Turismo doméstico pode ser o “novo normal”

Podemos afirmar que, basicamente, o Brasil tem três tipos de movimentos de viajantes. Brasileiros viajando dentro do país, brasileiros indo ao exterior e estrangeiros chegando no Brasil. Cada um desses movimentos traz um comportamento e uma renda da atividade turística diferente, todos são importantes. Em tempos normais (2019) tivemos 11,7 milhões de passageiros embarcados em voos internacionais e 95 milhões de passageiros embarcados em voos domésticos (ANAC, 2020). O total de estrangeiros que o Brasil recebeu por todas as vias de acesso no mesmo ano foi de 6,3 milhões (OMT, 2019). 

A grave crise que o turismo passou a partir de 2020 levou a reconstrução relativamente mais rápida das viagens domésticas em nosso país, chegando a -54,2% comparado com 2019. O mercado doméstico brasileiro é o quinto maior do mundo, e reagiu satisfatoriamente no período de recuperação em comparação com os principais mercados domésticos globais de turismo. A principal motivação das viagens no segundo semestre do ano passado foi a lazer.

De acordo com estudo da Skift Research, se o turismo fosse majoritariamente doméstico no Brasil o setor poderia ganhar cerca de 16 bilhões de dólares (gastos dos estrangeiros no Brasil + brasileiros no Brasil + gastos que os brasileiros fariam no exterior). A suposição seria uma hipótese aonde todo o fluxo de estrangeiros para o Brasil e de brasileiros para o exterior parasse. Os países que mais ganhariam nessa equação seriam:

O mesmo estudo mostra que alguns países perderiam muitos recursos, dentre eles os que mais perderiam seriam os EUA (-US 99 bilhões), Espanha (-US 55 bilhões), Tailândia (-US 51 bilhões) e Japão (US -17 bilhões).

A Forwardkeys divulgou estudo mostrando que o Brasil está no 6o. lugar no mundo entre os TOP 10 países com bilhetes aéreos emitidos para os próximos 6 meses, 57% do nível de 2020. Podemos sentir a força do doméstico em nosso país. Por um lado porque sempre foi o principal mercado, e por outro porque o cenário mundial em 2021 e, provavelmente, nos próximos dois ou três anos ainda estará lentamente voltando quando se trata das viagens internacionais. Também porque o número de estrangeiros que recebemos é pequeno, veja como perdem países que recebem muitos visitantes do exterior. Vamos acompanhando.

Em 2019 Brasil já registrou queda de 4,1% de estrangeiros

Photo by Ussama Azam on Unsplash

Hoje a Organização Mundial de Turismo, OMT divulgou o Barômetro de junho sobre o desempenho do turismo mundial, e pela primeira vez tivemos acesso aos dados que mostram o desempenho do Brasil em 2019. Recebemos 6.353 turistas estrangeiros, uma queda de 4,1% em relação a 2018 quando chegaram 6.621 visitantes. Lamentável que no ano passado nosso país já tivesse uma diminuição tão significativa de estrangeiros, quando o mundo registrou aumento de 3,6%, as Américas de 2% e países como a Argentina um aumento de 6,6% (7,4 milhões de turistas), Colômbia + 3,4% e Paraguai +2,9%.

Impactos da pandemia

Os dados da OMT apresentam também com mais clareza os impactos da pandemia no turismo global, mostrando que entre janeiro e abril foram -44% de chegadas internacionais; somente o mês de abril registrou queda de 97%, quando o turismo global ficou totalmente parado. Veja no quadro abaixo a evolução das chegadas nos quatro primeiros meses de 2020 (mundo) comparados com 2019:

JANEIRO 20/191.8 %
FEVEREIRO 20/19-11.7 %
MARÇO 20/19-54.6 %
ABRIL 20/19-97 %

As perdas do turismo global nesses primeiros meses de 2020 foram igualmente estratosféricas, os destinos turísticos e a economia do planeta deixaram de arrecadar US$ 195 bilhões, uma queda de quase 33% em relação ao mesmo período de 2019. O Brasil, que ocupa a 46a. posição entre os países que mais recebem divisas com o turismo, mostrou uma perda de receitas com divisas nesse mesmo período de 31,8%. Já quando se trata dos gastos dos brasileiros no exterior, ocupamos a 20a. posição; gastos estes que caíram 46,1% entre janeiro e abril desse ano em comparação com 2019.

Não posso deixar de apontar aqui minha reflexão: com nosso desempenho no turismo internacional em 2019, somados à pandemia que terá, provavelmente, reflexos pelos próximos 2 ou 3 anos em todo o planeta, como fica o trabalho de promoção internacional de nosso país no médio e longo prazos? O que você acha sobre isso ?

Você pode ouvir mais análises em nosso podcast HUB TURISMO. Se quiser saber mais sobre a série histórica das chegadas de estrangeiros você pode ler nosso post aqui.

Os brasileiros pretendem gastar mais no verão?

Segundo uma pesquisa realizada pelo Booking.com 34% dos brasileiros pretendem gastar mais nas férias de verão. Uma porcentagem considerável, uma vez que a mesma pesquisa aponta que 60% dos brasileiros acreditam que a crise econômica vai afetar a viagem de alguma maneira.

O aumento dos gastos não deixa de ser um reflexo da predileção de boa parte dos brasileiros por essa época do ano. E, considerando que a maioria dessas viagens será realizada dentro do território nacional, a região mais beneficiada com esses gastos deverá ser a região Nordeste, que detém 60% da preferência dos viajantes como destino. Esses dados também mostram que, optando pelos destinos nacionais, os brasileiros aumentaram a possibilidade de gastos. A não necessidade de conversão da moeda, e uma provável consequente desvalorização, pode permitir mais dias de viagem e mais poder de compra.

Mas para além dos 34% citados, há um número expressivo de turistas que pretende manter o percentual de gastos ou, ainda, diminuí-los. No caso deles, existem algumas alternativas para economizar. Uma das possibilidades é a realização de viagens mais curtas. Hospedagens mais baratas também pode ser outra opção. Assim como, para os que vão viajar de avião, ficar atentos às promoções de passagens aéreas.

Cambio e o internacional

O câmbio sempre é uma variável que impacta fortemente a indústria de viagens e turismo, cenário que se observou no Brasil em 2015. Até o mês de novembro do ano passado, os gastos dos brasileiros no exterior tinham sido reduzidos em mais de 31% em relação ao mesmo período de 2014 (ano de Copa do Mundo).

Também a pesquisa do Ministério do Turismo de Intenção de Viagem, nota-se uma diminuição geral no desejo de viajar nos próximos 6 meses, mostrando que em dezembro de 2014 cerca de 35% dos brasileiros queriam viajar, e em dezembro de 2015 esse número caiu para 26,7%. Desses, 86,4% disseram preferir destinos nacionais (contra 80,2% em 2014) e 10,9% destinos internacionais (contra 17,7% em 2014).

Os dados mostram claramente os impactos do cambio no mercado doméstico, embora o desejo de viajar ao exterior permaneça no imaginário dos brasileiros. O Instituto Data Popular fez uma pesquisa que mostrou que o maior desejo não realizado em 2015  foi o de uma viagem internacional (para 65% dos pesquisados ) e mais, que 42% desejam realizar esse sonho em 2016.

Mudou o cenário, mudaram os clientes, as empresas buscam adaptar sua oferta e preços para não perder passageiros, seja para o Brasil, seja para o exterior. E os destinos internacionais, que olhavam para os brasileiros viajadores e gastadores, ainda insistem no cliente com promoções e ofertas.

Viajando em 2013

Os gastos dos estrangeiros no Brasil apresentam grande recuperação em setembro (+14,3%), o mês com maior aumento percentual em relação ao ano passado; no entanto, o ano ainda continua com pequenos crescimento de +0,8%.

O mês de setembro também foi recorde nos gastos dos brasileiros no exterior (+27,3%), consolidando um ano com aumento de quase 16% de despesas no exterior. Segundo a OMT, os brasileiros estão entre as nacionalidades que mais aumentaram seus gastos em viagens internacionais depois da China e da Rússia.

Quanto ao volume de viajantes, enquanto o crescimento médio mundial segundo a OMT é de 5%, as Américas crescem 4% e a sub-região da América do Sul apresenta uma estabilidade em relação a 2012, sem crescimento.

Para os próximos seis meses, a pesquisa do MTur sobre intenção de viagens dos brasileiros mostra que 32,1% pretendem realizar viagens, deste, 74% desejam viajar no Brasil e 23,4% para o exterior.

 

Performance turismo no Brasil

O turismo mundial teve crescimento de 5% nos primeiros oito meses de 2013. O resultado se deve ao ótimo desempenho da Europa na alta temporada desse verão, da Ásia e do Oriente Médio. ( Fonte: OMT – Organização Mundial de Turismo ).

Nas Américas, o bom desempenho ficou por conta da América do Norte, que cresceu 4%. Os EUA também estão entre os países que aumentaram suas receitas com a chegada de estrangeiros (+11%). As receitas também cresceram na Tailândia (+27%), Hong Kong (China) (+25%), Turquia(+22%), Japão (+19%) e Reino Unido (+18%).

Para os emergentes ficou mais uma vez o recorde de gastos em viagens ao exterior. Os chineses gastaram +31% e os russos +28%. Os brasileiros não aumentaram em número de viajantes mas tiveram gastos de +15% em suas viagens ao exterior em 2013. Os gastos dos estrangeiros em nosso país não apresentam crescimento entre janeiro e agosto.

As chegadas de estrangeiros por via aérea nos primeiros oito meses do ano no Brasil registraram diminuição de -9,5%; os primeiros quatro meses registraram grande queda, por exemplo de -28,3% em abril; já a recuperação veio à partir de maio, com destaque para julho que teve crescimento de +27,7%.

Os principais portões aéreas de entrada de turistas registram crescimento nos oito primeiros meses de 28% em Recife, +13,3% em São Paulo (Guarulhos + Viracopos),+6% em Fortaleza e de +2,3% no Rio de Janeiro. Já uma quede de -15% em Belo Horizonte, -5,7% na Bahia (Salvador e Porto Seguro) e -1,2% em Brasília ( Fonte: EMBRATUR/ Polícia Federal ).

O segundo semestre de 2012

O Ministério do Turismo divulgou dados da Infraero com o número de desembarques nacionais e internacionais nos aeroportos do Brasil em agosto de 2012. E os resultados mostraram que, em comparação com o mesmo mês de 2011, houve um aumento de 6,96% na movimentação doméstica, que manteve a linha de crescimento, também registrado nos outros meses deste ano.

Já os desembarques internacionais tiveram uma redução de 3,87% em comparação a agosto de 2011. As chegadas internacionais têm oscilado em 2012, com taxas de crescimento nos meses de janeiro, fevereiro, março, maio e junho, e de redução nos meses de abril, julho e agosto. Um segundo semestre que registra diminuição das viagens dos brasileiros ao exterior e também de seus gastos.

Os números mostram que é preciso continuar investindo na promoção do Brasil no exterior, promovendo não só o turismo como também a infraestrutura do país para eventos e convenções, capaz de combater a sazonalidade e contribuir com o desenvolvimento científico e tecnológico do país.  O potencial de crescimento do segmento internacional é alto, os gastos dos estrangeiros no Brasil seguem crescendo, o maior desafio é ganhar competitividade seja na qualidade de serviços, experiência dos visitantes ou nos preços. Da mesma forma, seguir estimulando o crescimento das viagens dos brasileiros dentro do país, à exemplo do que faz a Braztoa quando lidera o Turismo Week. ( Mais sobre http://www.turismoweek.com.br ).

 

Mês de julho atípico?

Os dados divulgados pelo Banco Central e pela INFRAERO, apontaram que as receitas, as despesas cambiais e os desembarques de passageiros trouxeram algumas novidades para o mês de julho de 2012.

O cenário mostra algumas mudanças. Veja abaixo uma breve análise dos números:

– confirma-se a alta redução dos gastos dos brasileiros no exterior. Nos meses de junho e julho se repete uma queda de cerca de 10% em relação a 2011;

– em julho tivemos o maior aumento anual dos gastos dos estrangeiros no Brasil. Os gringos gastaram 14,75% a mais em julho deste ano do que em julho do ano passado. Mas atenção, junho foi um mês ruim, com uma queda de quase 2%. Portanto, não sabemos como será o restante do ano por causa do cenário econômico em diversos países emissores para o Brasil;

– seguem crescendo, mesmo em ritmo mais lento do que no ano passado, os desembarques de passageiros domésticos. Já são 49 milhões de viagens dentro do Brasil (brasileiros e estrangeiros );

– excepcionalmente, o mês de julho registra queda nos desembarques internacionais. Isso mostra que os brasileiros viajaram um pouco menos para o exterior. As chegadas internacionais registraram quedas de 2% em julho e de 6% em abril. Os demais meses do ano foram positivos, chegando a um crescimento anual de 4,77% de janeiro a julho de 2012.

Como ficamos com o câmbio ?

Amigos, essa conversa é uma troca de opiniões sobre um tema que todos estamos acompanhando. Nossa observação conjunta é importante para entender para onde vamos no turismo num cenário de dólar na casa dos dois reais.

O gasto dos brasileiros diminui sensivelmente nos meses de março e abril, inclusive negativos em crescimento comparativo com esses meses de 2011. Mas parece que as viagens ao exterior não tiveram uma diminuição em volume que seja muito expressiva.

O Brasil ficaria mais barato para os estrangeiros, mas existe o tema da competitividade, dos preços e da crise em alguns dos principais países emissores. Os gastos dos estrangeiros no Brasil crescem a ritmo moderado, assim como o volume.

Vamos então ter uma parte das viagens do brasileiros ao exterior substituída pela viagem dentro do Brasil ? Teremos descontos e promoções para os brasileiros que desejam manter as viagens ao exterior ? Será esse câmbio um certo “equilíbrio” para viagens domésticas e internacionais ?

O que está acontecendo no seu negócio ? Qual sua opinião ?

 

Receita e despesa, algo de novo ?

O ano de 2012 traz um desempenho diferente em relação ao comportamento de brasileiros e estrangeiros quando o tema é gastos com viagens.

Os números absolutos de receita e despesa continuam mostrando que enquanto de janeiro a abril de 2012 os brasileiros gastaram US$ 7.190 mil, os estrangeiros deixaram por aqui US$ 2.477 mil. A diferença está no ritmo do crescimento em relação ao ano de 2011.

As receitas totais cresceram quase 9% este ano, enquanto os gastos cresceram 7%. E o que mais chama a atenção é que durante os meses de março e abril, os gastos dos brasileiros caíram. Somente em abril, esses números foram negativos em 7,5%.

Com o aumento do dólar, observamos claramente uma pequena diminuição do número de viagens dos brasileiros ao exterior, mas uma grande contenção de gastos quando comparamos com os últimos anos.

Já quando se trata dos estrangeiros, levando em consideração a crise em alguns dos principais mercados emissores, o número e o gasto permanencem aumentando de forma razoável, e bastante acima da média mundial.

Mais um motivo para o que turismo ( QUINTA ITEM DE NOSSA PAUTA DE EXPORTAÇÕES )  seja compreendido e tratado como setor de exportações, buscando uma importância efeitiva nas polítivas públicas de desenvolvimento e, sobretudo, nas desonerações fiscais. O que isso vai significar ? Mais divisas, mais empregos e mais investimentos.