Onde ficar em Cartagena: Dentro da Muralha

Para quem vai a Cartagena em busca da vida do século XXI pelas ruas do século XVI, o lugar para ficar é do lado de dentro do muro. Da primeira vez na cidade, há alguns anos, tive ótima experiência no Charleston Santa Teresa, o que contribuiu muito para o meu amor à primeira vista por Cartagena. Com 87 quartos, instalado em um antigo convento do século XVII perto da Torre do Relógio, o hotel tem piscina no terraço, com vista para as torres da Catedral em primeiro plano, e o selo Traveller Made. No belo claustro central estão as mesas do Harry’s, restaurante de Harry Sasson, um dos chefs colombianos mais famosos.

Outro convento, também do século XVII, abriga o Sofitel Legend Santa Clara, com 123 quartos e recomendado pelo Forbes Travel Guide. Mesmo que não seja a sua opção, vale aproveitar o bom bar El Coro e o restaurante 1621. El Coro é o endereço da cripta que inspirou Gabriel García Márquez no livro Do amor e outros demônios. A casa do escritor colombiano, ainda hoje com a família, é vizinha ao Santa Clara. As áreas comuns do hotel são lindas, como o pátio central repleto de plantas e com um poço. A piscina, grande para uma área histórica, está em um pátio ao lado. Este é o hotel do Centro Histórico com melhor estrutura para receber crianças pequenas.

Atualização:

Em outubro de 2020, o Santa Clara foi eleito pelos leitores da Condé Nast Traveler o melhor hotel da América do Sul e o segundo melhor do mundo. Em novembro, foi reconhecido como o South America’s Leading Hotel pelo World Travel Awards.

A bonita Casa San Agustín, membro da Leading Hotels of the World, também é recomendada pelo Forbes Travel Guide. O restaurante Alma, de frutos do mar com leitura contemporânea, é bem gostoso. Tem vista para a pequena piscina em formato de L, emoldurada pela parede em pedra de um aqueduto do século XVII. Os 30 quartos, com decorações únicas, oferecem mix charmoso de detalhes modernos e históricos, alguns com afrescos originais nas paredes. O hotel tem um solário com vista para a torre da universidade do século XIX, onde estudou García Márquez (foto na abertura deste texto).

Leia mais: Hotéis e spas cinco estrelas na edição 2020 do Forbes Travel Guide

Onde ficar em Cartagena: jacuzzi com vista para o Mar do Caribe no hotel Radisson Cartagena Ocean Pavillion | Foto de Carla Lencastre
Jacuzzi com vista para o Mar do Caribe no Radisson Cartagena | Foto de Carla Lencastre

Onde ficar em Cartagena: fora da muralha

Tive as duas experiências, dentro e fora do muro. A mais recente foi mês passado, quando voltei a Cartagena a convite do Radisson Ocean Pavillion. O hotel com 233 quartos fica na praia de La Boquilla, entre 20 e 30 minutos de carro do Centro Histórico. Conto mais sobre o Radisson Cartagena em reportagem na revista Panrotas. Ainda ao norte do Centro, entre 30 e 40 minutos de carro, na região de Manzanillo del Mar, há duas novas opções de grandes redes hoteleiras: o Meliá Karmairi, somente para adultos, aberto em meados de 2019, e o Conrad Cartagena, inaugurado no final de 2017.

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Onde ficar em Cartagena: prédios modernos na ponta da península de Bocagrande, em Cartagena | Foto de Carla Lencastre
Prédios modernos na ponta da península de Bocagrande | Foto de Carla Lencastre

A área hoteleira de praia mais perto do Centro é Bocagrande, península repleta de arranha-céus que, vista do mar, lembra Downtown Miami. Está a cerca de 15 minutos de carro da principal entrada da cidade murada, a Porta do Relógio. Um clássico na área é o Hilton, em El Laguito, no sul da península. Há outras opções de redes, em diferentes faixas de preço. Em Bocagrande, como em La Boquilla, geralmente a areia e o mar são acinzentados, com águas mornas. Há vendedores, o assédio é grande; as praias são seguras.

Onde ficar em Cartagena: conjunto histórico vai abrigar o Four Seasons Cartagena | Foto de divulgação
Como vai ficar o conjunto histórico que abrigará o Four Seasons Cartagena| Divulgação

Também ao sul do Centro, fica Getsemaní, um dos bairros mais antigos de Cartagena. É lugar para aproveitar a vida noturna, com muitos bares de salsa. Há alguns meses, a rede Four Seasons anunciou que sua terceira propriedade na Colômbia (há dois hotéis em Bogotá) será justamente em Getsemaní, em um conjunto de prédios históricos a apenas cinco minutos de caminhada da Porta do Relógio. Passei por lá, as obras ainda não começaram. Será a 15ª propriedade da coleção Four Seasons Historic Hotels. Em fase de gentrificação, o bairro tem hostels e hotéis como o Selina, inaugurado há menos de um ano, com quartos individuais e comunitários.

E agora? Qual o seu lado do muro?

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As Novidades da Leading Hotels of the World neste 2019

Durante a ILTM Latin America, a Leading Hotels of the World já tinha confirmado a entrada de 30 novas propriedades em seu luxuoso portfólio neste 2019. Neste verão europeu, onze novas propriedades foram introduzidas no portfólio, com novos hotéis no Congo, na África do Sul, nas Maldivas, no Japão, na Espanha, na Croácia, na Grécia, na França e o esperado Ananti Montenegro.  Os novos membros confirmam o crescimento da Leading na África e na Europa (com destaque para o Báltico).

A Leading, estabelecida em 1928 e que agora conta com mais de 400 hotéis em 80 países (85% deles hotéis familiares e 95% administrados de forma independente), realiza todos os anos um sério e longo processo para decidir pela aceitação (ou não) de uma nova propriedade. Em comum, cada novo membro partilha da filosofia da associação em entregar experiências inspiradoras e encarar o conceito de luxo sempre um passo a frente – sempre abraçando, é claro, a essência e as raízes dos destinos nos quais estão inseridos.

Seu programa de fidelidade Leaders Club – que já oferecia a possibilidade de upgrades, noites grátis, café da manhã e tarifas especiais – foi recentemente reformulado e agora convida seus associados a descobrirem as delícias do programa “Insider Experiences”, que contempla experiências singulares e extremamente locais, cuidadosamente curadas em cada um dos mais de 400 hotéis de luxo que compõem o portfólio do grupo. De um dia entre vinhedos e gastronomia com o Cape Grace na Cidade do Cabo a um tour privativo no Pena Palace de Sintra após o fechamento do local para o público (com o Tivoli Palácio de Seteais), o menu de experiências deles é realmente inspirador.

“Neste programa, deixamos que cada hoteleiro fizesse o que sabe fazer de melhor: criar esperiências customizadas e memoráveis para seus hóspedes”, defende Phil Koserowski, VP de Desenvolvimento Digital e Marketing da Leading.  “Eles são especialistas em seus destinos e têm prazer genuíno em mostra-los para nossos hóspedes de maneira memorável, seja na primeira ou na quinta visita à cidade”. 

Em julho e agosto passados, tive o prazer de me hospedar em duas das onze propriedades da LHW em Paris: o clássico Hotel Barrière Le Fouquet’s Paris e o novíssimo Fauchon L’Hôtel. Hotéis extremamente diferentes entre si – em estilo, approach ao hóspede, localização, décor, história etc – mas com almas incrivelmente (e indubitavelmente francesas). Mais que francesas, propriedades realmente 100% parisienses.

O Hotel Barrière Le Fouquet’s Paris, com seus 81 quartos na esquina da avenue George V com a Champs-Elysées, a passos do Arco do Triunfo, é quase um marco na cidade. Parte da luxuosa cadeia francesa de hotéis Barrière e da Fouquet’s Brasserie, o hotel tem um pouco do clima hollywoodiano de outros tempos, mas é um verdadeiro oásis de sossego do lado de dentro. Quartos charmosos completamente redesenhados por Jacques Garcia (com direito a bebidas não alcoolicas e os snacks do minibar gratuitos), um café da manhã simplesmente adorável servido diariamente no Le Joy e uma equipe afinada, que memoriza rápido o nome do hóspede, são alguns dos elementos que fazem dele uma opção excelente na cidade. Dá pra ler minha review completa sobre o Hotel Barrière Le Fouquet’s Paris aqui.

O novo Fauchon L’Hôtel, o primeiro hotel da incontornável Fauchon Paris, fica ao lado da Madeleine e mescla o edifício histórico com décor ousado, sexy e contemporâneo do lado de dentro. Recepção feita charmosamente num lounge com macarrons e drinks, um perfume de ambientes desenvolvido exclusivamente para o hotel inspirado no famoso chá Marchand de Rêve da casa e o café da manhã servido diariamente no imperdível Grand Café Fauchon são apenas alguns dos seus atrativos. Os 51 quartos têm todos vistas panorâmicas para Paris, muita luz natural, janelas que de fato se abrem, Bosé speakers até no teto e um enorme bar customizado cheio de delícias gastronômicas by Fauchon sem custos. Dá pra ler minha review completa sobre o hotel aqui.

Até o final do ano, novas propriedades em diferentes destinos ainda serão adicionadas ao celebrado portfólio da Leading Hotels of the World. Vale lembrar que mais de 40 membros em 35 destinos foram premiados novamente este ano no Travel+Leisure World’s Best 2019 (incluindo o La Réserve Paris, sobre o qual já falamos aqui).

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Torre Eiffel vista do La Réserve Apartments Paris

Como é se hospedar no La Réserve, eleito o melhor hotel de Paris

A revista americana Travel+Leisure anunciou mês passado sua esperada lista anual dos 100 melhores hotéis do mundo. Este World’s Best Awards 2019 apresenta também rankings locais com os dez melhores hotéis de diversos destinos. Dois dos dez melhores de Paris foram considerados bons o suficiente para estarem também no ranking dos cem melhores do mundo: La Réserve Paris Hotel and Spa, em 55º lugar global (o sexto europeu mais bem classificado), e Le Meurice, da Dorchester Collection, em 89º lugar. Aos leitores da prestigiada publicação, a T+L pede que avaliem quesitos como serviço, localização e gastronomia, entre outros.

Atualização: Em outubro de 2020 os leitores da Condé Nast Traveler também escolheram o La Réserve Paris como o melhor da cidade no Reader’s Choice Awards 2020.

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Aberto há apenas quatro anos, parte da associação Leading Hotels of the World e com cinco estrelas no Forbes Travel Guide, o reconhecimento do La Réserve chama a atenção. Principalmente se levarmos em conta as muitas boas opções na hotelaria de luxo em Paris. Para citar apenas outras menções mais recentes, ainda em julho, a publicação britânica Condé Nast Traveller incluiu o La Réserve no seu top 10 de “hotéis mais sensacionais de Paris”. Na semana passada o restaurante Le Gabriel, com duas estrelas Michelin, ganhou o prêmio Best of the Best 2019 de “melhor experiência gastronômica”, anunciado durante a Virtuoso Travel Week, em Las Vegas.

Leia mais: Hotéis e spas cinco estrelas na edição 2020 do Forbes Travel Guide

Gastronomia, localização e serviço são destaques do La Réserve Paris

Estive no La Réserve pela segunda vez em março deste ano, a convite do hotel. A gastronomia, a localização e a qualidade do serviço de fato se destacam. O endereço é elegante desde o século 19, na Avenue Gabriel, em frente ao Grand Palais, ao lado da Champs-Elysées e do Palais de l’Elysée (sede da República francesa) e perto das lojas de grife da Rue du Faubourg Saint-Honoré. Neste acolhedor hotel boutique com jeito de palácio, a decoração assinada pelo designer parisiense Jacques Garcia é intimista nas 40 acomodações (várias com vistas para cartões-postais da cidade; 25 suítes e 15 quartos a partir de 40 metros quadrados) e suntuosa nas áreas comuns. Meu ambiente preferido é a confortável biblioteca em tons de verde escuro, que tem ainda um bar secreto apenas para hóspedes.

Outro ponto alto deste belo hotel fica no subsolo: a piscina de 16 metros de extensão, com água aquecida, aberta 24 horas. É só chegar para nadar que as cortinas da parede de vidro que separa a piscina do restante do spa são fechadas, garantindo privacidade. Ao redor estão apenas três salas de tratamentos personalizados de rejuvenescimento com produtos suíços.

La Réserve Paris: brasserie comandada por Jérôme Banctel, chef do Le Gabriel
A brasserie comandada por Jérôme Banctel, chef do Le Gabriel | Foto de Carla Lencastre

As mesas da brasserie Le Pagode des Cos, voltadas para um jardim interno, são disputadas no almoço. O cardápio tem a assinatura do chef Jérôme Banctel, que conquistou as estrelas Michelin para o Gabriel em seu primeiro ano. Ter liberdade de pedir café da manhã no horário em que der vontade é um dos maiores luxos da hotelaria. No caso do La Réserve, o Pagode des Cos muda o menu para o almoço. Mas quem acorda mais tarde pode ser servido no próprio quarto, bien sûr, ou no bar, tranquilo durante o dia. Conforme as horas passam, é lugar para um drinque autoral ou clássico.

Quartos e suítes são decorados em estilo Haussmann com confortos tecnológicos, como iPad para controle de temperatura e iluminação. Do balcão da minha suíte via-se a cúpula do Grand Palais e, à distância, a Basílica do Sacré-Coeur, em Montmartre. No closet, confortáveis roupões em tons pastel, as peças mais vendidas do hotel. A sala de banho, em mármore de Carrara preto e branco, dispõe de chão aquecido, duas pias e banheira.

Com fachada em pedra e porta vermelha, a construção de 1854 pertenceu ao Duque de Morny, meio-irmão de Napoleão III e, no século 20, ao estilista Pierre Cardin. Hoje faz parte do exclusivo portfólio La Réserve, do empresário francês da área de hospitalidade Michel Reybier. O grupo inaugurou agora La Maison d’Estournel, em Sainte-Estèphe, a uma hora de carro de Bordeaux. É possível se hospedar também em La Chartreuse, casa na premiada vinícola Château Cos d’Estournel, residência da família de Reybier.

Com a marca La Réserve, há ainda os Apartments Paris, com serviços, na Place du Trocadéro (na foto no alto do post, a vista da Torre Eiffel é de um dos apartamentos); o Ramatuelle, no Sul da França, a 15 minutos de carro de Saint-Tropez; o restaurante À la Plage, em parceria com o designer Philippe Starck, em Pampelonne, também na região de St-Tropez), e o Genève, na Suíça, o pioneiro. Para o final do ano está previsto o Eden au Lac Zurich. Tanto os apartamentos quanto os hotéis têm o exclusivo selo Traveller Made.

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