Reservar um hotel inteiro: tendência na pandemia

Buyout: reservar hotel inteiro é tendência na pandemia

Como evitar encontrar desconhecidos hospedados no mesmo lugar que você? É só reservar o hotel inteiro, tendência na pandemia principalmente no segmento de luxo, e receber família e amigos como se estivesse em casa. Buyout é o termo em inglês usado no setor de viagens e turismo quando um único cliente fecha um hotel. Acontecia antes da pandemia, em viagens multigeracionais, eventos familiares ou empresariais, ou simplesmente para garantir privacidade a ricos e famosos. Com a pandemia, o buyout ganhou força. O jargão vem do mundo empresarial, onde buyout significa comprar uma empresa, ou parte dela, e assumir o controle.

Além ter acesso a todos os serviços normalmente oferecidos pelo hotel, quem faz buyout também customiza a hospedagem e tem experiências personalizadas. Se o grupo gosta de cozinhar, por exemplo, pode ser possível incluir no buyout o uso da cozinha do hotel. O buyout foi uma das tendências para 2021 que mais me chamou a atenção durante a ILTM, a maior e mais importante feira de viagens de luxo da qual participei mais uma vez em dezembro. Falei sobre buyout, staycation e outras tendências do mercado de turismo de luxo neste meu texto para o jornal O Globo, publicado no início de janeiro.

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Na Europa, o buyout aumentou no verão passado como contou na ILTM Kevin Triboulet, diretor de Vendas e Marketing do grupo francês Airelles:

“Tivemos muito buyout no verão europeu. Pan deï Palais, em Saint-Tropez, por exemplo, foi reservado várias vezes por famílias e grupos de amigos.”

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Ainda antes do início do verão de 2020 no Hemisfério Norte, a Virtuoso, associação global voltada para experiências de viagens de luxo, chamou a atenção para o buyout:

Buyout oferece privacidade, que frequentemente é uma prioridade para viajantes do segmento de luxo, assim como distanciamento social, que continuará a ter alta demanda por muito tempo depois de as restrições causadas pela pandemia terem sido suspensas”, disse em entrevista a Forbes Misty Belles, diretora geral de Relações Públicas da Virtuoso.

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No Brasil

A tendência chegou ao Brasil. Dois exemplos de hotéis no litoral que oferecem buyout são o cearense Casana (foto no início deste texto), na Praia do Preá, perto de Jericoacoara, e o potiguar Kilombo Villas, em Sibaúma, nos arredores de Pipa. O Casana tem apenas oito espaçosos bangalôs com vista para o mar, incluindo um com dois quartos e outro com beliches. O Kilombo oferece dez acomodações com decorações únicas, uma delas com 230 metros quadrados. Buyout é mais frequente no segmento de luxo, mas também é possível fechar uma pousada econômica.

Coworth Park: reservar um hotel inteiro é tendência na pandemia
North Lodge, casa com três quartos em Coworth Park, Ascot | Foto de divulgação

Pode entrar que a casa é sua

Como privacidade e distanciamento social não são problemas para a hotelaria de luxo, com a pandemia aumentou também o aluguel de villas, casas e apartamentos dentro de hotéis e resorts, com todos os serviços. Assim como no buyout, experiências podem ser personalizadas e incluir menus exclusivos, por exemplo. Uma das novidades apresentadas na ILTM foi o North Lodge, casa com três quartos, cozinha e jardim privativo no Coworth Park, da Dorchester Collection, em Ascot, a cerca de 15 km do Aeroporto de Heathrow.

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Do lado de cá do Oceano Atlântico há uma nova villa no Cheval Blanc St-Barth Isle de France, no Caribe. A Villa de France tem cinco quartos, cozinha, duas piscinas privativas e acesso à praia.

“É um novo produto com privacidade para o hóspede se sentir em casa, mas com todos os serviços do hotel”, disse durante a ILTM Anne-Laure Pandolfi, diretora de Relações Públicas e Inovação da marca Cheval Blanc, parte do conglomerado de luxo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton) que deve inaugurar este ano um esperado hotel em Paris.

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‘Private retreats’

Em uma escala maior, a rede canadense Four Seasons tem hoje mais de 750 opções de hospedagem no que chama de private retreats: apartamentos, casas ou villas dentro dos hotéis. Recentemente, o grupo hoteleiro inaugurou cinco residências no Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia. As novas villas do FS Safari Lodge Serengeti têm de um a três quartos e os hóspedes podem fazer safáris exclusivos. Para quem prefere praia, no FS Seychelles uma das novas villas tem sete quartos. Com vista para o Oceano Índico, piscina privativa de borda infinita e cozinha, acomoda até 14 pessoas. Já nas Maldivas a villa de sete quartos pode acomodar até 20 pessoas em uma ilha particular no FS Private Island at Voavah, Baa Atoll.

Residences DC Dubai: reservar um hotel inteiro é tendência na pandemia
Representação do terraço de um dos apartamentos das Residences DC Dubai | Divulgação
Residencial com serviço de hotel de luxo

Para além da hotelaria, o mercado imobiliário de alto padrão incorporou residenciais com grife e serviço de hotel de luxo, entre eles o de concierge. Há lançamentos a caminho neste segmento inclusive no Brasil, como o Rosewood São Paulo. A tendência dos residenciais de luxo com serviço de hotelaria é forte e grupos hoteleiros às vezes fazem o lançamento primeiro no mercado imobiliário. É o caso da Dorchester Collection com as Residences Dubai, previstas para este ano. O novo hotel de Dubai, o décimo do grupo, ficou para setembro de 2022. Em Londres a Dorchester Collection inaugurou recentemente as Mayfair Park Residences, ao lado do hotel 45 Park Lane.

“Sem dúvida os residenciais são um dos nossos focos para o futuro próximo”, disse na ILTM Christopher Cowdray, CEO da Dorchester Collection.

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Oito tendências para a hotelaria em 2021

Viramos a página e 2020, o ano mais duro para a história da hotelaria nacional e internacional, ficou felizmente para trás. Mas, mesmo com duas vacinas finalmente aprovadas para uso emergencial no Brasil (yeay!), a gente sabe que a pandemia não acabará como mágica de uma hora para outra. E algumas mudanças vieram mesmo para ficar. Importantes tendências para a hotelaria em 2021 vieram justamente de transformações comportamentais geradas no ano passado – e devem seguir firme nos próximos anos.

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Em dezembro passado participei mais uma vez da ILTM, o maior e mais importante evento de turismo de luxo do mundo, e ali hoteleiros do mundo todo foram unânimes em ressaltar o efeito das mudanças trazidas pela pandemia nas novas tendências para a hotelaria e o turismo em geral. Falei bastante sobre isso neste meu texto aqui para o Estadão, e nesse meu outro texto para o UOL, ambos publicados ainda no final de 2020. E, se o mundo não é mais o mesmo, é absolutamente natural que o hóspede também não seja.

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Diferentes soluções possíveis

A pandemia deixou diversos hotéis sem hóspedes por meses a fio no ano passado. Com experiências distintas (variando muito em função das regras locais para contenção da pandemia, é claro), a reabertura desses hotéis veio acompanhada de diferentes soluções possíveis para diferentes tipos de hóspedes. De serviço de delivery de refeições (inclusive café da manhã!) à domicílio aos chamados room offices, vimos muita coisa nova sendo implementada nos hotéis ao longo de 2020.

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Hotéis se engajaram mais do que nunca em prol de suas comunidades. O conceito de sustentabilidade na hotelaria foi felizmente mais difundido do que nunca. Soluções antes disponíveis apenas para hóspedes tornaram-se possíveis para uma gama muito maior de potenciais clientes para diversas propriedades.

Muita gente viu, justamente durante a pandemia, surgir a chance de poder finalmente acessar de alguma maneira serviços de hotéis nos quais sempre sonhou em se hospedar. Outros descobriram o prazer de se hospedar em bons hotéis em sua própria cidade, mesmo “sem viajar”, mudando de ares e renovando energias. E o conceito de “revenge travel” finalmente está migrando do hemisfério norte para cá e pode impulsionar muitas viagens neste ano.

SAIBA MAIS: O que é Revenge Travel?

Conversei com diferentes especialistas no setor sobre todas essas transformações, o que veio para ficar e o que ainda deve vir por aí para hotéis e pousadas. E listo aqui oito tendências importantes para a hotelaria em 2021.

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Oito tendências para a hotelaria em 2021

1) Menos contato, mas mais foco no lado humano

Adotar cada vez mais tecnologias contacless, uma necessidade trazida pela pandemia, causa estranhamento e desconforto à maioria dos hoteleiros. Afinal, a indústria da hospitalidade sempre foi construída por interações pessoais essencialmente. Mas muitas redes e propriedades independentes estão mostrando que é possível encontrar o equilíbrio, sim.

Entram em cena quiosques e aplicativos para check-in virtual, QR codes para as refeições, chats para demanda de serviços e até entrada keyless nos quartos. A hotelaria de luxo, que em geral já investia pesado em tecnologias, adaptou-se de maneira muito rápida.

Mas o elemento humano segue mais presente do que nunca na interação e na entrega dos serviços. Priorizar a criação de experiências inesquecíveis e o envolvimento com o destino e as comunidades locais é fundamental em tempos de distanciamento social. “As pessoas darão cada vez mais importância para um mundo realmente mais humano”, defende Simon Mayle, diretor de eventos da ILTM (International Luxury Market).

Pequenos hotéis independentes e pousadas, tão acostumados a essa necessidade humana atrelada à hospitalidade, se adaptaram mais rapidamente nesse quesito. Simone Scorsato, diretora da BLTA (Brazil Luxury Travel Association), concorda:  “Veremos também a maior humanização de serviços e a valorização das relações pessoais entre locais e visitantes”, diz. 

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2) Sustentabilidade real

A pandemia mostrou como ações e reações, mesmo as mais simples e corriqueiras, estão interconectadas inegavelmente no mundo todo. E cada vez mais viajantes estão conscientes sobre essas conexões, entendendo que sustentabilidade no turismo é uma necessidade imediata.

Muitos hoteleiros estão compreendendo, enfim, que sustentabilidade na hotelaria vai MUITO além dos avisos nos banheiros pedindo para os hóspedes reutilizarem suas toalhas. “O viajante será cada vez mais consciente, entendendo que sustentabilidade em turismo é também saber como hotéis e prestadores cuidam do meio ambiente, mas também saber se ajudam suas comunidades, como ajudam, se contratam pessoas da comunidade etc”, afirma Simon Mayle.  Hotéis que não investirem em ações e condutas sustentáveis definitivamente ficarão para trás. 

LEIA MAIS: Sustentabilidade na hotelaria

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3) Novos usos para antigos espaços 

As mudanças de comportamento dos hóspedes e restrições trazidas pela pandemia também geraram transformações físicas importantes nos hotéis. Dentre as importantes tendências para a hotelaria em 2021 estão os novos usos dados para espaços já existentes nos hotéis. 

A adaptação de propriedades aos novos tempos incluiram, por exemplo, remodelar quartos para criar ambientes confortáveis para a prática de home office (mesmo investir no conceito de road office), inclusive em resorts antes focados exclusivamente no lazer. Estruturas para convenções, inutilizadas em tempos de distanciamento social e ausência de grandes eventos corporativos, foram transformadas com sucesso em estruturas para home office e homeschooling em diversos hotéis (inclusive em hotéis fazenda no interior de São Paulo). 

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Lobbies perderam sua função social, mas muitas propriedades adaptaram também seus espaços para criar mais oferta interna de mesas ao ar livre na hora das refeições. Outras criaram estruturas externas para que seus restaurantes possam trabalhar com delivery para não hóspedes, o que tem feito a diferença para vários hotéis.

Até mesmo o tradicionalíssimo Ritz Paris criou um corner para vender pâtisseries para não hóspedes em sua fachada – que fez um imenso sucesso. “Em Amsterdã vários restaurantes queridinhos da cidade estão abrindo com sucesso versões temporárias dentro de hotéis para sobreviver mesmo em tempos de lockdown“, conta Erik Sadao, especialista em mercado de luxo e fundador da Sapiens Travel. Hotéis e restaurantes estão felizes com esses novos ajustes.

SAIBA MAIS: A evolução dos hotéis na pandemia

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4) Estadias cada vez mais longas

As chamadas “extended stays” (estadias prolongadas) ganharam de vez a preferência de muitos hóspedes. E a expectativa é que essa mudança de hábito perdure também depois do fim da pandemia. Afinal, muitos viajantes descobriram, enfim, o prazer de curtir um hotel por mais tempo, sem correria, com segurança.

Estadias prolongadas aumentaram até 300% em 2020 em algumas propriedades, desde pousadas brasileiras até hotéis de grandes redes de luxo, como Four Seasons (que viu seu filão das Private Retreats fazer mais sucesso do que nunca, inclusive entre millennials). 

“Veremos um crescimento ainda maior do slow travel“, afirma Simone Scorsato. “As viagens em 2021 serão mais longas e mais tranquilas, as estadias em um mesmo hotel serão mais demoradas, e as pessoas tentarão sempre aproveitar ao máximo cada experiência fora de casa”. 

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5) Mais customização de serviços

Durante a ILTM World Tour, em dezembro passado, hoteleiros foram unânimes em afirmar que o foco dos hotéis em 2021 será mais do que nunca centrado no hóspede. Personalização e customização no atendimento são moedas essenciais.

Por isso mesmo, uma das tendências para a hotelaria em 2021 é ampliar ao máximo o contato direto com os viajantes, mesmo com total distanciamento físico – antes, durante e depois da hospedagem. “Através da personalização do atendimento conseguimos garantir que hóspedes relaxem e realmente aproveitem suas estadias durante a pandemia”, afirma Helen Smith, gerente de experiências do cliente na Dorchester Collection.

Não à toa, alguns hotéis criaram novos cargos, novos departamentos e até projetos específicos (como o The Wishmaker, dos hotéis Cheval Blanc) para garantir essa personalização constante dos serviços. E muitas pousadas brasileiras intensificaram ainda mais essa vocação para a customização em seu atendimento. 

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6) Maior uso dos espaços abertos 

Pela segurança em tempos de pandemia, nós todos temos buscado mais experiências ao ar livre em nosso dia-a-dia. E isso obviamente não será diferente nas nossas estadias em hotéis e pousadas. O próprio conceito do turismo de isolamento pegou de vez e muitos resorts que trabalham com baixa ocupação estão tirando bom proveito disso.

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Hoje em dia, quase todo hóspede busca cada vez mais a garantia de atividades ao ar livre e contato com a natureza, mesmo em propriedades urbanas, nas viagens durante a pandemia. “A procura por acomodações estilo villa também deve aumentar”, diz Simon Mayle. 

A possibilidade de fazer suas refeições – inclusive o café da manhã! – ao ar livre também vira requisito importante na hora da escolha do hotel. E o bem-estar em geral passa a ser, mais do que nunca, uma grande motivação para as viagens e escapadas da pandemia. “Os viajantes cuidarão do seu bem-estar de uma maneira mais holística, pensando em saúde de corpo, mente e espírito”, destaca Simon Mayle.  A própria dinâmica dos spas dos hotéis mais tradicionais já começa a mudar para atender esse novo movimento de parte dos hóspedes. 

LEIA TAMBÉM: 10 hotéis para fazer turismo de isolamento no Brasil

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7) Foco no local: a vez das staycations

Em época de tantas fronteiras ainda fechadas e do turismo doméstico fortalecido, apostar em um approach com alvo mais geograficamente definido faz sentido. Tem sido inclusive crucial nos índices de ocupação para os hotéis que realmente apostaram nas staycations

Mesmo com as restrições para o turismo, as pessoas querem sair de casa, variar os horizontes, equilibrar as energias. E a saída por estar muitas vezes em um hotel a quinze minutos da nossa casa. Com tantas restrições às viagens e tanta gente em home office, podendo trabalhar remotamente de qualquer lugar, cada vez mais turistas descobrem os benefícios de se hospedar em um hotel na sua própria cidade. 

Muitos hotéis do Rio de Janeiro começaram a focar bastante nos próprios cariocas em suas reaberturas, criando ofertas exclusivas para staycations. Agora vários hotéis em São Paulo, em Belo Horizonte e em Curitiba também começam a apostar nessa tendência. As apostas incluem ampliação de serviços em gastronomia e criação de maior infra-estrutura para o hóspede que vai mesclar trabalho e lazer durante sua staycation.

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8) Segurança, segurança, segurança

Confiança é, sem dúvidas, o novo luxo. Em tempos de pandemia, as pessoas continuam querendo viajar – mas querem segurança, confiança e serviços personalizados. Algumas marcas hoteleiras mudaram inclusive seu approach de marketing durante a pandemia para se adaptar a essa nova realidade. 

Caso, por exemplo, dos hotéis Shangri-La, que adotaram a hashtag #shangrilacares para focar mais do que nunca no lado humano da marca nas mídias sociais. Com o slogan “Your well-being in our care”, enfatizaram práticas de distanciamento social do staff e equipamentos de segurança em muitos dos materiais produzidos, deixando claro a segurança de suas instalações e propriedades.  A Dorchester Collection também apostou neste foco mais humano e adotou o slogan “when you’re ready, we’ll be waiting”, investindo em empatia, segurança e comprometimento.

Vale lembrar que o foco cada vez maior em segurança não deverá ficar restrito à segurança sanitária para os hotéis. O hóspede, em um cenário mundial de constante incerteza, quer garantir que se sentirá seguro do planejamento ao retorno da viagem. “As boas políticas de cancelamento e reembolso em geral serão cada vez mais valorizadas na hora de escolher um produto ou serviço”, afirma Simone Scorsato.

LEIA TAMBÉM: Turismo de luxo segue firme na pandemia.

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O incrível caso da hotelaria das Maldivas na pandemia

O ano de 2020 foi seguramente o mais desafiador para a hotelaria e a indústria do turismo em geral, no mundo todo. Muitos hotéis passaram meses fechados, e alguns anunciam agora reaberturas somente para o começo de 2021. Mas mesmo em um ano com tantas dificuldades para a hotelaria frente à pandemia, e no qual a maior parte das pessoas sequer viajou, surge o incrível caso das Maldivas. A hotelaria do idílico arquipélago no Oceano Índico celebra uma impressionante recuperação e vem se convertendo no grande destino de 2020.

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Desde março, viajantes com os mais diferentes perfis (incluindo inúmeras celebridades nacionais e internacionais) escolheram seus resorts como uma espécie de refúgio da pandemia que assola o planeta há mais de nove meses. Puro estilo turismo de isolamento.

Há hotéis que fecharam por alguns meses, é claro; mas vários deles seguiram operando normalmente, mesmo enquanto as fronteiras internacionais estavam fechadas. Hóspedes pré-pandemia decidiram seguir ali, isolados em vilas pé-na-areia e bangalôs sobre o mar, ao invés de voltar para seus países de residência. 

Mais que isso: diversos resorts viram, logo antes das Maldivas fecharem suas fronteiras internacionais ainda em março, turistas chegaram ali em seus jatinhos e iates justamente para fugir dos lockdowns que começavam em seus países de origem.

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Dia-a-dia sem pandemia

O incrível caso da hotelaria das Maldivas durante a pandemia pode parecer um roteiro de ficção para quem vê de fora. Ali hóspedes vivem o dia-a-dia sem máscaras nem muitas preocupações com distanciamento social, como se a Covid-19 não existisse.

Um dos poucos destinos abertos para qualquer turista internacional, sem restrições inclusive para brasileiros, o arquipélago tem o novo coronavírus sob relativo controle (menos de 13 mil casos totais e 46 mortes desde o começo da pandemia). E recebeu do World Travel and Tourism Council (WTTC) a alcunha de “destino seguro” há três meses (apesar de todas as questões com o ISIS em andamento).

O segredo? Uma resposta rápida, eficiente e conjunta entre governo, hotelaria e companhias aéreas, com regras claras, comuns e objetivas. Valorizando também, é claro, as caraterísticas naturais de isolamento geográfico, distanciamento social e predominância de atividades ao ar livre do destino.

LEIA TAMBÉM: O que há de especial na hotelaria das Maldivas

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Estadias mais longas e frequentes

O incrível caso da hotelaria das Maldivas na pandemia tem gerado não apenas um fluxo constante de viajantes ao longo dos meses, como a maioria deles está fazendo do arquipélago seu único destino da viagem, aumentando a duração das estadias nos resorts. Graças a muitas pessos trabalhando em home office e muitas famílias com as crianças em ensino à distância, as extended stays ficaram ainda mais frequentes por lá.

LEIA TAMBÉM: O crescimento das estadias prolongadas durante a pandemia.

Oferecendo promoções desde o começo da pandemia, resorts locais receberam pela primeira vez reservas de brasileiros para estadias de um mês inteiro. “As Maldivas reabriram suas fronteiras para viajantes de qualquer nacionalidade, e a maioria das pessoas já associa o destino a segurança, com teste negativo, local remoto, tudo feito ao ar livre. Com os preços tão atrativos, a demanda realmente aumentou muito”, diz Clara Campos, diretora comercial da Minor Hotels para América do Sul.

Muitos dos resorts criaram pacotes especiais para favorecer as estadias prolongadas (extended stays), que seguem fazendo sucesso entre os mais diferentes perfis de viajantes. Um dos hotéis mais procurados por brasileiros no arquipélago, o Anantara Veli, foi ainda mais longe e criou agora no final do ano um pacote que dá direito a até 365 dias consecutivos de hospedagem. O pacote inclui livre trânsito dos hóspedes, traslados ilimitados de e para Malé e mais uma série de mimos e privilégios durante a estadia. 

LEIA MAIS sobre o Anantara Veli aqui.

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Promoções constantes e parcerias com celebridades

Além disso, a parceria constante da hotelaria local com celebridades (brasileiras, de Hollywood e Bollywood), agentes de viagem e influenciadores também tem sido essencial para colocar o destino cada vez mais em evidência como “ambiente livre de Covid” nas redes sociais. “Tanto o órgão de turismo local quanto os hotéis sempre tiveram uma política de relações públicas e divulgação bastante sólida, facilitando o acesso de celebridades, influenciadores e agentes de viagem. E agora seguem promovendo essa política mais do que nunca”, conta Bruno Vilaça, proprietário da Superviagem.

“Os hotéis estão todos com promoções realmente atraentes, com descontos reais entre 25% e 50% em relação aos valores que costumavam praticar antes da pandemia”, diz Jacque Dallal, da Be Happy, uma das agências que mais vende viagens para as Maldivas no Brasil. “Estamos vendendo bem Maldivas desde maio, e vendendo o mesmo tanto que vendíamos antes da pandemia”, conta. 

A resposta sincronizada das companhias aéreas foi capaz de criar inclusive uma oferta de voos internacionais a Malé ainda maior do que a existente pré-pandemia. A Qatar Airways, umas das principais responsáveis pelo transporte de brasileiros ao arquipélago, criou exigências para embarque em seus voos que também aumentam a sensação de segurança do destino, como apresentação de teste PCR negativo no check-in em São Paulo e embarque obrigatório nos aviões com uso de máscara e face shield. A companhia passou agora a realizar também testes rápidos gratuitos e obrigatórios na conexão no aeroporto internacional do Catar em todo passageiro com destino a Malé. 

VEJA TAMBÉM: Como é fazer conexão em Doha.

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O protagonismo da rede Soneva

Hotéis e resorts estabeleceram rapidamente regras claras e amplamente divulgadas para garantir a segurança sanitária de staff e visitantes. Mas talvez o maior case da hotelaria das Maldivas durante a pandemia seja o da rede Soneva. Suas duas propriedades no arquipélago, Soneva Fushi (que tive o prazer de conhecer em 2019 e mostro em detalhes também no meu instagram @maricampos) e Soneva Jani, ficaram fechadas por vários meses durante pandemia até que a rede encontrasse sua fórmula perfeita de segurança para reabrir as portas aos turistas. 

LEIA AQUI como é se hospedar no Soneva Fushi.

O visionário Sonu Shivdasani contratou e treinou equipe médica exclusiva e montou um laboratório de análises particular em parceria com a Roche em uma ilhota não muito distante dos resorts (cada um instalado em uma ilha privativa diferente).

Hoje, todo novo hóspede dos dois resorts da rede é levado diretamente para sua própria vila para colher material para um novo teste, gratuito, que garante uma espécie de  “camada extra de proteção” contra o coronavírus. O hóspede fica então “confinado” aos limites da sua vila (com alimentação, acesso ao mar e à piscina privativa) até que saiam os resultados negativos dos testes – o que normalmente acontece até a hora do jantar do primeiro dia. 

Iniciativa de sucesso

O staff dos hotéis é testado frequentemente e deixa os resorts com muito menos frequência do que faziam no pré-pandemia. Além disso, os funcionários dedicados a receber novos hóspedes não têm nenhum tipo de contato com hóspedes já negativados. 

LEIA TAMBÉM: Turismo de luxo segue firme durante a pandemia.

A iniciativa adotada pelos hotéis Soneva tem sido tão bem sucedida que outras redes presentes no arquipélago já cogitam adotar metodologia semelhante para 2021.

Com os testes feitos in loco, as máscaras foram 100% abolidas nos resorts, hóspedes e staff interagem livremente entre si o tempo todo, e até os serviços de buffet e as clássicas salas self-service de sorvetes e chocolates da rede foram mantidos. “Dentro dos hotéis simplesmente não se fala de Covid. A gente vive o dia-a-dia como se realmente não houvesse pandemia no mundo”, conta Fernanda Schmidt, da Beyond Destinations, que acaba de voltar de lá com a família.

E tem mais: se o hóspede recém-chegado a qualquer um dos resorts Soneva testar positivo, ele deve ficar confinado em sua vila até que o teste dê negativo – mas a rede garante até 14 dias de cortesia nas diárias nesse caso. Ousados, para dizer o mínimo.

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VEJA TAMBÉM: Os melhores hotéis do ano.

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O crescimento das estadias prolongadas em 2020

Desde abril passado, quando o mundo todo já tinha entendido que estávamos vivendo uma pandemia e tantas fronteiras permaneciam fechadas em todo o planeta, muitos hoteleiros começaram a ver inesperadamente o crescimento das estadias prolongadas. Hóspedes buscando nos mais diversos destinos acomodação não por duas ou três noites, mas sim por duas semanas, um mês e até dois meses se tornaram cada vez mais frequentes. 

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O crescimento das estadias prolongadas (as chamadas long stays/extended stays) em parte da hotelaria em 2020 tem sido uma ferramenta importantíssima na recuperação do setor nestes tempos de pandemia. Em comum, a maioria destes hóspedes vem de cidades grandes e busca alternativas com maior espaço ao ar livre e maior conexão com a natureza para se manter socialmente distanciado em um endereço fora de seu próprio domicílio. 

Algumas propriedades chegaram a notificar um crescimento de até 300% na procura por estas estadias prolongadas neste ano, sobretudo em hotéis e pousadas à beira-mar ou rodeados por montanhas, desde o começo da pandemia.

Acomodações em estilo villa e chalés estão se tornando cada vez mais disputadas (como já comentamos em textos anteriores por aqui) pela privacidade e isolamento que naturalmente oferecem. Mas diversas propriedades têm visto também com frequência – graças a tantos profissionais em home office por tempo indeterminado e tantas crianças e adolescentes em EAD – famílias inteiras ocupando de dois a cinco quartos de uma vez em um mesmo hotel. 

LEIA TAMBÉM: Pandemia pode transformar o home office em road office.

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Provence Cottage. Foto: Mari Campos

Um novo perfil de hóspede para as estadias prolongadas

Há gente planejando fazer quarentenas voluntárias em um destino diferente do seu e há gente também que, ao invés de planejar muitas pequenas viagens diferentes como fazia antigamente, passou a optar por apenas uma escapada – um único destino, mas por muito mais tempo. 

Propriedades em diferentes países estão apostando neste mercado. Alguns destinos nos EUA e na Espanha, por exemplo, começaram a oferecer pacotes de estadia baseados em pelo menos um mês de hospedagem ainda no primeiro semestre. O movimento foi tão significativo em alguns destinos que há hotéis fazendo mudanças estruturais para conseguir atender esses hóspedes. 

Afinal, muitas propriedades econômicas, por exemplo, acostumadas a receber hóspedes “de passagem” por uma ou duas noites, sequer tinham itens como guarda-roupas, mesas e cadeiras nas acomodações; em pouco tempo, se viram obrigados a transformar seus quartos para acomodar adequadamente os hóspedes com estadias prolongadas que não paravam de chegar. 

E os casos são geralmente muito bem sucedidos. Os hotéis HomeTowne Studios (antigos Red Roof), por exemplo, investiram pesado neste modelo e sua performance em tempos de Covid já se compara em números a 2019, com mais de 80% de ocupação média neste ano. Mesmo que as tarifas praticadas sejam menores, os hóspedes estão ficando por mais tempo, o que tem equilibrado as finanças de muitos hotéis. 

Leia também: A evolução dos hotéis durante a pandemia.

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Foto: Four Seasons Image Library

Um conceito de hospedagem criado há 35 anos

O conceito de estadia prolongada (extended-stay) teria sido criado há cerca de 35 anos por Jack DeBoer e Robert L. Brock, fundadores da rede Residence Inn. A marca deu tão certo que hoje é parte da Marriott International.  Já nos anos 2000, o próprio DeBoer criou uma nova rede similar, mas ainda mais econômica: a Value Place. Anos depois, mudou o nome da rede para WoodSpring Suites para vende-la para a Choice Hotels International há dois anos. 

A Choice Hotels também tem um excelente histórico de redes focadas em estadias prolongadas, como MainStay Suites e Suburban, e agora está lançando mais uma marca, a Everhome Suites, que já vem sendo muito bem recebida pelo mercado. 

Além dos índices satisfatórios de ocupação, muitos hotéis que investiram mais em extended-stays viram também queda nos custos operacionais ao cortar os bufês de café da manhã e diminuir a frequência do serviço de camareira como medidas de segurança na pandemia.

Muitas redes estão usando também estes duros meses de 2020 para reavaliar que padrões e amenidades devem mesmo manter quando a pandemia estiver sob controle. 

LEIA TAMBÉM: A revolução cultural na hotelaria em 2020.

Diversos hóspedes também reavaliaram suas prioridades ao escolher uma acomodação na pandemia e passaram também a considerar cozinhas como uma amenidade muito importante. Hoje, investidores do setor hoteleiro também já consideram acomodações com pequenas cozinhas as melhores alternativas de investimento nestes tempos. 

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Anantara Veli. Foto Divulgação.

O crescimento das estadias prolongadas em 2020 também no mercado de luxo

No começo da pandemia, muitos dos hóspedes procurando estadias prolongadas eram trabalhadores essenciais da saúde, logística e construção. Em pouco tempo, a hotelaria de luxo começou a ver também famílias inteiras buscando estadias prolongadas em hotéis e villas nas Maldivas (destino que, aliás, segue sendo um verdadeiro case de sucesso neste 2020, tema que abordarei em uma próxima coluna). 

A coisa foi levada tão a sério nas Maldivas – testemunhando celebridades se mudando praticamente de mala e cuia para lá, por meses a fio – que o resort Anantara Veli achou por bem criar um pacote de estadia ilimitada por até 365 dias consecutivos.

LEIA MAIS sobre hotelaria nas Maldivas aqui.

Misty Belles, diretora de relações públicas da Virtuoso, disse recentemente que o comportamento do viajante de luxo realmente mudou e a tendência atual são viagens com semanas de duração. Com tanta gente trabalhando remotamente e sem a necessidade de as crianças voltarem para a escola em muitos países, tempo virou o verdadeiro luxo. 

O grupo Auberge Resorts, que possui 19 propriedades focadas no mercado upscale e de luxo, teve dezenas de reservas de estadia prolongada neste outono do hemisfério norte – contra apenas uma no mesmo período do ano passado. 

O Eden Roc Cap Cana, na República Dominicana, foi ainda mais longe no seu programa de estadia prolongada para famílias: a reserva de uma suíte de dois quartos com vista para o mar inclui todas as refeições, uso de escritório para trabalho e atividades ilimitadas para crianças, de aulas de culinária e esportes a aulas de idiomas e instrumentos. 

Os hotéis Hyatt Ziva e Hyatt Zilara, no Caribe, também criaram programas de extended-stay focados em hóspedes que trabalharão remotamente. Os pacotes para quem se hospedar por pelo menos duas semanas incluem estações de trabalho, suporte de TI, serviços educacionais e recreativos para as crianças e até personal trainer três vezes por semana e serviço de lavanderia gratuita. 

Pequenos hotéis e pousadas no Brasil passaram a oferecer a possibilidade de serem reservados por inteiro por um determinado grupo ou família. Mesmo redes hoteleiras tradicionais, como Four Seasons, deram ainda mais prioridade aos seus serviços de villas e residences (com serviço completo) para as estadias prolongadas neste 2020.

LEIA TAMBÉM: O futuro do turismo de luxo no Brasil.

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Foto: Four Seasons/ Divulgação

Crescimento das estadias prolongadas deve seguir em 2021

Ainda assim, vale lembrar: embora a indústria hoteleira esteja testemunhando um crescimento sem precedentes das estadias prolongadas neste 2020, este tipo de acomodação ainda representa apenas 5% da ocupação geral dos hotéis e pousadas. Mas especialistas do setor acreditam que esse número deve crescer ainda mais nos próximos meses, com tantas empresas anunciando que não devem voltar ao trabalho presencial pelo menos até 2022. E mais: alguns acreditam que hóspedes que optem pela estadia prolongada durante a pandemia podem acabar reservando mais extended stays no futuro. 

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Piscina do Sheraton, resort urbano no Rio

Staycation: como é se hospedar em um resort urbano no Rio

Biossegurança, protocolos, staycation são palavras com novos significados na pandemia de Covid-19. Staycation, algo como férias na própria cidade ou nos arredores, vem do inglês (stay + vacation) e continua sem tradução em português. É algo que já fiz algumas vezes no Rio de Janeiro, onde moro, e que ganhou outro sentido com a pandemia. Depois de quase oito meses, meu primeiro check-in foi em um resort urbano no Rio, o Sheraton Grand. A ideia da escapada era aproveitar a mudança de ares para descansar, trabalhar e vivenciar as mudanças pelas quais a hotelaria está passando. Recentemente, fui conferir como estão funcionando os restaurantes de hotéis na orla carioca. Agora dei mais um passo.

Esta staycation durante a pandemia foi em hotel de grande rede internacional (Marriott), com procedimentos claros e que reunia tudo o que eu buscava naquele momento. Mas há muitas propriedades pequenas em que tudo também está certo. O importante é escolher o que melhor se adequa ao que cada um procura. No meu caso, buscava um lugar perto de casa, de frente para o mar, em meio ao verde, com ar puro e espaço para praticar distanciamento social sem esforço e recuperar um pouco os movimentos fazendo uma das coisas que mais gosto na vida: viajar. Ainda que para um destino realmente hiperlocal, a menos de 10 km do meu endereço.

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Sheraton Grand Rio, resort urbano de frente para o mar

Décadas antes de pensarmos em pandemia, o Sheraton Grand Rio já se destacava por ser um resort urbano com ampla área de lazer ao ar livre. Há 46 anos entre as praias do Leblon e de São Conrado, com vista livre para o Oceano Atlântico, foi renovado para as Olimpíadas de 2016 e está bem conservado. O hotel, o primeiro de marca internacional no Rio, fica perto das melhores praias cariocas, de bares e restaurantes e do comércio.

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Fui durante a semana e transformei o home office em room office: a staycation foi também uma workcation com vista para o mar. Encontrei poucas pessoas (todas respeitando as regras, inclusive o uso obrigatório de máscara nas áreas comuns), ambientes limpos e serviço acima da média com equipe gentil e eficiente. O Sheraton Grand Rio retomou as atividades em setembro de 2020 seguindo os novos procedimentos de limpeza da Marriott International sobre o qual já escrevi aqui (detalhes no site da rede). O hotel tem também os selos de conscientização brasileiros municipal, estadual e federal.

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Biossegurança: álcool gel por toda a parte e menus por QR code

O check-in pode ser feito pelo aplicativo Marriott Bonvoy ou, rapidamente, no lobby imenso e vazio, com álcool gel, barreira em acrílico protegendo os funcionários e marcação no piso. Os elevadores têm avisos lembrando que eles não devem ser usados por mais de duas pessoas de bolhas diferentes, além de álcool gel ao lado das portas e nas cabines.

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Os quartos, com decoração clássica, estão disponíveis em diversas configurações. Vale a pena investir em uma das opções com vista para o mar. Na chegada, o aviso na porta diz que ninguém entrou depois da limpeza. Um código QR leva ao menu do room service e do minibar, agora abastecido sob demanda. O Wi-Fi funciona perfeitamente.

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Lazer: Uma das maiores áreas ao ar livre da hotelaria carioca

Há álcool gel por toda a propriedade, com destaque para os totens que funcionam por aproximação no acesso à área de lazer. Com muito verde e voltado para a praia, o ambiente ao ar livre é espaçoso e não favorece aglomerações. Há duas piscinas (a infantil, no momento, abre apenas nos fins de semana), uma jacuzzi, duas quadras de tênis e espreguiçadeiras por toda a parte. A trilha sonora às vezes pode ser animada demais para um ambiente tão tranquilo, mas basta se afastar um pouco das caixas de som para ouvir apenas o barulho do mar. Academia de ginástica, salão de beleza e saunas seca e a vapor ficam no Shine Spa e funcionam com hora marcada. A área de lazer do resort também pode ser aproveitada em day use.

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Uma escadinha em madeira leva direto à Praia do Vidigal. Que não é privativa do hotel, mas parece. O outro único acesso é por uma escadaria que sai da Avenida Niemeyer. Durante a semana a prainha, com faixa de areia de 500 metros de extensão, costuma estar vazia.

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Comes e bebes: restaurantes reabrindo aos poucos e bom room service

A área de alimentos e bebidas do Sheraton Grand Rio é onde mais se nota os efeitos da pandemia. Nos dias de semana, funcionam apenas o bar da piscina (12h às 17h) e o restaurante Casarão (das 6h às 23h). O cardápio à la carte é variado, as mesas estão afastadas umas das outras e o restaurante tem uma gostosa varanda aberta. Mas para quem não pretende sair do hotel durante a semana acaba sendo monótono fazer todas as refeições no mesmo lugar.

O Club Lounge está aberto apenas durante a tarde para um café expresso ou uma água. Estão suspensos o serviço de café da manhã e a happy hour. Às sextas-feiras e aos sábados abrem na parte da tarde e à noite a Casa da Cachaça (de pizzas, petiscos e sanduíches, vizinha do Casarão na área das piscinas); o Lobby Bar e o L’Etoile, restaurante gourmet no 26º andar.

Atualização: O restaurante italiano Bene foi reaberto em janeiro de 2021, com novo design e bar de drinques.

O room service funciona bem e os pratos chegam na temperatura certa, mas o cardápio é bem menor do que o do restaurante. Já no café da manhã a melhor opção é mesmo pedir no quarto. O café farto chega muito bem apresentado. Com o room service, dribla-se o ponto em que o Sheraton poderia fazer melhor: o bufê de refeições self-service. Aqui o hotel segue o novo padrão de bufê pandêmico de resort, com muito plástico (espere encontrar laranjas com casca embrulhadas em filme de PVC), e pré-pandêmico, com desperdício de comida.

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Antes de ir

Com o aumento dos casos de Covid-19 em todo o país, inclusive no Rio de Janeiro, o cenário ainda é de incerteza. Antes de planejar uma staycation ou um day use é importante confirmar com o hotel, qualquer que seja a categoria, quais serviços estão funcionando e as regras da propriedade. E, claro, ter bom senso para avaliar se é um bom momento para uma escapada.

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