Eventos esportivos trazem mais turistas?

Além de estar acompanhando a realização do Mundial da FIFA aqui no Brasil, e das experiências na Alemanha e na África do Sul, tenho lido e estudado muito sobre os impactos desse evento no turismo dos países sede. Estou trabalhando na minha tese de mestrado em turismo exatamente sobre o aumento do número de turistas no Brasil em 2014.

Compartilho algumas considerações do estudo realizado por Fourie & Santana-Gallego chamado “The impact of mega-events on tourist arrivals”. Os autores aplicaram uma metodologia para entender os resultados de diversos eventos esportivos mundiais sobre as chegadas de turistas, e as principais conclusões são:

1. A hipótese de que os mega-eventos esportivos aumentam o número de turistas não pode ser rejeitada, depende da realidade do país e de alguns fatores

2. Em média, os eventos esportivos aumentam as chegadas em torno de 8%, durante o ano de sua realização (não somente no período do evento)

3. Os eventos que trazem maior impacto positivo ao turismo são as Olimpíadas de Verão e a Copa do Mundo FIFA, secundariamente o Mundial de Cricket e o Lions Tour

4. O número total de visitas a um país que recebe as Olimpíadas de Verão e a Copa do Mundo FIFA tende a ser maior quando os eventos são realizados em períodos de baixa estação. Quando estes acontecem na alta estação a tendência é diminuir as chegadas

5. Os impactos antes da realização do evento são significativos, o que pode explicar os resultados ruins das previsões pós eventos

O estudo realizado pela FowardKeys em parceria com a Pires e Associados mostra que até dia 10 de junho, as reservas para chegadas internacionais no Brasil aumentaram 1,6 vezes para os meses de junho e julho; e 2,4 vezes no períodos do Mundial (6 de junho a 13 de julho). Para saber mais entre aqui.

Estrangeiros na Copa

Estamos no início da Copa do Mundo FIFA e o estudo realizado pela Pires & Associados em parceria com a FowardKeys na Espanha traz dados sobre as reservas aéreas dos estrangeiros para o mundial. Os dados são coincidentes com o volume de ingressos vendidos pela FIFA, e ainda verão mudar com as futuras definições de chaves de jogos.

Por enquanto temos os seguintes resultados:

Destaques:

  • As reservas internacionais aumentaram 2,2 vezes durante a Copa do Mundo de 2014 – total de 392.225;
  • As reservas internacionais para chegadas ao Brasil entre junho e julho aumentaram 1,8 vezes – total de 478.456 .

Principais mercados emissores:

EUA:     81.339 (reservas); 22% (participação); 2,2 (crescimennto)

ARGENTINA:   29.446 (reservas); 8% (participação); 2,3 (crescimento)

CHILE:   19.445 (reservas); 5% (participação); 4,5 (crescimento)

 

Saídas do Brasil – junho-julho 2014:

As saídas do Brasil para junho e julho tiveram uma queda de 9% quando comparadas com o mesmo período de 2013. Na primeira etapa da Copa do Mundo haverá um aumento de partidas do Brasil, enquanto na segunda etapa as saídas ficarão abaixo das registradas em 2013 (-28%) (1). A tendencia é a retomada das viagens internacionais depois do mundial.

Principais destinos dos brasileiros no período:

  • Os Estados Unidos têm a queda mais significativa.
  • Apenas a Argentina e o Chile aumentaram as reservas para chegadas de brasileiros durante junho-julho de 2014.
  • Os EUA, o principal destino, quase duplica a queda média de visitantes do Brasil, enquanto a Espanha é único destino europeu abaixo da média.

Para acessar este e os demais estudos clique aqui: http://pireseassociados.com.br/2014/05/estudo-inedito-revela-o-impacto-da-copa-do-mundo-de-2014-no-turismo-brasileiro/

 

Antes, durante… depois

Volto a comentar uma parte da conversa que aconteceu hoje no Seminário de Turismo da CNC/ O Globo.

Todo evento tem esse “divisor” de águas: antes, durante e depois.

Resumindo, entendo que PARA O SETOR DE TURISMO NO CENÁRIO INTERNACIONAL:

O ANTES, já passou, e acho que o Brasil não conseguiu um posicionamento global para o país, aproveitando as oportunidades de visibilidade que teremos com a Copa. Não temos uma estratégia de comunicação única do país, com uma mensagem que diga ao mundo o que é o Brasil, nossas qualidades ou o que queremos que o mundo saiba sobre nós.

O DURANTE está chegando. E será a opinião dos estrangeiros que virão nos visitar, dos jornalistas e a multiplicação de fotos, vídeos e opiniões sobre o Brasil que poderão levar novas informações sobre nossa riqueza natural e cultural, assim como dos desafios ou problemas que ainda estamos enfrentando. Quando nos conhecem mais aparecem os aspectos bons e os ruins. Espero que o WIFI dos estádios, recepção de hotéis, restaurantes e pontos turísticos funcionem para que as pessoas possam compartilhar suas experiências.

O DEPOIS, tão importante quanto os anteriores, é o momento de reforçar a promoção do país, preparar o ANTES ( quase JÁ) dos Jogos Rio 2016 e tratar de estabelecer uma estratégia de mensagens que desejamos passar ao mundo. Revisar e inovar o Plano Aquarela 2020 para dinamizar e estabelecer novos rumos à promoção internacional do Brasil. Os grandes eventos esportivos não são o fim, mas um passo para avançar no conhecimento do destino.

Sim, e sobre o complexo de vira-lata, favor não confundir os problemas do Brasil, as obras que não estão prontas, as eleições, pois não estou falando disso (apesar de ser este um importantíssimo debate). Estou dizendo que acredito na alma brasileira, no povo brasileiro e em sua capacidade de receber os visitantes. E que problemas e coisas erradas também acontecem em outros países, não é só conosco “porque aqui é o Brasil”.

Vamos ressuscitar a liderança ?

Estou lendo um livro que se chama A liderança está morta (Jeremie Kubicek). Adoro livros sobre o tema, e este me chamou a atenção por causa do título. Liguei isso ao evento que ocorreu na abertura do Fórum Panrotas 2014 quando as entidades entregaram ao Ministro Vinicius Lages um documento com suas demandas e dados que mostram a importância da indústria de viagens e turismo para o Brasil.

Meu debate é em torno da pergunta: que lideranças queremos no turismo? Nas entidades e organizações do setor privado ?

As grandes transformações por que passa o setor de turismo em nosso país e no planeta exigem que as entidades também mudem, se renovem. E para isso acontecer precisamos de líderes. Homens e mulheres, jovens, não de idade, mas de idéias, de espírito aberto para representar seus segmentos de mercado e não somente para se dizer que é Presidente da A…

Precisamos de líderes empresariais que conheçam e exerçam os compromissos de sua categoria, que liderem com a razão e com o coração, que estejam acima das vaidades e apresentem resultados. Líderes que renovem suas associações, que permitem que outras lideranças assumam sua entidade. Precisamos urgente de líderes que exerçam INFLUÊNCIA, baseada em dados, números, estudos, demandas organizadas. Líderes que pensam e agem com visão global do turismo, além de suas demandas específicas.

Precisamos de líderes que aceitem a diversidade, todas as diversidades, inclusive de opinião. Líderes de uma indústria que gera empregos, traz empregos e investimentos e que precisa se colocar como importante fator de desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Nós somos esses líderes ?

Forum Panrotas, o negócio que ganhou tropicalidade

Trata-se aqui de uma reflexão rápida e objetiva. O Fórum Panrotas além de ser “O” evento da indústria brasileira de turismo que debate tendências, temas de mercado, polêmicas sobre problemas antigos e novos desafios é também o lugar de encontrar amigos e apertar a mão do “networking”, ou ainda conversar com o “relacionamento”.

Mas a grande vantagem do Fórum, além de outras que não citei, é colocar diversos atores juntos, atores com interesses em seus negócios específicos, mas que tem uma certeza comum: só vai dar certo para meu segmento se der certo para todos os outros.

É o negócio da conexão e da escala. O negócio da emissão e da recepção; do crachá e do coffee break. É o negócio do check in e do late check out, sim da mobilidade, do upgrade. O negócio do pacote, do transfer e da gestão. Sem esquecer do sistema, do tkt, do lock ou da distribuição. Passou a ser o negócio dos sites, das redes sociais e que dá grande importância aos comentários.

Esse negócio com tantas palavras em inglês ganhou TROPICALIDADE nesse Forum 2014, porque aprende com outras experiências mas constrói sua história com brasilidade.

É sim o negócio que realiza sonhos que só que concretizam se sonhados por todos da indústria.

Turismo: PIB – Empregos – Divisas

Fabulosa a contribuição da indústria de viagens e turismo no mundo e no Brasil ano passado e boas perspectivas para 2014.

foto PIB

Segundo dados divulgados em 19 de abril pelo WTTC – World Travel & Tourism Council a contribuição total (efeitos diretos e indiretos) do turismo no mundo e no Brasil tiveram os seguintes resultados:

TURISMO NO MUNDO – Impactos totais

PIB – A indústria representou 9,5% do PIB em 2013 com tendência de crescimento de 4,3% em 2014

EMPREGOS – 8,3% dos empregos gerados direta e indiretamente no mundo em 2013 vieram do turismo; a projeção é de crescimento de 2,5% em 2014

EXPORTAÇÕES – O turismo contribuiu com 5,4% das exportações no mundo ano passado e deve crescer a um ritmo de 4,8% em 2014

TURISMO NO BRASIL – Impactos totais

PIB – A indústria representou 9,2% em 2013

EMPREGOS – 8,4% dos empregos gerados direta e indiretamente no BRASIL em 2013 vieram do turismo

EXPORTAÇÕES – O turismo contribuiu com 2,5% das exportações no BRASIL ano passado e deve crescer ao ritmo de 11,7% em 2014

INVESTIMENTOS – o setor contribuiu com 5,8% do total das exportações do BRASIL em 2013 e a tendência de crescimento em 2014 é de 21,8%

(FONTE: WTTC, março 2014)

Somente quantos turistas ?

É um debate importante para fazer em poucas linhas, mas vamos tentar resumir: o número de turistas não é indicador de resultados para a indústria de viagens e turismo, se usado isoladamente.

Estudos mostram que para avaliar os resultados do desenvolvimento do turismo de um destino precisam conjugar dados estatísticos, informações e inteligência comercial. Mais do que isto, conjugar diferentes indicadores que mostram quantos turistas chegaram, quantos dias ficaram, quanto gastaram: VOLUME DE TURISTAS X PERMANÊNCIA MÉDIA X GASTO MÉDIO DIÁRIO.

Por que isso é importante? Principalmente porque o objetivo em atrair turistas para um destino é atrair negócios para os empresários, gerar empregos e contribuir para a entrada de divisas e ingressos. Além disso, alguns destinos podem receber dezenas de milhares de visitantes (destino de praia ou de cidades, por exemplo), mas outros só podem receber números menores de turistas (destinos de ecoturismo). Além disso, condições históricas, nível de maturidade do turismo no destino, posição geográfica e outros fatores exercem grande influência na atração de turistas de diferentes mercados emissores.

Na verdade, quanto mais desenvolvido e sustentável é  um destino mais exigentes são empresários e comunidade local quanto ao tipo de visitantes que recebe e quais os verdadeiros resultados que lhes interessam.

O que o mundo pensa de nós?

A resposta a essa pergunta não está no que “achamos” que as pessoas de outros países pensam de nós. A resposta, ou indícios dela estão em pesquisas e índices elaborados para entender como os países são vistos por outros países.

Há cerca de dez anos o Brasil era pouco conhecido, e diversos motivos, entre eles o fato de estar sediando a Copa da FIFA e os Jogos Rio 2016 fizeram e ainda fazem com que os olhos do mundo se voltem para nós. E certamente estes olhos estão vendo coisas positivas e negativas.

A melhor resposta à pergunta sobre o que o mundo pensa de nós é: O que queremos que ele pense ?

Aí sim começamos a tratar de um tema complexo de forma positiva e afirmativa. Para o turismo, essa atitude é fundamental no sentido de aproveitar a oportunidade de visibilidade e nos posicionarmos. Quais as mensagens estamos passando ao mundo desde que ganhamos a disputa para sediar os eventos esportivos ? Como estamos pensando nosso marketing para depois desses eventos? Qual nossa relação com a direção desses eventos em termos de estratégia de imagem? Qual nossa relação com os patrocinadores? Enfim, eu poderia adicionar ainda muitas perguntas, mas o fato é que o Brasil precisa colocar sua opinião sobre “como queremos que o mundo nos veja” por meio de mensagens que cheguem a todos aqueles que trabalham na organização dos grandes eventos, a todos da cadeia do turismo e aos consumidores.

Afinal, somos nós, BRASIL, que temos o dever de construir nossa imagem de país.

Dos dados à inteligência

Sou apaixonada por informações, dados, tudo aquilo que possa ajudar a entender a realidade do mercado turístico e nos ajudar na tomada de decisões.

Como decidir investimento num determinado mercado, em aumento de equipe de vendas, em novos negócios sem dados? E sem informações? E sem conhecimento ? E sem inteligência ? Como são investidos milhões sem ter como base dessa decisão um conjunto de informações que permitem minimizar os riscos ?

Esses são os caminhos a percorrer para conhecer melhor o mercado e nos ajudar na tomada de decisões tanto em nossas empresas como no setor público. Começamos com os dados estatísticos, as pesquisas, que nos trazem informações ( dados agregados, comparação, análises ). Depois disso, vem o conhecimento, que nos permite utilizar técnicas de análise para o conhecimento e atualização sobre o mercado e, finalmente, a inteligência que acontece com a experiência, a precisão de análise e possibilita a orientação e maior acertividade na tomada de decisões.

Faço essa reflexão porque entendo que o turismo brasileiro avançou muito nos últimos anos no fornecimento e dados e informações, mas ainda muito é necessário para que possamos ter mais dados, mais informações detalhadas e possamos desenvolver nosso conhecimento e nossas técnicas de inteligência de mercado. Mesmo a Espanha, que é o país que podemos considerar mais avançado nesse campo continua a aprimorar e criar novas formas de conhecer o turismo e analisar o mercado.

As 100 cidades mais visitadas

O Euromonitor International publicou em 26 de Janeiro de 2014 o ranking das 100 cidades mais visitadas do mundo (número de visitantes) em 2012.

As grandes estrelas são asiáticas, com destaque para Hong Kong, Cingapura, Macau e Bankok. Londres também se destaca, está quarto lugar; Nova Iorque é a oitava e Paris a décima mais visitada.

O desempenho da América Latina ainda é pequeno nesse cenário, mas Lima foi o segundo maior crescimento mundial de 2011 para 2012; a cidade está na 34a colocação. Buenos Aires está no 44o lugar, e o Brasil no final do ranking, com Rio na posição 90 e São Paulo na 97.

Veja o infográfico clicando aqui100 cities 2012