Nomad Place

Cresce o mercado para hospitalidade não convencional

Faz tempo que o segmento “não-tradicional” da indústria da hospitalidade – como chalés, cabanas, casas-barco etc – vem se desenvolvendo de maneira consistente. Mas é inegável o quanto cresce o mercado para hospitalidade não convencional durante a pandemia.  

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Desde 2018, a indústria da hospitalidade já tinha identificado a busca por esse tipo de acomodação como uma das principais tendências do setor. Nos últimos anos, a busca por chalés, casas-barco, yurts e até ryokans japoneses chegou a aumentar impressionantes 700% em alguns destinos internacionais. 

Durante a pandemia, esse movimento cresceu mais ainda, sobretudo pelo fato desse tipo de acomodação estar geralmente rodeada por natureza e, mais importante ainda, isolada (ou suficientemente distanciada) de outros viajantes. Sem dúvidas, a crescente busca pelo turismo de isolamento (acomodações remotas, mínimo contato com outras pessoas, deslocamentos mais seguros e controlados etc) tem contribuído de maneira importante para esse boom no crescimento dos modelos de hospitalidade não convencional.

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Um dos casulos do Parador da Montanha. Foto: Divulgação

O que é uma acomodação não convencional?

Em termos gerais, o mercado geralmente usa essa terminologia para se referir a acomodações que não sejam pousadas, hotéis, lodges, resorts ou outras formas convencionais da indústria formal da hospitalidade. Sob o chamado “guarda-chuva” dos aluguéis de temporada, viajantes têm cada vez mais – e mais diferentes – opções , seja no mercado nacional ou internacional. E, enquanto boa parte da hotelaria tem sofrido no período, as taxas de ocupação para esse tipo de acomodação têm sido, em geral, extremamente satisfatórias durante a pandemia. 

Assim como muitos hotéis, várias dessas acomodações não-convencionais da indústria da hospitalidade também precisaram passar por adaptações durante a pandemia. Mas transformações geralmente mais simples e práticas que todos os protocolos aos quais a hospitalidade tradicional se viu obrigada a se adaptar desde março de 2020.

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Detalhe do deck da cabana Vin da Nomad Place. Foto: Mari Campos

Acomodações que se adaptam a diferentes perfis de hóspedes

Além dos novos procedimentos para limpeza e higienização dos imóveis, a principal mudança enfrentada por este tipo de acomodação não convencional foi a necessidade de instalação de provedores potentes de internet e espaços confortáveis para trabalho. Afinal, seguindo a tendência do turismo em geral em tempos de pandemia, hóspedes deste tipo de acomodação muitas vezes, graças ao home office, também costumam misturar trabalho e lazer. 

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No Brasil, a maior busca nesse nicho não convencional tem sido por chalés e cabanas isolados, nas montanhas ou próximos à praia; mas foi notório também o crescimento da procura por casas na árvore e casas-contêiner nas plataformas de aluguel de temporada. 

Em geral, são acomodações que se adaptam facilmente a diferentes perfis de hóspedes (inclusive distintos perfis econômicos e etários), com a maioria delas sendo inclusive pet-friendly. E as redes sociais, com destaque absoluto para o Instagram, contribuíram de maneira fundamental para o rápido crescimento da busca por esse tipo de acomodação. Afinal, diversos influenciadores se dedicaram a explorar acomodações deste nicho no último ano – muitos deles estimulados pelo programa de afiliados do Airbnb, repentinamente encerrado em abril passado. 

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Cresce mecardo para hospitalidade não convencional

Conforme já noticiei aqui no ano passado, durante a pandemia o setor de imóveis para aluguel de temporada em geral cresceu mais e de maneira mais consistente que a hotelaria tradicional. Tal crescimento do mercado de hospitalidade não convencional foi tão intenso no ano passado que, neste 2021, algumas propriedades hoteleiras tradicionais decidiram migrar para o setor de aluguel de temporada.

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É o caso, por exemplo, do Canto do Papagaio, em Aiuruoca, Minas Gerais. A propriedade, composta por sete chalés espalhados por uma imensa reserva natural, sempre operou em sistema pousada. Com as restrições da pandemia, e observando as mudanças de comportamento dos viajantes alvo, a proprietária decidiu transformar os chalés em unidades independentes de aluguel de temporada. As áreas públicas foram mantidas, inclusive o restaurante aberto também a não-hóspedes. Mostrei recentemente da minha estadia em um dos chalés do Canto do Papagaio no meu Instagram @maricampos.

Os casos deste tipo de migração não são, de fato, tão frequentes no Brasil. Mas outras pousadas, inclusive na região da Mantiqueira, também fizeram tal migração neste ano e têm sido surpreendentemente bem sucedidas até agora.

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Ampliação de portfólio de clientes

Em 2019 uma pesquisa da American Express Global Business Travel já revelava a tendência crescente de propriedades hoteleiras investirem em novos formatos de acomodação. Mesmo no pré-pandemia, a ideia de ampliar o portfólio de clientes já estimulava esse movimento.

Caso dos novos “casulos” do Parador da Montanha, no Rio Grande do Sul. São barracas em formato de casulo concebidas pelos proprietários do Parador e inauguradas em março passado. Foram dois longos anos até que o projeto fosse implementado de fato. As barracas foram construídas com estrutura de madeira de reflorestamento tratada e têm diversos elementos naturais na decoração. 

Até agora, são 7 casulos com 24m2 de área e capacidade para até duas pessoas – incluindo deck privativo com banheira de hidromassagem e lareira ecológica com vista dos Campos de Cima da Serra. Hóspedes dos casulos podem desfrutar normalmente dos espaços públicos e infra-estrutura geral do hotel. 

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Cabanas de sucesso na Mantiqueira

Mas talvez o caso mais surpreendente deste nicho sejam as cabanas isoladas do Nomad Place nos arredores de São Bento do Sapucaí, SP. O negócio, extremamente bem sucedido, contraria a maior crise da indústria hoteleira e nasceu justamente durante a pandemia.

Quando a pandemia começou, o paulistano Halmer Marques e sua esposa estavam construindo uma cabana de madeira para uso próprio, em um terreno recentemente comprado. Viajantes inveterados, queriam escapar aos finais de semana e, num futuro distante, talvez construir ali uma pousada como plano de aposentadoria. 

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Com a mudança de prioridades dos viajantes na pandemia, resolveram apostar no aluguel de temporada. Com zero experiência na indústria da hospitalidade, criaram uma conta no Instagram enquanto ainda finalizavam a obra e anunciaram a propriedade no Airbnb. Quando a cabana ficou pronta, em junho do ano passado, Halmer e a esposa conseguiram se hospedar ali somente por um par de dias – e nunca mais tiveram uma noite livre no imóvel.

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Hospitalidade não convencional deve continuar crescendo

Com o case de sucesso no Instagram, Halmer inaugurou esse ano no mesmo terreno uma segunda cabana (também em modelo A-frame), uma casa cubo e um novíssimo domo na parte mais alta do terreno. Tudo com vista panorâmica para a Mantiqueira, check in e check out sem contato, cozinha equipada e roupas de cama e banho caprichadas incluídas nas diárias. Também mostrei detalhes de minha recente estadia em uma das cabanas da Nomad Place no meu Instagram @maricampos

O projeto deu tão certo que planejam agora chegar a um total de dez unidades no terreno de 50 mil metros quadrados nos próximos anos (entre hortas, oliveiras e vinhedos que estão cultivando). E o nome Nomad Place já virou franquia, com a primeira unidade franqueada inaugurada em Embu das Artes, SP.  Eis aí um mercado que realmente tem tudo para continuar crescendo. 

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Four Seasons Napa Valley

Trabalho remoto contribui para a recuperação da hotelaria

Hotel office, resort office, room office, anywhere office. Você seguramente já leu e ouviu várias vezes essas expressões nos últimos meses. Afinal, nestes longos mais de treze meses de pandemia, muita gente ainda segue em trabalho remoto. E, graças também a ele, a indústria da hospitalidade – aqui e lá fora – tem conseguido se manter nesses tempos complicados. Sim, o trabalho remoto contribui para a recuperação da hotelaria. 

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Durante a pandemia, muitos profissionais começaram a aproveitar o pretexto do trabalho remoto para eventualmente mudar por alguns dias o seu local de home office, mantendo algum distanciamento social em outro endereço. Afinal, sabemos que não é nada fácil passar 24h por dia no mesmo lugar, com vida profissional e pessoal se misturando o tempo todo.

Assim, lazer e trabalho foram ganhando limites mais tênues e o escritório de casa começou a ser substituído para algumas pessoas por uma casa alugada por uma semana na praia, um chalé na montanha, uma villa isolada, uma pousadinha discreta, um hotel à beira-mar. Desde, é claro, que tenham uma conexão bem potente à internet para que o trabalho possa ser executado sem absolutamente nenhum percalço durante a estadia.

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Crédito: Divulgação

Como O trabalho remoto contribui para a recuperação da hotelaria

A tendência do bleisure (mistura de business e leisure) ou das chamadas workcations (mistura de work e vacations) nunca fizeram tanto sentido quanto nesses tempos. E assim, com cada vez mais importância, o trabalho remoto contribui para a recuperação de parte da hotelaria – inclusive aqui no Brasil. 

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Diversas famílias com crianças em idade escolar que conseguem flexibilizar o trabalho também já utilizaram o ensino à distância como pretexto para mudar um pouquinho o endereço do seu isolamento social para um imóvel de temporada, pousada ou hotel. Muitos hotéis começaram a investir ainda em julho do ano passado em divulgação com uso do termo hotel schooling

Dados recentes da Abear mostram que em novembro passado o Brasil operou o equivalente a 60% dos voos do mesmo período de 2019. Em destinos como Salvador esses números chegaram a impressionantes 81% no mesmo mês. Muitos hoteleiros, agentes e consultores de viagem atribuem tais índices justamente à “virtualização” do trabalho em muitas empresas e parte das instituições de ensino brasileiras.

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Aposta bem sucedida em propriedades com diferentes perfis

De hotéis fazenda (como o Dona Carolina, no interior de São Paulo) a resorts (como Royal Palm Plaza, Mavsa Resort, Sofitel Jequitimar, Hotel Fazenda Mazzaropi, Tauá), diversos hotéis e pousadas têm focado cada vez mais nos conceitos de hotel office e hotel schooling para atraírem hóspedes durante a pandemia. Principalmente durante os dias da semana.

Grandes hotéis de luxo também vêm aproveitando a tendência com sucesso, do Palácio Tangará, em São Paulo, ao icônico The Dorchester, em Londres. Alguns resorts de luxo focados em turistas americanos no México e algumas ilhas no Caribe chegaram a oferecer inclusive o serviço de monitores de home schooling como parte das amenidades incluídas nas diárias de hotel office durante a semana.

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Aqui no Brasil, trabalho e ensino remotos têm sido grandes responsáveis pelas taxas de ocupação de muitas propriedades durante a semana. As estadias prolongadas com foco em hotel office e hotel schooling também têm sido cada vez mais requisitadas por distintos perfis de turistas e profissionais.

Fora do Brasil, o trabalho remoto também contribui para a recuperação da hotelaria em geral desde meados do ano passado. Plataformas especializadas em reservar hotéis por apenas algumas horas fizeram bastante sucesso desde então, como a dayuse.com.

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Crédito: Accor/Divulgação

Como tem funcionado o conceito de hotel office

Devagarinho, o home office começa a virar eventualmente uma espécie de road office para alguns brasileiros. Afinal, muita gente já vinha mesmo tendo problemas em se adaptar ao home office desde o começo da pandemia, com dificuldades de trabalhar e morar no mesmo endereço.

Ainda em maio de 2020, algumas propriedades em São Paulo começaram a transformar seus quartos ociosos em escritórios que poderiam ser alugados por um dia, semana ou mesmo um mês. Primeiro foi a rede Accor que apostou no conceito de room office em seus hotéis; depois, diversas outras propriedades independentes também começaram a apostar no mesmo modelo de day use dos quartos como escritório, incluindo até o pequeno Guest Urban, em São Paulo.

Mas, sem dúvidas, a possibilidade de migrar de mala e cuia por alguns dias para um outro destino e poder, além de trabalhar e estudar em outro ambiente, aproveitar também benefícios do local em si (muitas vezes sem ter que pensar no que cozinhar para o almoço e o jantar) tem outro sabor. 

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Bleisure, Workcation, anywhere office

Em muitas propriedades brasileiras, graças à difusão do conceito de hotel office (ou anywhere office), quartos ganharam nos últimos meses conexões mais potentes à internet e mesas e cadeiras mais confortáveis e eficientes. Afinal, o hóspede agora passará horas sentado ali, trabalhando naquele espaço antes pensado exclusivamente para o lazer.

Até mesmo propriedades que nunca tinham cogitado receber esse tipo de hóspede antes – como a remota Canto do Papagaio, em Aiuruoca, Minas Gerais – se viram obrigadas a fazer modificações estruturais importantes para atender à nova demanda. 

Alguns resorts e grandes hotéis de rede aproveitaram o crescimento da tendência do hotel office para transformar suas salas de eventos, completamente ociosas desde o começo da pandemia. Os espaços foram transformados em estruturas compartilhadas (com o devido distanciamento social, é claro) de trabalho e estudo.  Em muitos casos, com design que segue a tendência dos chamados “co-working” (que já existiam desde muito antes da pandemia), incluindo até mini-bar cortesia com café, água, sucos e lanches.

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Tendência parece ter vindo para ficar 

A indústria da hospitalidade já entendeu que investir em transformações e adaptações para atender a essa nova demanda de hóspedes em busca de espaços para misturar trabalho e lazer é inevitável. A tendência do hotel office parece ter vindo para ficar: muitas grandes corporações já anunciaram que pretendem manter o trabalho remoto ao menos parcialmente para muitos dos seus funcionários após o fim da pandemia.

Hotéis inaugurados durante a pandemia já abriram suas portas com isso em mente. Caso, por exemplo, do Canto do Irerê, em Atibaia, interior de São Paulo, que desde sua abertura tem recebido majoritariamente hóspedes procurando conjugar isolamento, trabalho e lazer no mesmo endereço. 

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Prova de que o trabalho remoto também contribui para a recuperação da hotelaria é que, para muitas propriedades brasileiras, investir no hotel office e no hotel schooling gerou aumento de pelo menos 40% nas taxas de ocupação durante a semana. E contribuiu imensamente para as arrecadações durante todo o período, mesmo com as tarifas mais camaradas geralmente praticadas durante a semana.

Além disso, muitas vezes, viajantes que se hospedaram durante a semana em determinada propriedade para praticar hotel office e hotel schooling, variando um pouquinho o cenário do trabalho e do estudo remoto destes tempos, gostam tanto da experiência que acabam voltando semanas ou meses depois em um final de semana. Mas, desta vez, apenas para descansar e curtir os serviços da boa hospitalidade.

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Four Seasons Anguilla

Testes de Covid-19 são nova amenidade da hotelaria

Ao longo dos últimos doze meses, a maior parte dos hotéis, lodges, resorts e pousadas introduziram diferentes amenidades que trouxessem mais segurança aos hóspedes em tempos de tantas incertezas e ansiedade. Primeiro vieram as máscaras cortesia e os frascos de álcool em gel e lenços desinfetantes em toda parte. Passado um ano da pandemia do novo coronavírus, os testes de Covid-19 são a nova amenidade oferecida por parte significativa da hotelaria internacional. 

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A tendência da testagem oferecida nos próprios hotéis e resorts começou ainda em 2020, com a reabertura de resorts nas Maldivas. Um dos grandes precursores foi, sem dúvidas, a rede Soneva, que montou seu próprio laboratório no destino (em parceria com a Roche) para testar qualquer turista que desembarque em um de seus hotéis no arquipélago (além de obviamente testar funcionários constantemente). 

O case de sucesso (os resorts do grupo operam há meses como “ambientes livres de Covid-19”, sem exigência sequer de uso de máscaras ou distanciamento por parte dos hóspedes e staff, como já contamos em detalhes aqui) correu o mundo e foi adaptado para outras propriedades em diferentes destinos também. 

LEIA MAIS sobre os hotéis Soneva nas Maldivas aqui.

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Four Seasons Los Cabos
Crédito: Four Seasons Los Cabos

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TESTES DE COVID-19: A NOVA AMENIDADE DA HOTELARIA INTERNACIONAL

Mas a tendência de oferecer testes de Covid-19 como nova amenidade por parte da hotelaria se popularizou de fato após a declaração do CDC americano de que qualquer viajante entrando ou retornando aos EUA precisa apresentar um teste negativo feito menos de 72h antes para ter sua entrada liberada desde o final de janeiro (por enquanto, ainda independentemente do estado de vacinação do viajante).

E brasileiros que retomaram algum tipo de viagem ao exterior têm se beneficiado desta tendência que ganha cada vez mais corpo, já que esta também passou a ser uma exigência para retornar ao Brasil após viagens internacionais desde o finalzinho de dezembro. 

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Vale lembrar que CDC americano continua encorajando as pessoas a ficarem em casa e adiarem viagens de turismo para protegerem a si mesmas e aos outros dos avanços da Covid-19. Mas, para os que ainda assim desejam seguir viajando nesses tempos, a testagem vem tendo um papel fundamental. 

Ao longo da pandemia, a hotelaria tem se esforçado cada vez mais para garantir que os hóspedes se sintam o mais confortáveis – e seguros – durante a estadia. Gerentes gerais de diferentes hotéis têm comentado que, mesmo em viagens ou destinos onde não exista essa exigência (como viagens domésticas, por exemplo), muitos hóspedes estão decidindo fazer um teste de Covid-19 para ficarem eles mesmos mais tranquilos após tomarem voos lotados, por exemplo.

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Four Seasons Anguilla
Crédito: Four Seasons Anguilla

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Como funcionam os testes de Covid-19 oferecidos nos hotéis

As particularidades (preços, tipo de teste, local de coleta etc) dos testes de Covid-19 oferecidos pelos hotéis podem variar bastante de um local para outro em função dos acordos estabelecidos com laboratórios, ou mesmo da burocracia específica de cada destino.

Das grandes redes hoteleiras internacionais, a Hyatt foi a primeira a não apenas oferecer o serviço, como oferecê-lo gratuitamente aos hóspedes. Seus 19 resorts na América Latina oferecem testes PCR para Covid-19 local e gratuitamente para qualquer turista com destino final nos EUA.

Os hóspedes destes hotéis podem também estender suas estadias com desconto caso sua viagem aos EUA tenha que ser adiada em virtude de testagem positiva. O benefício se estende também ao Grand Hyatt Rio de Janeiro, que oferece dois testes rápidos gratuitos no próprio hotel para cada quarto.

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Vista aérea do Soneva Jani, nas Maldivas
Vista aérea do Soneva Jani | Foto divulgação

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As regras de cada rede

A rede Meliá também conferiu o benefício da gratuidade dos testes anti-Covid em 10 dos seus resorts em destinos no México e na República Dominicana, focando claramente nos turistas norte-americanos. A rede anda promovendo curiosas ofertas nos EUA com dizeres como “quarta noite e teste de Covid-19 grátis”. 

Outras grandes redes hoteleiras também se adaptaram rapidamente para oferecer a comodidade dos testes de COVID-19 para seus hóspedes, como Hilton, Marriott e Four Seasons. Os testes nas propriedades destas redes são geralmente cobrados à parte, mas podem eventualmente ser ofertados gratuitamente em alguns pacotes específicos. 

A rede Hilton, por enquanto, oferece testes em apenas parte dos seus hotéis na América Latina, e sempre pagos pelo próprio hóspede (com custo de US$30 e US$200, dependendo do tipo de teste).  . 

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A maioria dos hotéis da Marriott na América Latina não oferece os testes in loco, mas garante oferecer auxílio aos hóspedes na hora de marcar seus próprios testes e organizar o transporte ida e volta para as clínicas locais para colher o material.

A rede Four Seasons garante facilitar o acesso aos testes de COVID-19 em todas as suas propriedades, embora nem todas elas ofereçam a testagem no próprio hotel devido a regras de cada destino. O resort do grupo em Los Cabos, por exemplo, oferece testes rápidos com resultados em 40 minutos no hotel (a US$40 por pessoa) e médico disponível 24h. 

O Four Seasons Resort and Residences Anguilla oferece testes rápidos com uma enfermeira dedicada à propriedade e que podem ser agendados via concierge ou através do próprio Four Seasons App.

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Hilton Miami Airport Blue Lagoon Hotel
Hilton Miami Airport Blue Lagoon Hotel . Foto: Mari Campos.

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Outras propriedades que já oferecem testes de Covid-19

Apesar de tantas restrições de fronteiras ainda em vigor no turismo internacional, é notório que o setor esteja se adaptado de maneira bastante rápida às constantes mudanças no mercado (embora reagindo ainda muito lentamente à necessidade urgente de rever as políticas de ventilação dos seus ambientes, já que hoje está comprovado que o novo coronavírus se espalha muito mais rápida e facilmente pelo ar que através do contato com superfícies).

Alguns destinos muito frequentados por americanos resolveram investir coletivamente no oferecimento de testes de Covid-19 como nova amenidade da hotelaria internacional. Caso de Los Cabos, no México, por exemplo, cujo escritório de turismo anunciou que todos os hotéis da cidade (e também propriedades operando em sistema time share) já oferecem testes de antígeno localmente. Os testes rápidos custam cerca de US$60, mas alguns hotéis estão oferecendo tais testes gratuitamente em determinados pacotes de estadia.

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Há hotéis oferecendo créditos em promoções de hospedagem que podem também ser utilizados para pagar os testes de Covid, seja na chegada ou na partida do destino. 

Propriedades como Eden Roc Cap Cana, todos os resorts Sandals no Caribe e os hotéis do complexo Baha Mar Resort, nas Bahamas, também estão oferecendo dois testes PCR gratuitos por quarto durante a estadia.

Hotéis em outros destinos com fronteiras mais flexíveis para o turismo, como o Marrocos, também estão oferecendo testes de Covid feitos na propriedade. É o caso, por exemplo, do hotel Royal Mansour, em Marrakech, membro da Leading Hotels of the World. A LHW, aliás, mantém uma página atualizada sobre todos os seus hotéis que estão oferecendo testes de Covid-19 on-site.

Embora Brasil o oferecimento da testagem dentro dos hotéis para Covid-19 ainda não seja comum, muitos hoteleiros já planejam oferecer o serviço em breve, inclusive como forma de tentar atrair mais turistas estrangeiros em algum momento. A rede Iberostar, por exemplo, já está oferecendo aos seus hóspedes a possibilidade de realizar testes da Covid-19 diretamente no hotel também no Brasil.

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Soneva Fushi. Foto: Mari Campos

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O que acontece se o hóspede testar positivo

Apesar de tantas propriedades já oferecerem o serviço de testagem in loco há alguns meses, vale lembrar que nem todas têm regras claras sobre o que acontece caso o hóspede teste positivo. E é importante saber que as regras mudam enormemente de um hotel para outro.

Mesmo com a recomendação atual de compra de seguro viagem para até 14 dias a mais que a duração total da viagem contratada justamente para que o viajante esteja protegido em um eventual caso de contaminação, é importante ressaltar que os seguros com cobertura para casos de Covid-19 se limitam a cobrir apenas as despesas médicas e hospitalares.

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No caso de pacientes com versões brandas da doença ou mesmo assintomáticos, a maioria dos hotéis cobra dos próprios hóspedes as diárias e despesas gerais de extensão de sua viagem (como alimentação, por exemplo) em caso de testagem positiva, até que o viajante seja “negativado” e autorizado a voltar para casa.

Marcelo Alabarce, diretor da M. Alabarce Curadoria de Viagens, teve recentemente que lidar com o caso de clientes em viagem pelo Caribe em que um dos membros testou positivo antes de voltar para o Brasil. A família brasileira teve que estender sua viagem por outros impressionantes 21 dias até que todos testassem negativo e fossem autorizados a embarcar no voo de volta para casa – pagando todas as despesas de estadia e alimentação do próprio bolso, é claro.

Mas há também boas surpresas no setor.  O pioneiro grupo Soneva continua oferecendo até 14 dias de hospedagem gratuita em seus hotéis nas Maldivas em caso de testagem positiva pelo hóspede.  O complexo Baha Mar, nas Bahamas, também oferece nesse caso até 14 dias de acomodação cortesia, com um crédito de US$150 por pessoa/por dia para refeições. 

Hotéis das redes Hyatt e Marriott oferecem até 50% de desconto no valor das diárias caso os hóspedes tenham que fazer quarentenas ali antes de voltar para casa.  Já a rede Iberostar promete a extensão da estadia sem custo adicional em caso de testagem positiva, em quarto isolado, com entretenimento e serviço de quarto sem contato.  

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Provence Cottage Monte Verde

A força dos pequenos na hotelaria

É inegável o quanto os hotéis se transformaram desde o começo da pandemia. E o hóspede médio também vem mudando parte de sua percepção sobre o setor. Com a necessidade de distanciamento social constante, as comparações entre pequenos hotéis com até 35 quartos e grandes propriedades com várias centenas deles estão ficando cada vez mais inevitáveis para muitos viajantes. Em tempos de pandemia, fica mais evidente do que nunca a força dos pequenos na hotelaria. 

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Fiz agora em outubro minha primeira escapada desde a declaração da pandemia do novo coronavírus em 12 de março último. Procurando seguir as principais orientações da OMS e dos cientistas em geral para reduzir contatos e riscos, procurei destinos chamados “hiperlocais” (até 300km da minha residência) e viajei no meu próprio carro.

Passei dez dias na Serra da Mantiqueira, entre Monte Verde (MG) e Campos do Jordão (SP) – dá para ver detalhes da viagem no meu instagram. E realmente não precisei pensar duas vezes para escolher dois pequenos hotéis para minhas primeiras experiências hoteleiras dos “novos tempos”.

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O acolhimento dos pequenos hotéis

Em Monte Verde, apostei sem medo na Provence Cottage&Bistrô, há muitos anos considerada uma das melhores e mais românticas pousadas do Brasil. Ali distanciamento social já era regra quando nem sonhávamos com um pandemia. São apenas sete chalés para duas pessoas (e está vindo mais um, que fica pronto no mês que vem) espalhados por um delicioso bosque de quase doze mil metros quadrados na montanha. 

Os padrões de limpeza também sempre foram assunto seríssimo na propriedade, até porque sua cozinha foi sempre seu coração e maior chamariz. Os proprietários Ari Kespers e Whitman Colerato são absolutos craques na gastronomia. Seu café da manhã e chá da tarde servidos todos os dias e incluídos em todas as diárias (sempre à la carte, com tudo preparado na hora) são realmente difíceis de superar.

E foram extremamente transparentes durante todo o processo de reabertura, inclusive nas redes sociais, sobre todos os novos protocolos da casa em tempos de pandemia. Tudo cumprido à risca pelos hóspedes, sem reclamações, durante os dias em que estive ali. Inclusive a obrigatoriedade de uso da máscara em todos os ambientes. 

LEIA MAIS sobre a Provence Cottage&Bistrô aqui.

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Alto padrão de serviço e calidez

Em Campos do Jordão, escolhi a L.A.H. Hostellerie, um pequeno oásis de apenas nove quartos, longe da badalação do Capivari, que é meu xodó na cidade. O mesmo alto padrão de serviços cheio de calidez de sempre segue firme por lá – mas agora dando um baile de profissionalismo também nos procedimentos adotados em tempos de pandemia.

A limpeza e desinfecção dos quartos é minuciosa e sistemática, da entrada das funcionárias devidamente paramentadas ao descarte correto dos EPIs. Há distribuidores de álcool gel espalhados literalmente por todos os cômodos e acessos da propriedade. Cada hóspede recebe também máscara e frasco individual do produto no check in (e máscaras são obrigatórias fora do quarto).

O café da manhã à la carte agora só é oferecido com hora marcada (até 13h!). E é o próprio hóspede que decide na noite anterior o horário e o local (quarto, restaurante ou deck da piscina) em que quer fazer seu desjejum. Com poucos quartos, o staff do hotel consegue administrar muito bem essa nova demanda. Tomei meu demorado café da manhã no deck da piscina na maioria das manhãs, tranquila, tudo feito na hora, sem nenhum outro hóspede à vista. Vale ressaltar que, mesmo com o destino liberando 100% de ocupação, durante a semana decidiram manter ocupação reduzida na propriedade. 

Até o uso da deliciosa piscina aquecida da L.A.H. está funcionando com hora marcada agora. Além da sensação maior de segurança, ter a piscina só para você no horário reservado é também um tremendo luxo – que jamais seria possível em uma grande propriedade. 

LEIA MAIS sobre a L.A.H. Hostellerie aqui.

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A força dos pequenos da hotelaria

Estudos do setor vinham apontando maior confiança do viajante nas grandes marcas hoteleiras internacionais no começo da reabertura, com uma percepção em geral maior de que grandes marcas teriam processos sanitários mais abrangentes e controlados. Mas novos estudos já sugerem uma confiança crescente nos hotéis independentes também.  

Leia também: Desafios da hotelaria na amazônia durante a pandemia.

É inegável que as grandes marcas da hotelaria tenham budgets em geral muito maiores para marketing e relações públicas. Não pouparam esforços desde o começo da pandemia em divulgar as associações que faziam com escolas médicas e grandes empresas de saúde, nem imagens de seus quartos e ambientes sendo desinfetados.

Mas este segundo semestre vem mostrando a força dos hotéis pequenos e independentes. Um segmento que sempre se mostrou extremamente forte em autenticidade e atenção aos detalhes, sobretudo na hotelaria de luxo. Nestes tempos em que o turista estrangeiro desapareceu e o Brasil finalmente passa a ser vendido para brasileiros, os pequenos hotéis estarão mais em voga do que nunca. Alguns hoteleiros já andam dizendo que “small is the new big”

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Flexibilidade e agilidade nas reações

Os pequenos hotéis têm estruturas menos rígidas, focando na qualidade do serviço, na autenticidade e no tempo como artigo de luxo (aliás, quer coisa mais luxuosa que café da manhã servido a qualquer horário?). A maioria teve suas estruturas completamente adaptadas às necessidades da pandemia com rapidez porque, em proporções diminutas, já pregavam também distanciamento social e critérios máximos de segurança sanitária desde muito antes da chegada do novo coronavírus.

Hotéis independentes têm naturalmente menos “scripts” que as unidades das grandes redes. Também se beneficiam de não terem a obrigatoriedade de aderir a este ou aquele conjunto específico de padrões e protocolos associados a uma marca, inclusive nos momentos de crise. Embora acabem tendo muito mais trabalho para desenvolver ou selecionar seus próprios protocolos, têm sem dúvida muito mais maleabilidade para tocar o processo. E podem ser mais proativos e ágeis nas reações. 

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Tamanho importa

Com o novo foco global da hotelaria em limpeza, muitos pequenos hotéis criaram equipes de “concierges de limpeza” e estão fazendo um trabalho realmente impecável, com um dinamismo de fazer inveja a muita propriedade grande. É claro que tamanho importa; afinal, uma propriedade pequena tem menos espaços comuns, menos quartos e, portanto, menor área para “cobrir”.  

Por terem geralmente uma proporção maior de staff por hóspede, conseguem gerenciar de maneira mais fácil os checklists de limpeza pré e pós-check in. Inclusive pedidos de limpeza “extra”, enquanto o turndown service foi extinto provisoriamente por muitas redes grandes. E o mais importante: geralmente têm as regras de conduta e segurança durante a pandemia muito claras e objetivamente comunicadas em seu website e/ou no material entregue aos hóspedes no check in. Comunicação eficiente, sabemos, é mais do que nunca essencial. 

Portanto, no dia-a-dia, tudo nos pequenos da hotelaria é muito diferente do “one-size-fits-all”  das grandes redes. Se por um lado são onerados nos custos muitas vezes maiores por não comprarem em grande escala como grandes redes (EPIs incluídos), a agilidade na tomada de decisão é imbatível.  Suas decisões são baseadas nas demandas e necessidades locais e específicas, e acabam sendo mais rapidamente decididas e implementadas (mesmo que experimentalmente). Até porque, em geral, são específicas para uma única propriedade e destino. 

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Foco na sustentabilidade

Em geral, os pequenos hotéis focam melhor também em sustentabilidade, cuidando verdadeira e constantemente de suas comunidades. São orientados para a comunidade na qual se inserem também porque muitas vezes dependem diretamente dela para compor seu staff e para agregar experiências autênticas aos hóspedes. 

Além disso, hotéis independentes ligados a grupos e associações, como Leading Hotels of the World, Preferred Hotels, Small Luxury Hotels ou mesmo à brasileiríssima BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), podem contar ainda com os valiosos suporte, orientação e amparo que estas organizações propiciam. 

A BLTA, por exemplo, lançou durante a pandemia seu manifesto estabelecendo a sustentabilidade como um dos pilares de seu trabalho junto a seus associados. A Leading Hotels of the World criou globalmente os certificados/vouchers Stay It Forward para apoiar colaboradores dos hotéis de seu portfólio e as comunidades onde os mesmos estão inseridos, apoiando famílias afetadas pela crise gerada pela pandemia. Cada voucher dá direito a duas noites de hospedagem em um dos hotéis associados com uma série de benefícios e pode ser resgatado até 2022 – com 100% dos rendimentos doados aos funcionários que enfrentam dificuldades financeiras ou às suas comunidades. 

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Gente é pra brilhar

Seja um lodge na Amazônia ou uma pousada de charme no Nordeste, um lodge na savana africana ou uma propriedade no deserto do Atacama, os pequenos hotéis sempre primaram pelo cuidado contínuo de suas comunidades. Não quem as grandes redes não o façam. Há muitas que fazem, e o fazem muito bem. Mas pequenas propriedades são geralmente muito ativas neste quesito. E, também como efeito da pandemia, o viajante está cada vez mais atento a essas posturas. 

Afinal, sustentabilidade nunca esteve tanto em evidência na cadeia turística, e sabemos a importância das comunidades locais em um negócio verdadeiramente sustentável. Além disso, em tempos de tanto distanciamento social, ainda queremos muito (talvez mais do que nunca) explorar as conexões com as pessoas do lugar que visitamos, certo?

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Revolução cultural da hotelaria em tempos de coronavírus

Na última década, a hotelaria em geral passou a investir cada vez mais nos seus espaços sociais. Grandes redes como Marriott e Hilton adotaram o termo “social hub” para descrever seus lobbies e espaços públicos anexos. Mas, hoje, há uma verdadeira revolução cultural ocorrendo nestes espaços da hotelaria em tempos de coronavírus e da necessidade de distanciamento social.

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Já tem um tempo que a gente considera um lobby de hotel ideal quando tem um certo jeito vibrante, gente indo e vindo, preferencialmente com um bar anexo cheio de locais, peças de design ou obras de arte de impacto aqui e ali.

Lobbies opulentos em hotéis clássicos sempre funcionaram como locais de reunião profissionais e pessoais de moradores também – veja exemplos clássicos como as Galeries do Four Seasons George V em Paris, o lobby do St Regis DC em Washington, do incrível Mandarin Oriental Bangkok ou mesmo do hoje já quase decadente Alvear Palace Hotel, em Buenos Aires.

Mas na última década houve um verdadeiro boom – iniciado em grande parte por hotéis boutique e/ou independentes – em reativar o lobby e outros espaços comuns dos hotéis como uma verdadeira sala de estar para hóspedes e locais. 

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Crédito: Divulgação

Uma nova fase para os chamados “social hubs”

Hotéis de todos os tipos e tamanhos passaram a oferecer cada vez mais opções de socialização em seus espaços públicos, misturando geralmente alimentos e bebidas, conectividade, ócio e lazer tudo num mesmo espaço. Virou cena corriqueira ver grupos de amigos festejando em mesas altas de bar e gente trabalhando sozinha em seu computador em uma poltrona praticamente lado a lado.

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E a iniciativa vinha dando muito certo, fosse nos espaços descolados de grandes marcas como W Hotels ou mesmo espaços diminutos em pequenas pousadas.  Criar espaços nos quais hóspedes pudessem se reunir com amigos e família e permanecer no hotel fora dos seus quartos se tornou uma norma, e vinha realmente fazendo sucesso.

Mas a pandemia do novo coronavírus e todas as necessidades de limpeza e distanciamento social que vieram com ela começaram rapidamente a promover uma espécie de revolução cultural da hotelaria em seus espaços públicos. Projetados para interação social, hoje a maioria dos lobbies em hotéis de diferentes tamanhos refletem enormemente a necessidade dos dois metros de distanciamento entre hóspedes: menos móveis, menos objetos, minimalismo exacerbado, necessidade de “emanar” limpeza o tempo todo. 

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Foto: Mari Campos

Cada vez menos contato

Da maioria das pousadas brasileiras aos hotéis de grandes redes, a nova disposição de móveis (com muito menos deles no recinto) virou norma – além de menos arranjos de flores e objetos de decoração também. Via de regra, tudo que não pode ser facilmente desinfectado foi confinado aos porões, longe da vista dos hóspedes. A própria limpeza dos espaços públicos, aliás, que geralmente era feita à noite, longe dos olhos dos hóspedes, agora é geralmente feita à luz do dia, já que as indicações visuais de higiene se tornaram hoje mais importantes do que nunca. 

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Soluções tecnológicas necessárias, como check-in e check out online, contato com o staff via app e outras iniciativas “contactless” que ganharam força nos últimos meses, também vêm evitando que hóspedes sequer tenham que passar por esses espaços. 

E espaços antes vibrantes ou aconchegantes estão se tornando rapidamente cada vez menos convidativos. Salões que conservam ainda poltronas, puffs e sofás estão geralmente adotando elementos visuais (como almofadas, cartazes ou até objetos bem humorados) para sinalizar onde o hóspede pode ou não ficar. Hoje, mais do que nunca, se não houver grandes espaços externos, o hóspede está passando a maior parte do seu tempo no hotel dentro do próprio quarto (muitas vezes, desde o café da manhã). 

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Revolução ainda maior no setor de pousadas e bed&breakfasts

Em muitas pousadas brasileiras está acontecendo o mesmo fenômeno porque passam os bed&breakfast europeus, em uma revolução cultural da hotelaria em tempos de coronavírus ainda mais complicada, já que afeta a própria natureza do negócio. Afinal, este tipo de propriedade sempre prezou justamente pelo aconchego, pela fácil interação entre os hóspedes e, principalmente, pela interação constante entre eles, staff e proprietários no cotidiano da hospedagem.

Mesas antes próximas para o café da manhã agora estão muito afastadas e a maioria dos hóspedes está tomando o café no seu próprio quarto. Salas de leitura cheias de livros e revistas para folhear despretensiosamente enquanto a gente tomava um chá ou café à tardinha também já são muito mais raras – e definitivamente menos frequentadas. 

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Para muitos negócios, a revolução cultural trazida pelos tempos do novo coronavírus vem significando mudanças importantes em ambientes que fazem parte da própria identidade da propriedade. Os pratos com bolos e potes com biscoito para livre serviço durante a tarde nos salões sumiram ou deram lugar a pedaços embalados individualmente para que o hóspede pegue o seu e vá comer no quarto ou no jardim. 

O bate-papo gostoso com os donos da pousada durante o serviço do café está sumindo devagarinho, seja pela ausência de hóspedes para o serviço no salão ou pela necessidade dos donos prestarem atenção em tantos protocolos durante o serviço que fica complicado relaxar e conversar. Mas, felizmente em muitos casos, esse bate-papo que é também a alma das nossas pousadas está sendo transferido para os jardins e demais áreas externas das propriedades, nos quais o distanciamento social pode ser mantido sem problemas. 

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Ressignificando aconchego e socialização

A exigência de oferecer menos quartos disponíveis também ajuda nesse sentido, já que favorece naturalmente o distanciamento entre hóspedes. Pousadas e pequenos hotéis também costumam já ter um staff muito mais reduzido, e que hoje em dia se desdobra mais do que nunca em diferentes funções e cuidados. 

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Mas a calidez entre hóspedes e donos e staff neste tipo de estabelecimento é sua marca registrada e é preciso “manter essa chama acesa”. O desafio de manter a personalidade de uma propriedade sem sacrificar de nenhuma maneira a segurança dos hóspedes e funcionários nestes tempos é imenso. Em muitos casos, está rolando uma ressignificação da idéia de “aconchegante” e “sentir-se em casa” nestes tempos tão assépticos. 

Há grandes exemplos no Brasil, da pequena pousada Provence Cottage, em Monte Verde, MG, à charmosa Casa Turquesa, em Paraty, RJ. Ambas propriedades já estão reabertas e vêm sendo elogiadas pelos hóspedes pela conduta que está sabendo equilibrar muito bem a segurança que o momento exige com a calidez que fez a fama do negócio. Mas há mudanças que talvez tenham realmente vindo para ficar neste sentido. E, é claro, é necessário que todos entendam e se ajustem aos novos protocolos, respeitando as regras estabelecidas por cada propriedade, pelo bem individual e comum. 

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