Gastos aqui e lá fora

Os dados divulgados pelo Banco Central sobre receitas e despesas do turismo no Brasil mostram comportamentos diferentes na série histórica por causa da realização da Copa do Mundo FIFA.
Os gastos dos brasileiros no exterior foram negativos no primeiro trimestre do ano, mas com forte recuperação no mês de abril (+11%). A média anual de janeiro a maio está praticamente zero (+0.8%).
Os gastos dos estrangeiros no Brasil também são bastante negativos no período de janeiro a abril, com uma pequena recuperação em maio (+1,81%). Mas o BC indicou grande crescimento em junho na prévia apresentada, mas a média no ano ainda está negativa (-6%).
As perspectivas são de aumento ainda dos gastos dos estrangeiros no Brasil nos meses de junho e julho, efeito direto da Copa. Provavelmente o inverso será verdadeiro, ou seja, nesses meses o gasto dos brasileiros no exterior deve cair. O ponto de atenção será o segundo semestre, até agora sem indicações de que o efeito Copa irá se prolongar.
Os brasileiros já mostram sinais de que irão viajar bastante após a Copa, segundo estudo da FowardKeys/ Pires&Associados.

Eventos esportivos trazem mais turistas?

Além de estar acompanhando a realização do Mundial da FIFA aqui no Brasil, e das experiências na Alemanha e na África do Sul, tenho lido e estudado muito sobre os impactos desse evento no turismo dos países sede. Estou trabalhando na minha tese de mestrado em turismo exatamente sobre o aumento do número de turistas no Brasil em 2014.

Compartilho algumas considerações do estudo realizado por Fourie & Santana-Gallego chamado “The impact of mega-events on tourist arrivals”. Os autores aplicaram uma metodologia para entender os resultados de diversos eventos esportivos mundiais sobre as chegadas de turistas, e as principais conclusões são:

1. A hipótese de que os mega-eventos esportivos aumentam o número de turistas não pode ser rejeitada, depende da realidade do país e de alguns fatores

2. Em média, os eventos esportivos aumentam as chegadas em torno de 8%, durante o ano de sua realização (não somente no período do evento)

3. Os eventos que trazem maior impacto positivo ao turismo são as Olimpíadas de Verão e a Copa do Mundo FIFA, secundariamente o Mundial de Cricket e o Lions Tour

4. O número total de visitas a um país que recebe as Olimpíadas de Verão e a Copa do Mundo FIFA tende a ser maior quando os eventos são realizados em períodos de baixa estação. Quando estes acontecem na alta estação a tendência é diminuir as chegadas

5. Os impactos antes da realização do evento são significativos, o que pode explicar os resultados ruins das previsões pós eventos

O estudo realizado pela FowardKeys em parceria com a Pires e Associados mostra que até dia 10 de junho, as reservas para chegadas internacionais no Brasil aumentaram 1,6 vezes para os meses de junho e julho; e 2,4 vezes no períodos do Mundial (6 de junho a 13 de julho). Para saber mais entre aqui.

Estrangeiros na Copa

Estamos no início da Copa do Mundo FIFA e o estudo realizado pela Pires & Associados em parceria com a FowardKeys na Espanha traz dados sobre as reservas aéreas dos estrangeiros para o mundial. Os dados são coincidentes com o volume de ingressos vendidos pela FIFA, e ainda verão mudar com as futuras definições de chaves de jogos.

Por enquanto temos os seguintes resultados:

Destaques:

  • As reservas internacionais aumentaram 2,2 vezes durante a Copa do Mundo de 2014 – total de 392.225;
  • As reservas internacionais para chegadas ao Brasil entre junho e julho aumentaram 1,8 vezes – total de 478.456 .

Principais mercados emissores:

EUA:     81.339 (reservas); 22% (participação); 2,2 (crescimennto)

ARGENTINA:   29.446 (reservas); 8% (participação); 2,3 (crescimento)

CHILE:   19.445 (reservas); 5% (participação); 4,5 (crescimento)

 

Saídas do Brasil – junho-julho 2014:

As saídas do Brasil para junho e julho tiveram uma queda de 9% quando comparadas com o mesmo período de 2013. Na primeira etapa da Copa do Mundo haverá um aumento de partidas do Brasil, enquanto na segunda etapa as saídas ficarão abaixo das registradas em 2013 (-28%) (1). A tendencia é a retomada das viagens internacionais depois do mundial.

Principais destinos dos brasileiros no período:

  • Os Estados Unidos têm a queda mais significativa.
  • Apenas a Argentina e o Chile aumentaram as reservas para chegadas de brasileiros durante junho-julho de 2014.
  • Os EUA, o principal destino, quase duplica a queda média de visitantes do Brasil, enquanto a Espanha é único destino europeu abaixo da média.

Para acessar este e os demais estudos clique aqui: http://pireseassociados.com.br/2014/05/estudo-inedito-revela-o-impacto-da-copa-do-mundo-de-2014-no-turismo-brasileiro/

 

Antes, durante… depois

Volto a comentar uma parte da conversa que aconteceu hoje no Seminário de Turismo da CNC/ O Globo.

Todo evento tem esse “divisor” de águas: antes, durante e depois.

Resumindo, entendo que PARA O SETOR DE TURISMO NO CENÁRIO INTERNACIONAL:

O ANTES, já passou, e acho que o Brasil não conseguiu um posicionamento global para o país, aproveitando as oportunidades de visibilidade que teremos com a Copa. Não temos uma estratégia de comunicação única do país, com uma mensagem que diga ao mundo o que é o Brasil, nossas qualidades ou o que queremos que o mundo saiba sobre nós.

O DURANTE está chegando. E será a opinião dos estrangeiros que virão nos visitar, dos jornalistas e a multiplicação de fotos, vídeos e opiniões sobre o Brasil que poderão levar novas informações sobre nossa riqueza natural e cultural, assim como dos desafios ou problemas que ainda estamos enfrentando. Quando nos conhecem mais aparecem os aspectos bons e os ruins. Espero que o WIFI dos estádios, recepção de hotéis, restaurantes e pontos turísticos funcionem para que as pessoas possam compartilhar suas experiências.

O DEPOIS, tão importante quanto os anteriores, é o momento de reforçar a promoção do país, preparar o ANTES ( quase JÁ) dos Jogos Rio 2016 e tratar de estabelecer uma estratégia de mensagens que desejamos passar ao mundo. Revisar e inovar o Plano Aquarela 2020 para dinamizar e estabelecer novos rumos à promoção internacional do Brasil. Os grandes eventos esportivos não são o fim, mas um passo para avançar no conhecimento do destino.

Sim, e sobre o complexo de vira-lata, favor não confundir os problemas do Brasil, as obras que não estão prontas, as eleições, pois não estou falando disso (apesar de ser este um importantíssimo debate). Estou dizendo que acredito na alma brasileira, no povo brasileiro e em sua capacidade de receber os visitantes. E que problemas e coisas erradas também acontecem em outros países, não é só conosco “porque aqui é o Brasil”.

Lavar roupa suja em casa

Isso mesmo, é em casa que se lava a roupa suja e não na frente das visitas.
Vai ter Copa, fato. Uns discordam, outras falam sem saber e todos devem opinar, protestar, reivindicar, mas vamos fazer isso entre nós.
A oportunidade que o turismo brasileiro tem e terá nos próximos dias, de receber mais de 500 mil estrangeiros, de ser visto por bilhões de espectadores é, junto com os Jogos Olímpicos, a única no século. Da mesma forma, muitas das obras que foram ou estão sendo realizadas são necessárias para o desenvolvimento de nosso país, não foram feitas para a Copa somente.

Vivemos numa democracia, precisamos de mais seriedade, queremos governantes éticos e todos têm o direito de protestar (pacificamente) sobre qualquer tema, afinal vivemos numa democracia.
Mas enquanto os holofotes do mundo estão sobre nós, vamos ser genuínos, colocar o melhor de nós, de nossa hospitalidade, de nossa cultura, de nossas belezas naturais e de nosso povo para receber o mundo.
A Copa não volta tão cedo, e nós, brasileiros, continuaremos a construir a democracia em nosso país por muitos anos.

Comercialização híbrida

Há algum tempo, vinha me chamando a atenção o desafio da hotelaria em lidar com seus diferentes tipos de clientes ao recebê-los simultaneamente. Um cliente corporativo ou que participa de um evento no hotel tem hábitos, demandas e necessidades muito diferentes do clientes a lazer. Lidar com estes diferentes tipos de clientes continua a ser um desafio na busca de minimizar a sazonalidade e servir bem àqueles que depois vão recomendar ou criticar o hotel e seus serviços. Da mesma forma, adequar a mão de obra e oferecer determinados tipos de serviços, ou ainda aproveitar melhor os finais de semana são desafios complexos.

Pois agora a diferenciação dos clientes passa a atuar já na comercialização, chamada híbrida.O fraco desempenho de alguns mercados e a necessidade de se reinventar fez com que o Grupo Meliá adotasse novas formas de atrair clientes com diferentes necessidades e ao mesmo tempo otimizando a ocupação e utilização de seus serviços. Segundo Vini Hinojosa em matéria publicada na edição espanhola do Hosteltur as principais ações que o grupo está desenvolvendo são:

– rede comercial própria ou de terceiros de forma a oferecer produtos para todos os segmentos de mercado

– liderança e experiência no setor de lazer

– capacidade de gerar fluxos emissivos e receptivos

– ampla disponibilidade de produtos, e

– grande conhecimento do perfil de seus clientes

O modelo já testado em algumas cidades espanholas será ampliado pelo Meliá e também será utilizado nos mercados europeus mais importantes e em outros mercados, como no Brasil. O modelo é mais adequado para hotéis em centros urbanos já consolidados (Fonte: Hosteltur, 12/05/14).

Receita e Despesa caem

Nos três primeiros meses de 2014 a receita e a despesa do turismo internacional do Brasil mostram quedas de -7,8% e -2,8 respectivamente. Despesa ainda é muito maior do que a receita.

Veja os dados divulgados pelo Ministério do Turismo de janeiro a março de 2014:

RECEITA total: 1.770 milhões de US$, queda de -7,8% em relação ao mesmo período de 2013

DESPESA total: 5,873 milhões de US$, queda de -2,8 % em relação ao mesmo período de 2013.

A Copa do Mundo FIFA deve interferir nos períodos de férias e, portanto, de viagens internacionais do brasileiros, assim como dos estrangeiros ao Brasil. Cabe salientar que o estudo realizado em parceria com a ForwardKeys e a Pires & Associados indica que os brasileiros irão viajar mais até o final da primeira etapa do mundial, ou seja, até 26 de junho, e depois tendem a ficar no Brasil entre  28 de junho e 14 de julho, quando o evento acaba. No mês de agosto a tendência também é de aumento das viagens em mais de 30% em relação a 2013.

No caso dos estrangeiros, nos meses de junho e julho, cresce 2,5 vezes o número de turistas no Brasil, e no período entre 6 de junho e 14 de julho cresce 4,5 vezes mais o número de estrangeiros para o mundial da FIFA.

Para saber mais sobre o estudo sobre a vinda dos estrangeiros para a Copa clique aqui: http://pireseassociados.com.br/2014/03/estudo-inedito-revela-o-impacto-da-copa-do-mundo-de-2014-no-turismo-brasileiro/

 

Fazendo negócios

Durante oito anos, quando trabalhei na EMBRATUR, tive a oportunidade de ver todos e muitos tipos de feiras e eventos de turismo em diversos países. Acompanhei mudanças e até desaparecimento de feiras do setor.

Minha pergunta é: os eventos de compra e venda, lançamento de produtos e relacionamentos comerciais do turismo brasileiro estão inovando e abrindo espaço para uma nova forma de fazer negócios ? Estas mudanças acompanham as grandes alterações do mercado de viagens e turismo no mundo ? Os destinos nacionais e fornecedores estão adaptando-se ao formato de agendas pré definidas e o atendimento a demandas de compradores ?

Essa reflexão vem junto com a segunda edição da WTM Latin America em 2014. A consolidação do evento, uma combinação da experiência da WTM de Londres/ Reed Travel/ equipe brasileira da WTM Latin America; e a representatividade e força da Braztoa.

Ouvi muitos comentários ontem, no primeiro dia do evento. Grande parte deles positivos. Outros falaram sobre a necessidade de ter mais agentes de viagens, o que deve acontecer hoje. Já alguns me disseram, nossa parece que estou numa feira no exterior.  Vale uma análise construtiva para o setor, para todos os eventos de turismo do Brasil, rumo a um maior profissionalismo, planejamento, foco em negócios, em vendas, em relacionamento de qualidade. Todos ganham com o fortalecimento e inovações dos eventos.

Creio que, na WTM Latin America 2014, a presença de mais de 60 países, 1.200 expositores, 1.000 agentes de viagens, 130 buyers, uma série de eventos satélites durante a feira, trazem não somente o mundo para o Brasil e levam o Brasil para o mundo. Mostram que esse é um negócio que está crescendo, e precisamos cada vez mais nos preparar para resultados para nossas empresas e destinos, para o turismo do Brasil e da América Latina.

Sinônimo de negócios: dicas para participar da WTM Latin America 2014

Essa é a definição da segunda edição da WTM Latin America 2014 que começa amanhã, 23 de Abril e segue até dia 25 no Expocenter Transamérica: Negócios

Inscreva-se até hoje sem custos pois amanhã no local do evento a inscrição é paga: http://www.wtmlatinamerica.com/pt-br/Visitar/Inscreva-Se/

Minhas dicas para quem vai participar do evento começa pelo aplicativo de celular: baixe normalmente o aplicativo WTM Latin America 2014 e você poderá organizar sua agenda para o evento por meio de funções super práticas: toda a agenda de eventos e seminários, lista completa de expositores, planta da feira, nome e perfil dos palestrantes, o que está saindo nas redes sociais sobre a feira e muitas outras novidades.

APP WTM

Outras informações e dicas:

– a WTM Latin America tem mais de 1.000 expositores entre órgãos de turismo, companhias aéreas, grupos hoteleiros, Operadores de Turismo, tecnologia de viagens, dentre outros

– São cerca de 150 buyers de diversos países interessados em vender e comprar Brasil e América do Sul

– a programação de eventos e seminários está super diversificada e interessante, uma oportunidade para aprender e trocas experiências com pessoas de diversos lugares do mundo: http://www.wtmlatinamerica.com/pt-br/Programacao/Atividades/

– oportunidade de relacionamento e integração com profissionais do setor de turismo da América Latina e outros país

– competitividade para sua empresa ou destino

– novos e promissores negócios.

Nos vemos na WTM Latin America 2014

Vamos ressuscitar a liderança ?

Estou lendo um livro que se chama A liderança está morta (Jeremie Kubicek). Adoro livros sobre o tema, e este me chamou a atenção por causa do título. Liguei isso ao evento que ocorreu na abertura do Fórum Panrotas 2014 quando as entidades entregaram ao Ministro Vinicius Lages um documento com suas demandas e dados que mostram a importância da indústria de viagens e turismo para o Brasil.

Meu debate é em torno da pergunta: que lideranças queremos no turismo? Nas entidades e organizações do setor privado ?

As grandes transformações por que passa o setor de turismo em nosso país e no planeta exigem que as entidades também mudem, se renovem. E para isso acontecer precisamos de líderes. Homens e mulheres, jovens, não de idade, mas de idéias, de espírito aberto para representar seus segmentos de mercado e não somente para se dizer que é Presidente da A…

Precisamos de líderes empresariais que conheçam e exerçam os compromissos de sua categoria, que liderem com a razão e com o coração, que estejam acima das vaidades e apresentem resultados. Líderes que renovem suas associações, que permitem que outras lideranças assumam sua entidade. Precisamos urgente de líderes que exerçam INFLUÊNCIA, baseada em dados, números, estudos, demandas organizadas. Líderes que pensam e agem com visão global do turismo, além de suas demandas específicas.

Precisamos de líderes que aceitem a diversidade, todas as diversidades, inclusive de opinião. Líderes de uma indústria que gera empregos, traz empregos e investimentos e que precisa se colocar como importante fator de desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Nós somos esses líderes ?