Como e quando torna-viagem o turismo ?

Com o objetivo de apoiar o processo de tomada de decisões e planejamento no turismo aqui no Brasil é essencial usarmos dados como forma de enfrentar os desafios diante da pandemia do novo coronavírus. São períodos de difíceis decisões e um cenário ainda carregado de incertezas. Estamos sempre de olho em dados e trazemos hoje os últimos dados da OMT (publicados no Barômetro em 2/02/2021). As informações mostram a diminuição de 74% nas chegadas mundiais de viagens e uma perda de receitas de 1,3 trilhões de dólares. A entidade informa ainda que entre 100 a 120 mil empregos foram colocados em risco no setor em todo o planeta.

Os dados mais interessantes para apoio no plano de ação de empresas e destinos dizem respeito às projeções feitas pela maioria dos especialistas para o painel de observação da OMT, com o qual contribuo junto com outros cerca de 500 profissionais em cerca de 156 países. A maioria identifica um freio nas perspectivas de recuperação do turismo, que iniciaria em 2021 (nas projeções de outubro do ano passado) e deve acontecer somente em 2022. Da mesma forma, a maioria dos participantes deste painel de especialistas acredita que o turismo mundial só deve chegar aos níveis de 2019 a partir de 2024 ou até depois.

Os cinco principais fatores avaliados para que o turismo possa retornar suas atividades são:

1. ritmo de vacinação nos países e a conquista progressiva de imunidade em massa

2. alívio das restrições de fronteiras e mecanismos de testagem e facilitação de viagens como, por exemplo, tecnologias sem toque e simplificação de coleta de documentos comprobatórios de vacinação

3. restauração da confiança dos consumidores

4. coordenação entre os países sobre os procedimentos de viagens

5. progresso da econômica global em 2021

O turismo quer saber da imunização

A indústria de viagens e turismo do mundo está de olho, agora, na vacinação e na confiança do consumidor, isso pode trazer a volta às viagens de forma segura. Operadores de turismo, companhias aéreas, órgãos de promoção do turismo dos países, hotelaria e tantos outros já analisam o percentual da população vacinada em cada país até o momento. E seguirão olhando ao longo do ano para preparar suas estratégias de vendas ou atração de turistas. Ainda temos um longo caminho pela frente, e o Brasil está muito atrasado em vários aspectos no que diz respeito à recuperação do mercado turístico internacional, assim como numa perspectiva de estabilidade para garantir empregos  e salvar empresas com o turismo doméstico.

Os principais destinos turísticos do mundo em 2020 trataram de mostrar seus atrativos e já deixar na mente dos possíveis viajantes que tudo já estava sendo preparado e organizado para recebê-los num futuro breve. O foco principal da estratégia de comunicação dos países a partir de 2021, é a segurança das viagens e a imunidade. A divulgação de selos turísticos e, sobretudo, de que o país está preparado para receber visitantes está sendo essencial para se preparar para a reconstrução das viagens. Eles possuem uma estratégia definida de comunicação e marketing, que se se ajusta a cada momento da situação da pandemia para otimizar resultados de forma profissional e eficiente. E que passa a ter grande foco na imunidade para garantir viagens tranquilas e seguras.

Para receber ou enviar turistas a outros países, será fundamental saber qual o índice de imunização de sua população, além de começar a exigir certificados de vacina (além de testes). De olho no ranking do percentual da população de cada país que está sendo vacinada, fui com um olhar curioso buscar o Brasil. Infelizmente encontrei nosso país entre os últimos do mundo em número de doses administradas para cada 100 habitantes (dados de 24 de janeiro do Our World in Data). Temos 0,28% de vacinados (1 dose) para cada 100 brasileiros, só ficamos na frente do Panamá, Índia, Indonésia, África, Equador e Kuait.

A imunidade poderá pesar na balança de operadores, companhias aéreas e na decisão de viagem de pessoas de todo o mundo. Também pode ser decisiva se os brasileiros quiserem voltar a viajar ao exterior ou mesmo dentro do país. Da mesma forma, o fato de um país estar mais avançado na vacinação poderá ter bastante influência no cenário tão competitivo do setor que vive uma demanda diminuída.

Quanto mais tempo demorarmos mais tempo vamos levar para:

  • poder viajar pelo Brasil
  • poder ai ao exterior
  • recuperar os 174 milhões de empregos perdidos (CNC, 2020)
  • fortalecer as empresas de turismo que foram muito impactadas pela pandemia e ainda seguem bastante frágeis
  • mostrar a força do turismo como grande aliado da recuperação econômica do Brasil

Turismo doméstico pode ser o “novo normal”

Podemos afirmar que, basicamente, o Brasil tem três tipos de movimentos de viajantes. Brasileiros viajando dentro do país, brasileiros indo ao exterior e estrangeiros chegando no Brasil. Cada um desses movimentos traz um comportamento e uma renda da atividade turística diferente, todos são importantes. Em tempos normais (2019) tivemos 11,7 milhões de passageiros embarcados em voos internacionais e 95 milhões de passageiros embarcados em voos domésticos (ANAC, 2020). O total de estrangeiros que o Brasil recebeu por todas as vias de acesso no mesmo ano foi de 6,3 milhões (OMT, 2019). 

A grave crise que o turismo passou a partir de 2020 levou a reconstrução relativamente mais rápida das viagens domésticas em nosso país, chegando a -54,2% comparado com 2019. O mercado doméstico brasileiro é o quinto maior do mundo, e reagiu satisfatoriamente no período de recuperação em comparação com os principais mercados domésticos globais de turismo. A principal motivação das viagens no segundo semestre do ano passado foi a lazer.

De acordo com estudo da Skift Research, se o turismo fosse majoritariamente doméstico no Brasil o setor poderia ganhar cerca de 16 bilhões de dólares (gastos dos estrangeiros no Brasil + brasileiros no Brasil + gastos que os brasileiros fariam no exterior). A suposição seria uma hipótese aonde todo o fluxo de estrangeiros para o Brasil e de brasileiros para o exterior parasse. Os países que mais ganhariam nessa equação seriam:

O mesmo estudo mostra que alguns países perderiam muitos recursos, dentre eles os que mais perderiam seriam os EUA (-US 99 bilhões), Espanha (-US 55 bilhões), Tailândia (-US 51 bilhões) e Japão (US -17 bilhões).

A Forwardkeys divulgou estudo mostrando que o Brasil está no 6o. lugar no mundo entre os TOP 10 países com bilhetes aéreos emitidos para os próximos 6 meses, 57% do nível de 2020. Podemos sentir a força do doméstico em nosso país. Por um lado porque sempre foi o principal mercado, e por outro porque o cenário mundial em 2021 e, provavelmente, nos próximos dois ou três anos ainda estará lentamente voltando quando se trata das viagens internacionais. Também porque o número de estrangeiros que recebemos é pequeno, veja como perdem países que recebem muitos visitantes do exterior. Vamos acompanhando.

Turismo internacional para o Brasil pode ter regredido 26 anos

O ano de 2020 marcou a maior crise da história do turismo Internacional. Não somente diminuíram as viagens entre países como também os gastos dos viajantes deixaram de colaborar com mais de 1,1 trilhão de dólares para a economia dos destinos turísticos no mundo (OMT, 2020).

Como já falamos anteriormente aqui o Brasil entrou em 2020 com desvantagem em relação a chegada de turistas estrangeiros. Em 2019 registramos, segundo dados da OMT, uma queda de 4,1% na chegada de turistas do exterior enquanto o mundo teve um crescimento de 3,6%. Os cenários traçados por este organismo internacional apontam uma queda média do turismo global em torno de 70% a 75% em 2020, e o Brasil não será uma exceção.

Baseado nas atuais tendências, em dados da ForwardKeys, no histórico da chegada de estrangeiros ao Brasil e no total de passageiros aéreos internacionais pagos, projetamos um cenário de que o Brasil pode registrar cerca de 1,8 milhão de turistas estrangeiros em 2020. Os cálculos também levam em consideração os mesmos percentuais do histórico de turistas por vias aérea e terrestre. Se levarmos em conta os longos períodos de fronteiras terrestres fechadas e outras variáveis não calculadas aqui, pode ser que esse volume seja menor. Isso significa que o número de estrangeiros pode voltar ao patamar de 26 anos atrás, de 1994. 

Quando falamos de receitas do turismo, tão importantes quanto o volume de visitantes, as projeções indicam que podemos voltar ao patamar do ano 2000. Essa perda de receitas com a entrada de divisas deve chegar a cerca de -48% do que arrecadamos em 2019, ou seja, na ordem de US$ 2,8 bilhões. Esse dado mostra que, diretamente com o gasto dos estrangeiros no Brasil, devemos ter deixado de receber mais de US$ 3,2 bilhões em divisas.

Sabemos que não estamos imunes à crise global do turismo e o mais importante é construir o futuro próximo. Além da lenta recuperação da aviação mundial, que ainda deve demorar mais de quatro anos para voltar ao patamar de 2019, nosso país enfrenta uma série de outros temas que devem impactar os resultados da chegada de estrangeiros nos próximos anos. Essas variáveis serão temas de outro artigo, mas deixo aqui registrado que a imagem do Brasil no exterior, relacionada à má estão da pandemia, às incertezas sobre a vacinação, aos danos ao meio ambiente, à ausência total de promoção Internacional do turismo e a situação econômica de alguns países emissores de visitantes (como a Argentina), são alguns dos muitos aspectos a considerar.

O ideal seria imediatamente estabelecer um plano de recuperação do turismo brasileiro por meio de um grande pacto entre atores públicos e privados, entes da federação e grandes parceiros globais. Precisamos, como nunca, de determinação e de cooperação para vencer os desafios. Destaco que a grande competitividade entre países e a pequena demanda mundial por viagens podem levar nosso país a demorar mais de uma década para recuperar o número de turistas estrangeiros caso não tenhamos uma ação rápida. Cenário complexo e que demanda respostas bem elaboradas, de longo prazo e com muita consistência. Por enquanto, o ideal é testar, testar muito para que as fronteiras permaneçam abertas com segurança.

2021: esperança ou expectativa ?

Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias. Expectativa é uma crença centrada no futuro, pode ou não ser realista. 

“A expectativa é volátil, enganadora e induz suas vítimas a impregnar a humanidade de promessas enquanto prepara uma desculpa para se livrar da situação. A esperança resolve, a expectativa tenta se livrar. Esperança leva a reflexão, a expectativa traz a insônia”. Não consegui achar o autor dessa citação.. perdão.

Quero centrar meus pensamentos e ações para 2021 na esperança. A melhor forma de construir o futuro é inventá-lo !

Esperança de que as ações dos empresários de turismo fortaleçam o setor e consigam sobreviver ao cenário da pandemia.

Esperança na proteção dos empregos de milhares de profissionais que transforma as viagens de nossos visitantes em experiências inesquecíveis.

Esperança que tenhamos aprendido com a pandemia de que é preciso planejar o turismo a médio e longo prazos para colher resultados duradouros.

Esperança de que a inclusão, a diversidade e o respeito sejam levados de forma sustentável pelos turistas para cada lugar que eles venham a visitar.

Esperança de que a vacinação vá trazendo de volta a confiança nas viagens e a reconstrução de um turismo ainda melhor e mais forte em cada canto do mundo.

Esperança de que o turismo irá voltar a crescer, e será mais do que isso, será melhor para os visitantes, para os moradores dos destinos e para o todo o planeta.

E sobre a expectativa? Vou deixá-la em 2020.

Balanço 2020 para o turismo

Veja a consolidação de dados que compilamos para entender como estamos finalizando 2020 no turismo brasileiro.

Para pensarmos no que vai acontecer em 2021 e nos próximos anos no turismo brasileiro e mundial ainda precisamos consolidar o que aconteceu em 2020. Para ajudar nessa reflexão fui buscar dados disponíveis que nos ajudam a entender por que o turismo é tão importante para a economia nacional. Convivo diariamente com lideranças de empresas, entidades e mesmo organismos públicos que querem ter números que possam comprovar a importância da indústria de viagens e turismo para o seu destino e sensibilizar governantes para o desafio de desenvolver o setor.

Meu entendimento é de que a garantia da reconstrução do turismo passa pelo apoio às empresas, pela salvaguarda dos empregos e pelo redesenho dos modelos de destinos no Brasil. Por isso busquei dados que, infelizmente, mostram o quanto a atividade turística deixa de contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável quando há uma crise tão sem precedentes como essa.

FATURAMENTO

Dados do IBGE divulgados recentemente mostram que o setor de turismo ainda revela uma queda de 44% até novembro de 2020. As perdas acumuladas chegam a R$ 245,5 bilhões desde março; o que leva o turismo a uma operação que chega a somente 39% da sua capacidade de geração de receitas. Os dados da CNC mostram que os piores meses de 2020, nas perdas de faturamento no turismo, foram de abril a julho, quando as estas ficaram acima de R$ 31,87 bilhões por mês. Mais da metade do prejuízo apurado no setor está nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A CNC projeta um encolhimento de 39,1% para o turismo brasileiro em 2020, isso significa que a variação do volume de receitas dos serviços turísticos deverá chegar ao final do ano com uma variação negativa de 7,6%.

EMPREGOS

Empregos no turismo são extremamente relevantes para a economia nacional e a pandemia acabou chamando a atenção para o tamanho desse segmento. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados de Desempregados, CAGED, entre março e outubro de 2020 foram perdidos 469,4 mil postos de trabalho formais no turismo. Isso significa um encolhimento de quase 13% da força de trabalho do setor. Em outubro já começamos a sentir a recuperação gradual.

AÉREO INTERNACIONAL

Os últimos dados que recebemos da FowardKeys (até 13 de dezembro) indicam que as chegadas aéreas internacionais (brasileiros e estrangeiros) no Brasil devem chegar a uma diminuição de cerca de 72% em relação a 2019. Os mercados com queda superior a -72% foram: Itália, Espanha, Alemanha, Uruguai, França e Argentina. As informações da ANAC e ABEAR mostram que entre janeiro e outubro desse ano tivemos -69,9% de passageiros pagos que 2019 no mesmo período. Os últimos dados disponíveis sobre a chegada somente de estrangeiros no Brasil são de 2019, quando tivemos uma queda de 4,1% em relação a 2018. Veja uma análise histórica completa aqui.

AÉREO DOMÉSTICO

Já comentamos aqui a importância do mercado doméstico brasileiro. Somente as viagens internas de avião no Brasil representam 1,1% do total do mercado doméstico mundial (IATA); estamos entre os 5 maiores mercados aéreos domésticos do planeta. Os dados disponíveis da ANAC e da ABEAR mostram que entre janeiro e outubro de 2020 o mercado doméstico brasileiro teve -55,5% de passageiros pagos em relação ao mesmo período de 2019. Atualizamos esses dados para todo o ano de 2020 (22/01/2021), após a publicação desse post. Durante todo o ano de 2020 o Brasil teve 45,2 milhões de passageiros domésticos pagos, redução de 52,5% na comparação com o ano anterior (ABEAR, 2021).

Aproveite e ouça nosso podcast com Eduardo Sanovicz com um balanço da aviação em 2020 no Brasil e os temas que ficam para 2021.

RECEITAS INTERNACIONAIS

Os dados disponíveis no site do MTur estão atualizados só até setembro, e indicam que nos 9 (nove) meses de 2020 os gastos dos estrangeiros no Brasil tiveram uma queda de -47.56%. A pandemia é a grande responsável pela diminuição das receitas dos gastos dos estrangeiros por aqui, mas já tínhamos estacionado em 2019 e, nos meses de janeiro e fevereiro desse ano já registramos quedas de -4.13% e -11.73% respectivamente.

Para saber mais sobre a importância dos dados e análises no turismo ouça o HUB TURISMO que gravei com Mariana Aldrigui aqui. 

HUB TURISMO, o podcast dos profissionais em 2020

HUB TURISMO desbrava o uso de podcasts para profissionais de turismo no Brasil e se expande para outros países em 2020

O canal de podcast da PIRES INTELIGÊNCIA EM DESTINOS E EVENTOS, o HUB TURISMO chega a quase 4 mil ouvintes e inova como ferramenta de conteúdo no turismo brasileiro.

Já são 37 os episódios de podcast que os profissionais de turismo podem ouvir no HUB TURISMO, ferramenta de conteúdo da PIRES INTEIGÊNCIA EM DESTINOS e EVENTOS comandado por Jeanine Pires. Com início em final de abril de 2020, o HUB TURISMO traz temas dinâmicos que variam entre ideias para o turismo no futuro, captação de eventos, retomada do setor de eventos, marketing de destinos e lideranças brasileiras e de diversos países.

Posso afirmar para você que liderar esse podcast tem sido uma experiência reveladora para ouvir e entender melhor o cenário tão desafiador do turismo global. Já conversamos com líderes do turismo de Portugal e Argentina e com importantes personalidades públicas e empresários do Brasil. O podcast chega a quase 4 mil ouvintes ao final de dezembro de 2020. O canal produziu quase mil minutos de conteúdo nos 37 episódios disponíveis.

Também atinge públicos em 18 países, com destaque para o Brasil, Estados Unidos, Argentina e Portugal. A idade do público-alvo é bem diversificada, desde 23 até 59 anos em sua maioria.

O HUB TURISMO pode ser ouvido no SPOTIFY, GOOGLE PODCASTS, APPLE PODCASTS  e em 4 outras plataformas. 

O HUB TURISMO pode ser acessado no SPOTIFY por meio desse link:  https://open.spotify.com/show/53AMkbIVDPNa9f4a6kXSeJ

Profissionais interessados em enviar áudios podem gravar sua opinião e enviar para contato@piresdestinoseventos.com.br

os 5 podcasts mais ouvidos no hub turismo em 2020

Nosso podcast HUB TURISMO é dedicado exclusivamente aos profissionais da indústria, surgiu da vontade de perguntar e cooperar no período da pandemia. Já temos 37 episódios, quase 4 mil ouvintes e já chegamos a 18 países. Vem para cá você também e escolhe um dos episódios mais ouvidos em 2020:

5 ideias do que pode mudar no turismo pós pandemia

O coautor é Aroldo Schultz

Quando as viagens voltam ao normal?

O marketing dos destinos durante a pandemia

O coautor é Eduardo Sanovicz

O HUB TURISMO pode ser ouvido no SPOTIFY, GOOGLE PODCASTS, APPLE PODCASTS  e em 4 outras plataformas de sua preferência.

o que os dados nos dizem sobre internacional até novembro 2020

Estamos no último mês de 2020 e trago um resumo dos dados de chegadas internacionais aéreas no Brasil com base os dados exclusivos fornecidos para a Pires Inteligência em Destinos e Eventos pela empresa espanhola de big data Forwardkeys.

Vale destacar que a OMT desenhou 3 cenários possíveis para o turismo internacional, e o caminho vinha sendo trilhado pelo cenário menos otimista até julho (queda de 58% nas viagens internacionais em 2020, linha cinza). A realidade acabou trazendo uma curva irregular de recuperação, conforme pode-se ver abaixo (linha azul). Esse contexto mostra que existe um panorama não uniforme no mundo em relação às viagens internacionais, que dependerá da vacina, da evolução da pandemia e da volta da confiança nas viagens.

Fonte, OMT 2020.

Quando nos voltamos aqui para a realidade do Brasil os dados coletados pela Forwardkeys mostram que entre janeiro e novembro desse ano o Brasil teve uma queda de 72% nas chegadas aéreas internacionais.

Para as seis próximas semanas, até meados de janeiro, as reservas já realizadas indicam ainda uma variação de -72,6% em relação ao mesmo período de 2019 (07 dez 2020 a 17 jan 2021). O detalhamento dessas informações mostra que, percentualmente, as maiores quedas de mercados emissores no período futuro assinalado devem ser do Uruguai (-96,8%),  Argentina (-87,5%), Itália (84,6%), Alemanha (77,9%), Chile (-75,3%) e França (74,2%). As quedas “menores” podem vir da Inglaterra (-49,5%) e Portugal (-53,9%).

A partir de 2021 temos um novo cenário com o advento progressivo da vacina nos diversos países, a evolução da pandemia e o trabalho que cada país está fazendo para mostrar a segurança nas viagens. É certo que o Brasil tem um grande mercado doméstico que vem mostrando sinais de recuperação, e a reconstrução do mercado Internacional ainda traz muitas indagações; a forma como o país é visto no enfrentamento da pandemia, os temas relacionados ao meio ambiente e ausência de um posicionamento Internacional de que é seguro viajar para o Brasil são alguns dos fatores que teremos que enfrentar de forma determinada.