Liberem o cafezinho nos hotéis!

Faço o check in no meio da tarde, cansada da viagem. Trata-se de uma pousada de luxo no sudeste brasileiro, cheia de mimos. O quarto tem uma varandinha deliciosamente convidativa e – bingo! – uma bela máquina de café espresso, igualzinha à que tenho em casa. Preparo um cafezinho e me instalo em uma das espreguiçadeiras da varanda para curtir o incrível visual montanhoso à minha frente, enquanto degusto uma de minhas bebidas prediletas. Liberem o cafezinho nos hotéis!

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Porque há um detalhe importante nesta equação: apesar de se tratar de uma pousada de luxo, cheia de amenidades, a cápsula de café é cobrada (e BEM cobrada) à parte. E isso não é raridade por aqui, infelizmente; enquanto o uso da cápsula de café nos quartos é gratuito nas propriedades de alto padrão fora do Brasil, a maioria das propriedades similares brasileiras ainda cobra por ela.

Já conversei com muito hoteleiro brasileiro sobre o tema. “Consideramos um produto que é parte do frigobar e por isso deve ser cobrado” ou  “a cápsula de café é um produto premium demais no Brasil para ser cortesia”  foram as razões mais comumente apresentadas. Em um momento em que a imensa maioria dos hóspedes destas propriedades usa regular ou mesmo diariamente estas mesmas máquinas em suas próprias casas, tais justificativas não me convencem.  Hoteleiros, liberem o cafezinho!

Para mim, a questão nem é se é caro ou não cobrarem entre 6 e 12 reais por uma cápsula que chega a custar menos de um terço disso; sabemos do valor agregado e bla bla bla. O ponto aqui é a decisão da gerência de um hotel ou pousada de alto padrão, que cobra mais de R$1000,00 a diária, em não agregar esse item à sua lista de amenidades-cortesia (como boa parte das propriedades do gênero no Brasil já faz com a garrafinha de água mineral na abertura de cama à noite, por exemplo).

Reforço: não estou defendendo que seja uma regra geral para a hotelaria. Cada hotel no seu quadrado. Estou falando da incoerência do fato de muitos hotéis e pousadas de luxo (que cobram mais de mil reais pela diária, que defendem a plenos pulmões a filosofia de “mimar o hóspede o máximo possível” etc) não acharem válido incluírem também ao menos dois meros pares de cápsulas de café no valor de suas diárias. 

Acho ótimo as pousadas de charme brasileiras incluirem farto café da manhã nas diárias. Acho lindo como a maioria agora se preocupa com a customização dos serviços, com os lençóis de muitos fios, com as amenidades grifadas de banho, com o chocolatinho de boa noite. Quando a gente investe alto em uma opção de hospedagem, queremos mais é ter conforto e ser mimados. Por isso mesmo, na minha cabeça, não fez o menor sentido me hospedar em um chalé lindo e cheio de mordomias, que valia R$1250,00 por noite, e ter que pagar extra no check out pelo cafezinho do quarto. 

Please, senhores hoteleiros de luxo no Brasil: liberem o cafezinho nos hotéis!  #freethecafezinho

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Leia mais sobre pousadas brasileiras.

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Mari Campos

Mari Campos (@maricampos) é jornalista formada e premiada nacional e internacionalmente. Viajante de toda a vida, escreve desde 2004 sobre turismo e hotelaria de luxo para os principais jornais, revistas e sites do Brasil, além de colaborar com algumas revistas e jornais de outros seis países. É também consultora para a indústria da hospitalidade e foi eleita em 2020 pelo ranking Panrotas+Elo uma das 100 pessoas mais influentes do turismo no Brasil. Além da coluna aqui no Panrotas e das colaborações mensais para diversas publicações, é colunista fixa no jornal O Estado de S.Paulo, tem três livros de viagem publicados pela Verus/Record e comanda também desde 2007 o MariCampos.com. Seu instagram @MARICAMPOS foi eleito pelo Kayak um dos dez melhores perfis de viagem do Brasil. Praticante do turismo responsável e regenerativo, põe atenção nos mínimos detalhes de cada hospedagem e acredita que, sim, uma boa cama, uma bela vista e, principalmente, um serviço caprichado podem tornar qualquer viagem ainda melhor.

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