O que mudou na visão dos estrangeiros desde 2004

Uma análise rápida do perfil dos estrangeiros que vieram ao Brasil em 2010 comparando com 2004, nos leva a algumas constatações das mudanças que ocorreram nos últimos 6 anos.
O Estudo da Demanda Internacional divulgado essa semana nos mostra que o Brasil continua a surpreender estrangeiros, que alguns atributos de nosso país passaram a ser mais motivadores para as viagens e que ainda temos muito a fazer para nos tornarmos mais competitivos, seja nos serviços privados seja na infra-estrutura pública.

OS GRANDES TEMAS

– a maioria dos visitantes ainda vem ao Brasil a lazer
– sol e praia ainda é o maior motivo da viagem, e ecoturismo e natureza se consolidam como atrativo do País
– diminui o número de pessoas que viajam com a família
– o Rio de Janeiro continua lindo e o primeiro destino de lazer, já Florianópolis é a grande novidade
– a internet passa a influenciar mais as visitas do que os comentários sobre o Brasil feito por amigos
– as agências de viagem no exterior possuem mais informações sobre o Brasil e ajudam como fonte de informação para a viagem
– os turistas de primeira viagem ainda são muitos e os que repetem a viagem também são muitos
– continuamos agradando muito, pois 96% de intenção de retorno e mais do que unanimidade é oportunidade sem fim
– aumenta o número de jovens estrangeiros que vem ao nosso País
– a satisfação com a a viagem ao Brasil é cada vez maior, superando expectativas
– melhorou um pouco na avaliação do visitante: a limpeza e a segurança
– continua igual depois desde 2004: serviços de taxi, transporte público, sinalização turística, restaurantes, hotéis, guias de turismo, informação turística, hospitalidade
– está um pouco pior nos últimos seis anos: telecomunicações e aeroportos
– ainda oferecemos poucos serviços aos visitantes, poucas informações e pouca venda quando eles já estão no Brasil

Amanhã é hoje pro turismo

Os novos dados da OMT – Organização Mundial do Turismo com projeções do crescimento mundial do turismo até 2030 mostram que os destinos turísticos de mercados emergentes terão a maior fatia do mercado mundial em 4 anos.
Em 2030, seremos cerca de 1,8 bilhões de viajantes, a média de aumento do número de pessoas viajando pelo planeta será de 43 milhões de pessoas a mais por ano. A tendência observada é um crescimento mais modesto nos destinos chamados “tradicionais” ou “maduros” e um aumento acelerado nas economias emergentes com destaque para a Ásia.
A América Latina, que em 2011 já cresce em média 15% no primeiro semestre, três vezes a média mundial, deverá saltar dos atuais 24 milhões de visitantes para 58 milhões em 2030. Lembrando que crescem todas as motivações de viagens, cresce o transporte aéreo e as viagens entre regiões estarão crescendo de forma gradual e mais rápido que as viagens dentro da mesma região.
Por que temos que ficar atentos?
– já temos um cenário interno de crescimento
– já estamos crescendo quase três vezes a média mundial
– vamos receber mega eventos em 2014 e 2016 que nos darão ainda mais visibilidade
– precisamos melhorar nossa competitividade de forma rápida e eficaz
– precisamos de mais infra-estrutura de aeroportos
– precisamos de estudos e pesquisas que nos ajudem a entender essas mudanças e mazimizar as oportunidades

As coisas andam rápido, mudam rápido e precisamos ser eficazes nesse cenário.

Andam falando da gente

Sim, especialistas, blogueiros com dicas de turismo, sites de turismo pelo mundo afora andam falando do Brasil como destino turístico de uma forma mais frequente.
Seja porque estamos sendo vistos como um mercado emissor em expansão, seja porque novidades de nosso país como destino turístico passam a ser motivo de curiosidade e descoberta pelos “pesquisadores de tendências de viagens”.
As menções mais comuns ao Brasil estão ligadas a atributos já conhecidos do país, mas abordadas de uma forma renovada. Por exemplo, viagens de natureza ou ecoturismo, viagens de luxo, lugares para curtir a vida noturna ou para jovens. Novos negócios motivados pela expansão interna do mercado. Dependendo do país e das possibilidades que se busca explorar, o Brasil passa a ser alvo de maior interesse seja como mercado emissor ou como mercado receptivo.
Essas oportunidades são importantes para identificar novos conteúdos para a promoção internacional, para realizar uma abordagem comercial com mais detalhes sobre as possíveis experiências que estrangeiros podem ter no Brasil e, algo que considero cada vez mais importante: estar ligado nas tendências de comportamento da demanda para mostrar que podemos receber visitantes que buscam experiências especiais, adaptar nossos roteiros e preparar nossos destinos e serviços a esses consumidores que virão.
Isso certamente irá fazer a diferença quando eles voltarem para casa e forem compartilhar o que viveram em nosso país.

Eventos esportivos e turismo, pra onde vamos ?

O turismo mundial deve crescer em média 4 a 5% em 2011. O desempenho da primeira metade do ano trouxe grande destaque para a América do Sul, que cresceu 15%.
Segundo a OMT – Organização Mundial do Turismo, esse crescimento é um indicador do crescimento futuro do continente, liderado pelo Brasil, devido à realização dos eventos esportivos. Durante o mês de novembro, em Londres, na WTM – World Travel Market, o evento dedicado aos negócios de turismo conta com uma extensa agenda de debates que inclui o tema do turismo esportivo.
Lições das experiências da África do Sul, Barcelona e Sidney estarão sendo compartilhadas com as expectativas de Londres para 2012 contribuindo para entender como esses destinos maximizaram as oportunidades para beneficiar o turismo. Da mesma forma, como projeções de aumento de visitantes ou de legados não corresponderam ao que ocorreu durante o evento.
Entender como aconteceram outras experiências e conhecer a realidade brasileira são fatores importantes para que o turismo busque caminhos de longo prazo e posso obter os melhores resultados com os eventos. Isso é a CONTAGEM REGRESSIVA. Estarei em Londres de olho em tudo!.
Lembrando que ontem, 2 de Outubro, se passaram 2 anos da conquista dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro.

Eventos, mais que impacto econômico

Falamos muito dos impactos econômicos da realização de congressos e eventos. Gasto médio superior ao visitante a lazer, melhoria da imagem do destino, primeira viagem ao destino, geração de oportunidades de trabalho e tantos outros benefícios.
Vale explorar com mais ênfase um outro aspecto, que normalmente falamos de forma tangencial: sua contribuição para a educação, pesquisa e formação profissional.
Quando recebemos pesquisadores, médicos, especialistas em diversas áreas do conhecimento, estamos tendo a oportunidade de trazer o que há de melhor e mais avançado para profissionais e pesquisadores brasileiros. O Brasil está entre os 15 países do mundo que mais cresce na produção acadêmica, e a realização de eventos pode estar ligada de forma importante para colaborar com o acesso e proximidade das diversas áreas de conhecimento à pesquisa e estudos avançados do planeta.
Como a realização dos eventos está cada vez maior e mais espalhada pelo território nacional, também estamos levando a oportunidade de conhecimento para outras universidades, áreas profissionais e especialidades médicas, por exemplo.
Pois é, mais um ponto da abordar sobre as oportunidades dos eventos num país onde se fala muito em qualificação e formação de talentos.

Distante e promissor mercado

Essa seria uma definição rápida para o mercado chinês em relação do Brasil hoje.
Sempre observei os números ( sempre cheios de zeros ) das viagens desse imenso mercado que é o chinês.
Essa semana, em visita a Pequim, estou olhando os dados mais de perto e gostaria de compartilhar com vocês.
Foram 56 milhões de viagens em 2010, quase o tamanho do mercado emissor americano; com perspectivas de crescimento de 10% ao ano. Segundo a OMT, a China será o maior mercado receptor de visitantes do mundo em 2020 e o quarto maior emissor: 100 milhões de viajantes.
E para onde eles vão? Isso começa a ficar interessante, pois quase 89% ficam na Ásia e no Pacífico, e desses, 70% vão para Hong Kong e Macau, ou seja, não vamos considerar viagens internacionais.
A parte que nos interessa: 12,8 milhões de chineses fizeram viagens internacionais, três vezes o número de brasileiros que viajam ao exterior, dados de 2008.
A Europa fica com 16,6% desse mercado; seguido das Américas (leia-se EUA com 800 mil visitantes) com 8,7%; Oceania, 4,1% e África 2,6%.
Nós, o Brasil, recebeu em 2010 quase 40 mil chineses. Temos hoje diversos vôos com capacidade de combinação de rotas seja pela Europa, pela América do Norte ou pelo Oriente Médio.
Falo mais um pouco sobre barreiras e oportunidades depois…

A realidade mudou. O discurso e a prática precisam mudar

Quero ir além de falar que saiu um Ministro e entrou outro. Podemos não concordam com a forma, mas essa é a política, e a realidade. Quem nomeia Ministro é a Presidente da República.
Considero importantes as críticas, elas devem ser feitas e aceitas. Debatidas. A honestidade e postura das pessoas deve ser levada em conta, sem colocar todos aqueles que trabalham no setor público no mesmo balaio. Muitas coisas precisam mudar no sistema público e político brasileiro para que possamos viver uma realidade diferente daquela que vemos hoje.
Mas a pergunta que faço é: qual é a política de turismo, como está o Plano Nacional de Turismo ?
Cada gestão antes e depois da criação do Ministério deu sua colaboração. Muitos programas foram iniciados, e ao longo dos últimos anos diversos avanços foram identificados, enormes desafios ainda existem pela frente.
Entendo que posicionamento das entidades e lideranças do setor não deve depender só do nome do Ministro, mas de qual é sua proposta de trabalho, isso devemos cobrar e conhecer. E colaborar quando for o caso, e criticar quando temos uma posição diferente.
O Brasil vive um momento muito especial, e a responsabilidade daqueles que querem fazer sugestões, que querem melhorar seus negócios, deve ser a da crítica que leve à busca de soluções, à cobrança sobre programas de governo, e a propor ir muito além do que estamos hoje, porque as oportunidades nem bateram na nossa porta, entraram sem pedir licença.

Em 2010 Brasil foi o terceiro a crescer investimento promocional

Estudo feito pela OMT – Organização Mundial do Turismo sobre orçamento das Organização Nacionais de Turismo entre 2005 e 2010, órgãos que representam países, mostra que o Brasil foi o 3o. país que mais cresceu seu orçamento anual. Nesse estudo, muitos países incluem os gastos de marketing e investimentos internos, mas no caso do Brasil, os dados se referem somente ao orçamento da EMBRATUR de 2009 para 2010.
Em 2010, o orçamento de promoção internacional que mais cresceu foi o do Yemen (192%), seguido de Madagascar (26%) e depois o Brasil, a França (18%) e a África do Sul (13%). Crescemos 19% em investimento em promoção em relação a 2009.
Vale ainda lembrar, que muitos países também incluem em seus orçamentos, valores de investimentos de regiões ou do setor privado, e no caso do Brasil, o valor considerado foi 100% de investimento do Governo Federal à época.
Em termos absolutos, o Brasil investiu US$ 72 milhões em promoção internacional em 2010. Valor superior ao Canadá (US$ 65 milhões), Itália (US$ 56,4 milhões), México (US$ 22,1 milhões) e Alemanha (21,8%). É claro que mercados emergentes, que precisam ser mais conhecidos e se promover em continentes distantes precisam de maior investimento. A promoção do Brasil precisa continuar a ter mais investimentos, em mercado de prioridade e, ainda, continuidade e criatividade no uso de novas tecnologias e ferramentas.

As viagens dos brasileiros

A pesquisa mensal realizada pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, encomendada pelo Ministério do Turismo vem mostrando pistas importantes sobre a intenção de viagem dos brasileiros. De acordo com os dados de Agosto de 2011, o desejo de viagem dos brasileiros está bastante semelhante ao do mesmo mês de 2010, cerca de 33,7% dos entrevistados disseram que têm intenção de viajar. Destes, 71% dentro do Brasil, e para a região nordeste ( 48,9%) e sul (21,5%), principalmente. Cerca de 26% dos brasileiros manifestaram intenção de viajar ao exterior, 5% a mais que em agosto do ano passado.
Muitos ainda desejam se hospedar em hotéis ( 57,7%) e outros em casas de amigos e parentes (30,2%). E o percentual daqueles que desejam viajar de avião cresceu de 55,5% em agosto de 2010 para 62,5% em agosto desse ano. Grande parte das pessoas, disseram que iriam viajar acompanhados: 86,1%.
A análise desses e outros dados disponíveis, e ainda a comparação com meses anteriores é uma importante ferramenta para entender o mercado nacional e olhar tendências.