No Voucher, No Boarding: É Hora de Repensar as Práticas?

A 123 Milhas anunciou a suspensão de sua linha promocional de pacotes e passagens aéreas. A medida afeta diretamente os consumidores que optaram por viagens da linha “Promo”, com datas flexíveis e embarques previstos entre setembro e dezembro de 2023. A empresa justificou a ação citando “circunstâncias de mercado adversas”. Este acontecimento levanta questões importantes para todos os que trabalham no setor. 

Destaco minha torcida para que a 123 consiga resolver a demanda de todos os seus clientes. Mas não tenho receio de enfrentar o debate sobre os altíssimos riscos assumidos e suas consequências para nosso mercado.

Riscos para o viajante

Ao optar por qualquer compra sem a entrega imediata de vouchers, o consumidor está comprando um produto que não existe. Não há garantia de que a viagem ocorrerá conforme planejado, especialmente se a empresa enfrentar desafios financeiros ou operacionais. Isso está claro para o cliente na hora dessa aventura? Pelas manifestações que estamos vendo parece que não.

Sabemos que não é possível comprar passagens ou hospedagens até 11 ou 12 meses adiante. Muito pelo contrário, depois de um período complexo de pandemia e de grande esforço para reconstruir o setor, os cenários estão muito nebulosos. Qualquer turbulência é péssima para a credibilidade e reconstrução.

Riscos para TODAS as empresas de viagens e turismo

Quando o cenário ainda está instável e ocorrem casos como esse da 123 e o da HURB, todo o setor enfrenta uma crise de reputação geral. Isso pode resultar em cancelamentos, reagendamentos ou até mesmo na perda total do investimento feito pelo consumidor.

A suspensão de serviços ou alterações significativas em pacotes e passagens podem prejudicar gravemente a reputação de empresas similares no mercado, tornando mais difícil atrair novos clientes no futuro. Imagina se um grande número de clientes passar a exigir reembolsos simultaneamente.

Vale destacar a matéria da Panrotas que mostra recente estudo feito pela APEX com a Futura Inteligência.

Quais empresas de Turismo são mais lembradas pelo consumidor?

De acordo com o levantamento, as marcas mais lembradas pelos entrevistados são a CVC (52%), seguida da Gol (8,2%), 123 Milhas (6,0%), Latam (3,5%) e Decolar(3,4%). Essa pesquisa também mostra que as pessoas que compram por agências o fazem com 6 meses de antecedência. Das pessoas entrevistadas que viajaram nos últimos 12 meses, 24,9% afirmam ter comprado a viagem por meio de agências (físicas ou on-line). Será que vão continuar comprando ? Que outros riscos você identifica?

O hotel de 2030

Em 2030, os melhores hotéis oferecerão experiências altamente personalizadas para os hóspedes, opções de viagem sustentáveis e oportunidades atraentes para os funcionários

Como os operadores de hotéis usarão novas tecnologias, responderão às necessidades e preferências em constante mudança dos viajantes e se tornarão mais sustentáveis? Cinco líderes da prática de Viagem, Logística e Infraestrutura da McKinsey (Margaux Constantin, Vik Krishnan, Matteo Pacca, Steve Saxon e Caroline Tufft) imaginam como poderá ser a experiência hoteleira na década de 2030.  

 E eu trago os insights aqui para você para você. Já implementou algo assim em seu hotel?

Conveniência e personalização

No futuro, os hotéis eliminarão todos os pontos problemáticos para os hóspedes. Não haverá mais filas de check-in e os hóspedes terão opções mais flexíveis para o horário de entrada. Ao chegar, o hotel automaticamente reconhecerá o hóspede e atribuirá um quarto através do telefone, eliminando a necessidade de passar pela recepção. A personalização será intensificada, desde a iluminação do quarto até as instalações no banheiro, tudo baseado em dados e preferências do hóspede. Além disso, os hotéis deverão oferecer tradução automática em seus aplicativos para atender a uma gama diversificada de viajantes.

O que os viajantes do futuro vão querer? Ou já querem? 

Os hotéis do futuro focarão em oferecer experiências únicas e não replicáveis. A geração mais jovem busca autenticidade e quer que seus hotéis reflitam o ambiente e local em que estão situados, evitando a sensação de uniformidade. Haverá um aumento na oferta de experiências de bem-estar, desde spas até a evolução dos cardápios e uso da tecnologia nos quartos. A realidade virtual e outras tecnologias permitirão que os hóspedes testem seus quartos de maneira imersiva antes da chegada, e os quartos terão automação para se adaptar a diferentes necessidades ao longo do dia.

O imperativo da sustentabilidade

A sustentabilidade será uma prioridade crescente nos hotéis do futuro. Os hóspedes buscarão garantias de que estão em locais que respeitam o meio ambiente e serão mais exigentes quanto a práticas sustentáveis. Isso abrange desde os materiais de construção até a forma como a comida é servida. Além disso, os quartos terão tecnologia avançada para monitorar e otimizar o consumo de energia, especialmente em sistemas de climatização, que são os maiores consumidores de energia em hotéis.

O talento importará na prática

O hotel do futuro será um empregador responsável, reconhecendo a importância de oferecer oportunidades diversificadas e flexíveis para seus funcionários. A nova geração de empregados desejará explorar diferentes funções dentro do hotel, desde ser concierge até gerenciar as redes sociais do estabelecimento. A chave para o sucesso será atrair e reter talentos que estejam felizes, relaxados, bem pagos e bem treinados, pois são eles que entregarão as melhores experiências aos hóspedes.

TURISMO: PARAMOS E JÁ VOLTAMOS TOTAL?

O turismo é uma das mais significativas atividades econômicas para o Brasil, mas como em outras partes do mundo, o país tem tido um longo processo de recuperação para atingir os volumes pré pandemia. Um dos principais fatores que impactam a recuperação do turismo no Brasil é a capacidade aérea limitada.

Falei mais sobre o retorno global do turismo nesse post.

A falta de oferta de assentos aéreos nacionais e internacionais é um dos grandes desafios para o turismo brasileiro. A oferta limitada de voos internacionais e o preço das viagens dentro do Brasil são fatores que podem desencorajar os turistas estrangeiros a nos visitar. Além de restringir o acesso dos próprios brasileiros as viagens dentro do seu país.

Hoje recebi uma boa notícia da ForwardKeys, empresa espanhola que monitora a oferta aérea global. Os últimos dados de capacidade aérea da empresa mostram uma melhoria acentuada tanto para a capacidade de assentos internacionais quanto domésticos no Brasil no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. O Brasil é, atrás apenas do Chile, o destino latino-americano que mostra o maior aumento na capacidade de assentos de voos internacionais no terceiro trimestre de 2023: um surpreendente aumento de 25%. 

Por outro lado, os assentos domésticos também devem aumentar cerca de 13%. A malha aérea doméstica do terceiro trimestre de 2023 (meses de julho, agosto e setembro) segue um ritmo de expansão, com 14% mais voos do que no ano de 2022, segundo a ABEAR Associação Brasileira das Empresas Aéreas. A entidade afirma que o índice mostra uma superação total do período pré-crise.

O QUE É NECESSÁRIO?

“Para mitigar o impacto da capacidade aérea limitada na recuperação do turismo, os destinos brasileiros precisam trabalhar com as companhias aéreas e investir em estratégias para expandir a conectividade aérea. Isso pode incluir atrair novas companhias aéreas, negociar com as transportadoras existentes para mais voos e melhorar a infraestrutura aeroportuária. Além disso, campanhas de marketing direcionadas e incentivos para companhias aéreas e turistas podem ajudar a promover o Brasil como um destino desejável, apesar de quaisquer desafios iniciais com a capacidade de viagem aérea”, aconselha A. Gómez García, Chefe de Market Intelligence da ForwardKeys.

A maioria dos destinos turísticos brasileiros, junto com as empresas aéreas tem feito esse esforço recomendado por Gómez: expandir a conectividade aérea brasileira. Na nossa opinião o que ainda falta para estimular o turismo doméstico brasileiro é o esforça de marketing para que os brasileiros viajem dentro do Brasil. Não necessariamente pela via aérea. 

O caminho para a recuperação plena da indústria turística brasileira passa, inequivocamente, pela expansão da capacidade aérea e por campanhas de marketing direcionadas. No entanto, é imprescindível um esforço coordenado entre o governo e o setor privado para estimular o turismo interno, promovendo a riqueza de experiências que o Brasil tem a oferecer, independente do meio de transporte. Um esforço continuado, permanente.

O futuro do turismo no Brasil depende da implementação de estratégias efetivas que ajudem a superar esses desafios e a mostrar para o mundo, e para os brasileiros, o quanto o nosso país tem a oferecer. O potencial é imenso, e com estratégias adequadas e continuadas, será possível alcançar uma recuperação sustentável e duradoura na indústria do turismo.

Conselhão: Turismo e Sustentabilidade Juntos

Como conselheira que representa o turismo no Conselho de Desenvolvimento Social Sustentável (CDESS), tenho o prazer de compartilhar que estamos defendendo a aprovação do chamado Pacote de Transição Ecológica, também conhecido como Pacote Verde. Esta iniciativa tem como objetivo principal promover a transição para uma economia de baixo carbono, protegendo a biodiversidade e promovendo a justiça social.

Hoje fizemos a instalação da Comissão Temática de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do CDESS. Este grupo tem como principal objetivo apoiar a formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento econômico social sustentável, servindo como um espaço de diálogo entre o governo e a sociedade. E o turismo foi citado pela Ministra Marina junto nossa participação.

Vejo a sustentabilidade como um elemento crucial para a imagem do Brasil no mundo. Ao implementar políticas de sustentabilidade, o Brasil pode mostrar ao planeta que está comprometido com o desenvolvimento sustentável. Isso pode melhorar a imagem do país como um líder global no segmento e atrair investimentos e visitantes.

O turismo sustentável tem um papel fundamental na governança ambiental e na geopolítica do Brasil, especialmente na Amazônia e em outros biomas nacionais. Oferecer uma forma de gerar renda e empregos para as comunidades locais, ao mesmo tempo em que ajuda a preservar o meio ambiente e a biodiversidade. Além disso, pode ajudar a aumentar a conscientização global sobre a importância da Amazônia e a necessidade de sua proteção.

Para mim, o turismo sustentável deve fazer uso ótimo dos recursos ambientais, respeitar a autenticidade sociocultural das comunidades anfitriãs e garantir operações econômicas viáveis a longo prazo, proporcionando benefícios socioeconômicos a todos os envolvidos, incluindo emprego estável e oportunidades de geração de renda para as comunidades anfitriãs. O que o viajante quer é ter experiências autênticas e inéditas, e nesse escopo o Brasil tem uma diversidade invejável.

O que é o CDESS e como atuamos

Nosso trabalho consiste no assessoramento imediato ao Presidente da República, produzindo indicações normativas, propostas políticas e acordos de procedimento. O Conselho tem um papel fundamental para a articulação das relações do Governo federal com os representantes da sociedade civil e para a construção do diálogo entre os diversos setores nele representados. Nosso envolvimento é voluntário, sem vínculos ou remuneração. Para saber mais e acompanhar veja aqui.

O Brasil Está Pronto para o Futuro do Turismo Sustentável Digital?

O turismo mundial está em um ponto de inflexão. Com a crescente digitalização e a necessidade de práticas sustentáveis, o setor está sendo desafiado a se reinventar todos os dias. A tecnologia desempenha um papel crucial nessa transformação, oferecendo soluções para melhorar a experiência do turista, aumentar a eficiência operacional e promover a sustentabilidade.

A promoção do turismo sustentável é uma área onde a tecnologia pode ter um impacto significativo. Com o uso de tecnologias como a inteligência artificial e a análise de dados, é possível monitorar e gerenciar os impactos do turismo no meio ambiente. Isso pode ajudar a preservar os recursos naturais e culturais que são a base da experiência do visitante. Poe ser também uma poderosa forma de promover uma imagem positiva do país no cenário internacional.

O Brasil, com seu rico patrimônio natural e cultural, está bem posicionado para se beneficiar dessas tendências. No entanto, para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela tecnologia, é crucial investir, também, em infraestrutura e capacitação.

A infraestrutura tecnológica do Brasil precisa ser aprimorada para apoiar e avançar na digitalização do setor de turismo. Isso inclui investimentos em conectividade de internet de alta velocidade, sistemas de pagamento digital e tecnologias de informação e comunicação. Ao mesmo tempo, as pequenas e médias empresas precisam estar aptas a usar as novas tecnologias a favor da experiência de seus clientes em cada etapa de sua jornada de viagem.

Além disso, a capacitação é essencial para garantir que a força de trabalho esteja preparada para a era digital. Isso inclui treinamento em habilidades digitais básicas, como o uso de sistemas de gerenciamento de reservas, marketing digital e análise de dados. Inclui, ainda, a otimização de ferramentas digitais para aprimorar serviços e o relacionamento com o cliente.

A Digitalização e a Sustentabilidade como Pilares do Turismo Moderno

Investir em tecnologia e capacitação não só ajudará o Brasil a se manter competitivo no cenário global de turismo, mas também contribuirá para o desenvolvimento sustentável do setor. Ao adotar a tecnologia e promover a sustentabilidade, o Brasil pode se posicionar como um líder em turismo no século 21.

No entanto, é importante lembrar que a tecnologia é apenas uma ferramenta. Para que o turismo seja verdadeiramente sustentável e inclusivo, é necessário um compromisso com a equidade, a inclusão e a preservação do patrimônio natural e cultural. Com a combinação certa de tecnologia, capacitação e políticas sustentáveis, o Brasil tem o potencial de se tornar um exemplo para o mundo em turismo sustentável.

Leia mais sobre tecnologia e sustentabilidade aqui na TEC Mundo

Verão hemisfério norte: MUDANÇA DE DESTINOS para VIAGENS

À medida que o mundo se ajusta ao “novo normal” pós-COVID-19, as tendências de viagem estão mudando. O relatório “As Cidades Mais Populares para Visitar no Verão de 2023” da ForwardKeys destaca essas mudanças e revela algumas surpresas. O estudo foi feito baseando-se nas buscas por passagens aéreas para os destinos globais. Os destinos foram classificados por volume de pesquisas para viagens aéreas internacionais em julho e agosto de 2023. As pesquisas de voos realizadas até 23 de maio de 2023.

Novos comportamentos de viagem

A pandemia de COVID-19 alterou significativamente as preferências de viagem. O nomadismo digital e o trabalho remoto ganharam força, e a consciência do impacto ambiental das viagens aéreas mudou o comportamento de consumidores e operadores.

Destinos da Ásia-Pacífico em alta

No verão de 2023, os destinos na Ásia-Pacífico estão ganhando destaque. Bangkok agora lidera a lista de destinos mais populares para viagens no verão de 2023, superando Paris e Londres. Além disso, Denpasar Bali entrou no top cinco, superando alguns dos destinos europeus mais populares, incluindo Barcelona, Lisboa, Istambul, Madrid e Atenas.

Aumento da demanda por destinos urbanos

A demanda por destinos urbanos mais populares cresceu quase o dobro em comparação com os destinos tradicionais de “sol e praia”. Isso foi influenciado pelo retorno das megacidades asiáticas como possíveis destinos, bem como um aumento na demanda por pontos de compras globais, como Dubai, Singapura, Paris e Nova York.

Recuperação das viagens por país de origem

A recuperação das viagens por origem é mista, com diferentes ritmos de recuperação evidentes nas diferentes sub-regiões globais. Canadá e Estados Unidos mostram as taxas de recuperação mais impressionantes, com bilhetes para o verão já superando os volumes de 2019. Na América Latina, a recuperação do turismo internacional está ocorrendo de forma constante, principalmente por meio de viagens intrarregionais entre seus países constituintes.

Brasil fora da lista

O estudo da ForwardKeys mostra que a indústria de viagens está se recuperando e se adaptando às mudanças trazidas pela pandemia. As cidades da Ásia-Pacífico estão se tornando cada vez mais populares, enquanto os destinos urbanos estão vendo um aumento na demanda. Mas entre as 106 cidades mostradas no estudo, nenhuma brasileira aparece. Vale destacar o que mencionamos no início desse texto, são buscas para viagens entre julho e agosto de 2023, quando ocorre o verão no hemisfério norte. Mesmo assim, aparecem no estudo algumas cidades da América do Sul como Cidade do México, Bogotá, Lima e Buenos Aires. Vou atrás para entender melhor….

Para acessar o relatório completo em inglês você pode acessar esse link.

O Poder do Turismo: Como Nova York está Investindo em seu Futuro

Um artigo de Tania Menai no Brazil Journal desse domingo me chamou a atenção. O texto mostra como Nova York continua investindo pesado em espaços públicos para encantar turistas e moradores locais. 

Ela mostra que, recentemente, o Museu de História Natural inaugurou o Richard Gilder Center for Science, um projeto arquitetônico de US$ 465 milhões que possui seis andares armazenando quatro milhões de espécies catalogadas. Até 2030, Nova York planeja modernizar seus três principais aeroportos, com investimentos totais de US$ 25 bilhões. A cidade também inaugurou o Richard Gilder Center for Science, parte do Museu de História Natural, um projeto de US$ 465 milhões que agora abriga quatro milhões de espécies em seis andares.

Pesquisando um pouco mais fiquei impressionada com a quantidade de alterações e mudanças que a segunda cidade no mundo com mais chegadas aéreas vem vivendo. Os investimentos em todos os cinco distritos de Nova York também incluem a melhoria de vários bilhões de dólares nos aeroportos LaGuardia, Newark-Liberty e John F. Kennedy, além da nova Moynihan Train Hall e da expansão do Javits Center para sediar reuniões de negócios e convenções.

A recuperação

A recuperação e crescimento do turismo em Nova York já em 2022, mostrou que a cidade recebeu 56,4 milhões de visitantes, um aumento de 71,4% em relação a 2021. Esse número representou 85% do recorde de visitantes de 2019. Para 2023, a expectativa é de que a cidade atraia 61,7 milhões de visitantes.

O turismo é creditado como uma importante força para a recuperação econômica do destino, gerando cerca de 410.000 empregos em lazer e hospitalidade (9% de todos os empregos na cidade), e mais de US$40 bilhões em gastos diretos dos visitantes, o que totaliza aproximadamente US$60 bilhões em impacto econômico total no ano.

Diversos fatores contribuíram para a retomada do turismo em Nova York em 2022. Isso inclui um aumento contínuo nas viagens de negócios durante a semana, a retomada das rotas aéreas, investimentos contínuos na infraestrutura da cidade, e novas ofertas turísticas e eventos para incentivar o gasto turístico.

quem vai pra lá

Nova York continua sendo o maior ponto de entrada para os EUA. Dentre os visitantes em 2022, 47,4 milhões foram domésticos. Os visitantes internacionais, que representam quase metade dos gastos dos visitantes, triplicaram em 2022, totalizando quase 9 milhões de viajantes. Os cinco maiores mercados internacionais para a cidade de Nova York em 2022 foram o Reino Unido (754.000), Canadá (656.000), França (607.000), Brasil (520.000) e Espanha (413.000). Olha os brasileiros por lá.

E não para por aí. Nos próximos três anos, mais de 11.000 quartos de hotel serão adicionados ao portfólio de acomodações da big apple. Além disso, a cidade também se beneficiará de grandes eventos nos próximos anos, incluindo a celebração do 50º aniversário do nascimento do hip-hop, que começa em 2023, e a sede da Copa do Mundo da FIFA em 2026.

Fontes: 

JACOBS. New York on track to attract more… | Connecting Travel. Connecting Travel. Disponível em: <https://www.connectingtravel.com/news/new-york-on-track-to-attract-more-than-60-million-visitors-in-2023>. Acesso em: 11 jun. 2023.

‌MENAI, Tania ; BJ-ADMIN. Nova York investe para continuar no topo: são bilhões em museus, trens, aeroportos. Brazil Journal. Disponível em: <https://braziljournal.com/nova-york-investe-para-continuar-no-topo-sao-bilhoes-em-museus-trens-aeroportos/?utm_source=Brazil+Journal&utm_campaign=9c80fe3300-news-110623-_COPY_03&utm_medium=email&utm_term=0_850f0f7afd-9c80fe3300-427952018>. Acesso em: 11 jun. 2023.

Hospitality Market Insights Report. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://connect.amadeus-hospitality.com/hubfs/Hospitality%20Market%20Insight%20Worldwide%20-%20June%202023.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2023.

Hotels in NYC: 10 Tips to Choose the Best One for Your Stay. Cityguideny.com. Disponível em: <https://www.cityguideny.com/article/summer-tourism-data-nyc-2022>. Acesso em: 11 jun. 2023.

Turismo global volta quando a 100%?

O segundo Barômetro Mundial do Turismo da OMT de 2023 indica que a recuperação do setor continua em rápida evolução em 2023. Principais conclusões:

  1. Em números gerais, as chegadas internacionais mundiais atingiram 80% dos níveis pré-pandêmicos no primeiro trimestre de 2023.

2. Estima-se que, nestes três primeiros meses, 235 milhões de turistas tenham feito viagens internacionais, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2022.

3. O turismo não deixou de mostrar a sua resiliência. De acordo com os dados revistos para 2022, no ano passado registaram-se mais de 960 milhões de movimentos turísticos internacionais, ou seja, foram repostos dois terços (66%) dos valores pré-pandemia.

4. A Europa atingiu 90% dos níveis pré-pandêmicos graças à forte demanda intrarregional.

5. África e Américas atingiram 88% e perto de 85%, respetivamente, dos níveis registados em 2019.

6. A região da Ásia-Pacífico acelerou sua recuperação para 54% dos níveis pré-pandêmicos, mas essa tendência ascendente deve se intensificar agora que a maioria dos destinos, a China em particular, reabriu suas fronteiras para viagens não essenciais.

As receitas do turismo internacional mais uma vez quebraram a barreira de US$ 1 trilhão em 2022, crescendo 50% em termos reais em relação a 2021, impulsionadas pela notável recuperação nas viagens internacionais. Os gastos dos visitantes internacionais atingiram 64% dos níveis pré-pandemia (-36% em relação a 2019, medidos em termos reais). Por região, a Europa teve o melhor desempenho em 2022, com quase US$ 550 bilhões em receitas de turismo (€ 520 bilhões), o que representa 87% dos valores pré-pandêmicos. A África recuperou 75% das receitas registadas antes da crise da COVID-19, o Médio Oriente 70% e as Américas 68%.

O que o futuro trará?

Como não temos a bola de cristal, vamos aos números. Os resultados do primeiro trimestre de 2023 estão de acordo com as previsões da OMT para esse ano, segundo as quais as chegadas internacionais recuperarão entre 80% e 95% dos níveis pré-pandemia. Nós do Grupo de Especialistas da OMT estamos confiantes de que a alta temporada do hemisfério norte (maio a agosto) renderá bons resultados.No entanto, a recuperação do turismo também tem alguns desafios pela frente. Segundo nosso Grupo de Especialistas da OMT, o principal fator que pesa na recuperação efetiva do turismo internacional em 2023 é a conjuntura econômica, dado que a inflação elevada e a subida do preço do petróleo resultam num aumento dos custos de transporte e hospedagem. Portanto, é de se esperar que os turistas busquem cada vez mais encontrar uma boa relação custo-benefício e viajar para lugares mais próximos de casa. A incerteza causada pela agressão russa contra a Ucrânia e outras tensões geopolíticas intensificadas também estão na lista de preocupações dos especialistas.

Sustenturismo: A Reviravolta Necessária

A palavra SUSTENTURISMO não deve existir, mas vamos lá. A cada dia entendemos e aprendemos mais sobre as respostas que nosso planeta está dando ás mudanças climáticas. Impossível a indústria de viagens e turismo ignorar a importância de priorizar o meio ambiente. O Brasil tem diversas iniciativas nas áreas do turismo que mostram os avanços e desafios enormes que ainda temos pela frente. O fato é que o que chamamos de “viagens sustentáveis” vem crescendo no mercado muito pela exigência, também, dos próprios viajantes.

De acordo com o Relatório de Viagens Sustentáveis 2023 da Booking.com que pesquisou 33.228 viajantes de 35 países, os viajantes passaram a optar cada vez mais por escolhas sustentáveis e que afetam várias etapas de suas viagens. Ao mesmo tempo, estão solicitando ainda mais opções ecológicas das empresas de viagens. O CEO da empresa, Glen Fogel, disse que o turismo pode fazer a diferença no aquecimento global, já que, segundo o WTTC , Conselho Mundial de Viagens e Turismo, de 8 a 11% das emissões globais de dióxido de carbono estão ligadas às viagens e ao turismo (principalmente devido ao deslocamento de ida e volta ao destino).

Já não é mais suficiente não trocar toalhas do hotel todos os dias ou apagar as luzes do quarto, como estamos habituados. As experiências das pessoas precisam ser mais sustentáveis. É preciso observar o lixo, as emissões de transportes locais e, ainda mais, os impactos econômicos e culturais nas comunidades locais. O relatório da Booking.com traz muitas informações para atestar desejos e ações dos viajantes que devem nos inspirar como profissionais da indústria que depende do meio ambiente natural e da cultura para existir. por exemplo:

74% dos viajantes diz ser necessário agir já para que as viagens sejam mais sustentáveis

74% afirma que precisam que as empresas ofereçam opções mais sustentáveis para viagens

Comentários?

SEM VOOS, SEM TURISTAS INTERNACIONAIS

Recuperar e crescer o volume e o gasto de estrangeiros no Brasil é uma tarefa complexa e que exige atuar em diversas frentes. Quando sabemos que mais de 67% das chegadas de visitantes de outros países é por via aérea (2019, MTUR), esse pode ser um bom tema para iniciar essa conversa, correto? Com base num documento produzido pela ForwardKeys trago alguns comentários e dados para nosso bate-papo.

O mundo ainda enfrenta desafios na recuperação do setor de turismo devido à pandemia de Covid-19, assim como o Brasil. Somos o maior pais da América do Sul, e ainda temos dificuldade para atrair viajantes desde a reabertura das viagens internacionais. A falta de conectividade aérea é um tema relevante nesse contexto, que tem a capacidade de assentos para voos internacionais no primeiro semestre de 2023 ainda 18% abaixo dos níveis de 2019 (ForwardKeys, abril 2023).

Apesar da capacidade limitada e tarifas mais altas, a demanda pelo destino ainda é alta, com mercados europeus buscando ativamente o Brasil nos dois primeiros meses do ano. No primeiro semestre de 2023, o mercado que mais cresce em chegadas internacionais ao Brasil é Portugal, com aumento de 90% em relação aos níveis de 2019. Além disso, as chegadas ao Brasil da América do Norte e Europa durante o Carnaval deste ano aumentaram 6% e 13% em comparação com a edição de 2019.

Como será 2023 então?

Para 2023, hoteleiros, operadores turísticos e a EMBRATUR poderiam focar na criação de ofertas atraentes e para viajantes dos EUA e Europa. Segundo dados coletados pela EMBRATUR, em abril de 2023, 45% dos voos internacionais nos conectam com a América do Sul, 29% com a Europa e 19% com a América do Norte. A EMBRATUR também já relata que em janeiro desse ano já recebemos mais visitantes (868.587) do que em janeiro de 2019 (756.883). Os dados do relatório de tendências da ForwardKeys também sugerem otimismo cauteloso, pois os resultados gerais para a América do Sul são promissores. Vejamos as oportunidades abaixo:

De acordo com Juan A. Gomez, Chefe de Inteligência de Mercado da ForwardKeys. “A falta de conectividade com o Brasil não está apenas limitando as chances de o país atrair mais visitantes internacionais, mas também elevando as tarifas aéreas. Por exemplo, as tarifas da Europa para a Colômbia estão subindo no mesmo nível que a inflação, com oferta aérea acima dos níveis de 2019 no primeiro semestre do ano. Já, as tarifas da Europa em janeiro e fevereiro para os principais destinos do Brasil foram 34% acima para o mesmo período em 2019 devido, em parte, à falta de oferta aérea. Apesar da capacidade limitada e das tarifas mais altas, a intenção de viagem, medida em buscas de voos para o Brasil, mostra que a demanda pelo destino ainda é alta. Os mercados europeus estão no topo dos mercados mais ativos em busca do Brasil nos primeiros dois meses do ano.”

Como observado globalmente pela ForwardKeys, a recuperação também é um processo bastante desigual na América do Sul. Por exemplo, a Colômbia pode receber mais chegadas internacionais durante o primeiro semestre de 2023 do que no mesmo momento pré-pandemia. Com 1% a mais de passagens confirmadas para chegadas internacionais em comparação com o primeiro semestre de 2019, o país está prestes a ser o primeiro destino sul-americano a alcançar a recuperação total. Já o Equador (-14%), Argentina (-18%) e o Brasil (-24%) continuarão abaixo dos níveis de 2019 pelo menos no primeiro semestre do ano, embora estejam mostrando uma melhora acentuada ao longo do ano. Veja abaixo a comparação de oferta de assentos entre 2023 e 2019 entre Rio, São Paulo e Bogotá (janeiro a agosto).

Dados recentes da EMBRATUR, também com base em relatório da ForwardKeys mostram que entre abril e dezembro deste ano estão programados 9,7 milhões de assentos em voos internacionais com destino ao Brasil, um aumento de 26% ou 2 milhões de novos assentos quando comparado com o mesmo período do ano passado.  Ótima notícia para seguirmos com os esforços de promoção internacional.