Veja a consolidação de dados que compilamos para entender como estamos finalizando 2020 no turismo brasileiro.
Para pensarmos no que vai acontecer em 2021 e nos próximos anos no turismo brasileiro e mundial ainda precisamos consolidar o que aconteceu em 2020. Para ajudar nessa reflexão fui buscar dados disponíveis que nos ajudam a entender por que o turismo é tão importante para a economia nacional. Convivo diariamente com lideranças de empresas, entidades e mesmo organismos públicos que querem ter números que possam comprovar a importância da indústria de viagens e turismo para o seu destino e sensibilizar governantes para o desafio de desenvolver o setor.
Meu entendimento é de que a garantia da reconstrução do turismo passa pelo apoio às empresas, pela salvaguarda dos empregos e pelo redesenho dos modelos de destinos no Brasil. Por isso busquei dados que, infelizmente, mostram o quanto a atividade turística deixa de contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável quando há uma crise tão sem precedentes como essa.
FATURAMENTO
Dados do IBGE divulgados recentemente mostram que o setor de turismo ainda revela uma queda de 44% até novembro de 2020. As perdas acumuladas chegam a R$ 245,5 bilhões desde março; o que leva o turismo a uma operação que chega a somente 39% da sua capacidade de geração de receitas. Os dados da CNC mostram que os piores meses de 2020, nas perdas de faturamento no turismo, foram de abril a julho, quando as estas ficaram acima de R$ 31,87 bilhões por mês. Mais da metade do prejuízo apurado no setor está nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
A CNC projeta um encolhimento de 39,1% para o turismo brasileiro em 2020, isso significa que a variação do volume de receitas dos serviços turísticos deverá chegar ao final do ano com uma variação negativa de 7,6%.
EMPREGOS
Empregos no turismo são extremamente relevantes para a economia nacional e a pandemia acabou chamando a atenção para o tamanho desse segmento. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados de Desempregados, CAGED, entre março e outubro de 2020 foram perdidos 469,4 mil postos de trabalho formais no turismo. Isso significa um encolhimento de quase 13% da força de trabalho do setor. Em outubro já começamos a sentir a recuperação gradual.
AÉREO INTERNACIONAL
Os últimos dados que recebemos da FowardKeys (até 13 de dezembro) indicam que as chegadas aéreas internacionais (brasileiros e estrangeiros) no Brasil devem chegar a uma diminuição de cerca de 72% em relação a 2019. Os mercados com queda superior a -72% foram: Itália, Espanha, Alemanha, Uruguai, França e Argentina. As informações da ANAC e ABEAR mostram que entre janeiro e outubro desse ano tivemos -69,9% de passageiros pagos que 2019 no mesmo período. Os últimos dados disponíveis sobre a chegada somente de estrangeiros no Brasil são de 2019, quando tivemos uma queda de 4,1% em relação a 2018. Veja uma análise histórica completa aqui.
AÉREO DOMÉSTICO
Já comentamos aqui a importância do mercado doméstico brasileiro. Somente as viagens internas de avião no Brasil representam 1,1% do total do mercado doméstico mundial (IATA); estamos entre os 5 maiores mercados aéreos domésticos do planeta. Os dados disponíveis da ANAC e da ABEAR mostram que entre janeiro e outubro de 2020 o mercado doméstico brasileiro teve -55,5% de passageiros pagos em relação ao mesmo período de 2019. Atualizamos esses dados para todo o ano de 2020 (22/01/2021), após a publicação desse post. Durante todo o ano de 2020 o Brasil teve 45,2 milhões de passageiros domésticos pagos, redução de 52,5% na comparação com o ano anterior (ABEAR, 2021).
Aproveite e ouça nosso podcast com Eduardo Sanovicz com um balanço da aviação em 2020 no Brasil e os temas que ficam para 2021.
RECEITAS INTERNACIONAIS
Os dados disponíveis no site do MTur estão atualizados só até setembro, e indicam que nos 9 (nove) meses de 2020 os gastos dos estrangeiros no Brasil tiveram uma queda de -47.56%. A pandemia é a grande responsável pela diminuição das receitas dos gastos dos estrangeiros por aqui, mas já tínhamos estacionado em 2019 e, nos meses de janeiro e fevereiro desse ano já registramos quedas de -4.13% e -11.73% respectivamente.
Para saber mais sobre a importância dos dados e análises no turismo ouça o HUB TURISMO que gravei com Mariana Aldrigui aqui.