Na semana passada, aconteceu a primeira edição 100% virtual da WTM Latin America. Sob o comando de Simon Mayle, a nova edição do evento foi um sucesso e ganhou até um inesperado dia extra. E, dentre discussões frequentes sobre inclusão, equidade de gênero, empregabilidade, tecnologias, reabertura de destinos e sustentabilidade, um alerta constante: a hotelaria precisa ser mais sustentável e inclusiva urgentemente.
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Afinal, não basta apenas falarmos constantemente sobre ESGs; é preciso que a indústria hoteleira pratique ações cotidianas realmente condizentes com esse discurso. E que proprietários, gerentes, colaboradores, moradores e hóspedes sejam educados constantemente para o engajamento.
Novos modelos de negócios, novos produtos e até mesmo novos mercados surgiram em meio à crise gerada pela pandemia. Tudo isso constitui novas possibilidades de se engajar de fato nas transformações necessárias ao setor, desde já, mesmo que resultados mais significativos só apareçam no médio prazo.
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HOTELARIA PRECISA SER MAIS SUSTENTÁVEL E INCLUSIVA JÁ
A digitalização acelerada, demandas de sustentabilidade e necessidade de inovação constante já são realidade para a maior parte do mercado hoteleiro, seja no Brasil ou no exterior. A pandemia mudou não apenas procedimentos e logísticas, mas também prioridades.
Novas tecnologias tornaram-se o grande “capacitador”, e é preciso tirar proveito cada vez melhor delas a curto, médio e longo prazo – inclusive como ferramentas de fomento à sustentabilidade e à inclusão real dos estabelecimentos. A inovação foi a chave para qualquer adaptação feita pela indústria da hospitalidade nesse período.
Marília Borges, da Euromonitor, defendeu em sua palestra que é fundamental focar em sustentabilidade, saúde, necessidades do consumidor e tecnologias/digitalização de processos para a própria recuperação do setor. “Vimos os problemas do modo como o turismo funcionava pré-pandemia e hoje temos novas prioridades – e novas necessidades foram criadas também”, disse.
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CHEGA DE SUSTENTABILIDADE DE FACHADA
Os conteúdos criados especialmente para a WTM Latin America ressaltaram constantemente a necessidade de ampliar a conscientização sobre todas as esferas da sustentabilidade para hóspedes, staff e investidores. “A hotelaria tem que sair do paradoxo de que sustentabilidade é custo”, afirmou Antonietta Varlese, da Accor Hotels, durante o evento. “A gente ainda tem que insistir muito nisso, infelizmente. Mas fico feliz que hoje a maioria dos nossos parceiros já entende bem isso e apoia”, completou.
Ela contou que há anos a empresa investe constantemente em educação e engajamento de pessoas, sejam comunidades locais, funcionários ou hóspedes. “Os índices de ESG não podem ser da boca para fora porque são analisados pelo mercado financeiro o tempo todo. Também não adianta falar que tem algo e consumidor chegar lá e não ter, isso é terrível”, alertou.
O programa Accor Solidarity destina anualmente uma verba global para que seus hotéis apoiem entidades regionais – trabalhando sempre para que os projetos assistidos pelo grupo possam ser autossuficientes com o passar do tempo. Segundo Antonietta, a maioria dos projetos de sustentabilidade apoiados pela Accor foi indicada pelos próprios funcionários da rede, mantendo real engajamento dos mesmos.
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NECESSIDADE DE REGENERAÇÃO É URGENTE
Durante a WTM Latin America, diferentes participantes dos painéis reforçaram também ser essencial investir continuamente em capacitação local para promover sustentabilidade real. Integrar hotel, população local e turistas é fundamental. Assim, parte significativa da renda permanece de fato no próprio destino da propriedade. A hotelaria precisa ser mais sustentável e inclusiva, fazendo a roda da sustentabilidade gerar regenerativamente em seus negócios e destinos.
Há casos incrivelmente bem sucedidos de sustentabilidade real e regenerativa na indústria da hospitalidade no mundo todo. Inclusive em várias propriedades que já citei em diferentes oportunidades aqui na coluna mesmo, como os brasileiros Anavilhanas Jungle Lodge e Casa Turquesa, os impecáveis lodges africanos da Great Plains Conservation, o resort polinésio The Brando e tantos outros bons exemplos. Também abordo o tema frequentemente em matérias para outros veículos, na minha coluna no Estadão ou no meu Instagram @maricampos.
Hotelaria sustentável de fato, que não apele para sustentabilidade de fachada, que não ache que pedir aos hóspedes para “economizar” toalhas durante a estadia é suficiente, é não apenas essencial para a sobrevivência do setor como urgente. Não apenas porque vivemos a pior crise climática da história, com um futuro próximo já trágico (o relatório do IPCC deste mês deixou isso bem evidente), mas também porque o hóspede vai demandar cada vez mais ações concretas da indústria da hospitalidade nesta direção.
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DIVERSIDADE PRECISA GERAR MAIOR INCLUSÃO
A necessidade de gerar mais diversidade e inclusão real na hotelaria e em todo o trade turístico também esteve presente nas pautas de muitas das discussões e painéis do evento. Concluiu-se que ações relacionadas a elas precisam urgentemente sair do escopo do marketing e tornar-se realidade nas empresas que gerem os produtos turísticos. “Diversidade é convidar para o baile; inclusão é quando você convida para dançar”, citou Hubber Clemente, do Afroturismo HUB. “Podemos ser mais diversos e inclusivos no turismo sim”.
Afinal, o turismo sempre foi visto como um setor “naturalmente diverso”, mas a diversidade TEM que gerar real inclusão na hospitalidade. “Hotelaria é feita por pessoas, para pessoas. Todas as mudanças sociais têm que ser acompanhadas pelo setor, o tempo todo”, lembrou Antonietta, da Accor.
Se iniciativas públicas podem demorar muito para acontecer nesse setor, da ótica da iniciativa privada é possível – e necessário – começar agora mesmo. Muitas propriedades, de pequenas pousadas a grandes hotéis, felizmente já começaram essa batalha há muito tempo. Esperemos agora que muitas outras se juntem urgentemente a elas.
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