OMT: dados novos

IMG_0205A OMT – Organização Mundial de Turismo acaba de divulgar seu Barômetro de Março/2016.

Números gerais mostram que o volume de turistas no planeta aumentou em 50 milhões em 2015, um crescimento de 4,4%. O crescimento médio tem se mantido desde a crise de 2009, porém alguns fatores tem influenciado a demanda global por viagens: o câmbio (nós sabemos bem como); a diminuição do preço do petróleo e de outras comodities; e os fatores de segurança (vimos os fatos recentes da Bélgica e França).

Voltando aos números, a Europa cresceu 9% em volume de passageiros e as Americas 5%, a sub-região América do Sul também cresceu 5%, graças ao desempenho do Chile (22%), Colômbia (16%), Paraguai (87%), por exemplo. Já os dados de receita mostram crescimento na maioria dos 134 países estudados; dentre esses 28% apresentaram queda em suas receitas. Exemplos: Rússia (-31%) e Brasil (-32%).

Perspectivas para 2016: crescimento entre 3,5% e 4,5% de volume e diminuição de gastos de muitos países emergentes.

Pegada forte

Honrada em fazer parte do time de blogueiros do Panrotas. À partir dessa nova etapa de conversas, vamos trazer ao nosso espaço dois temas centrais; o primeiro será a busca e compartilhamento sobre o que destinos no Brasil e no mundo estão ofertando aos turistas, o segundo, como esses destinos trabalham sua comunicação e marketing.

A proposta de buscar, compartilhar e conhecer os diferencias da oferta dos destinos está relacionada às grandes mudanças por que passa o turismo no mundo. Será que o visitante quer esse tipo de experiência? Como destinos top se reinventam e oferecem produtos para que os turistas voltem outras vezes ? O que realmente há de novo no mundo do turista e que pode contribuir para dinamizar pacotes, buscas diretas e o compartilhamento de experiências? Claro, vamos ficar de olho naquilo que as pessoas estão falando sobre esses destinos.

Já a outra ideia, diretamente relacionada à primeira, tem a ver com nosso trabalho profissional, também com inovação, influência, opinião, decisão de compra e recomendação de visita. Destinos e empresas estão vendendo de que forma? Como muda o mundo do turismo à partir das experiências de comunicação e marketing bem sucedidas? O que vale à pena na hora da promoção e da venda?

Essa duas ideias básicas vão nortear nossa participação, sempre aproveitando para falar sobre números, tendências e o sobre o que acontece no turismo mundial e brasileiro. Vamos ousar mais, provocar mais e buscar uma interação com os milhares de leitores diários do Panrotas. Alguma sugestão para começar ?

Zika, o que fazer

Sempre que enfrentamos momento difíceis como o atual, quando problemas de saúde pública podem interferir no fluxo de viagens ou na imagem dos destinos vem a pergunta: o que fazer ?

Considero antes de mais nada que, por tratar-se de tema de saúde pública, as medidas e orientações dos órgãos que cuidam do assunto devem ser levadas em consideração e seguidas por todos. Dito isso, vem o nosso lado do turismo. A primeira atenção deve estar voltada ao monitoramento, ou seja, saber exatamente o que está sendo veiculado e comentado nos mercados, seguido de ações de imprensa e RP para esclarecer dados, informar corretamente e dar às pessoas a verdadeira dimensão do que está ocorrendo e quais as medidas estão sendo tomadas para cuidar do assunto. Ou seja, enfrentar o problema.

Depois disso, é fundamental deixar disponível aos parceiros comerciais e viajantes, as informações sobre como se comportar, sempre lembrando que não se devem aplicar restrições aos viajantes ou ao comércios entre os países. A OMT foi bastante lúcida em seu comunicado no último dia 2 de fevereiro (www.unwto.org):

– deve ser oferecida aos turistas uma lista atualizada das regiões afetadas pelo Zika Virus sobre riscos e medidas adequadas para reduzir a possibilidade de ser afetado pelo mosquito;

– devem ser colocadas em prática todas as medidas recomendadas pela OMS – Organização Mundial de Saúde

Ainda importante que todos os atores públicos e privados do setor turístico atuem de forma conjunta no esclarecimento e nas medidas para informar e colaborar com as autoridades de saúde no enfrentamento do tema.

Seguimos acompanhando.

Cambio e o internacional

O câmbio sempre é uma variável que impacta fortemente a indústria de viagens e turismo, cenário que se observou no Brasil em 2015. Até o mês de novembro do ano passado, os gastos dos brasileiros no exterior tinham sido reduzidos em mais de 31% em relação ao mesmo período de 2014 (ano de Copa do Mundo).

Também a pesquisa do Ministério do Turismo de Intenção de Viagem, nota-se uma diminuição geral no desejo de viajar nos próximos 6 meses, mostrando que em dezembro de 2014 cerca de 35% dos brasileiros queriam viajar, e em dezembro de 2015 esse número caiu para 26,7%. Desses, 86,4% disseram preferir destinos nacionais (contra 80,2% em 2014) e 10,9% destinos internacionais (contra 17,7% em 2014).

Os dados mostram claramente os impactos do cambio no mercado doméstico, embora o desejo de viajar ao exterior permaneça no imaginário dos brasileiros. O Instituto Data Popular fez uma pesquisa que mostrou que o maior desejo não realizado em 2015  foi o de uma viagem internacional (para 65% dos pesquisados ) e mais, que 42% desejam realizar esse sonho em 2016.

Mudou o cenário, mudaram os clientes, as empresas buscam adaptar sua oferta e preços para não perder passageiros, seja para o Brasil, seja para o exterior. E os destinos internacionais, que olhavam para os brasileiros viajadores e gastadores, ainda insistem no cliente com promoções e ofertas.

Resiliência

O tema do IRRF e da união das entidades de turismo está em todas as conversas, posts e comentários dos profissionais do setor. Hoje o colega Cássio colabora ainda mais para essa reflexão, falando da importância da união e da valorização do setor em seu post Valorizando.

Cássio, em 2015, com todos os desafios do setor aéreo e da indústria de viagens e turismo, vimos a capacidade de resistência dessa atividade econômica. Vimos que o cenário cambial fez os brasileiros viajarem mais no Brasil, mas também para o exterior, mesmo com a redução de gastos. O debate em torno do IRRF não é somente para não penalizar o setor, mas para mostrar sua importância econômica e sua capacidade de movimentar a economia, manter empregos e a sanidade das empresas.

Os desafios da economia e da política em 2016 nos colocam ainda mais no rumo da unidade, seja para trabalhar as demandas do setor junto ao governo federal, seja para a elaboração e realização de estratégias conjuntas para o melhor conhecimento da atividade ou no marketing nacional e internacional. Temos procurado fazer isso entre estados e empresários no nordeste. Concordo com o Cássio, ou nos unimos ou….

Zika Visibilidade

Como era de se esperar, os Jogos Olímpicos começam a ampliar a visibilidade do Brasil no cenário global, são menos de 200 dias de contagem regressiva e de crescimento de matérias e informações sobre o país.

Importante o monitoramento, pois aparecerem cada vez mais matérias, positivas e negativas. Reflexos diferentes em diferentes países; am alguns deles como Argentina, Chile ou Portugal podemos ter mais conteúdo positivo; já em outros como Alemanha e Reino Unido, já sabemos que vem chumbo grosso.

O cenário cambial é favorável ao turismo, a visibilidade pode ajudar, mas o cenário econômico e político, e a competitividade com outros destinos podem ser desafios maiores do que imaginamos. O tema do Zika virus aparece mais nesse início de ano no noticiário e análises vindas do exterior, com alertas para mulheres grávidas e alguma desinformação sobre como o governo brasileiro vem tratando o tema. Importante acompanharmos e levar a informação a todos os visitantes, parceiros comerciais e autoridades internacionais para que o tema seja tratado com a devida atenção e ao mesmo tempo não espalhe exageros.

Turismo vai fazer lobby?

O post publicado semana passada por Artur Andrade Turismo não tem lobby traz reflexões muito importantes para a indústria de viagens e turismo do Brasil. Tratando do tema dos impostos sobre remessas ao exterior e de como as lideranças do setor estão lidando com o assunto, Artur faz comentários sobre a necessidade da indústria entender melhor o que quer, de tratar dos temas comuns ao setor de forma unificada e não fragmentada, da estratégia e de assuntos que valem a reflexão.

Dentre os temas levantados, creio que dois me chamam mais a atenção, e um que eu gostaria, de acrescentar à lista. Primeiro da necessidade de ações concretas rumo à defesa dos interesses da indústria de forma permanente e profissional. Só se consegue estar junto na hora que surge um problema pontual, ou que a conjuntura muda; existe claramente a necessidade de reunir as principais lideranças de definir uma estratégia que possa tratar os temas do setor a longo prazo, com profissionalismo e continuidade. O segundo tema que me chama a atenção é que essas estratégias busquem tratar o turismo em seu conjunto, considerando todos os segmentos e consiga estar acima dos interesses corporativos ( e legítimos ) de cada entidade. Por último, volto a um tema recorrente, que me permito acrescentar à reflexão a que me refiro, mostrar o que é o turismo para o desenvolvimento do país e sensibilizar gestores públicos e parlamentares exige dados, números, avaliações, convencimento, ou seja, lobby no sentido da defesa dos interesses do setor. O setor organizado, com estratégia e profissionalismo poderá repetir seus mantras: empregos, investimentos, divisas, capacidade de enfrentar a crise.

Desafios do nordeste

O nordeste é uma região do turismo brasileiro com grande identidade de produtos, e ao mesmo tempo, que avançou de forma substancial em nichos e características intrínsecas de cada estado que permitem ter um grande destino nacional e internacional com imensos diferenciais. Sua infraestrutura e a experiência que  proporciona aos visitantes brasileiros se aprimora e busca um diferencial.

Os atuais secretários de turismo da região, que assumiram em janeiro de 2015 começaram suas gestões com espírito de que juntos podemos fazer mais. Que os desafios das economia e as dificuldades podem ser melhor superadas quando enfrentadas conjuntamente. Ações no mercado nacional e internacional, assim como a defesa de vários temas ligados ao desenvolvimento da região pautaram a atuação dos secretários no nordeste ao longo de 2015.

Em 2016, sob a liderança dos atuais secretários, o nordeste também enfrenta o desafio de se reinventar do ponto de vista de sua atuação conjunta. Buscar uma nova estrutura que represente os desafios e posso responder aos projetos comuns da região é o maior deles. Envolver mais o setor privado, diferenciar o nordeste e colocar o melhor do talento de seu povo e daqueles que trabalham no turismo é o desejo manifestado pelo fórum de secretários que se reuniu em Recife, ontem 12 de janeiro. O turismo mudou muito e segue em passos rápidos para novas transformações, vamos colocar o pé no acelerador.

Já passou da hora

Mesmo com a carência de informações quantitativas e qualitativas que trabalhamos no turismo brasileiro, sempre vivo “catando” tendências, números, conversando com colegas e procurando observar novidades que possam nos fazer avançar para acompanhar as rápidas e instantâneas transformações por que passa o setor de viagens e turismo no Brasil e no mundo.

As tecnologias são o motor das tendências por que passa o turismo, e as vemos avançar muito em alguns setores, como na aviação civil, nos setores de reservas e nas relações que os grandes operadores de diversos serviços desenvolvem entre si nas relações BtoB no mercado.

É claro que ainda há muito a avançar nas relações dentro do mercado, e muito mais ainda nas relações ou na provocação e interação com o consumidor final e os diversos prestadores de serviços. Olhando para o mercado brasileiro, salvo raras exceções, ainda nos vejo muito atrás do que a média mundial em todos os tipos de relações BtoB e BtoC. Isso se nota no setor privado e é ainda mais grave no setor público, que tem muitas dificuldades em ter agilidade e acompanhar tendências, sem mencionar a descontinuidade de politicas públicas nas mais diversas esferas.

O Suplemento Especial que o JP soltou sobre TECNOLOGIA me fez refletir sobre muitos aspectos no uso das tecnologias a favor do turismo e da competitividade que precisamos alcançar. Me ficou o alerta: não temos soluções tecnológicas em estudo ou como prioridade em nossos planejamentos; parece que estamos nos contentando com as redes sociais (e ainda sem entende-las e usá-las de forma eficaz).

Olhar para o mundo, interagir com outros setores de mercado, inovar e transformar as relações de mercado e, sobretudo com os consumidores é imperativo, já passou da hora.

Gama ou Mór

Ontem, 21 de outubro de 2015 tive a alegria de participar da homenagem que o Skall São Paulo fez ao Luis da Gama Mor.

Mais do que a merecida homenagem e a satisfação de encontrar amigos, quero salientar a importância do reconhecimento do trabalho dos profissionais da indústria de viagens e turismo no Brasil. Além disso, de celebrar as conquistas e aprender com os desafios enfrentados no dia a dia.

Não preciso relatar a trajetória do Mór, quero destacar as qualidades dele como amigo e profissional. Ressaltar os valores que pautam sua vida e as qualidades de ser humano que o tornam um exemplo a comemorar: um brasileiro que, junto com Fernando Pinto e outros colegas desbravaram os mares no sentido inverso do descobrimento. Saíram do Brasil para cruzar o oceano e ajudar a transformar de forma inovadora e ousada o turismo em Portugal, mas, sobretudo no Brasil.

Acho que esse sobrenome Gama tem origem em coincidência histórica. Vasco da Gama veio no século XV e liderou Pedro Álvares Cabral; Luis da Gama foi, dessa vez pelo ar com outros colegas. Brincadeiras à parte, é muito legal relembrar os primeiros voos da Tap para o nordeste, o lançamento do voo de Brasília, a cobertura de todas as regiões do Brasil que nos conecta à Europa e ao resto do mundo.

Mór, parabéns pelo exemplo, obrigada por sua contribuição ao turismo brasileiro e muito sucesso nos novos desafios da Tap e da equipe liderada por Fernando Pinto. Acho que agora vou chamar o Mór de “Gama”.