PIB turismo do brasileiro cai 32,6% em 2020

Cenário global

O novo relatório do World Travel & Tourism Council, WTTC, mostra os profundos impactos sofridos pela indústria de viagens e turismo no mundo e no Brasil em 2020. Ao contrário do que ocorreu nos últimos 9 anos consecutivos, o PIB do turismo global caiu mais do que a economia em geral. A pandemia da COVID-19, em seu primeiro ano, impôs à economia global uma queda de -3.7%, enquanto o setor de turismo caiu 49,1% em 2020. Os gastos impactaram mais o setor de negócios do que o de lazer, com uma receita inferior à 2019 de -61% e -49% respectivamente. Também os gastos em viagens internacionais foram ainda menores (-69,4%) do que os realizados em viagens a lazer (-45%).

Os empregos no setor também foram amplamente afetados, com uma queda de 18,5%, o que representou a perda de 62 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, desde pequenas até grandes empresas em vários segmentos. Esse segue sendo um tema muito sensível, já que 80% das empresas de turismo não pequenas e médias, e os auxílios dos governos nem sempre conseguem suportar a manutenção de empregos até que o setor se recupere totalmente.

O Brasil

“Menos” impactada pela crise em 2020 em seu PIB que o restante do mundo, a região das Américas sofreu mais, percentualmente, nas perdas de empregos no ano passado do que a maioria dos demais continentes (somente a África perdeu mais). Na América Latina foram 4 milhões de empregos perdidos e uma queda no PIB de -41,1% (- USD 110 bilhões).

No cenário específico do Brasil, também, o PIB do turismo mostra uma diminuição considerável, assim como a perda de postos de trabalho e a diminuição dos gastos realizados pelos viajantes na comparação com 2019. Veja os principais resultados:

  • o PIB total do turismo caiu de US$ 115,7 bilhões em 2019 para USD$ 78 bilhões em 2020 (-32,6%)
  • o PIB total do turismo representava 7,7% do PIB do Brasil em 2019 e passou a representar 5,5%
  • os gastos do turismo doméstico no Brasil caíram -35.6% em 2020
  • os gastos do turismo internacional caíram -39.1% em 2020
  • em 2020, 94,4% dos gastos realizados com a atividade de viagens em turismo vieram do turismo doméstico e 5,6% do internacional

2021 e perspectivas

Um outro estudo feito pela UNCTAD ainda existe muita diferença nos níveis de vacinação nos diversos países, com alguns já com mais de 60% da população imunizada e outros que ainda nem chegaram a 1%. Isso leva à pouca confiança nas viagens, numa maior lentidão na contenção do vírus e um cenário econômico muito deficiente. As perdas piores do que se esperava em 2021, estas devem chegar no patamar entre 1.7 a 2,4 bilhões de dólares na comparação com 2019. Segundo o estudo, as perdas no PIB do Brasil pela redução da atividade turística devem fazer o indicador cair entre 0,5 e 0,6% em 2021.

Qual o caminho ?

Olhando para esse cenário, e tendo a certeza de que o turismo é um dos grandes aliados da recuperação da economia e dos postos de trabalho no Brasil, seguimos observando a tendência de termos no turismo doméstico nossa grande fortaleza. Os menores riscos para o setor no curto e médio prazos estão na aposta das viagens dos brasileiros dentro do país e na supremacia das medidas de segurança e saúde. Empresas e governos só poderão acertar se fizerem diferente, melhor e de forma inovadora. Cooperação e coordenação são as saídas para recuperar a confiança nas viagens e trabalhar para a sobrevivência da indústria de forma sustentável. Qual o caminho para nosso setor na sua opinião ?

Atestado para a força do turismo

O difícil cenário que o Brasil enfrenta desde o ano passado vem se agravando ainda mais, afinal vivemos já a triste perda de mais de 300 mil vidas humanas. E o forte golpe deixa ainda mais evidente que a indústria de viagens e turismo é responsável pela geração de milhões de empregos e que tem um papel econômico e sócia; sem mencionar  o bem-estar das pessoas.

O Conselho Mundial de Turismo WTTC trouxe um dado alarmante de que o setor perdeu 49% de seu impacto no PIB global em 2020[1]; enquanto a economia global caiu “só” 3,7%. No total, a contribuição do setor para o PIB global caiu US$ 4,7 trilhões em 2020 (5,5% da economia global), de quase US$9,2 trilhões em 2019 (10,4%). Em 2018, por exemplo, o crescimento foi de 3,9% contra 3,1% da economia do planeta[2].

Em 2019, o setor mundial de Viagens e Turismo gerava um em cada quatro novos empregos ao redor do mundo, contribuindo com 10,6% (334 milhões) de empregos. Em 2020 a pandemia levou à perda de mais de 62 milhões de postos de trabalho; uma queda de 18,5%. As pequenas e médias empresas foram as que mais sofreram e ainda amargam um situação financeira muito complexa em muitos países, onde não há auxílio de créditos e outros. Os gastos com viagens internacionais foi 69,4% menor do que em 2020 e nas viagens domésticas a queda foi de 45%.

No Brasil, a realidade não é diferente. A CNC, com base nos dados do CAGED, apontou que as perdas do turismo em 2020 chegaram a mais de R$ 290 bilhões e uma destruição de quase 400 mil postos formais de trabalho de brasileiros[3]. Sem mencionar as perdas de ocupações informais e aquelas impactadas indiretamente pelo turismo. Nesse post aqui você encontra mais análises com dados específicos do turismo em 2020 no Brasil. E nesse aqui você pode saber mais sobre as perdas do Brasil no mercado internacional.

Você pode me dizer, nossa já temos muitas notícias ruins, o cenário é difícil. Sim, isso mesmo. Esses dados que trazemos devem ser lembrados, pois eles são a mostra de que o turismo precisa de políticas públicas de longo prazo. Que precisamos já e, ainda por um bom tempo, de suporte a empregos e empresas. Demonstra que são mais do que urgentes as medidas de sustentabilidade econômica, cultural e ambiental para que essa tragédia não se agrave e comprometa o futuro do setor no Brasil.

Esses números globais e do Brasil são o atestado da força da indústria de viagens e turismo, e nosso passaporte para maior engajamento na reconstrução daquele que pode ser o maior aliado da recuperação econômica de nosso país: o turismo.


[1] Disponível em: https://wttc.org/News-Article/Global-TandT-sector-suffered-a-loss-of-almost-US4-trillion-in-2020. Acesso em 26 mar.2021.

[2] Disponível em: https://blog.panrotas.com.br/mktdestinos/2019/03/11/turismo-cresce-o-dobro-da-economia/. Acesso em 26 mar.2021.

[3] Disponível em: https://www.panrotas.com.br/mercado/pesquisas-e-estatisticas/2021/03/turismo-perde-r-290-bilhoes-e-397-mil-empregos-em-2020_180134.html?utm_campaign=panrotas_news_-_edicao_003426&utm_medium=email&utm_source=RD+Station. Acesso em 26 mar.2021.

Como reconstruir o turismo para o futuro

O turismo, setor que depende fundamentalmente da mobilidade das pessoas, foi fortemente impactado pela pandemia de Covid-19, que obrigou a interdição de fronteiras e viu fechada a totalidade dos destinos mundiais. Uma das principais atividades econômicas do mundo, responsável por um em cada dez empregos e gerador de 10,3% do PIB global[1], experimenta uma crise sem precedentes. O cenário brasileiro não diverge do que acontece globalmente.

Mas, justamente pela relevância do setor para a economia, e pelo grande potencial inexplorado do país, é preciso um esforço articulado, público e privado, para garantir a sobrevivência e a recuperação do turismo. 

Trago para o debate quatro pontos que considero os principais desafios para essa reconstrução. 

COMPETITIVIDADE – No ambiente de crise e cenário de recuperação lenta do turismo, o Fórum Econômico Mundial (WEF) aponta aspectos essenciais que nosso país precisa cuidar: ambiente de negócios; infraestrutura; segurança e proteção; capacitação e qualificação de mão de obra; abertura internacional e priorização do turismo nas políticas públicas. Hoje o Brasil ocupa a 32ª posição no ranking de competitividade do turismo do WEF, caímos 5 posições entre 2017 e 2019.

SUSTENTABILIDADE – Só existe atividade econômica do turismo em lugares em que o patrimônio natural e cultural são preservados. A experiência do visitante está cada vez mais ligada a uma relação legítima e sustentável com o destino visitado. No Brasil, transformar esse enorme potencial em atividade econômica que gera renda, empregos e impacta a imagem do país fortemente demanda estratégia, planos e políticas públicas sistemáticas e contínuas.

EMPREGOS – Mesmo diante dos rápidos e profundos avanços tecnológicos, o turismo ainda é uma das atividades que mais geram empregos. Além das ocupações diretas vindas da hotelaria, alimentação, aviação, eventos e todo tipo de serviços, ainda se destacam muitas atividades indiretas na agricultura, manufaturas, provedores de bens e serviços, entre outros. Antes da crise desse ano, aqui no Brasil, os empregos diretos e indiretos do turismo chegavam a quase 7,4 milhões segundo o World Travel & Tourism Council (WTTC)[2].

Ainda segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), podem estar em risco cerca de 120 milhões de empregos diretos no mundo[3]. No Brasil foram cerca de 446 mil postos de trabalho perdidos entre março e julho, segundo a CNC[4]. Ou seja, a recuperação sustentável do setor pode dar uma contribuição inestimável em um país que enfrenta desemprego e desalento recordes.

PROMOÇÃO – Em uma atividade econômica tão significativa, a disputa por mercado (por turistas), é acirrada. Os países em todo o mundo têm investido centenas de milhões de dólares para “vender” seus destinos, construir imagem e sustentá-la, como um ativo econômico prioritário. Estimular os brasileiros a conhecerem seu próprio país num momento de dólar alto e trabalhar um posicionamento de imagem do Brasil no exterior são investimentos essenciais para que as pessoas viajem. 

Recuperar a confiança nas viagens é uma tarefa de toda a indústria do turismo e das lideranças públicas. A EMBRATUR, que por legislação, só irá cuidar de nossa imagem internacional seis meses depois de acabada a pandemia, necessita traçar um plano e posicionamento de mercado, garantindo a volta da presença de produtos turísticos brasileiros nos mercados emissivos internacionais. É preciso lembrar ainda que o nosso país já entrou na corrida global pós-pandemia em desvantagem, com uma queda de 4,1% na chegada de visitantes estrangeiros (2019), enquanto o mundo cresceu 3,6%. 

Se até agora as viagens domésticas já mostram sinais importantes de retorno, os reais avanços só podem se consolidar com a preservação dos nossos bens culturais e naturais; cuidados com nossa imagem e um olhar para esses desafios em forma de medidas planejadas e eficazes.

Artigo original publicado no Bússola Época em 11/11/2020.


[1] https://wttc.org/Research/Economic-Impact

[2] https://wttc.org/Research/Economic-Impact

[3] https://www.unwto.org/tourism-and-covid-19-unprecedented-economic-impacts

[4] https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/09/11/turismo-tem-perda-de-faturamento-de-r-183-bi-na-pandemia-e-446-mil-vagas-a-menos.htm

Brasil entre os 5 países do mundo em impacto do turismo no PIB

Fonte: Pixabay

Estudo do World Travel & Tourism Council (WTTC) mostra que o Brasil é o quinto país no mundo aonde os gastos com viagens e turismo têm o maior impacto no PIB nacional. Os primeiros são Arábia Saudita, Indonésia, China e Turquia.

A importância da indústria de viagens e turismo mais uma vez se coloca como peça chave na economia global e o Brasil mostra a importância que os gastos do setor têm para nosso PIB. Somos o quinto maior país do mundo quando computados os gastos com viagens e turismo e seu impacto no PIB dos países. Será que somos bons aliados para a recuperação da economia do Brasil ?

O World Travel & Tourism Council (WTTC) apresentou um relatório de benchmarking que comparou o impacto do turismo em 2018 com outros oito setores chave da economia mundial: agricultura, mineração, saúde, indústria automobilística, varejo, serviços financeiros, bancos e construção civil. Em 2018 o crescimento do PIB do turismo (3,9%) foi maior do que todos esses setores listados. O estudo foi feito em 26 países com o objetivo de colocar nossa indústria numa perspectiva geral da economia. Veja algumas informações:

  • O PIB total do turismo global (10,4%) é 1,7 vezes maior do que o da mineração, 1,5 vezes maior do que o dos bancos e da indústria automobilística e 1,4 vezes maior do que o da agricultura
  • Em empregos diretos, indiretos e induzidos (10% do total mundial) o turismo é maior do que o dos serviços financeiros, saúde, bancos, indústria automobilística e mineração
  • Na região das Américas, o turismo é o sexto maior setor em termos de PIB e de empregos; mais do que o dobro do sistema bancário
  • No período entre 2010 a 2018, a indústria de viagens e turismo foi o segundo setor com maior crescimento econômico nas Américas (3,1% ao ano em média); só teve crescimento menor do que a indústria automobilística

Como mencionamos, no caso do Brasil, a importância dos gastos do turismo, tanto doméstico (o maior impacto) como internacional coloca o país em quinto lugar do mundo em importância do setor para o PIB. A força do turismo doméstico brasileiro, que representa 94% do volume de viagens é grande, e também mostra o tamanho do mercado existente e potencial a explorar. O gráfico abaixo mostra o impacto no PIB em US$ 1 milhão em gastos de viagens e turismo nos países pesquisados (Fonte WTTC, 2019).

Veja mais aqui: https://www.wttc.org/economic-impact/benchmark-reports/
Copyright @ WTTC 2019.

Entenda os impactos da indústria de viagens e turismo: 1) Diretos: alimentação, hospedagem, entretenimento, lazer, transportes e outros serviços relacionados; 2) Indiretos: publicações, serviços financeiros, serviços sanitários, fornecedores de móveis e equipamentos, segurança, transportes, construção naval, indústria de aviação, indústria automobilística para aluguel de carros, dentre outros; 3) Fornecedores de alimentos e bebidas, serviços para negócios, computadores, serviços pessoais, entre outros. (Fonte: WTTC, 2019).

Podemos ou não ter mais estrangeiros ? (parte 1)

Photo by Matthew Smith on Unsplash

Afinal, por que o Brasil não tem um número maior de visitantes estrangeiros? Vamos fazer alguns posts sobre o tema e adoraríamos ter as opiniões dos profissionais de turismo do país. Nossa conversa não tem cor, não tem julgamento, só busca a melhor compreensão.

Particularmente amo esse debate, porque ele parece simples, mas exige análises de diversos ângulos, depende de fatores ligados diretamente ao turismo e de outros sobre os quais não temos qualquer governança. E sua compreensão e solução, acima de tudo, depende da contribuição de diversos profissionais brasileiros que possuem experiência com o mercado internacional. Afinal, qual o objetivo de fazer esse bate papo? Atrair mais estrangeiros, gerar mais negócios para os que trabalham no setor, gerar empregos; fazer o turismo maior aliado na recuperação da economia nacional.

Vamos parar de fazer comparações esdrúxulas ou repetir versões equivocadas sobre o número de turistas que visitam a Torre Eiffel e o Brasil, ou que visitam a Espanha ou França e o Brasil; não dá para comparar, é preciso entender.


Junto com o debate do número de estrangeiros, é primordial fazer o debate sobre seus gastos nas viagens ao Brasil. Já está mais do que batido relembrar que somente o número de pessoas que chegam não pode ser um indicador de sucesso do turismo, somos nós, profissionais da área que precisamos enfocar esses aspectos. Estão espalhados pelo mundo diversos exemplos de lugares que NÃO QUEREM MAIS TURISTAS, ver sobre overtourism aqui. E ainda tem outro aspecto, os órgãos de turismo pelo planeta afora, e as empresas do setor, usam dados do passado (séries históricas) para entender o movimento temporal dos volumes de visitantes; mas o que vale hoje é antecipar a demanda, usar big data para saber sobre o futuro, planejar e manejar fluxos e comportamentos de visitantes. Na verdade, o Brasil praticamente não tem dados de séries históricas passadas sobre turismo, imagina quanto tempo levaremos para pensar e agir direcionados ao futuro.

Bem, mas aqui vai o debate. Quero iniciar com números, falando do volume de chegadas de estrangeiros ao Brasil, para nos próximos posts, falaremos dos principais temas importantes nesse problema que estamos tentando desvendar. Fui atrás dos dados existentes sobre a chegada de estrangeiros ao Brasil, que segundo o Ministério do Turismo iniciaram a ser compilados em 1989. Eis as informações que considero mais relevantes, lembrando que não vale analisar friamente o aumento de um ano para outro, o turismo trabalha com séries de no mínimo 5 e 10 anos. Números isolados podem ser chatos, mas são a base para começarmos nossa conversa; lembrando ainda, existem números e números…

  • em 1989 o Brasil recebeu 1,4 milhão de turistas e um ano depois, 1990, foi 1,91 milhão, um aumento de 22%
  • em 1995 foram quase 2 milhões
  • no ano 2000 recebemos 5,3 milhões de visitantes, aumento de 165% desde que os dados começaram a ser coletados
  • entre 2005 e 2010, ficamos na faixa dos 5,3 e 5,1 milhões a cada ano, depois começamos a aumentar em média 4% ao ano (2011 a 2013)
  • 2015: 6,3 milhões de turistas
  • 2018: 6,6 milhões de visitantes

Veja a tabela abaixo com os anos, volumes e percentuais de aumento ou diminuição. A elaboração é nossa em diversas fontes como MTUR, OMT.

FONTE: Pires Inteligência em Destinos e Eventos, 2018

Se fizermos uma média, desde 1989 até 2018, entre altos e baixos, teremos 16% de crescimento ao ano; no entanto, alguns anos deram saltos de 20%, 22% e até 33%. Outros anos, as quedas foram de 22%, 6% e 1%. A série que analisamos tem curvas ascendentes e descendentes bastante sinuosas, o que terá que nos remeter a uma análise de alguns períodos, como por exemplo: 2006 a Varig deixa de voar, e perdemos milhares de assentos no mercado internacional (-6% de turistas); em 2009 uma grave crise econômica mundial e a H1N1, caímos quase 5%. Em 2014 foi a Copa, crescemos 11%; em 2015 a diminuição de turistas foi quase de 2%. Em 2016 foram os Jogos Olímpicos, crescemos 3,8%.

Conclusão: entre 1989 e 2018 o volume de visitantes cresceu 372%, e entre 2010 e 2018 cresceu 28%. Nos últimos 4 anos crescemos 5%. Sei que são muitos dados, mas isso mostra os altos e baixos de fatores internos e externos que influenciam diretamente nos resultados do turismo do Brasil e de todos os países do mundo.

Para finalizar essa primeira compilação de dados, fizemos uma comparação do crescimento do turismo no mundo, na América do Sul e nos países emergentes no período entre 2010 e 2018. Em alguns anos, o Brasil cresceu muito mais do que a média mundial (2010, 2011, 2012, 2014 e 2016) e nos demais anos do período mencionado, muito menos do que a média mundial. O fato mais relevante nessa comparação mostra que em todo este período o Brasil cresceu menos do que a média da América Latina, isso é um dado preocupante, pois trata-se da maior economia da região com pior desempenho no turismo. Também, com anos de raras exceções, crescemos menos do que a média das economias emergentes.

Você pode nos ajudar a lembrar de fatores que influenciaram esses períodos de altos e baixos ? Tem mais informações para nos ajudar ? Compartilha aqui com a gente. P.S.: todos os textos com link abordam os temas em mais detalhes.

Veja a segunda parte dessa série aqui.

Turismo e economia

Em tempos de desafios no cenário econômico vale entender melhor o papel do turismo na economia nacional, assim como seu comportamento em relação a outros setores. Quem sabe se assim não podemos provocar investimentos no setor ?

Estudo do WTTC – World Travel & Tourism Council que compara a importância da indústria de viagens e turismo em relação a outros de nossa economia nos trazem dados surpreendentes. Em termos de impactos diretos no PIB brasileiro o turismo é duas vezes maior que o setor automobilístico e maior do que o setor químico e de mineração.

Na geração de empregos, o turismo, diretamente, gera mais postos de trabalho do que os serviços financeiros, automobilístico, comunicações, mineração e químico. O turismo gera direta e indiretamente 8,6% dos empregos no Brasil.

E para quem precisa de um futuro com algum sinal de otimismo, o estudo do WTTC, realizado pela Oxford Economics mostra que entre 2015 e 2025 é um dos que mais vai crescer em comparação a 10 setores estudados, serão em média 3,1% ao ano. Somente a agricultura (3,2), os bancos (3,4%) e o setor de mineração (4,4%) tem projeções de crescer mais do que nossa indústria.

E para falar em exportações, onde o turismo internacional tem grande importância no cenário atual e futuro, o estudo mostra que em 2014 o turismo representou 18% das exportações de serviços e 2,7% do total das exportações.

Mais impressionante, cada US 1 milhão gastos em turismo em nosso país geram outros US 1,5 milhão para nosso PIB; o único setor que gera mais impacto no PIB depois das viagens é a educação. E mais, para cada US 1 milhão de gastos de turistas em nossa atividade são gerados 55 empregos diretos, indiretos e induzidos. Os outros setores geram quantos empregos para cada US 1 milhão? Serviços financeiros 29, educação 81, automobilístico 36, comunicações, 36 e agricultura 100 empregos.

Fonte: How does Travel & Tourism compare to other sectors ? – World Travel & Tourism Council/ Oxford Economics

O que diz o WTTC para 2013

O WTTC – Conselho Mundial de Viagens e Turismo, apresenta anualmente seus dados para o crescimento da economia do turismo no mundo e em diversos países.

Fui dar uma olhada nas quatro variáveis estratégicas avaliadas, o que está projetado para o Brasil e para o mundo, confira:

PIB DIRETO DO TURISMO

O turismo brasileiro contribuiu com R$ 150,6 bilhões para o PIB do país em 2012, 3,4% do total.

Para 2013 a previsão de crescimento para o Brasil é de 5%, e para o mundo 3,1%

EMPREGOS DIRETOS

O turismo brasileiro empregou diretamente 2.950.000 pessoas em 2012, isso representa 3% do total de empregos no País.

Para 2013 a previsão de crescimento é de 3,4% dos empregos diretos no Brasil e 1,2% no mundo.

GASTOS DOS ESTRANGEIROS

O total de gastos dos estrangeiros no Brasil em 2012 foi de R$ 14,6 bilhões, o que representa 2,7% do total das exportações.

Para 2013 a projeção de crescimento para nosso país é de 7,6% e para o mundo de 3,1%.

INVESTIMENTOS

No ano passado foram investidos pelo setor público e privado R$ 43,5 bilhões em turismo, o que significou 5,4% dos investimentos realizados no Brasil.

Para 2013 a projeção é de que os investimentos em turismo cresçam 8,4% no Brasil e 4,2% no mundo.

 

FONTE: WTTC

Lideranças empresariais e governo

Em reunião realizada ontem na CNC, em Brasília, a presença dos Ministros da Casa Civil, Gleise Hoffmann, e do Turismo, Gastão Vieira, foi um passo importante no relacionamento do setor privado com o Governo brasileiro.

Sob a liderança de Alexandre Sampaio, os empresários membros da Câmara de Turismo puderam apresentar temas de interesse do turismo, que merecem atenção e atitudes por parte do governo federal. A receptividade e a disposição em colaborar foram grandes por parte dos Ministros, e prometeram a continuidade dessa conversa para o detalhamento dos projetos e a sequência de ações.

As lideranças empresariais apresentaram dados que mostram a importância da indústria de viagens e do turismo para o desenvolvimento do Brasil, particularmente na geração de empregos, entrada de divisas, crescimento do volume de visitantes e impactos no PIB. Além disso, cada segmento, como eventos, hotelaria, transportes, agências de viagens, puderem expor os principais ponto que impedem o melhor desempenho do setor.

Acredito que a colaboração do setor privado com os governos é um passo importante para melhorar a competitividade do turismo, e também para promover mudanças que permitam o desenvolvimento de negócios para empresários. Temos que cobrar a responsabilidade e mostrar a importância da econômica e as demandas do setor privado.

Vale lembrar que:

– o Brasil é o sexto país no mundo em termos absolutos no impacto da atividade turística sobre a economia

– o PIB direto do turismo deve crescer 7,8% em 2012 – no ano passado ele representou 3,2% do PIB

– os empregos diretos no turismo devem crescer 7,1% em 2012 – no ano passado eles eram 2,7% do total de empregos do país

– as exportações geradas pelo turismo devem crescer 11,6% em 2012, elas representaram 2,5% do total das exportações do Brasil em 2011

FONTE: WTTC – World Travel & Tourism Council

Turismo, G20 e vistos

Importante o reconhecimento pelos líderes do G20 sobre a importância do turismo como gerador de empregos, crescimento e recuperação da economia.

A Declaração da reunião anual do G20 reconhece “o papel da indústria de viagens e turismo como meio para criação de empregos, crescimento econômico e desenvolvimento;  e, ao mesmo tempo em que respeita a soberania dos países no controle de suas fronteiras busca trabalhar para facilitar as viagens entre países como forma de criar empregos, trabalho de qualidade, diminuir a pobreza e o crescimento global”

O esforço conjunto da OMT – Organização Mundial de Turismo e do WTTC – World Travel & Tourism Council resultou nessa primeira menção ao turismo em uma declaração dos líderes do G20. O WTTC divulgou dados que mostram que a indústria irá contribuir diretamente com US$ 2 trilhões ao PIB mundial e a criação de 100 mil empregos em 2012.
As entidades de turismo ainda apresentaram aos líderes mundiais dados que mostram como a facilitação do visto poderia contribuir para impulsionar o turismo. A recuperação econômica mundial poderia contar com mais 122 milhões de empregos e gerar um valor adicional de US$ 206 bilhões com os gastos dos turistas. Além disso, cerca de 5 milhões de novos empregos poderiam ser criados somente com a facilitação de vistos e da burocracia de fronteiras.

 

Receita e despesa, algo de novo ?

O ano de 2012 traz um desempenho diferente em relação ao comportamento de brasileiros e estrangeiros quando o tema é gastos com viagens.

Os números absolutos de receita e despesa continuam mostrando que enquanto de janeiro a abril de 2012 os brasileiros gastaram US$ 7.190 mil, os estrangeiros deixaram por aqui US$ 2.477 mil. A diferença está no ritmo do crescimento em relação ao ano de 2011.

As receitas totais cresceram quase 9% este ano, enquanto os gastos cresceram 7%. E o que mais chama a atenção é que durante os meses de março e abril, os gastos dos brasileiros caíram. Somente em abril, esses números foram negativos em 7,5%.

Com o aumento do dólar, observamos claramente uma pequena diminuição do número de viagens dos brasileiros ao exterior, mas uma grande contenção de gastos quando comparamos com os últimos anos.

Já quando se trata dos estrangeiros, levando em consideração a crise em alguns dos principais mercados emissores, o número e o gasto permanencem aumentando de forma razoável, e bastante acima da média mundial.

Mais um motivo para o que turismo ( QUINTA ITEM DE NOSSA PAUTA DE EXPORTAÇÕES )  seja compreendido e tratado como setor de exportações, buscando uma importância efeitiva nas polítivas públicas de desenvolvimento e, sobretudo, nas desonerações fiscais. O que isso vai significar ? Mais divisas, mais empregos e mais investimentos.