Mesmo diante das incertezas sobre a dimensão global do coronavirus, muitos destinos turísticos já perdem bilhões com a queda das viagens dos chineses pelo mundo e a ida de turistas àquele país. A China é o 4o país no mundo que mais recebe turistas (62,9 milhões em 2018); o país ainda é o 10o na entrada de divisas pelos gastos dos estrangeiros em seu território (US$ 40 bilhões em 2018), dados da OMT. O país já registra o cancelamento de voos de praticamente todas as empresas aéreas (40 empresas até 31 janeiro) e de cruzeiros; fechamento de atrações turísticas como a Disney; e enfrenta emissões de alertas de diversos países e proibição de empresas para que as pessoas não façam viagens ao país.
Já as viagens dos chineses ao exterior têm crescido dois dígitos, cerca de 15%, somando mais de 159 milhões de pessoas em 2019 (Global Data, 2019); é o maior emissor mundial de turistas, 12,2% do share mundial de viagens. Os chineses gastam US$ 276 bilhões em suas viagens ao exterior. Os destinos de quase 48% dos chineses são os países da região como Hong Kong, Macau e Taiwan; depois a Europa (a França esta entre os 10 destinos que mais recebem chineses), EUA, Austrália e Nova Zelândia aparecem como destinos preferidos. A cidade de Wuhan está entre as 10 que mais registram partidas de chineses ao exterior. Destaque nesse cenário também está o Brasil, com crescimento de 129% em 2018, assim como Argentina e México em nosso continente. Imagine o impacto que haverá com a diminuição dessa quantidade de viagens em países que recebem turistas chineses. Os gastos dos chineses no exterior ultrapassam os US$ 120 bilhões
O turismo mundial cresceu 4% em 2019, e as projeções da OMT dizem que em 2020 esse crescimento deve ficar entre 3% a 4% em relação ao ano passado. No entanto, mesmo antes da chegada do coronavirus algumas questões globais já eram citadas como prováveis problemas enfrentados pelo setor: guerra comercial EUA e China; BREXIT; tensões sociais e econômicas da América Latina, Ásia e Oriente Médio; dentre outros. Agora precisamos adicionar a essa lista os efeitos das chegadas e saídas da China depois do advento do novo vírus, além dos impactos no próprio turismo global enquanto não se tem ideia da dimensão do problema. Certamente existem muitos cancelamentos nesse primeiro momento para a China, mas também uma sensação de temor das pessoas em viajar internacionalmente sem conhecer as consequências da contaminação da doença em qualquer país do planeta.
Lembrando, finalmente, que os impactos vão muito além das viagens a lazer, atingem frontalmente as viagens a negócios, a realização de eventos e uma retração econômica de dimensões globais que ainda não se pode avaliar (em valores e em tempo de duração). Nesse momento, para aqueles que trabalham diretamente com o turismo, cabe acompanhar os fatos, orientar e informar as pessoas e trazer o melhor subsídio possível para que nossa indústria tenha minimizado o impacto negativo e, claro, que logo se encontre vacina ou cura para a doença que já afeta as pessoas de forma devastadora. Seguimos acompanhando, sempre na torcida para que o problema seja logo solucionado e possamos buscar a normalidade dessa indústria tão importante para a economia mundial. O turismo mundial vai enfrentar o desafio, certamente ! RESILIÊNCIA.
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