Promoção e as novas estratégias do méxico

Atualmente o México ocupa o lugar de um dos destinos turísticos mais visitados do mundo e tem no turismo 8,8% do seu PIB, mas no início deste ano, como falamos aqui, o país fechou seus escritórios no exterior e também extinguiu o Conselho de Promoção Turistica do país. Ficou a indagação sobre como as representações diplomáticas iriam tratar da promoção internacional nessa nova fase e como seria feita a promoção.

Segundo o secretário de turismo Miguel Torruco, a intenção é partir para uma abordagem de várias fases, por exemplo, já tirando dos cofres do governo o custo de 52 feiras de turismo que o país participa. Outra aposta é o acordo assinado com o Ministério das Relações Exteriores para que esse seja seu braço promocional no exterior, e a realização de alianças com canais internacionais para a promoção do site VisitMexico.com.

O secretário acredita que aos poucos todos se adaptarão a essa nova forma de governo e afirma que eles continuarão a visitar os operadores de turismo mais importantes nas principais cidades de origem para viagens ao México, assim como terão o apoio de embaixadas e consulados ao redor do mundo para beneficiar a promoção. Diplomatas serão treinados para trabalhar a promoção turística do país.

Empresários do turismo mexicano, por sua vez, estão preocupados com o fim do órgão de promoção e com o tema da segurança, e já relatam queda no primeiro trimestre de 2019, afirmando que há uma crise no turismo do país. Essas mudanças e os demais problemas irão trazer uma queda de 1,6% do PIB do setor. “A falta de promoção já foi notada no primeiro trimestre de 2019, e isso numa época de alta. O prejuízo já existe e precisamos corrigi-lo” disse Pablo Azcárraga, presidente do Consejo Coordinador Empresarial y Turístico e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Posadas (Fonte: Infobae.com).

Pelas informações que temos até agora, parece que a aposta será em melhorar o produto turístico Mexico à partir de investimentos em infra-estrutura de forma geral, sobretudo aqueles que beneficiem a população local. Sobre o papel das embaixadas são sempre aliados do turismo e já possuem estrutura no exterior; no marketing como irão trabalhar as estratégias de intermediários e de consumidor final. Importante pensar em novas estratégias, como afirma o governo, e também não interromper o fluxo de promoção que existia no país há muitas décadas, como dizem os empresários.

Promoção internacional e o MATCHER

Depois de um tempo longe, estou de volta com novas ideias e compartilhamentos sobre marketing de destinos. E começo falando sobre um tema pelo qual eu sou apaixonada e que apresenta uma novidade: a promoção internacional do Brasil e a criação do Matcher (veja aqui).

O Matcher é uma plataforma de relacionamento (namoro não, negócios!) que disponibilizará perfis de produtos e destinos turísticos, brasileiros, para o mercado internacional. São 25 países e uma parceria com cerca de 8 companhias aéreas brasileiras e estrangeiras que operam de, e para, o Brasil.

Estamos numa fase de fechamento de negociação com as empresas aéreas e, mais importante, de conclusão da nossa plataforma. Essa é a novidade da ação de promoção: usar a tecnologia para fazer com que produtos brasileiros, com seu perfil e dados específicos, possam encontrar e fazer o “match” com compradores internacionais.

É importante dizer que essa será uma ação contínua. Seja no relacionamento on-line, antes e depois do evento, seja na realização de eventos e outras ações ao longo do ano. Estamos dispostos a criar confiança e relacionamentos duradouros com os principais mercados emissores.

E a realização do evento que apresentará a nova plataforma acontecerá em Fortaleza. Por quê? Trata-se de um novo portão de entrada para todo o Brasil. Queremos que a região nordeste, mais próxima à Europa e América do Norte, seja uma nova forma dos estrangeiros chegarem ao Brasil e conhecer toda a diversidade turística que temos.

O MATCHER será de 19 a 20 de fevereiro de 2019 no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.

Balanço olímpico do turismo

parque-olimpicoEm pouco menos de duas semanas, os Jogos Paralímpicos Rio 2016, movimentaram a cidade maravilhosa: de acordo com dados preliminares de pesquisa oficial, aproximadamente 243 mil turistas estiveram no Rio de Janeiro durante a realização da Paralimpíada. O gasto médio desses visitantes foi de R$ 271,20 por dia, o que equivale a uma renda gerada de R$ 410 milhões para o País.

Apesar do número de turistas no evento ser bem menor do que na Olimpíada e, ao contrário do que muitos poderiam prever, foi durante as Paralimpíadas que o Parque Olímpico da Barra, em todo o evento da Rio 2016 (incluindo Jogos Olímpicos), teve seu recorde de visitação, o que ocorreu no primeiro sábado dos Jogos Paralímpicos (10 de setembro), com público de 172 mil pessoas.

A pesquisa também revelou que muitos vieram ao Brasil pela primeira vez: o dado é de quase 60% dos turistas internacionais entrevistados entre o período da Paralimpíada. Medindo o índice de satisfação dos turistas, para 87,8% dos entrevistados a viagem correspondeu ou superou as expectativas e 90,5% tem intenção de retornar ao país, este último dado, maior que o correspondente nos Jogos Olímpicos comentado aqui.

Expectativa x Realidade

Durante a Olimpíada, o Rio de Janeiro recebeu 1,17 milhão de turistas que gastaram, em média, R$ 424,62 diários, gerando, no total, uma renda de R$ 4 bilhões; números que superaram com folga as expectativas divulgadas pela Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

No entanto, na Paralimpíada, os dados, até agora, estão abaixo do esperado pelo setor comercial. O número de turistas ficou um pouco maior que a metade do previsto, de 468,5 mil visitantes, e a renda gerada ficou bem abaixo da projeção de R$912,4 milhões de faturamento.

Ainda assim, o Brasil teve renda gerada significativa e dados bastante expressivos de índice de satisfação e intenção de viagem, o que coloca os resultados do turismo como um dos grandes legados dos eventos Rio 2016. Agora é ainda maior o desafio, tirar o máximo de proveito das oportunidades geradas pela passagem dos Jogos por aqui e da visibilidade que ganhamos mundo afora.

Um estratégia ousada e diferente da promoção do Rio e do Brasil, uma nova política de captação de eventos associativos e esportivos já passou da hora de ser planejada e executada.

receita +13%, gastos -43%

change-1-1563676A receita e a despesa cambial do turismo brasileiro em 2016 mostra comportamento diferente nos primeiros meses de 2016 em relação a 2015. Na verdade o ano passado foi totalmente atípico, pois comparado a 2014, ano de Copa do Mundo, alterou o comportamento em relação aos anos anteriores. Tanto receita como despesa foram negativos no acumulado de 2015, mostraram retração de -14,59% e de -32,11% respectivamente.

O primeiro trimestre do ano mostra aumento de receita e diminuição do gasto, esse último motivado principalmente com a alta da moeda americana e do euro e pela crise econômica do Brasil que reduziu o emissivo nacional (assim como os gastos dos brasileiros no exterior). Os gastos dos estrangeiros no Brasil tiveram aumento de 12,72% nos três primeiros meses do ano, com destaque para janeiro e fevereiro que chegaram a quase 15% cada. Já a despesa, ou seja, os gastos dos brasileiros no exterior tiveram uma retração de 43,21%, também com as maiores quedas nos meses de janeiro e fevereiro (meses tradicionais de férias dos brasileiros).

Esse cenário vem acompanhado de pouca atividade de promoção do Brasil no exterior, seja pelas frequentes mudanças no comando do turismo nacional ou pelo orçamento reduzido; e também pelo desinteresse dos mercados internacionais no emissivo brasileiro, que diminuiu de tamanho e, sobretudo de gasto. Um cenário ruim porque diminui a atividade de entrada e saída do país e reduz os resultados de médio e longo prazos.

O cenário ainda é ruim do ponto de vista da balança comercial, mesmo com números positivos de receita, a chegada de estrangeiros ainda é tímida e a imagem do Brasil no exterior está bastante abalada pelo cenário político, econômico e ainda com os reflexos do zika virus. Sem mencionar a inexistência de estratégia para aproveitar os Jogos Rio 2016 para a projeção de aspectos positivos do turismo e da cultura nacional.

NE ganha-ganha

Vemos muitas empresas turísticas em nosso país e no mundo trabalhando em fusões, acordos comerciais, alianças e outros mecanismos de complementação e colaboração comercial. Redes ou conexões são formas extremamente antigas que, apesar de apresentarem novas formas tecnológicas ou configurações comerciais, possuem em sua essência a soma de esforços para um resultado melhor para todos os envolvidos.

O famoso ganha-ganha é uma fórmula que funciona até nos relacionamentos pessoais ou na educação das crianças. Por isso, essa semana, com o apoio dos Secretários de Turismo do nordeste do Brasil, aceitamos junto com a Bahia e o Piauí o desafio de liderar um novo momento para a CTI Nordeste. Num ano de dificuldades econômicas, dúvidas e desafios de grandes proporções para o Brasil e para o turismo, acredito que os nove estados da região podem somar-se num grande esforço conjunto.

Vejo três linhas básicas de atuação:

1- a melhoria dos roteiros integrados e das viagens dentro da região

2- a inteligência comercial que proporcione mais dados e trocas de experiências entre os estados no campo do desenvolvimento de produtos, serviços e informações para o setor

3- a estratégia e o foco na promoção nacional e internacional que possa promover a imagem do Nordeste do Brasil com destaque para suas semelhanças e para seus diferenciais competitivos, especialmente com novas ferramentas de comunicação e marketing

O que aprendi com a Copa: 8 “Liderança em Eventos”

Ainda tentando sintetizar alguns temas interessantes sobre os benefícios da Copa do Mundo FIFA para o turismo brasileiro quero falar do segmento de eventos.

A mudança de percepção da sociedade, imprensa e diversos atores do Brasil sobre o segmento de eventos é uma oportunidade que o turismo deve aproveitar de forma inovadora. A preparação para receber os visitantes e as experiências vividas nas cidades sede e outras cidades do país foram surpreendentes; muito se aprendeu desde os aeroportos, estradas, restaurantes, hotéis, lojas, lugares de entretenimento. Provavelmente, quando as cidades receberem outros tipos de eventos esportivos ou associativos, estarão mais experientes e darão mais atenção aos fatores valorizados durante o Mundial, assim como terão mais entendimento dos benefícios que esses eventos podem trazer para seus negócios.

Como as cidades vão consolidar essa nova visão? Como os destinos vão buscar mais parceiros privados para captação de eventos? Como os destinos vão receber congressos, feiras e eventos de qualquer natureza ?

O posicionamento do Brasil no ranking da ICCA, e a realização do Mundial da FIFA, coroados com os Jogos Rio 2016 são uma carta branca para a atração de eventos internacionais de qualquer natureza para o Brasil.

Aprendi com a Copa que, tanto no Brasil, na relação da indústria de eventos com parceiros públicos e privados, e, especialmente na promoção internacional do país como sede de eventos de qualquer perfil, precisamos inovar, ser arrojados e criativos em mais cooperação e ações estratégicas.

O que aprendi com a Copa: 9 “povo brasileiro”

Desde que tive a oportunidade de trabalhar com a promoção internacional do Brasil durante 8 anos, tenho grande curiosidade e estudo muito sobre a imagem de nosso país, entender como ela pode ser melhorada e trabalhada de forma estratégica. Quando preparamos o Plano Aquarela em 2003, o Plano Aquarela 2020, assim como nas pesquisas que realizamos com os estrangeiros no Brasil até 2010, toda a estratégia de posicionamento do país era fundamentada em ressaltar nossos grandes ativos reconhecidos pelo mundo, e nos diferenciar por nossos valores e atributos únicos.

Pois agora, em boa hora sempre, se descobre novamente o que essas pesquisas já nos mostravam. O melhor do Brasil é o brasileiro. Matérias na imprensa nacional e internacional mostraram que a forma de receber e o jeito de viver dos brasileiros é o que mais encanta os visitantes do exterior. Depois disso, nosso setor, o turismo. Sim! Foi a qualidade e a diversidade das atrações turísticas que mais encantou os gringos. E claro, algumas coisas os surpreenderam positivamente, como a segurança, a qualidade do transporte aéreo e a qualidade do setor hoteleiro. Novamente o turismo!

Aprendi com a Copa 2014 que o melhor do Brasil são os brasileiros, e que o turismo é o setor mais beneficiado com os megaeventos esportivos, eventos associativos e culturais. Imagina nos Jogos Rio 2016.

Antes, durante… depois

Volto a comentar uma parte da conversa que aconteceu hoje no Seminário de Turismo da CNC/ O Globo.

Todo evento tem esse “divisor” de águas: antes, durante e depois.

Resumindo, entendo que PARA O SETOR DE TURISMO NO CENÁRIO INTERNACIONAL:

O ANTES, já passou, e acho que o Brasil não conseguiu um posicionamento global para o país, aproveitando as oportunidades de visibilidade que teremos com a Copa. Não temos uma estratégia de comunicação única do país, com uma mensagem que diga ao mundo o que é o Brasil, nossas qualidades ou o que queremos que o mundo saiba sobre nós.

O DURANTE está chegando. E será a opinião dos estrangeiros que virão nos visitar, dos jornalistas e a multiplicação de fotos, vídeos e opiniões sobre o Brasil que poderão levar novas informações sobre nossa riqueza natural e cultural, assim como dos desafios ou problemas que ainda estamos enfrentando. Quando nos conhecem mais aparecem os aspectos bons e os ruins. Espero que o WIFI dos estádios, recepção de hotéis, restaurantes e pontos turísticos funcionem para que as pessoas possam compartilhar suas experiências.

O DEPOIS, tão importante quanto os anteriores, é o momento de reforçar a promoção do país, preparar o ANTES ( quase JÁ) dos Jogos Rio 2016 e tratar de estabelecer uma estratégia de mensagens que desejamos passar ao mundo. Revisar e inovar o Plano Aquarela 2020 para dinamizar e estabelecer novos rumos à promoção internacional do Brasil. Os grandes eventos esportivos não são o fim, mas um passo para avançar no conhecimento do destino.

Sim, e sobre o complexo de vira-lata, favor não confundir os problemas do Brasil, as obras que não estão prontas, as eleições, pois não estou falando disso (apesar de ser este um importantíssimo debate). Estou dizendo que acredito na alma brasileira, no povo brasileiro e em sua capacidade de receber os visitantes. E que problemas e coisas erradas também acontecem em outros países, não é só conosco “porque aqui é o Brasil”.