Four Seasons Anguilla

O novo normal das diárias iniciais de US$1.000

Alguns anos atrás, diárias iniciais de US$1.000,00 ou mais em um quarto de hotel eram vistas como certa extravagância, inclusive no mercado de alto luxo. E definitivamente não eram tantas as propriedades que aderiam a essa abordagem. Mas, de uns anos pra cá – e sobretudo nas propriedades inauguradas no pós pandemia – esse cenário se transformou completamente. Parece que estamos vivendo o novo normal das diárias iniciais de US$1.000 na hotelaria de luxo.

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Diversos hotéis, lodges e resorts de luxo inaugurados de 2022 pra cá (como Atlantis The Royal, Bulgari Rome, Aman New York e tantos outros) estão cobrando valores superiores a mil dólares por suas categorias iniciais de acomodação.

E esses aumentos parecem ter sido perfeitamente absorvidos pelo mercado: nenhuma dessas propriedades está enfrentando problema de baixa ocupação por causa disso; pelo contrário. O tão esperado Soneva Secret, nova propriedade do grupo Soneva nas Maldivas, por exemplo, está sendo inaugurado com tarifa inicial de mais de US$3.000 – e com uma fila considerável de interessados.

Mesmo no Brasil, hoje o novo normal das diárias na hotelaria de luxo também está devidamente instalado: são muitas as propriedades começando suas tarifas em R$3.000,00 sem nem mesmo terem grandes atrativos na acomodação.

Mas diversos agentes de viagem afirmam que, apesar de ouvirem reclamações constantes sobre o alto valor generalizado das diárias, a maioria de seus clientes acaba fechando suas viagens em hotéis de luxo assim mesmo.

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O novo normal das diárias iniciais de US$1.000 na hotelaria de luxo

O reajuste geral nas tarifas da hotelaria a partir de 2022 – seja no Brasil ou no exterior – é evidente e indiscutível, incluindo impressionante média de 35% de aumento nas propriedades europeias. No mercado de luxo, esse aumento nos valores gerais das acomodações hoteleiras é ainda maior em diversos destinos – e não se restringe unicamente a novas propriedades, não.

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O que temos visto cada vez mais, sobretudo nas grandes capitais internacionais, é o fenômeno de, após um novo hotel abrir com tarifas mais polpudas sem encontrar grande resistência do mercado, o restante do nicho correspondente da hospitalidade seguir a onda e reajustar também suas tarifas para patamar semelhante.

Hoje, só em Paris e entre estabelecimentos novos e antigos, são mais de vinte hotéis cobrando mais de US$1.000 por suas acomodações mais simples. Até 2020, esse número era indiscutivelmente menor.

A maioria das propriedades justifica essa alta nas tarifas pela elevada inflação nos últimos anos em tantos destinos, a baixa ocupação no começo da pandemia, as dificuldades em manter bons funcionários atualmente e os grandes investimentos para inauguração ou retrofit da propriedade.

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A onda veio para ficar

Nada disso é descartado, obviamente, e tem seu sentido. Mas sabemos que, sim, muitos hotéis estão elevando consideravelmente suas tarifas tentando incrementar o efeito aspiracional.

Não só temos atualmente mais pessoas dispostas a pagar mais caro por suas férias, como também há um contingente consideravelmente maior de viajantes investindo alto nas viagens celebratórias (aniversários, lua-de-mel etc) no pós pandemia.

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Embora algumas novas propriedades do mercado de luxo estejam nascendo com quartos de entrada realmente mais espaçosos, vale lembrar, no entanto, que tarifas mais elevadas nem sempre são sinônimo de melhor serviço ou acomodações necessariamente mais luxuosas.

Especialistas de levantamentos como do Euromonitor e da McKinsey, por exemplo, acreditam que o novo normal das diárias iniciais de US$1.000 na hotelaria de luxo deve continuar nos próximos anos, e inclusive se expandir – independentemente do recuo de taxas de inflação etc.

O novo normal das diárias iniciais de US$1.000 na hotelaria de luxo parece que veio mesmo para ficar.

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Soneva Secret

Tendências para a hotelaria em 2024

Ninguém pode dizer com certeza absoluta o que o futuro próximo reserva – especialmente nos dias de hoje, com tudo mudando tão rapidamente. Mas é sempre bom estar de olho nas tendências que especialistas em cada setor e indústria prevêem para o ano que começa. E há de fato bastante confluência de ideias nas tendências para a hotelaria em 2024 apresentadas por distintos institutos de pesquisa e profissionais da hospitalidade neste janeiro.

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Em qualquer nicho da hospitalidade, o viajante está valorizando cada vez mais a personalização de serviços. Propriedades que investem na hiperpersonalização já saem na frente. A disseminação das redes sociais, com tantos influenciadores mostrando hotéis que os mimam e antecipam seus desejos durante a estadia, resultaram em turistas cada vez mais cientes do que significa a boa hospitalidade.

Bem-estar e boa mesa também deixaram de ser características “opcionais” ou “extras” em hotéis, resorts, lodges, pousadas e navios e cada vez mais são vistos como parte indissociável da experiência – inclusive entre aqueles com os budgets mais reduzidos. E a mesma coisa com a estrutura para “anywhere office”: com tantas funções e profissões apostando em trabalho remoto ou híbrido, o viajante quer saber que pode contar com infra mínima para isso ao se hospedar em qualquer lugar.

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Joali Being Maldivas
Foto: Mari Campos

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Três tendências para a hotelaria em 2024

Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa

Produtos e serviços centrados na saúde física e/ou mental nunca estiveram tão em alta. Bem-estar e autocuidado vivem sua maior valorização no setor e não mostram quaisquer sinais de desaceleração. Pelo contrário: o turismo de bem-estar já se converteu em um mercado trilhardário, em constante expansão.

Os prognósticos para 2024 são que esse nicho continue se expandindo – e também que mais e mais propriedades criem ofertas de serviços centrados na saúde, de programas fitness a terapias e tratamentos de spa, de mais espaços verdes a produtos para um sono de qualidade, de refeições orgânicas a programas de rejuvenescimento.

Se tiver relação com a longevidade, melhor ainda. E algumas redes têm sido pioneiras nisso, oferecendo testes de diagnósticos completos e até tratamentos com células-tronco em seus spas. Resorts 100% focados nisso, como Joali Being e Ananda in the Himalaias, têm tido tanto sucesso que estão inspirando outros hoteleiros a abrirem propriedades semelhantes.

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Six Senses Kyoto
Foto: Divulgação

Tudo ao mesmo tempo agora

Mais que o bleisure, que unia apenas trabalho e lazer, as blended travels chegaram com tudo em 2024. E trouxeram com elas hóspedes que não estão interessados apenas em descansar e relaxar, mas também trabalhar, cuidar da mente, praticar esportes, fazer cursos, assistir shows e mostras de seus artistas favoritos ou mesmo fortalecer a fé.

Quanto mais hotéis e afins se envolverem nesse desejo crescente de obter cada vez mais benefícios de uma viagem de férias, maiores as chances de ter hóspedes satisfeitos, que retornem à propriedade. Espaços físicos híbridos e atividades cada vez mais envolventes na programação semanal da propriedade são um excelente começo.

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B Hotel Brasília
Foto: Mari Campos

Boa mesa é fundamental

Dentre as grandes tendências da hotelaria para 2024, a busca por verdadeiras experiências gastronômicas já não faz mais distinção de nicho, seja em viagens nacionais e internacionais. Mais que isso: hoje muitos turistas estão planejando viagens inteiras em torno de descobertas culturais através dos sabores de um destino.

Hoje, todo viajante quer comer bem e provar sabores e ingredientes locais – se não precisar nem sair do seu hotel para isso, melhor ainda. Se restaurantes e hotéis sempre foram os dois grandes pilares da indústria da hospitalidade, hoje estão mais interligados do que nunca.

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De pousadas a grandes hotéis de luxo, restaurantes estão passando a ser a menina dos olhos de muitas propriedades, seja pelo foco em alimentos locais e sazonais, seja pelos chefs estrelados. A preocupação com bons ingredientes ganhou finalmente o status que sempre deveria ter tido – e felizmente muitas propriedades têm hoje seus próprios cultivos orgânicos.

E a coisa tem ido além: vários restaurateurs estão se convertendo em hoteleiros. Seguindo os passos de Nobu, que ainda em 2013 lançou a sua marca hoteleira global, chefs e grandes conglomerados de restaurantes estão vendo na hotelaria um nicho mais que bem-vindo para seu negócio principal. De pequenas propriedades em regiões vinícolas a hotéis boutique em grandes cidades, o casamento entre hotelaria e gastronomia está dando mais samba do que nunca.

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Silversea Silver Nova

Silversea batiza seu novo navio Silver Nova

A Silversea batiza seu novo navio Silver Nova oficialmente em Fort Lauderdale – e tive o prazer de ser a única jornalista brasileira convidada para o evento. Considerado o mais esperado e comentado novo navio do mundo, o Silver Nova®, primeiro grande novo projeto da Silversea em mais de uma década (o último grande lançamento havia sido o Silver Spirit, em 2009), foi formalmente batizado e inaugurado durante uma pequena cerimônia apenas para convidados no final da semana passada.

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“Após tantos anos de pesquisa, desenvolvimento e colaboração, estamos incrivelmente orgulhosos de dar as boas vindas ao Silver Nova à nossa frota. Este navio representa um ‘game changer‘ para a indústria de cruzeiros, uma nova visão para a experiência de viagem de ultra luxo”, disse Jason Liberty, presidente e CEO do Royal Caribbean Group, durante o evento.

Como parte das tradições do Royal Caribbean Group, grupo do qual a Silversea faz parte agora, gaitas de fole anunciaram o começo da íntima celebração no teatro do novo navio. A embarcação recebeu bençãos cristãs e judias e teve a garrafa de champagne rompendo-se corretamente em seu casco, como prega a tradição, com a participação da madrinha, a chef Nina Compton.   

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Inovação em sustentabilidade e design

O mais sustentável navio de ultra luxo já construído (híbrido e com 40% menos emissão que a classe anterior) é também o maior da história da Silversea, para 728 hóspedes – um aumento bastante considerável na capacidade geral a bordo para a armadora que historicamente possuía apenas navios de pequeno porte.

A nova embarcação vem sendo chamada internacionalmente de “ship of light” (“navio de luz”) por ter a muito mais espaços externos e a maioria dos ambientes internos repletos de luz natural. Mas o Silver Nova® colocou mesmo o mercado de cruzeiros de luxo em polvorosa desde seu anúncio devido à sua ousada assimetria no design.

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Silversea Silver Nova
O novo Silver Nova da Silversea é batizado oficialmente. Imagem: Mari Campos

Segundo a design leader do projeto (que começou há mais de cinco anos), Kelly Gonzales, me contou durante um almoço a bordo, a colaboração entre seis diferentes empresas de design foi essencial para lograrem os resultados que pretendiam. “Tudo foi sempre orientado com algo em mente: a vista, a vista e a vista”, brincou Gonzales.

Assimétrico em vários sentidos, inclusive na piscina localizada à bombordo, o projeto do Silver Nova exigiu profunda sintonia também entre os designers e o estaleiro, garantindo que o equilíbrio da embarcação fosse sempre perfeito.

Com 100% suítes, todas com varanda privativa e serviço de mordomo, seu design todo horizontal foi inspirado nos mais luxuosos hotéis resorts do mundo e pensado para que os destinos e o mar sejam sempre os protagonistas na visão do passageiro.

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Evolução acertada é caminho sem volta para a armadora

A presidente da Silversea, Barbara Muckermann, disse que o inovador deck da piscina é um de seus prediletos a bordo: “estar ali na piscina, com apenas lindas paisagens à vista, é como estar na piscina do Fasano Rio, por exemplo”, brincou. Em conversa exclusiva, ela me disse que o design alcançado com o Silver Nova “é um caminho sem volta para os futuros navios da Silversea“.

Antes do início do itinerário em direção ao México, todos os hóspedes foram acomodados por uma noite, com direito a café da manhã incluído, no hotel Four Seasons Fort Lauderdale, com excelente localização frente ao mar. O Silver Nova tem quatro decks inteiros com apenas suítes e resolveu inovar também colocando as maiores e mais especiais delas na popa ao invés da proa.

São 13 categorias de suites (as categorias Veranda, Medallion e Silver Suite constituem 90% do Silver Nova), todas com varanda, closet, grandes banheiros e serviço de mordomo. Único downside? As mesas das varandas ficaram bem pequenininhas na maioria das suítes, inviabilizando o café da manhã para dois por ali.

No total, são 9 opções gastronômicas no Silver Nova – incluindo a primeira .S.A.L.T. Chef’s table da armadora -, além de room service 24 horas, tudo incluído. Apenas dois restaurantes – um asiático e um francês – têm taxas de reserva para o jantar.

O serviço de afternoon tea agora acontece apenas sob demanda individual do hóspede, mas o clássico serviço de caviar & champagne continua disponível 24h, para qualquer categoria de suíte.

Há mais “lounges” internos e externos que em qualquer outro navio da armadora – o hóspede encontra um lugar para descansar, relaxar ou simplesmente sentar para bater papo com outros hóspedes em literalmente qualquer canto do Silver Nova.

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Silversea Silver Nova
O inovador deck da piscina do Silver Nova. Foto: Mari Campos

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Silversea batiza seu novo navio Silver Nova em Fort Lauderdale

Segundo Barbara Muckermann, o briefing inicial para o projeto era um navio para 600 passageiros; mas os planos foram mudando conforme o perfil do viajante de luxo mudou também nos últimos anos. “Os principais concorrentes do Silver Nova não são outros navios e sim hotéis e resorts em terra. E pessoalmente estou animadíssima com a chegada dos navios de marcas hoteleiras como Ritz-Carlton, Four Seasons e Aman. Quanto mais, melhor!”, garante. 

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O novo design e atmosfera geral do Silver Nova, muito mais contemporâneos e informais que em qualquer outro navio da armadora, mostra também que estão de olho em ampliar consideravelmente seu guest profile. “Temos novos hóspedes na faixa dos 30 anos começando a viajar conosco para chegar a destinos nos quais navios realmente se fazem necessários, como Antártica ou Galápagos. Eles se encantam pela experiência e acabam voltando”, conta Muckermann.

Silversea Silver Nova
Tudo incluído, 24h por dia, com serviço impecável. Foto: Mari Campos

Segundo a presidente da Silversea, o Silver Nova está atraindo mais hóspedes da geração X que qualquer outra. Mas o que define mais o ‘guest profile’, no fundo, é o itinerário e não necessariamente o navio”, explica. 

A Silversea celebra neste 2024 seus 30 anos de história “setting the bar” na indústria dos cruzeiros de luxo e ultra luxo. Com frota atual de doze navios que chegam juntos a 900 destinos e alcançam todos os continentes, a armadora inaugurará ainda na metade deste ano o segundo navio desta classe Nova, o Silver Ray

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Como essências estão melhorando a experiência em hospitalidade

Entrei no LK Design Hotel, em Florianópolis, na semana passada, e de cara exclamei: “nossa, mas que cheiro bom!”. De máscara e tudo, o perfume ambiente do lobby me chamou a atenção imediatamente. E cada vez que regressei ao hotel nos dias seguintes isso me trazia uma deliciosa sensação de familiaridade e aconchego. Afinal, todos temos memórias poderosas ligadas ao nosso olfato. E é muito legal testemunhar nestes últimos anos como os usos de essências estão melhorando a experiência em hospitalidade em geral.

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Basta sentir um cheiro, um perfume para nos lembrarmos de alguém ou nos vermos momentaneamente transportados para outra época ou outro lugar. Odores desempenham papel importantíssimo na nossa opinião final sobre lugares, compras e experiências de todo tipo. Hotéis e pousadas nos mais diversos destinos, de grandes redes a pequenas propriedades independentes, perceberam o quanto os aromas podem potencializar a estadia de seus hóspedes – ou mesmo a simples visita de viajantes a seus restaurantes, bares e demais espaços públicos.

Seguindo os mesmos preceitos já adotados por grandes marcas de luxo – do consumo e da hotelaria também -, agora cada vez mais propriedades brasileiras estão investindo de maneira significativa na criação de memórias olfativas com parte importante da experiência de hospedagem. E, em muitos casos, com essências próprias que os hóspedes podem levar para casa.

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Os avanços do marketing olfativo na hotelaria

Desenvolver uma identidade olfativa correta – ou seja, eficaz – pode levar vários e vários meses de trabalho e pesquisa minuciosa. Seja para inspirar energia, relaxamento ou evocar aromas de verão, as essências ambientes criadas especialmente para hotéis e pousadas passaram a se preocupar em criar aromas personalizados para estreitar laços com seus hóspedes.

A ciência explica como os usos de essências estão melhorando a experiência em hospitalidade: as informações olfativas vão do nariz às áreas corticais, sendo capazes de despertar emoções e memórias mesmo sem nossa consciência. Sim, podemos ser influenciados por aromas específicos – positiva ou negativamente – e nem sequer perceber. É cientificamente comprovado que o ser humano responde aos aromas de forma bastante emocional.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Rockefeller em Nova York concluiu que o ser humano é capaz de se lembrar de cerca de 35% dos odores que sente. Mas essa porcentagem cai para apenas 5% para a memória visual, e impressionantes 2% para a memória auditiva.

Estudos realizados pelo setor de consumo na Alemanha constataram que uma fragância é capaz de aumentar em mais de 15% o tempo de permanência de uma pessoa num mesmo local. Mais que isso: tem 15% mais influência sobre as decisões de compra no local.

Ganha cada vez mais espaço o marketing olfativo na hotelaria: a escolha do aroma perfeito, que seja realmente capaz de representar a propriedade – ou a marca -, tornar a experiência do cliente ainda melhor e mais confortável, estreitar o vínculo emocional entre viajante e hotel, e trazer boas lembranças quando, no futuro, ele sentir o mesmo perfume.

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Levando um pouquinho das férias para casa

Para os hotéis, as decisões geralmente se baseiam no que gostariam que os hóspedes sentissem ao entrar no ambiente – mas também procuram sempre relacionar essas sensações com o destino no qual estão inseridos, seja uma floresta ou uma grande cidade.

No Japão não é de hoje que diferentes companhias aéreas investem no marketing olfativo, e muitos de seus hotéis também historicamente tiveram essa preocupação. Na hotelaria de luxo, os hotéis palácio parisienses são craques nisso há muito tempo também. A rede Mandarin Oriental também sempre foi muito bem sucedida em desenvolver aromas bem específicos para seus spas.

Nas grandes redes, a Westin foi a primeira bandeira a ter um perfume exclusivo para seus hotéis, misturando chá branco, baunilha e madeira de cedro. A W Hotels depois criou também o seu, com flor de limão, louro e chá verde.

No sul do Brasil, a rede Casa Hotéis criou diferentes aromas para cada uma de suas propriedades, instaladas em Gramado e Cambará do Sul. E batizaram cada uma com nomes bem sugestivos: a Essência do Encontro, para os afetuosos espaços comuns da Casa da Montanha e do Petit Casa da Montanha; A Essência do Singular, para o belo Hotel Wood Gramado; e a Essência do Sublime para seu adorável Parador Cambará do Sul. Mais que isso: desenvolveram uma quarta essência, a Essência do Aconchego, para ser usada em todas as acomodações do grupo.

No caso do LK Design Hotel, o mais novo de Florianópolis, instalado em plena avenida Beira-Mar Norte, é inegável a influência do próprio litoral no aroma criado pela casa. Levei a essência para casa e fiz questão de deixar um pouquinho do litoral catarinense na minha sala de estar já na minha chegada.

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Fasano Boa Vista

O novo boom do bleisure

É cada vez mais comum viajantes combinarem negócios e prazer em suas viagens. O primeiro ano da pandemia teve papel fundamental nesse novo boom do bleisure (corruptela em inglês de business + leisure, negócios + lazer), já que o home office compulsório de 2020 para tantas profissões acabou gerando mudanças importantes em muitas relações de trabalho, que se tornaram mais flexíveis.

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A cultura de trabalho do escritório mudou e os acordos de trabalho mais flexíveis estão em alta. Levantamentos feitos em 2022 confirmaram um aumento médio de 25% nas viagens definidas como bleisure em comparação aos últimos anos. E agentes e consultores de viagem estão testemunhando ativamente, no dia-a-dia, como aumentam as estadias mais longas em escapadas em geral (em média, o triplo da duração desse tipo de viagem em relação aos números de 2019).

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JW Marriott São Paulo
JW Marriott São Paulo. Foto: Mari Campos

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O novo boom do bleisure

Essa mudança de mentalidade sobre a associação de trabalho e lazer nas viagens está beneficiando a indústria turística globalmente. A flexibilização permanente de algumas relações trabalhistas, com certos profissionais podendo trabalhar a partir de qualquer lugar (muito além do antigo conceito de “nômades digitais”), e o avanço das tecnologias de comunicação digital estão motivando algumas empresas a inclusive a fornecer subsídios e ampliar a ideia de workcations. E isso começa devagarinho a representar uma ampla mudança também no turismo de massa, que estava chegando a um ponto praticamente insustentável (em muitos casos) antes da pandemia.

Segundo o Euromonitor, as viagens de bleisure – também chamadas atualmente de “blended travel” – estão ajudando sobremaneira na retomada do turismo, de maneira constante e sustentável. Essas viagens não estão mais restritas às esticadas de prazer antes ou depois de “viagens de negócios”.

Pelo contrário: hoje em dia, na maioria dos casos essas viagens são bem planejadas por profissionais de distintas áreas com rotinas flexíveis, que decidem trabalhar a partir de um outro endereço por alguns dias (ou semanas), enquanto aproveitam para conhecer (ou revisitar) um determinado destino ou hotel – o chamado anywhere office.

Cada vez mais famílias estão descobrindo que, contornando calendários escolares, misturar negócios com viagens de lazer pode ser uma ferramenta interessante para a própria dinâmica familiar. E estão buscando, em geral, acomodações mais espaçosas e com mais comodidades e recursos, já que planejam estadias mais longas.

Mais que isso, as escapadas de “bleisure” começam agora a entrar no pacote de benefícios de algumas empresas, que estimulam determinados profissionais a seguirem sua agenda profissional aproveitando propriedades e destinos turísticos como forma de melhorar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e zelar pela saúde física e mental da equipe como um todo.

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Tivoli Alvor Algarve Resort
Tivoli Alvor Algarve Resort (divulgação)

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BLEISURE COMO FERRAMENTA FUNDAMENTAL DE RECUPERAÇÃO DO TURISMO

As viagens de bleisure se tornaram mais comuns e “aceitáveis” em diferentes faixas etárias e profissões. Hoje, já respondem por cerca de 35% do turismo de negócios. De acordo com o Euromonitor, com movimentação estimada de US$ 200 bilhões em 2022, os gastos com o bleisure devem mais do que dobrar até 2027, tornando-o um dos nichos do turismo que mais cresce internacionalmente.

O próprio setor de MICE, que também fez inúmeras adaptações para permanecer relevante e ativo durante a pandemia os dois primeiros anos da pandemia, também colhe agora os benefícios de termos mais pessoas no mundo todo podendo participar remotamente (ainda que eventualmente) de questões de trabalho. As adaptações mais práticas e eficientes se revelaram também econômicas e, portanto, muitas delas estão se tornando também permanentes.

Destinos, hotéis, operadoras, agentes e consultores de viagens estão se reestruturando para atender coerentemente toda essa nova demanda de consumidores que procuram agora opções de lazer que lhes permitam permanecer no destino por mais tempo trabalhando, e não o contrário. Esses viajantes, geralmente, investem altos valores nesse novo modo de encarar as viagens – permanecem mais tempo, gastam mais.

E mais: suas viagens não estão vinculadas a eventos e destinos específicos e, portanto, podem acontecer nos mais diferentes lugares e períodos do ano, podendo aliviar consideravelmente certos gargalos da hotelaria e viabilizando a possibilidade de uma distribuição mais equitativa das oportunidades e gastos com viagens.

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Fasano Boa Vista
Fasano Boa Vista. Foto: Mari Campos

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A hotelaria precisa abraçar a tendência do bleisure

O novo boom do bleisure veio para ficar. É fundamental que a hotelaria reconheça a oportunidade deste crescente segmento e crie pacotes, ofertas e benefícios especiais para esse perfil de hóspede, incorporando inclusive mais elementos de lazer e gastronomia à experiência da hospedagem para as estadias mais prolongadas.

Alguns hotéis nos EUA já começaram a oferecer pacotes especiais de bleisure com tarifas promocionais e alguns benefícios agregados, como tratamentos de bem-estar, ofertas de A&B e experiências multigeracionais para atender famílias – com horários adaptados, é claro, para que o hóspede possa realmente fazer bom uso delas nos momentos em que não estiver trabalhando. Abraçar essa tendência pode realmente ajudar a indústria hoteleira a gerar mais receita – inclusive a longo prazo, contribuindo para conquistar a fidelidade do hóspede.

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