Que frase você ouviu quando se encontrou com seu time depois de 2 anos ?

Me recordo quando apareceram as tecnologias de reuniões à distância. Ainda não eram como o Zoom ou o Teams de hoje. Mas íamos para uma sala que tinha projetores e estrutura de transmissão de reuniões por vídeo. Os profissionais da indústria de eventos ficaram bem preocupados. Nossa, isso vai acabar com as reuniões e eventos presenciais. Pelo contrário, esse e outros avanços tecnológicos só aumentaram e melhoraram a possibilidade de conexões, interações e a imensa força do presencial. Nada substitui a interação direta e o chamado olho-no-olho.

Lá vem pandemia e já sabemos o que ocorreu. No caso das viagens a negócios e eventos, somente no começo de 2022 vimos uma volta dessa demanda. Mais lenta e com características bem diferentes. Novamente a tecnologia trazendo mais oportunidades. Trago aqui 3 reflexões sobre viagens a negócios ou a eventos que vejo como ainda mais fortes e como oportunidades para o setor de turismo. As consequências do home office, a combinação de negócios e lazer; e o privilégio de trabalhar em empresas com oportunidades de viajar. Serão 3 posts, lá vai o primeiro.

Home office é o novo presencial

Algumas empresas acabaram como o presencial, outras estão no híbrido, e outras, já nasceram no virtual e os colaboradores estão em casa. Muitas equipe ficaram 2 anos sem se encontrar, outras, nunca tinham se abraçado. Muitos novos profissionais entraram e saíram de empresas sem nem, sequer, encontrar seus times. E pode ser que esse home office seja uma nova oportunidade para diferentes tipos de viagens a trabalho.

Imagina uma equipe que não se encontrava há 2 anos, quando ocorreu o primeiro ou a segundo encontro on-line, a ansiedade e a emoção tomaram conta das relações. Os vínculos, conhecimento sobre a vida pessoal dos colegas, sua altura, seus talentos que não aparecem diante da tela passam a ser incorporados à imagem e afeição que as equipes vão construindo quando trabalham com paixão em seus projetos. As conquistas de time passam a ter outro valor, e a empresa consegue criar laços de compromisso humano que precisam do abraço, do sorriso cara-a-cara e de novas descobertas.

Também o fato das pessoas estarem sempre em trabalho remoto faz com que as empresas criem novas formas de encontros, reuniões e atividades presenciais. As viagens a trabalho e eventos ganham novos contornos e características. Times podem se mudar temporariamente para outras cidades e países, espaços de eventos terão novas configurações e necessidades para reuniões. As empresas estão revendo seus gastos, mas também a forma e valor dos investimentos em atividades presenciais que tragam colaboração e criatividade entre times e parceiros comerciais.

Frases que ouvimos

Frases que ouvimos: “Nossa, como você é alto”!; “A Fulana faz muitos exercícios, olha como é malhada”; “Gente, o Fulano era tão tímido nas reuniões on-line, e agora no jantar da equipe conta ótimas piadas”; “A Fulana estava sempre de câmera fechada mas agora adora fazer as dancinhas do TIKTOK”. “Essas meninas do México são muito simpáticas e alegres”; “Nossa, a gente se fala tanto on-line, estou tão feliz em te encontrar pessoalmente!”.

Quais foram as frases que você ouviu quando encontrou com colegas ou parceiros de trabalho ?

Chegadas internacionais FUTURAS ao brasil

Temos acompanhado semanalmente a recuperação das chegadas internacionais aéreas ao Brasil. Segue me chamando a atenção a diferença da recuperação das chegadas da Europa em relação à América do Sul. Mesmo com um volume maior, os tradicionais países emissores de turistas ao Brasil, ou mesmo de destino dos brasileiros, seguem com retorno lento dos voos.

Os dados que a ForwardKeys disponibiliza para nossas análises demonstram que somente Portugal já retornou ao patamar de chegadas pré-crise em 2019. Com um share de 4,5% das chegadas futuras ao Brasil entre 18 de abril e 29 de maio, Portugal tem 15,6% de chegadas ao Brasil em relação ao mesmo período de 2019.

A Argentina, que já concentrou a grande maioria das chegadas de estrangeiros ao Brasil, está hoje com 21,7% das chegadas futuras entre 18 de abril e 29 de maio desse ano em relação ao níveis pré-crise. Alguns fatores que podem influenciar esse cenário são a tardia abertura das fronteiras durante a pandemia e a atual baixa oferta de voos entre os países. Os custos de operação das empresas aéreas, a entrega de aeronaves e a situação econômica de muitos países devem também impactar no cenário lento de recuperação. Dados apresentados pela ABEAR mostram que, o mercado internacional, “a demanda por voos (RPK) registrou retração de 47% em fevereiro, diante de igual período de 2019. A oferta (ASK), teve queda de 41,8% na mesma comparação. Assim, o aproveitamento das aeronaves mostrou redução de 7,1 pontos percentuais, para 72,2%. Ao todo, foram transportados 919,4 mil passageiros, um recuo de 54,3%”.

Dados recentes da IATA, mostram que no mês de fevereiro de 2022 (1) o tráfego internacional de passageiros (RPK Revenue pax.km – passageiros pagantes transportados vezes quilômetros) está -45,5% na comparação com o mesmo mês de 2019, o que mostra uma longa recuperação pela frente. Os mercados domésticos seguem sendo os grandes ativos na reconstrução do turismo mundial. É o que ocorre no Brasil, que tem 1,9% de share doméstico mundial. Segundo nota da ABEAR, “a demanda por voos domésticos em fevereiro, medida em passageiros-quilômetro transportados (RPK), registrou queda de 17% em relação ao mesmo mês de 2019. A oferta, calculada em assentos-quilômetro oferecidos (ASK), teve redução de 14,3% na mesma comparação. Com isso, a taxa média de ocupação dos aviões ficou em 79,9%, um recuo de 2,5 pontos percentuais. No total, foram transportados 5,6 milhões de passageiros, retração de 24,8%. As informações são da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)”(2).

(1) IATA

(2) ABEAR

Recuperação do turismo: o que os números dizem?

Nada como alguns números para avaliarmos se realmente os voos domésticos e internacionais estão, de fato, construindo uma recuperação das viagens e do turismo. Muitos desafios no cenário global e nacional trazem um panorama flutuante. Ora o dólar e o euro estão super altos dificultando viagens aos exterior; ora baixam um pouco e, pronto! Sobem as buscas e as compras.

Fomos buscar algumas informações com a Forwardkeys, empresa espanhola que monitora demanda passada e futura nas viagens pelo planeta, ajudando empresas e destinos a atuar com bases em dados para planejar sejas vendas e seu marketing. As buscas internacionais para passagens aéreas com destino ao Brasil entre 3 de janeiro e 27 de março de 2022 mostram maior procura de norte-americanos e europeus do que sul-americanos. Os EUA, Portugal, Espanha, Alemanha e França lideram as procuras no período.

As chegadas de sulamericanos ao Brasil entre abril e junho de 2022 estão em 36% do montante que tínhamos em 2019. Argentina, Chile e Colômbia são os principais mercados de origem dessas reservas. Se olharmos para toda a demanda internacional de voos com base em abril desse ano, estamos a 67% do nível de 2019.

Cidades brasileiras que mais se recuperaram no internacional

As chegadas internacionais no Brasil entre abril e junho de 2022 mostram quais as cidades brasileiras são mais resilientes diante da crise, ou seja, em relação às chegadas que tinham no mesmo período em 2019, mostram a recuperação acima dos 65% médios do período no Brasil. Nos próximos 3 meses, Belo Horizonte e Brasília terão superado as chegadas em relação a 2019, respectivamente 127% e 110%. Curitiba e Porto Alegre, Fortaleza e São Paulo, estarão acima de média de recuperação nacional, respectivamente com ….%, 95%, 88% e 74% em relação aos níveis de 2019.

E as viagens dos brasileiros ao exterior ?

Para os próximos três meses, as partidas dos brasileiros ao exterior em viagens aéreas estão 65% quando comparadas a 2019 no mesmo período. Viagens com destino aos Emirados Árabes estão iguais e 2019. E partidas para o México estão a 93% e para a Colômbia estão a 80% dos níveis pré crise

Feriado de 21 de abril

Viagens entre 20 a 24 de abril de 2022 se comparadas aos níveis de 2021 estão bombando! Para as viagens internacionais é registrado um aumento de 335% e dentro do Brasil de +86% segundo os dados da Forwardkeys.

Para Juan Gómez, analista sênior da Forwardkeys, “O que os últimos dados demonstram e destacam é que o desejo de viajar é forte e se traduz em reservas confirmadas em todo o Brasil. O Brasil tinha uma base sólida de turismo doméstico para começar, mas agora podemos ver o retorno dos viajantes internacionais, especialmente ao Norte do Brasil, pois as restrições de viagem são aliviadas e a conectividade de vôo é melhorada para destinos como Espanha, Portugal e EUA”.


Chegadas aéreas futuras ao brasil

Depois de 2 anos de queda nas chegadas internacionais de viajantes ao Brasil, no mês de março teremos chegadas aéreas de Portugal nos níveis de 2019. Ainda é um dados isolado, mas é um sinal de que podemos reconstruir um caminho de início de recuperação em 2022. Segundo dados recentes da Organização Mundial de Turismo, OMT e da IATA, a recuperação das viagens internacionais no mundo deve voltar ao patamar de 2019 somente em 2024.

Os dados abaixo, disponibilizados pela ForwardKeys, mostram que nas próximas 6 semanas (28 de fevereiro a 10 de abril), as chegadas aéreas internacionais ao Brasil estarão no patamar geral de -61% dos níveis de 2019. Interessante destacar que os países da América do Sul, tradicionais emissores ao Brasil como a Argentina, ainda têm patamar de recuperação inferior à Europa. Mesmo assim, o volume de chegadas da Argentina segue sendo o maior no período avaliado, seguidos pelo Chile, Portugal, Reino Unido e Alemanha. A imagem abaixo nos mostra os dados de chegadas aéreas futuras por país em relação ao mesmo período de 2019:

Turismo internacional, como tirar o Brasil do atraso ?

O tema sobre a chegada de visitantes estrangeiros ao Brasil é cercado de alguns paradigmas e também de vários fatores que ao longo da nossa história trazem o desafio de tornar nosso país um destino internacional.

Destaquei recentemente nesse post que em 2020 entramos em desvantagem na atração de estrangeiros porque no ano anterior. enquanto a média mundial de chegadas internacionais foi de +3.6%. o Brasil teve uma queda de 4.1%. Com todo o impacto da pandemia na restrição das viagens e, ainda, a maneira como o nosso país lidou com o tema sanitário e das vacinas, terão impacto de longo prazo em nosso cenário. Regredimos pelo menos 26 anos no número de estrangeiros que recebemos; assim como nas receitas desses visitantes.

Outro dado relevante, já que o ideal é olhar um determinado período de tempo quando avaliamos o desempenho de um destino turístico, é o fato de que entre 2000 e 2019 a média de crescimento das chegadas internacionais globais foi de +117%, enquanto o Brasil cresceu somente 20% no mesmo período (OMT, 2020). 

A pergunta que todos nós nos fazemos é: afinal como ter um trabalho de promoção do Brasil no cenário Internacional de forma a construir uma imagem que reflete o estilo de vida do brasileiro e proporciona aos visitantes uma experiência sensacional? Destaco aqui alguns pontos, podem até parecer simples mas são objetivos e óbvios:

O que fazer então?

  1. elaborar de forma participativa uma estratégia de inserção do Brasil na atração de estrangeiros com base em estudos dados e um posicionamento de longo prazo;
  2. inovar nas estratégias de marketing, deixando de conversar somente com os intermediários é determinar uma estratégia interativa com os visitantes potenciais nos principais mercados conectados ao Brasil;
  3. unificar o trabalho Internacional nas diversas esferas governamentais e privadas para somar esforços;
  4. aproveitar todas as tecnologias e ferramentas de comunicação e marketing digital disponíveis no mercado para mostrar as experiências culturais e naturais do Brasil, com destaque para o estilo de vida nacional e a brasilidade;
  5. estabelecer políticas públicas que tenham equipes técnicas via orçamento, e cooperação privada para que além de uma estratégia exista uma continuidade e uma permanente inovação na forma como podemos mostrar nosso país para o mundo.

Na sua opinião como podemos reverter esse quadro ? O que devemos fazer?

Inteligência no turismo, como é isso?

Ainda sobre o tema da digitalização do turismo, especialmente sobre o uso de dados para marketing e inteligência comercial, tive um bate-papo super esclarecedor com Jucelha Carvalho, CEO da Smart Tour.

o que é inteligência competitiva e inteligência de mercado?

Inteligência competitiva ou de mercado, são conceitos com muitas similaridades, e são diferenciados por dois aspectos principais, o foco da análise e a estratégia desejada.  A inteligência competitiva tem como objetivo avaliar de forma mais precisa a concorrência e fazer planejamento a longo prazo de forma a entender o cenário em que o turismo está inserido. Já a inteligência de mercado busca entender mais a fundo o comportamento dos consumidores em relação aos produtos e serviços turísticos. Podemos afirmar que os dois focos são importantes para a atividade turística, podem ser usados conjuntamente ou ainda com mais ênfase em um ou outro a depender dos objetivos de um destino ou de uma empresa específica.

A competitividade na atividade turística é tão forte atualmente que as organizações e empresas de ponta do setor investem cada vez mais em métodos e tecnologias que possam monitorar, entender e subsidiar esse ambiente disputado.  Os métodos e técnicas empregados utilizam a tecnologia para organizar e processar um conjunto de dados e informações que permitem fazer análises que propiciam às organizações desenvolverem uma escuta ativa e preventiva no ambiente de negócios.

O que isso muda em nosso negócio?

As grandes transformações do turismo mundial foram aceleradas a partir de 2020 com o advento da pandemia do novo Coronavírus, aumentando ainda mais as grandes mudanças que já vinham ocorrendo no comportamento dos consumidores e em seus hábitos de viagens. Pessoas ao redor do mundo ficaram mais tempo navegando nas redes sociais, aprendendo sobre novas tecnologias de comunicação online, e o comércio eletrônico vivenciou uma grande expansão para atender às necessidades das pessoas que se encontravam isoladas.  Este comportamento segue como uma tendência e uma realidade no consumo de viagens e turismo.

Todo esse cenário fez com que muitas transformações ocorressem na demanda turística global, tornando ainda mais difícil a projeção de cenários e trazendo cada vez mais a dependência de dados atualizados, informações em tempo real e estudos de demanda futura para o planejamento e a tomada de decisões dos destinos e das empresas ligadas à indústria. O uso da inteligência de mercado e da inteligência competitiva, é uma premissa para o sucesso dos destinos turísticos em todo o mundo.

Você pode ouvir mais sobre esse tema no podcast HUB TURISMO. Depois comenta aqui com a gente.

Aqui nesse post também falamos sobre esse tema, confere também.

Semelhanças entre 2021 e 2022

Desde que passamos a pensar como seria a recuperação do turismo esteve presente a reflexão de que enfrentaríamos períodos de altos e baixos. E os dados e análises de cenários vêm mostrando um caminho desafiador desde julho de 2020 quando esse debate começou de forma mais intensa. Falamos disso nesse post aqui.

Depois de vivermos 2020 como o pior da história do turismo desde os anos 90, com uma queda de 73% nas chegadas internacionais e de -63% nas receitas; 2021 também se revelou desafiador. Esses dados da OMT ainda mostram -72% (queda) nas chegadas internacionais em relação a 2019; e somente +4% em relação a 2020. Em fevereiro de 2021 a curva de chegadas parecia decolar de forma lenta, e em agosto já veio a queda apressada, conforme imagem abaixo. A curva de abril a novembro segue uma tendência nos 3 anos, com grandes diferenças nos quatro primeiros meses do ano.

Fonte: Barômetro da OMT, janeiro 2022.

Destaques de 2021:

O “bom” desempenho da Europa, Americas e do Caribe (com a melhor performance) são as evidências do ano passado. A recuperação da indústria internacionalmente foi fraca, e a confiança nas viagens vai melhorando na medida em que avança a vacinação. A facilitação nas fronteiras segue a vacinação e as testagens, o que vai trazendo condições de recuperação gradual. As viagens domésticas acabam tendo força no mundo inteiro, e as de curta distância prevalecem na Ásia Pacífico. A Ômicron já assume protagonismo pelo mundo.

Em 2021 a OMT registra um aumento nos gastos em viagens internacionais e permanências mais longas. O trabalho remoto vem se consolidando, o que facilita estar em qualquer lugar para aqueles profissionais que não precisam de presença. Não vejo essa tendência no Brasil com clareza.

DESAFIOS 2022:

Viver na gangorra parece ainda ser uma realidade desse ano, apesar de que as quedas parecem mais “previsíveis” depois do que vivemos em 2020 e 2021. Dados atualizados, acompanhamento diário de vendas e adaptabilidade ainda são as palavras que me parecem precisar de ênfase em nossos negócios. O contínuo crescimento das tecnologias sem toque, o comércio eletrônico e a certificação de COVID são as ferramentas mais eficientes no dia-a-dia de nosso trabalho no início de 2022. As projeções do Painel de Especialistas da OMT esse ano mostram mais otimismo com a recuperação da Europa e das Américas. O turismo internacional, na opinião da maioria dos especialistas, deve retomar aos níveis pré-pandemia em 2024; projeção também de associações globais de turismo.

Tendências

Segue o doméstico como rei, viagens mais próximas de casa. As tendências seguem com atividades de natureza, atividades ao ar livre e reservas mais próximas da data das viagens. Também experiências autênticas, responsabilidade ambiental e social seguem como preocupações e critérios de avaliação dos viajantes. De olho. O que você tem notado desde seu dia-a-dia?

3 pontos de atenção no marketing digital do turismo

Sim claro, sabemos da importância da presença dos produtos e serviços turísticos nas estratégias de marketing digital. Quem não quer conversar com pessoas em qualquer lugar do mundo? Aumentar a visibilidade? Melhorar a experiência do cliente? Unificar a promoção pública e privada de forma cooperada?

Algumas experiências recentes no mercado brasileiro, no entanto, mostram muitas dificuldades e desafios para que os caminhos da digitalização e uso de tecnologias nas pequenas e médias empresas e nos destinos turísticos do Brasil tenham competitividade. Ainda que existam exceções. Vamos falar de 3 pontos de atenção.

  1. ESTRATÉGIA: As empresas de pequeno porte e os destinos ainda trabalham sem um plano de negócios, sem uma estratégia definida de onde querem chegar. No caso dos destinos, até podem ter Planos de Marketing, mas que não se transformaram numa metodologia de trabalho incorporada na equipe; que sofrem mudanças sem critérios junto com as mudanças de gestão. Não ter uma estratégia é andar sem destino e sequer saber se a estrada está boa, se vai conseguir se sobrepor aos obstáculos, se terá água e comida pelo meio do caminho. Diante desse cenário, fica difícil entender o poder de transformação das tecnologias e a mudança que estas trazem em termos de equipes, ferramentas, prioridades de investimentos, etc.
  2. EQUIPES: Nas pequenas empresas, normalmente é o proprietário que cuida da gestão e do marketing. Nos órgãos públicos, pode existir a dependência das secretarias de comunicação (mais focadas na gestão pública interna) e ainda a falta de profissionais com capacitações voltadas às habilidades digitais mais básicas. O nível de conhecimento por parte das lideranças sobre tecnologias e seus benefícios pode ser insuficiente para avaliar os resultados dos investimentos em tecnologias e da digitalização do marketing. Falta ainda capacitação para habilidades básicas e apoio de treinamentos adequados.
  3. INVESTIMENTOS: Me refiro à ter no orçamento da pequena empresa ou do destino recursos direcionados aos investimentos em tecnologia e à capacitação permanente de equipe. Todas as dificuldades recentes desde 2020 com as grandes perdas financeiras e até fechamento de pequenos negócios torna esse desafio ainda maior. Os programas e movimentos voltadas à startups ou inovação no turismo ainda são restritos, e carecemos de maior divulgação e acesso a ferramentas já testadas, com custos acessíveis. Precisamos de financiamentos e grande investimento na digitalização e inserção de tecnologias no turismo nacional.

Como está esse cenário em sua empresa? Em seu destino? Você também pode acessar esse tema no podcast HUB TURISMO, abordamos outros aspectos. Acesse aqui.

Hora de trocar o V do turismo

11 janeiro de 2022

Há muito insistimos no fato de que não podemos medir os resultados de um destino turístico pelo número de turistas que ele recebe, pelo Volume. Não adianta, mesmo sabendo (antes da pandemia) que alguns lugares do mundo estão impossíveis de serem visitados, lideranças e formadores de opinião, e também a imprensa, fazem comparações absurdas sobre quantos turistas tal lugar recebe a mais do que o Brasil (e claro que podemos receber mais turistas, mas como?)

Com todos os temas relacionados ao distanciamento social, depois de 2020 fala-se muito dos lugares isolados, do ecoturismo e das tendências de busca de lugares mais calmos e com menos multidão. Como evitar o overtourism? Mas não é sobre isso que quero falar.

A reflexão hoje tem a ver não somente com as tendências do turismo no período pós pandemia, e sim com a definitiva troca do “V” na atividade turística. O cenário de viagens em massa vai sendo substituído por experiências personalizadas e por um cuidado especial com as comunidades locais, o respeito à cultura e a autenticidade e ao meio ambiente. 

O VOLUME já foi SUBSTITUÍDO PELO VALOR

Isso significa que desde o ponto de vista do visitante até o protagonismo do destino os objetivos mudam. Viajantes querem experiências únicas, personalizadas, não querem uma “vida de turista”, e sim viver como um local aonde o autêntico é mais importante e o respeito à cultura local e ao meio ambiente são premissas para decidir sua viagem, e depois, recomendar ou não aquele destino. Já os lugares, cada vez mais usam a economia criativa, a originalidade e os interesses dos moradores como motivo para apoiar e incentivar o turismo. Não vale mais usar os ativos naturais sem preservá-los de forma a garantir que existam no futuro; não interessa o visitante que não respeita os locais e não interage de forma harmoniosa e colaborativa.

Quais são os valores do turismo para seus hóspedes? Como combinar interesses de forma a tornar o turismo cada vez mais relevante para os lugares e tornar a experiência dos visitantes em memórias sensacionais ? Esse é o grande desafio do turismo no mundo e no Brasil.