Eduardo e Pedro

A trajetória que vitimou Eduardo Campos, Pedro Valadares e outras cinco pessoas consternou o Brasil.

Minha homenagem vai a esses dois amigos, Eduardo e Pedro, porque acreditavam num Brasil melhor e mais justo, porque acreditavam no turismo.

Lembro de reuniões dos governadores do nordeste, lideradas por Eduardo Campos para tratar de ligações aéreas, PRODETUR, integração da região, apoio aos estados menores da região. Todos presenciam o trabalho de promoção do estado de Pernambuco nos últimos anos, a realização de algumas edições da BNTM com muito sucesso, o discurso e o investimento em ações para melhorar a infraestrutura e a promoção do estado.

Recordo de Pedro Valadares Secretário de Sergipe e Presidente da CTI Nordeste, buscando voos para Aracaju, pedindo um finger para o aeroporto, integrando todos os estados nordestinos, buscando inovar no trabalho de promoção da região e na parceria com o setor privado e público.

Essas não são palavras dirigidas a pessoas que nos deixaram prematuramente, são o testemunho de que existem pessoas decentes, sérias, comprometidas com o turismo e com o Brasil. Ficam as memórias, as histórias e os contos, as realizações. Fica o exemplo e a coragem de seguir com esperança, fica a saudade da energia e do comprometimento dessas pessoas que tanto se dedicaram ao turismo. Pessoas que acreditaram no turismo como política pública. Obrigada Eduardo, obrigada Pedro.

Crescem gastos em viagens a negócios

      A GBTA – Global Business Travel Association, sob o patrocínio da VISA publicou seu relatório anual sobre as viagens de negócios – GBTA BTI Outlook – Annual Global Report & Forecast. O estudo mostra um levantamento em 75 países para entender os fatores que vem influenciando as viagens a negócios e conclui que os maiores gastos em viagens a negócios serão maiores nos Estados Unidos, China e Oeste da Europa. O crescimento chinês é impressionante, em média de 16,2% entre 200 e 2013, com previsão de que a Ásia Pacífico ganhe 5% em market share até 2018.

     Cerca de 89% dos gastos em viagens de negócios do mundo – US$ 964 bilhões vem do movimento da Ásia Pacífico, Estados Unidos e Oeste da Europa . A China, Rússia, Índia e Brasil continuarão a crescer os gastos em viagens a negócios, ficando entre os quatro países com maior gasto.

      Ainda de acordo com o estudo, o preço do petróleo e a instabilidade política são fatores que podem impactar negativamente os gastos nas viagens a negócios.

(Fonte: GMI Portal)

O que aprendi com a Copa: 1 “Podemos tirar nota 10”

      Como foi apontado em diferentes estudos e matérias jornalísticas veiculadas durante e depois do Mundial da FIFA, o turismo é um dos setores mais beneficiados com a realização e o legado do megaevento. Se colocarmos o cenário na perspectiva de 2016, e no impacto que os Jogos Olímpicos geram para a imagem de um país, podemos dizer que o evento será a oportunidade de melhorar a qualidade do nosso turismo, e também de aumentar o volume de turistas internacionais que chegam por aqui. O salto no volume de visitantes estará ligado a melhorias no acesso aéreo. Além disso, as experiências de viagem terrestre entre nossos vizinhos e o Brasil podem estimular o crescimento do fluxo do continente.

     O perfil do turista que viajou para a Copa do Mundo é diferente daquele que já recebemos. Neste episódio tivemos a chance de abrir novos mercados e de receber mais comentários positivos sobre o Brasil, o que costuma influenciar as escolhas dos viajantes em potencial. De acordo com as pesquisas divulgadas após a Copa, a maioria, que estava visitando o Brasil pela primeira vez, gostou da experiência e quer voltar para explorar mais o país.

    O salto na qualidade deverá acontecer com o aprendizado da Copa, que vai impulsionar a competitividade e a melhoria de produtos e serviços públicos e privados. A diversificação da oferta turística abre espaço para novos perfis de visitantes, cujos interesses podem estar na praia, na floresta, nas atrações urbanas, nos roteiros de aventura, nos eventos ou em feiras comerciais. A qualidade virá com o aumento dos gastos, da permanência dos visitantes de lazer e de negócios, a geração de empregos e a oportunidade de novos negócios. O chamado pulo do gato, neste caso com foco nos movimentos interno e externo, deve estar no reconhecimento do turismo como uma atividade que gera divisas e empregos, e que pode mudar o perfil das pequenas empresas em todos os lugares do Brasil. Além disso, é preciso investir na qualidade dos produtos e serviços dos destinos, ter maior cooperação entre os setores público e privado, e apoiar as atividades que impulsionam o setor.

     É preciso criar uma estratégia competitiva para fortalecer a imagem do Brasil no mercado global, criando uma identidade para o país, atraindo novos investimentos e envolvendo o turismo, as empresas exportadoras, a cultura, o esporte e a diplomacia. Também é importante preparar uma mensagem única para apresentar ao mundo até 2016. A proposta deve ser mostrar quem somos de verdade, divulgando nossa imagem do nosso jeito. Desta forma evitamos especulações que possam prejudicar o país em diversos aspectos e afastar os turistas, que podem criar expectativas erradas em relação à segurança, receptividade, infraestrutura etc.

     Se para a FIFA a Copa no Brasil mereceu nota 9,25 em organização, precisamos de muito esforço, colaboração, objetivos claros, inovação e criatividade para alcançar a nota máxima, 10. Já provamos que temos condições, agora é o momento de trabalhar para atingir a meta.

O que aprendi com a Copa: 8 “Liderança em Eventos”

Ainda tentando sintetizar alguns temas interessantes sobre os benefícios da Copa do Mundo FIFA para o turismo brasileiro quero falar do segmento de eventos.

A mudança de percepção da sociedade, imprensa e diversos atores do Brasil sobre o segmento de eventos é uma oportunidade que o turismo deve aproveitar de forma inovadora. A preparação para receber os visitantes e as experiências vividas nas cidades sede e outras cidades do país foram surpreendentes; muito se aprendeu desde os aeroportos, estradas, restaurantes, hotéis, lojas, lugares de entretenimento. Provavelmente, quando as cidades receberem outros tipos de eventos esportivos ou associativos, estarão mais experientes e darão mais atenção aos fatores valorizados durante o Mundial, assim como terão mais entendimento dos benefícios que esses eventos podem trazer para seus negócios.

Como as cidades vão consolidar essa nova visão? Como os destinos vão buscar mais parceiros privados para captação de eventos? Como os destinos vão receber congressos, feiras e eventos de qualquer natureza ?

O posicionamento do Brasil no ranking da ICCA, e a realização do Mundial da FIFA, coroados com os Jogos Rio 2016 são uma carta branca para a atração de eventos internacionais de qualquer natureza para o Brasil.

Aprendi com a Copa que, tanto no Brasil, na relação da indústria de eventos com parceiros públicos e privados, e, especialmente na promoção internacional do país como sede de eventos de qualquer perfil, precisamos inovar, ser arrojados e criativos em mais cooperação e ações estratégicas.

O que aprendi com a Copa: 9 “povo brasileiro”

Desde que tive a oportunidade de trabalhar com a promoção internacional do Brasil durante 8 anos, tenho grande curiosidade e estudo muito sobre a imagem de nosso país, entender como ela pode ser melhorada e trabalhada de forma estratégica. Quando preparamos o Plano Aquarela em 2003, o Plano Aquarela 2020, assim como nas pesquisas que realizamos com os estrangeiros no Brasil até 2010, toda a estratégia de posicionamento do país era fundamentada em ressaltar nossos grandes ativos reconhecidos pelo mundo, e nos diferenciar por nossos valores e atributos únicos.

Pois agora, em boa hora sempre, se descobre novamente o que essas pesquisas já nos mostravam. O melhor do Brasil é o brasileiro. Matérias na imprensa nacional e internacional mostraram que a forma de receber e o jeito de viver dos brasileiros é o que mais encanta os visitantes do exterior. Depois disso, nosso setor, o turismo. Sim! Foi a qualidade e a diversidade das atrações turísticas que mais encantou os gringos. E claro, algumas coisas os surpreenderam positivamente, como a segurança, a qualidade do transporte aéreo e a qualidade do setor hoteleiro. Novamente o turismo!

Aprendi com a Copa 2014 que o melhor do Brasil são os brasileiros, e que o turismo é o setor mais beneficiado com os megaeventos esportivos, eventos associativos e culturais. Imagina nos Jogos Rio 2016.

As 10 coisas que aprendi com a Copa: 10 – “what?”

Muitos aprendizados, do meu lado busco aqueles que podem ajudar o turismo brasileiro e mesmo servir para compartilhar com outros países. Vou compartilhar 10 temas sobre a experiência com o Mundial no Brasil em 2014.

10: Os estrangeiros adoram o Brasil

Muitas expectativas foram superadas, e a que muito me agrada é o fato de que a imprensa brasileira e muitos formadores de opinião parecem não acreditar que é possível que a cultura e a natureza do Brasil encantem os estrangeiros de forma tão profunda.

Ainda não temos os dados, mas creio que a grande maioria dos estrangeiros que vieram ao Mundial nunca haviam nos visitado, mas como todas as pesquisas apontam, ficam encantados com os brasileiros, sua alegria, seu jeito de encarar a vida. Conseguimos ampliar mercados, abrir novos e mudar um pouco a percepção sobre o Brasil.

Espero que essa seja uma das lições que muitos possam levar adiante para uma maior valorização do turismo internacional, de seu grande valor para a imagem do Brasil e para a economia de nosso país. Também para que possamos conhecer melhor nossa demanda, trabalhar a promoção internacional com inteligência comercial e uma estratégia mais ampla de imagem de país.

Mas que esse aprendizado não nos sirva de acomodação, que busquemos nesses valores mais competitividade, qualidade, inovação e sustentabilidade no turismo.

Compartilhando e curtindo na Copa

Muito faladas e ainda pouco exploradas ou mensuradas no turismo, as redes sociais estão batendo todos os recordes durante a Copa do Mundo FIFA.
No Twitter, cerca de 300 mil tuites feitos em 15 dias de evento, o dobro dos 16 dias dos Jogos Londres 2012.
Ainda no Twitter, os 3 perfis de lugares (cidade, país, restaurante, shopping, centro cultural) que mais cresceram em junho no Brasil (Embratur), CCBB Rio e Veja Rio. Crescimento à partir do início da Copa (pesquisa Pires & Associados).
Nos estádios, foram 32 milhões de fotos enviadas durante os jogos e 31,7 milhões de comunicações de dados como emails, mensagens muntimídia e imagens (dados SindiTelebrasil)
Qual o feito disso no melhor conhecimento do Brasil e na qualidade da experiência dos estrangeiros e brasileiros em viajem ?

Gastos aqui e lá fora

Os dados divulgados pelo Banco Central sobre receitas e despesas do turismo no Brasil mostram comportamentos diferentes na série histórica por causa da realização da Copa do Mundo FIFA.
Os gastos dos brasileiros no exterior foram negativos no primeiro trimestre do ano, mas com forte recuperação no mês de abril (+11%). A média anual de janeiro a maio está praticamente zero (+0.8%).
Os gastos dos estrangeiros no Brasil também são bastante negativos no período de janeiro a abril, com uma pequena recuperação em maio (+1,81%). Mas o BC indicou grande crescimento em junho na prévia apresentada, mas a média no ano ainda está negativa (-6%).
As perspectivas são de aumento ainda dos gastos dos estrangeiros no Brasil nos meses de junho e julho, efeito direto da Copa. Provavelmente o inverso será verdadeiro, ou seja, nesses meses o gasto dos brasileiros no exterior deve cair. O ponto de atenção será o segundo semestre, até agora sem indicações de que o efeito Copa irá se prolongar.
Os brasileiros já mostram sinais de que irão viajar bastante após a Copa, segundo estudo da FowardKeys/ Pires&Associados.

Eventos esportivos trazem mais turistas?

Além de estar acompanhando a realização do Mundial da FIFA aqui no Brasil, e das experiências na Alemanha e na África do Sul, tenho lido e estudado muito sobre os impactos desse evento no turismo dos países sede. Estou trabalhando na minha tese de mestrado em turismo exatamente sobre o aumento do número de turistas no Brasil em 2014.

Compartilho algumas considerações do estudo realizado por Fourie & Santana-Gallego chamado “The impact of mega-events on tourist arrivals”. Os autores aplicaram uma metodologia para entender os resultados de diversos eventos esportivos mundiais sobre as chegadas de turistas, e as principais conclusões são:

1. A hipótese de que os mega-eventos esportivos aumentam o número de turistas não pode ser rejeitada, depende da realidade do país e de alguns fatores

2. Em média, os eventos esportivos aumentam as chegadas em torno de 8%, durante o ano de sua realização (não somente no período do evento)

3. Os eventos que trazem maior impacto positivo ao turismo são as Olimpíadas de Verão e a Copa do Mundo FIFA, secundariamente o Mundial de Cricket e o Lions Tour

4. O número total de visitas a um país que recebe as Olimpíadas de Verão e a Copa do Mundo FIFA tende a ser maior quando os eventos são realizados em períodos de baixa estação. Quando estes acontecem na alta estação a tendência é diminuir as chegadas

5. Os impactos antes da realização do evento são significativos, o que pode explicar os resultados ruins das previsões pós eventos

O estudo realizado pela FowardKeys em parceria com a Pires e Associados mostra que até dia 10 de junho, as reservas para chegadas internacionais no Brasil aumentaram 1,6 vezes para os meses de junho e julho; e 2,4 vezes no períodos do Mundial (6 de junho a 13 de julho). Para saber mais entre aqui.

Estrangeiros na Copa

Estamos no início da Copa do Mundo FIFA e o estudo realizado pela Pires & Associados em parceria com a FowardKeys na Espanha traz dados sobre as reservas aéreas dos estrangeiros para o mundial. Os dados são coincidentes com o volume de ingressos vendidos pela FIFA, e ainda verão mudar com as futuras definições de chaves de jogos.

Por enquanto temos os seguintes resultados:

Destaques:

  • As reservas internacionais aumentaram 2,2 vezes durante a Copa do Mundo de 2014 – total de 392.225;
  • As reservas internacionais para chegadas ao Brasil entre junho e julho aumentaram 1,8 vezes – total de 478.456 .

Principais mercados emissores:

EUA:     81.339 (reservas); 22% (participação); 2,2 (crescimennto)

ARGENTINA:   29.446 (reservas); 8% (participação); 2,3 (crescimento)

CHILE:   19.445 (reservas); 5% (participação); 4,5 (crescimento)

 

Saídas do Brasil – junho-julho 2014:

As saídas do Brasil para junho e julho tiveram uma queda de 9% quando comparadas com o mesmo período de 2013. Na primeira etapa da Copa do Mundo haverá um aumento de partidas do Brasil, enquanto na segunda etapa as saídas ficarão abaixo das registradas em 2013 (-28%) (1). A tendencia é a retomada das viagens internacionais depois do mundial.

Principais destinos dos brasileiros no período:

  • Os Estados Unidos têm a queda mais significativa.
  • Apenas a Argentina e o Chile aumentaram as reservas para chegadas de brasileiros durante junho-julho de 2014.
  • Os EUA, o principal destino, quase duplica a queda média de visitantes do Brasil, enquanto a Espanha é único destino europeu abaixo da média.

Para acessar este e os demais estudos clique aqui: http://pireseassociados.com.br/2014/05/estudo-inedito-revela-o-impacto-da-copa-do-mundo-de-2014-no-turismo-brasileiro/