Recuperar e crescer o volume e o gasto de estrangeiros no Brasil é uma tarefa complexa e que exige atuar em diversas frentes. Quando sabemos que mais de 67% das chegadas de visitantes de outros países é por via aérea (2019, MTUR), esse pode ser um bom tema para iniciar essa conversa, correto? Com base num documento produzido pela ForwardKeys trago alguns comentários e dados para nosso bate-papo.
O mundo ainda enfrenta desafios na recuperação do setor de turismo devido à pandemia de Covid-19, assim como o Brasil. Somos o maior pais da América do Sul, e ainda temos dificuldade para atrair viajantes desde a reabertura das viagens internacionais. A falta de conectividade aérea é um tema relevante nesse contexto, que tem a capacidade de assentos para voos internacionais no primeiro semestre de 2023 ainda 18% abaixo dos níveis de 2019 (ForwardKeys, abril 2023).
Apesar da capacidade limitada e tarifas mais altas, a demanda pelo destino ainda é alta, com mercados europeus buscando ativamente o Brasil nos dois primeiros meses do ano. No primeiro semestre de 2023, o mercado que mais cresce em chegadas internacionais ao Brasil é Portugal, com aumento de 90% em relação aos níveis de 2019. Além disso, as chegadas ao Brasil da América do Norte e Europa durante o Carnaval deste ano aumentaram 6% e 13% em comparação com a edição de 2019.
Como será 2023 então?
Para 2023, hoteleiros, operadores turísticos e a EMBRATUR poderiam focar na criação de ofertas atraentes e para viajantes dos EUA e Europa. Segundo dados coletados pela EMBRATUR, em abril de 2023, 45% dos voos internacionais nos conectam com a América do Sul, 29% com a Europa e 19% com a América do Norte. A EMBRATUR também já relata que em janeiro desse ano já recebemos mais visitantes (868.587) do que em janeiro de 2019 (756.883). Os dados do relatório de tendências da ForwardKeys também sugerem otimismo cauteloso, pois os resultados gerais para a América do Sul são promissores. Vejamos as oportunidades abaixo:
De acordo com Juan A. Gomez, Chefe de Inteligência de Mercado da ForwardKeys. “A falta de conectividade com o Brasil não está apenas limitando as chances de o país atrair mais visitantes internacionais, mas também elevando as tarifas aéreas. Por exemplo, as tarifas da Europa para a Colômbia estão subindo no mesmo nível que a inflação, com oferta aérea acima dos níveis de 2019 no primeiro semestre do ano. Já, as tarifas da Europa em janeiro e fevereiro para os principais destinos do Brasil foram 34% acima para o mesmo período em 2019 devido, em parte, à falta de oferta aérea. Apesar da capacidade limitada e das tarifas mais altas, a intenção de viagem, medida em buscas de voos para o Brasil, mostra que a demanda pelo destino ainda é alta. Os mercados europeus estão no topo dos mercados mais ativos em busca do Brasil nos primeiros dois meses do ano.”
Como observado globalmente pela ForwardKeys, a recuperação também é um processo bastante desigual na América do Sul. Por exemplo, a Colômbia pode receber mais chegadas internacionais durante o primeiro semestre de 2023 do que no mesmo momento pré-pandemia. Com 1% a mais de passagens confirmadas para chegadas internacionais em comparação com o primeiro semestre de 2019, o país está prestes a ser o primeiro destino sul-americano a alcançar a recuperação total. Já o Equador (-14%), Argentina (-18%) e o Brasil (-24%) continuarão abaixo dos níveis de 2019 pelo menos no primeiro semestre do ano, embora estejam mostrando uma melhora acentuada ao longo do ano. Veja abaixo a comparação de oferta de assentos entre 2023 e 2019 entre Rio, São Paulo e Bogotá (janeiro a agosto).
Dados recentes da EMBRATUR, também com base em relatório da ForwardKeys mostram que entre abril e dezembro deste ano estão programados 9,7 milhões de assentos em voos internacionais com destino ao Brasil, um aumento de 26% ou 2 milhões de novos assentos quando comparado com o mesmo período do ano passado. Ótima notícia para seguirmos com os esforços de promoção internacional.
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